" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A valentia do Flamengo aumenta a vantagem do Flu na briga pelo título


Desde o dia 27 de setembro que o Flamengo não corria tanto. Contra o mesmo Atlético Mineiro, o time de Dorival voltou a se dedicar em campo. Não teve bola perdida, não teve dividida mole. A expulsão prematura e burra do ótimo Wellington Silva transformou um jogo em uma partida na qual o Galo era favorito. E assim foi até o fim. Mesmo dessa forma, um jogaço, repleto de emoção e, infelizmente, erros do árbitro.

Sandro Meira Ricci deixou de marcar um pênalti claro de Ibson em Ronaldinho, ainda na primeira etapa, e se perdeu em meio aos tantos cartões amarelos distribuídos. No bate-papo, tentava retomar o controle da partida. Sem sucesso. Logo expulsou o lateral-direito rubro-negro, que já tinha amarelo quando fez uma falta dura no meio-campo. No intervalo, mandou embora também Dorival. E por pouco a partida não fugiu de seu controle de forma perigosa.

Acabou que, de uma forma ou de outra, o juiz não interferiu de forma direta no resultado. O empate em 1 a 1 acabou sendo justo. Ainda que o Atlético tenha tido o controle da maior parte do jogo, buscando mais o gol e sufocando o adversário, a valentia e a garra do Flamengo mereciam ser premiadas. O time até teve chances de vencer o jogo, mas esbarrou na sua própria falta de capacidade de puxar contra-golpes eficientes.

O Galo, por sua vez, não teve tanta sorte como em outras rodadas. Jô acertou a trave duas vezes, Ronaldinho uma e Bernard perdeu, pelo menos, duas chances de frente para Paulo Victor, que substituiu Felipe, com torção no tornozelo. Até Leandro Donizete chegou perto de marcar, em belo chute de fora da área. Mas a bola, de fato, não queria entrar.

Melhor para o Fluminense, que segue cada vez mais perto do título. Se vencer o São Paulo, no Morumbi, pode abrir incríveis 11 pontos de diferença. Para que isso não ocorra, o Galo precisa vencer o Coritiba, no Couto Pereira, na capital paranaense. Missão bastante complicada, mas não impossível. Assim como a de tirar a diferença para o Flu.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O Messi de Xerém



Foto: Nelson Perez/FFC

Para alguns, é o craque do campeonato. Muitos o pedem na Seleção. E há até quem não goste dele. Ao contrário de histórias folclóricas, o Messi brasileiro veio de Xerém. Ele não tem a mesma técnica, mas lembra muito o argentino em suas principais características. A diferença é que Wellington Nem é abusado, marrento, mais driblador ainda do que o melhor jogador do mundo. É, antes de mais nada, um jogador tipicamente brasileiro.

É quase um craque.

Hoje, na vitória por 2 a 1 sobre o Coritiba, botou a bola debaixo do braço e acabou com o jogo. Driblou, passou, se movimentou, brincou, zombou. E decidiu. Com um gol e uma assistência, ambos com a perna direita. Amadurecendo com o tempo, Nem também é inteligente. Provoca e não entra na pilha. Ouviu muito dos jogadores do Coritiba após tentar uma lambreta no fim do jogo. Fingiu que não era com ele. Já tinha acabado com o jogo mesmo....

Soa um pouco injusto essa individualidade na vitória tricolor. Injusto porque Jean também comeu a bola de volta ao time. Acertou a saída de bola, melhorou os passes e protegeu mais Edinho, dando mais liberdade, também, para Deco. Liberdade e confiança. Para o maestro luso-brasileiro, é diferente jogar com Jean. É melhor. É possível sentir isso somente vendo o jogo, os dois se entendem muito bem.

Carlinhos também foi bem. Cavalieri manteve a regularidade do melhor goleiro do Brasil na atualidade. E Bruno, o contestado camisa 2, fez partida digna de jogador campeão brasileiro. Com muita raça, se desdobrou entre a defesa e o ataque, participando das ações ofensivas e salvando o time duas vezes no segundo tempo. Thiago Neves oscilou, mas, no geral, não foi mal. E ainda marcou o gol da vitória. Fred poderia ter ido melhor.

