" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Atenção redobrada, foco, seriedade e o título nas mãos do São Paulo


O são-paulino está em festa. Vai ser campeão da Copa Sul-Americana em casa. Sim, campeão. A não ser que uma tragédia aconteça. O São Paulo tem mais time, tem craques, vai ter a torcida lotando o estádio, um jogador totalmente identificado com o time fazendo seu último jogo pelo clube e outros milhares de fatores a seu favor. Mas para que a tragédia aconteça, o Tigres não precisa ir muito além de suas raízes. Time argentino sabe ser traiçoeiro. Sabe provocar tragédias como nenhum outro time no mundo.

Por isso, o São Paulo precisa redobrar a atenção e o futebol na final. Saber jogar bola e fazer catimba lá fora. E não se acuar de maneira nenhuma. No Morumbi, não deixa a festa entrar em campo e jogar com seriedade, por maior que seja a vantagem. Dessa forma, não tem tigre que passe por cima do time são-paulino.

Claro que a torcida quer espetáculo, show de Lucas, golaço do Luís Fabiano, Rogério Ceni indo bater falta. Óbvio. Que torcedor não gostaria de ver seu time dando show? Mas é final. Decisão. Vale título. E é contra um time argentino. Todo cuidado é pouco. Exemplos não faltam para apoiar essa tese. Agora, de cabeça, me vem a final da Libertadores de 2009. O Cruzeiro jogou para empatar sem gols na Argentina contra o Estudiantes. E conseguiu. Com Mineirão lotado, bastava um gol para ser campeão da América. O gol veio. A festa entrou em campo. E Verón, Boselli e Cia viraram o jogo. No desespero, a solução raramente substitui o problema.

O Fluminense, este mesmo, viveu situação parecida contra o Boca Juniors. Tinha a classificação na mão até o fim do segundo tempo. Jogava melhor, atacava, sufocava o time argentino. Até Riquelme tirar um passe mágico da cartilha e pôr fim na festa que se anunciava no Engenhão.

Há diversos outros exemplos, basta procurar, pesquisar, lembrar. Time argentino é sempre uma pedra de sapato, por pior que seja o time, na verdade.

Ney Franco é um técnico sério. E vai precisar ser ainda mais a partir de quarta-feira que vem. Não importa quanto termine o jogo de ida, se é o último jogo de Lucas no Morumbi, se o estádio vai estar lotado. Não importa. Se quiser ser campeão, o São Paulo vai precisar entrar focado no jogo, no Tigres e na vitória. Porque, no papel, é muito mais time.

domingo, 25 de novembro de 2012

Eu escolheria Tite




Antes de tentar explicar os principais motivos para intitular este post dessa forma, é preciso passar pela demissão de Mano Menezes e todo o contexto envolvido nela. De forma simples e pragmática, é possível dizer que Mano demorou bastante para conseguir seu time ideal e a melhor maneira de fazê-lo jogar. Conseguiu. E foi demitido logo depois. Da estreia nos Estados Unidos, em agosto de 2010, até a última partida, contra a Argentina, em Buenos Aires, de fato foram altos e baixos. E algumas decepções.

Mas principalmente no segundo semestre deste ano, as atuações começaram a convencer à exigente torcida e também à crítica. O time foi ganhando corpo. E cara de seleção brasileira. A posse de bola passou a ser mais valorizada e interligada à verticalização das jogadas. Em outras palavras, o Brasil voltou a ter a paciência de seus melhores times e o improviso historicamente cultural. Sem a bola, passou a marcar melhor, ora adiantando a marcação e pressionando a saída de bola rival, ora esperando o adversário. Com ela, ganhou leveza no ataque, com Neymar na referência, e muita movimentação.

Taticamente, o time se encaixou. E Mano entende muito desse aspecto. Sabe variar esquema, tipo de marcação, posições. Sabe montar seu time e criar alternativas para eventuais problemas. Como provou ao achar em Neymar uma falsa referência num momento em que a seleção busca um 9 ideal. Ou quando reinventou Kaká, fazendo com que se movimentasse mais e revezasse com Thiago Neves entre a ponta-esquerda e a meia-central. Isso tudo sem mexer na sua base, mantendo o 4-2-3-1 como ponto de partida para as boas atuações - algumas, até, com eventuais mudanças no desenho tático do time.

Dito isso, fica mais fácil explicar por que escolheria Tite como substituto. Pelo simples fato de ser o técnico corintiano o nome que detém praticamente os mesmos princípios e ideais que Mano Menezes. Tite mexeria pouco na estrutura tática da Seleção. Arrisco dizer, até, que não mexeria no estilo de jogo. Até porque o seu Corinthians joga praticamente assim: no 4-2-3-1, com marcação adiantada em muitas partes do jogo, variações de esquema conforme a marcação adversária encaixa, trocas de posições, alternativas, posse de bola. Joga como o futebol brasileiro deve jogar. E marcar.

