" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




sexta-feira, 29 de abril de 2011

Flamengo e Vasco, muito mais que um clássico

Têm certas coisas na vida em que o futebol nos proporciona momentos únicos, inesquecíveis e eternos. Vivenciá-los torna nossa vida mais prazerosa. E, no fim, só nos resta agradecê-lo por tamanha alegria. Como é bom ver o Barcelona jogar. Como foi prazeroso ver a Seleção Brasileira de 82 desfilar. Como foi incrível ver Zico, Adílio, Júnior e Cia ilimitada dar shows pelo mundo com aquele Flamengo mágico dos anos 80. E ainda tem Pelé. O futebol é absurdamente espetacular.

Assumindo uma individualidade incomum aos textos deste blog, tenho de admitir que nada me trouxe tanto prazer no futebol como um bom Flamengo e Vasco. Nada. Nem mesmo as arrancadas de Messi. Ou os dribles perambulantes de Ronaldinho Gaúcho. Não vi os grandes craques jogarem, talvez aí esteja o problema de eu endeusar tanto um Clássico dos Milhões.

Não sei. Deve ser a saudade. Faz 5 anos que ambos não decidem um título. O último era naquela noite quente do final de julho do ano de 2006, quando Juan chutou forte no canto direito de Cássio, garantindo o bicampeonato da Copa do Brasil ao Flamengo. Esses Flamengo e Botafogo têm cansado ao público e, em particular, a mim. Vasco e Fluminense fazem ótimos jogos, assim como adoro um Clássico Vovô. Mas Flamengo e Vasco é especial. É inigualável.

Que me perdoe o Fla-Flu e toda a sua beleza e história. Que me perdoe o Gre-Nal e a sua rivalidade sensacional. Também o Atle-tiba, o Re-Pa, o Ba-Vi, o Majestoso, o Choque-Rei, o San-São, e tantos outros pelo Brasil afora. Me perdoem, também, os clássicos nacionais.

Flamengo e Vasco é Flamengo e Vasco. E vice-versa. Nada se compara.

E nem precisa ser no Maracanã. Logicamente que o Maior do Mundo dá um brilho mais do que especial para toda a festa. No entanto, independente do estádio, a rivalidade transcende limites locais e rotinas costumeiras. O contraste das cores colore as arquibancadas de forma perfeita. É o paraíso do futebol carioca.

A semana é diferente. As reuniões, os pagamentos, os encontros, os negócios, as viagens. Tudo fica em segundo plano. O torcedor rubro-negro e o vascaíno acordam na segunda pensando no clássico de domingo. E, se pudessem, adiantavam a semana para o dia D chegar mais rápido.

Nem mesmo as tantas brigas são capazes de estragar o espetáculo. Os xingamentos fazem parte dele. As provocações são de lei. Quanta musiquinha. Quantos cantos. Quantas bocas. Quantas bandeiras. Milhões de pessoas. É Flamengo. É Vasco. É o maior clássico do país. E talvez do mundo.

É o clássico de Zico, de Roberto Dinamite, de Romário, de Bebeto, de Cocada, do ladrilheiro, de Jean, de Petkovic. Já foi também de Obina, Valdiram, Valdir Papel. E nem assim perdeu a majestade que sempre teve. E que majestade. O apelido “Clássicos dos Milhões” tem motivo denotado. O Rio para. O Brasil para. É Flamengo e Vasco. E nada mais importa.

No domingo, os tricolores e botafoguenses tentarão disfarçar. Pegarão aquela praia de manhã, darão uma volta pela cidade, uma ida ao shopping talvez. Um encontro rápido. Um passeio no parque. Mas é impossível, se cariocas de verdade, e amantes do futebol, que eles não se preocupem com o mesmo assunto a partir das 16h da tarde. É final de Estadual. É Flamengo e Vasco. É domingo que o Rio para por mais uma vez em sua história. Outro domingo. Quantos domingos.

Domingo é o dia sagrado do clássico. O dia das decisões. O dia de fazer história. É o dia de Flamengo e Vasco.