Mas não tem como a crônica do jogo não ser de Wellington Nem, o Messi de Xerém. O moleque abusado, arisco, canhoto, realmente comeu a bola. Como vem fazendo desde o início do Brasileiro. Sua velocidade, aliada à objetividade nas jogadas, lembra muito o jogador argentino, guardadas algumas proporções. Se não tivesse se contundido, talvez fosse, sem sombra de dúvidas, o nome do campeonato. Ainda não é. Mas pode vir a ser nas últimas rodadas. Hoje, foi o dono da noite.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Acabe com meu time, Neymar


Revendo o último gol de Neymar é impossível não me lembrar de meu avô, que me deixa com uma saudade inexplicável a cada dia mais já há exatamente um ano. Seu Alfredo gostava de futebol. De grandes jogos, grandes jogadores. De dribles, defesaças e golaços. Adorava idolatrar jogadores folclóricos, mas amava mesmo os craques. Como Neymar. Ele viu o garoto surgir, aprontar, comer a bola. Lembro-me de sua última frase a respeito da joia santista: "Ele vai ser o melhor do mundo".

Se a profecia de meu avô irá ou não se concretizar, somente o tempo dirá. Mas que Neymar já segue a trilha para tal não há mais dúvidas. De golaço em golaço, o moleque mais fominha e craque dos últimos tempos agrada a qualquer um. Até Carlos César, lateral do Atlético Mineiro, que tomou uma humilhante lambreta sua no último jogo contra o Santos e derrubou o astro em seguida, desculpou-se com o garoto ao fim da partida. É difícil alguém odiar Neymar. E assim como meu avô, se pudesse, veria Neymar todos os dias em ação. Vale a pena cada drible, cada passe, cada gol, cada segundo.

Por isso, Neymar, eu quero que você acabe com meu time. Drible meu capitão, deixe meu goleiro no chão e mande minha torcida calar a boca. Depois, quando o jogo já estiver ganho, puxe um lençol daqueles para cima do meu camisa 10. Tire onda. Na entrevista, fale o que você quiser. Diga que acabou com o jogo, que é o melhor jogador do Brasil e que vai ser o melhor do mundo. Faça o que quiser no meu estádio. Por mim, ele pode ser seu por uma noite. Só seu.

Eu quero, mesmo, que você faça o gol do ano contra o meu time. Do ano não, da década, da sua carreira. Arranque desde o seu campo de defesa, faça filas e mais filas, canete meu melhor zagueiro, drible o goleiro e entre com bola e tudo. Não precisa ser num jogo mixuruca de Brasileiro. Pode ser de Libertadores. Só vou te pedir que não elimine meu time. Se não tiver como, tudo bem, faça-o. Eu vou entender.

Vou me sentir feliz por ver a derrota do meu time para você, Neymar. Vai me dar orgulho.

Logo eu, que achava no início de 2010 que o Ganso seria mais jogador que você. Que ingenuidade. Vai ser difícil surgir alguém melhor que você. E que o Messi e o Cristiano Ronaldo se cuidem. Porque ele está chegando. A passos largos, a golaços. Lá vem o moleque que, aos 20 anos, é o melhor jogador em atividade no Brasil - e com larga diferença para a concorrência.

Neymar é a alegria de jogar futebol. Como é bom ver Neymar em campo. Da televisão, do estádio. Até em vídeos de curta duração. Neymar é a personificação dos melhores dias do futebol brasileiro. É o cara que tenta o diferente, mas também faz o prático, o óbvio. O cara que leva o país para frente, no futebol. O cara que é imitado pelas crianças no dia seguinte de seus jogos. De seus shows. O cara que faz a menina chorar por uma foto. Neymar é o cara.


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Quando o líder joga como campeão


Hoje não tem do que reclamar, do que duvidar, do que secar. Porque hoje o Fluminense jogou como time que quer e merece ser campeão. Para aliviar a torcida, aliviar as críticas e fazer o elenco transbordar de moral. São 9 pontos de vantagem para o Atlético Mineiro, que joga daqui a pouco. E, pelo menos, uns 8 dedos na taça de campeão brasileiro.

Com a mesma postura corajosa que fez com que o te conquistasse 9 vitórias em 14 jogos fora de casa, o time de Abel Braga começou o jogo buscando o gol. Tomou pressão, chegou a ser dominado pelo Bahia durante muitos minutos do primeiro tempo sobretudo, mas soube se defender. Marcando bem, para variar. Sem dar brechas dentro da área. E com um monstro debaixo das traves.