Felipão, Muricy, Abel e Guardiola, não. O técnico espanhol é quem mais se aproxima do estilo de Mano e de Tite. Mas ainda assim, está longe. Teria que se adaptar às características do jogador brasileiro num conjunto brasileiro. Conhece Daniel Alves no Barcelona. Mas o Daniel Alves da Seleção é diferente. Assim como o Kaká da Seleção é outro Kaká, distinto do camisa 8 do Real Madrid. Já Paulinho é o mesmo, tanto no clube, como na seleção. Porque joga no Brasil, com outros brasileiros, e é treinado por Tite.

É claro que Guardiola faria com que a seleção evoluísse. Iria requerer tempo, como foi com Mano. Mais um ponto a favor de Tite, que pensa da mesma forma que Mano. É a mesma filosofia, de uma forma geral.

Quanto a Muricy e Felipão, o buraco é bem mais embaixo. Ambos montam times de forma diferente, convocarão jogadores diferentes, mudarão o esquema, mexerão na estrutura do time. Darão a sua cara. Mas precisarão de ainda mais tempo para conseguir fazer com que a seleção jogue do seu jeito. E isso demorará. Talvez mais tempo do que um ano e meio. E se você for pensar que a Copa está quase aí, batendo na porta, não restam dúvidas: Tite é o cara para o Brasil.

domingo, 11 de novembro de 2012

O título da torcida, do timaço e do sofrimento

Tricolor de verdade não podia imaginar um jogo fácil. Muito menos um título fácil. Tem a cara do Fluminense a conquista sofrida, dramática, difícil. Mas merecida. Um 3 a 2 fora de casa, contra um time desesperado, com um gol no fim da partida do artilheiro do campeonato. Não havia jogo melhor para retratar o título brasileiro do time de Abel Braga. Tinha que ser assim.

É verdade que o Fluminense precisou contar com uma ajudinha do rival Vasco da Gama, que empatou o jogo contra o Atlético Mineiro, em São Januário. Com a combinação desses resultados, o Grêmio poderia fazer 10 a 0 no São Paulo, no Sul, que a taça ficaria nas Laranjeiras.

No entanto, nada aconteceria se o Flu não fizesse a sua parte. Se não vencesse o Palmeiras, em Presidente Prudente. O que, aliás, até pareceu fácil no início, com o 2 a 0 no placar e a soberania em campo. Mas bastou Wellington Nem se machucar, o Palmeiras ganhar confiança e achar dois gols para o drama ser incluso no roteiro da glória tricolor. O 2 a 2 permaneceu até os 42 do segundo tempo.

Até Fred, esse monstro do futebol brasileiro, fazer o segundo dele - o terceiro se a arbitragem não desse o gol como contra, para Maurício Ramos, zagueiro alviverde. E desempatar a partida. E garantir o troféu. Troféu esse que não tem como ser chamado de injusto, de desmerecido. Há quem não goste de ver o Fluminense jogar. Há quem critique a forma do time jogar. Muitos preferem o estilo do Atlético Mineiro, a torcida do Grêmio.

Fazer o que se tem gente que não gosta de ver um goleiro do porte de Diego Cavalieri? Ou um zagueiro com o espírito de liderança e de confiança como Gum, guerreiro até a última gota de suór. O que falar, então, daqueles que não gostam de ver Jean, com seus passes milimetricamente perfeitos, sua visão de jogo esbanjada e sua simplicidade genial? Verdade que Deco se machuca mais do que joga, que Thiago Neves não se encontrou nesta temporada, que Wagner sumiu mais do que apareceu, mas pera lá, né. Que meio-campo!

E ainda tem o Wellington Nem. Rápido, habilidoso, decisivo. O garoto que muda o jogo com uma arrancada, um drible desconcertante. A jóia que o Fluminense quase perdeu no início do ano. Pois foi ele mesmo quem pediu pra ficar, para ter uma chance. Disse, na época, que tinha muito a acrescentar. E que iria, algum dia, arrebentar com a camisa tricolor. Pois é. Nem não só arrebentou em um dia, como no ano inteiro. Arrebentou no Carioca, na Libertadores, no Brasileiro. Acabou por criar uma sintonia diferenciada com Fred e Rafael Sóbis. Deu muito certo.

Sobre a torcida...Talvez as imagens falem mais. A torcida do Grêmio é realmente fantástica. Hoje, foi dia de mais um espetáculo no Olímpico. Mas é impossível renegar as virtudes da torcida tricolor, a que lota aeroportos, ruas e estádios. Enche as Laranjeiras e o Galeão, ao mesmo tempo, às dez horas da noite de um domingo. Faz valer a pena ser tricolor.

Giro pelo mundo

Contato

lucas.imbroinise@terra.com.br

Twitter: @limbroinise

Co-blog: http://boleiragemtatica.wordpress.com