Melhor se fosse no Maracanã. Mas é no Engenhão. Bola pra frente. A grandeza supera qualquer obstáculo. E que o juiz apite logo. A ansiedade beira o insuportável. A saudade de uma decisão de verdade não agüenta mais. O coração vai explodir. Não pode. A vida tem que continuar. Domingo é dia. Dia de Flamengo e Vasco. Que domingo chegue logo. Eu não agüento mais esperar. Obrigado, Flamengo. Obrigado, Vasco. E muito obrigado, futebol.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Hora de buscar novos ares

De 1996 pra cá, o Arsenal venceu três vezes o Campeonato Inglês - com direito a um título histórico, invicto, em 2003-04 -, quatro vezes a Copa da Inglaterra, quatro vezes a SuperCopa da Inglaterra, além de títulos de menor expressão e ótimas campanhas não só no âmbito nacional, mas também no internacional. Há 15 anos no clube, Arsène Wenger revolucionou o futebol da equipe londrina. Antes, considerada "duro" e pragmático, o Arsenal disputa elogios com o mágico Barcelona de Guardiola pela leveza e fluência ofensiva com as quais atua.

Tudo isso é fruto de um trabalho sério e compenetrado do melhor técnico francês da história. Desacreditado no início de trabalho, Wenger não demorou para conquistar a imprensa e, principalmente, a torcida dos Gunners. Mas, de alguns anos pra cá, a relação entre ambos passou a ganhar ares conturbados.

Sobretudo após a perda da final da Uefa Champions League para o Barcelona, em 2006. Desde então, o Arsenal não conseguiu mais avançar às semifinais do torneio mais importante do Velho Continente. E, ali, ganhou a fama de "amarelão". Afinal, sempre com bons times, acaba ficando pelo caminho nas principais competições.

Há longos 5 anos que o clube não levanta um troféu. Muitos creditam a seca à inexperiência do time, cujo a média de idade já chegou a beirar os 22 anos. Os jovens são apostas eterna de Arsène, que garante não ter na juventude de seu grupo um problema. "Já passou essa fase colocarmos a culpa na inexperiência do time. Hoje somos experientes. E a culpa não é deles(os jogadores). Sou eu quem monta o time, então se tem algum culpado, este culpado sou eu".

E, de fato, o alvo escolhido pela torcida e por boa parte da imprensa para a atual má fase dos Gunners é o técnico francês. Com a perda do título da Copa da Inglaterra, para o Birmingham City, a eliminação na Champions League novamente para o Barcelona e a eliminação da briga pelo título inglês desta temporada, devido à derrota para o Bolton, no último domingo, uma crise se instaurou no Emirates Stadium.

Wenger assume a culpa e promete um time mais competitivo para a temporada seguinte. Mas os torcedores já parecem cansados da costumeira rotina que leva o clube desde o século passado. Talvez seja a hora de uma mudança drástica. Um novo comando. Com contrato até 2014 com o clube "da sua vida", Wenger não parece disposto a abandonar o barco. Como um bom capitão, deveria pensar no melhor para o seu clube, que, talvez, seja a sua saída. Novos ares são a melhor alternativa para o Arsenal.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O time dos milagres

Rafael, Cássio, Gum e Dalton; Mariano, Diogo, Maurício, Darío Conca e Marquinho; Alan e Fred foram os onze guerreiros que impediram o rebaixamento praticamente inevitável do Fluminense em 2009, em pleno Couto Pereira, ao empatarem com o rival direto Coritiba, que terminaria relegado à segundona no mesmo dia. Os 99% de chances de rebaixamento, que soavam de uma forma tão natural na boca daqueles que se sentem donos da verdade, pouco representavam para aqueles guerreiros. O 1% era o que importava. E era no que acreditavam. E como.

Ricardo Berna, Mariano, Gum, Edinho e Júlio César; Valência, Diguinho, Marquinho e Conca; Rafael Moura e Fred fazem parte de um outro grupo heróico. Ainda mais épico. São, de fato, muito mais que guerreiros. São santos. Autores de um milagre inesquecível para a torcida tricolor. Dessa vez, tiveram sete vezes mais certeza que o time comandado por Cuca no dia 6 de dezembro de dois anos atrás. Acreditaram, novamente, no que podiam e tinham. E lutaram. Lutaram até conseguirem. Pois esse grupo de jogadores é assim. O Fluminense que se construiu em 2009 é o time que guerreia, luta, e, acima de tudo, faz milagres.

Em Buenos Aires, a situação era muito delicada. A vitória sobre o líder do grupo, num estádio acanhado e lotado de argentinos fanáticos, teria que se combinar com um improvável resultado positivo do América-MEX no Uruguai, onde jogava contra o Nacional-URU. O afastamento de Emerson tinha tudo para piorar o clima que já era tenso entre os jogadores.