Fica fácil, assim, ter mais tranquilidade para atacar, buscar o gol, vencer o jogo, o campeonato. E hoje o Fluminense soube partir para cima. Jogando bem durante parte do primeiro tempo e todo o segundo tempo. Com boa movimentação de Wellington Nem, ótimas trocas de passes no meio-campo e uma marcação quase perfeita. Salvo raros erros de Edinho, zaga toda foi bem. Digão, por exemplo, ganhou todas as antecipações.

E aos poucos o Flu foi ganhando terreno. Mas o jogo continuava equilibrado. Ora assustava, ora era assustado. Traiçoeiro como poucos, todavia, o Fluminense de Abel sabe a hora certa de dar o golpe fatal. Quando o Bahia pressionava, o Flu contra-atacava. Pela direita, Wellington Nem deixava a zaga baiana de cabelos em pé.

E foi justamente por aquele lado que saiu o gol que mudou a história da partida. Pela direita, mas com Bruno. Aquele mesmo lateral tão criticado pelos torcedores, que se mata em campo para defender e atacar, deu um pique desgastante para ganhar a bola, adiantá-la e bater sem chances para Marcelo Lomba: 1 a 0 Fluminense.

A hora da temeridade chegava para a torcida tricolor. Como em muitos outros jogos, o time conseguiu sair na frente. Mas desta vez não recuou. Não chamou o adversário para seu campo, não fez faltas na entrada da área, não sofreu pressão desnecessária. Simplesmente matou o jogo. Com Rafael Sóbis e sua capacidade incomum de finalizar sem medo de errar: 2 a 0 Fluminense. Agora sim, jogo decidido e campeonato encaminhado. Hoje, o Fluminense jogou como campeão. E, a cada rodada, parece mais o tal.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Em Lisboa, as preocupações defensivas continuam minando o Barça de Messi




Esperava-se mais do Benfica nesta terça-feira. Não só por jogar em casa, com o Estádio da Luz lotado, mas também por enfrentar um time que vem oscilando muito na parte defensiva. Ainda que esse time seja o Barcelona, pelas últimas apresentações, não era nem um pouco absurdo apostar que o Benfica marcaria, ao menos, uma vez contra os blaugranas. No entanto, o que se viu em Lisboa foi algo bem diferente.

Se a defesa continua falhando e dando espaços demais para os adversários, o ataque voltou a jogar muito bem, como ainda não tinha acontecido nesta temporada. No 4-3-3 e com Messi de falso-nove, o Barça buscou o ataque de forma intensa. Sánchez, inicialmente aberto an esquerda, se movimentou por todas as direções e chamou a responsabilidade. Foi  dele o primeiro gol, após bela trama de Messi com Jordi Alva e assistência do argentino.

Depois do gol, os portugueses se perderam um pouco do jogo. O Barça, com o domínio habitual da posse de bola, seguia dando sustos. Com Sánchez, Fábregas e Messi, principalmente. Na defesa, porém, assustava seus próprios torcedores. Jordi Alba levava a pior no duelo com Salvio e, pela esquerda, Gaitán dava calor em Daniel Alves. Victor Valdés chegou a fazer pelo menos duas defesas importantes, ainda na primeira etapa.

O segundo tempo veio e a torcida benfiquista ameaçou colocar fogo no jogo. Somente tentou. Porque logo aos 11, a figura do melhor jogador do mundo resolveu aparecer. Com bela jogada, vindo de trás, Messi fez fila na zaga portuguesa, antes de deixar Fábregas em ótimas condições de marcar. O espanhol bateu com força, e de perna esquerda, aumentou a vantagem.

É impressionante como Messi continua sendo um diferencial absurdo para o Barcelona. Em Lisboa, ele errou passes bobos, não apareceu tanto para o jogo na maior parte dos 90 minutos, se mostrou mais irritado do que o normal e, mesmo assim, decidiu um importante duelo com duas assistências. Duas boas assistências.

A verdade é que, ofensivamente, o Barcelona segue sem ter do que se queixar. Nesta terça, Iniesta voltou ao time e já foi bem, mesmo com apenas 21 minutos em campo. É na defesa que moram as grandes preocupações dos torcedores blaugranas. Em má fase, o sistema defensivo catalão ainda perdeu Puyol, com grave lesão no braço esquerdo, por provavelmente algumas semanas - talvez meses -, e Busquets, expulso, para o confronto diante do Celtic, vice-líder do grupo, na terceira rodada da fase de grupos da Champions.

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