Nada disso. O Fluminense é maior do que tudo isso. Fred provou que, para ser ídolo e decisivo, não é preciso fazer promessas de amor, derramar lágrimas e pedir rios de dinheiro para qualquer patrocinadora. É preciso ser heróico. Guerreiro. Épico. E ter muita estrela. Além do craque que é e sempre foi, o camisa 9 tricolor está na hora certa, no momento certo, fazendo a coisa certa. E se não sair certo, o destino dá um jeito de consertar. Como a falta de quase do meio de campo, batida come extrema força e a dose correta de precisão, mas que não parecia ser suficiente para balançar as redes. O destino entrou em ação. E o até então invencível Navarro falhava feio. Era o segundo gol tricolor.

Quando Fred entrou em ação na competição da qual mais se esperava dele, o jogo já estava no fim do primeiro tempo. Júlio César, o lateral mais contestado do Brasil, não teve medo de ser feliz e mais uma vez vaiado ao tentar um chute cruzado meio maroto. Foi muito feliz. Abriu o placar e fez as pazes com a torcida. Pena que, minutos depois, o árbitro inventaria um pênalti para Salcedo converter.Sorte dos cariocas que havia um mineiro decisivo em campo. Aos 40 minutos, não havia momento melhor para Fred mostrar seu cartão de visitas. E tirar o 1 do placar tricolor. Agora sim, 2 a 1 Fluminense.

O ditado antigo diz que há coisas que só acontecem com o Botafogo. Uma lenda. E há milagres que só podem ser feitos pelo Fluminense. Verdade absoluta. Mais uma vez, o sonho do tricolor que acordou cedo já pensando no jogo de horas mais tarde estava perto de virar realidade.Bem que Valência tentou transformá-lo em pesadelo, errando feio uma rebatida, que originou o segundo gol do Argentinos Junios, do destaque Oberdan. O gol de empate.

O que mais impressionava era a capacidade de recuperação do time carioca. Após golpes duros, a equipe parecia estar com mais gana, mais vontade de transformar o impossível em possível. Eles gostam disso. E sabem como poucos fazê-los. Têm um dom e tanto. Mas como sofrem. Correm, gritam, suam, brigam, lutam. E vencem.

Rafael Moura parece ter nascido para jogar Libertadores. O porte físico, o jeitão de correr, a cabeleira, o apelido de super-herói, a dedicação. Não precisou, porém, de nada disso para novamente pôr o Fluminense na frente do placar, após rebote do goleiro Navarro. Ali, a frieza e a técnica de um centroavante refinado, comum de ser visto em Copa do Mundo, campeonatos europeus, bastavam. O He-Man é dinâmico. Se adapta facilmente ao estilo que pode lhe ser imposto. 3 a 2 Fluminense.

O fim do jogo em Montevidéu, no Uruguai, com um empate sem gols, trouxe um misto de ânimo, esperança e muito nervosismo para o time tricolor. A tensão entrou de vez em campo no garmado do estádio Diego Armando Maradona. A cada dividida, muito contato físico. Muitas faltas. Muitas pegadas. Muitas travas à vista. O jogo era de Libertadores.

O volante que Muricy procurou no Equadro, na Colômbia, no Chile, no Paraguai, na Argentina e até na Bolívia para ser útil ao Fluminense na Libertadores, o próprio treinador tinha na agenda de seu telefone. Um baita jogador. Um baita marcador. Um baita homem. Edinho não teve dúvidas ao largar o Palmeiras e vir topar o desafio de disputar uma Libertadores pelo Fluminense. É incrível como Edinho se encaixa bem no perfil de um guerreiro. E como é essencial nos jogos fora de casa.

Muito mais que um leão na marcação, Edinho é um guepardo nas subidas ao ataque. Mescla força, experiência e velocidade. Com um preparo físico invejável. De vez em quando apela para as faltas. Não está nem aí. “Volante bom é volante que sabe dar porrada”. Mas no momento. Volante bom é volante que também sabe sair pro jogo, subir ao ataque. Edinho provou com maestria. Depois de brigar pela bola na defesa, partiu em disparada, tabelou com Araújo e só foi ser derrubado por Navarro. Pênalti. Para Fred, é meio gol. Ou mais. 4 x 2 Fluminense.

O milagre aconteceu de novo. Desta vez, com mais intensidade. A epopéia foi maior. E, assim como em 2009, a guerra não acabou com o apito final. A pancadaria pós-jogo passou a ser a forma de encarar o time de guerreiros inspirado. Depois da barbárie ocorrida no Couto Pereira, foi a vez dos próprios jogadores argentinos protagonizarem cenas lamentáveis de briga generalizada. E lá estavam Mariano, Gum, Diguinho, Marquinho, Conca e Fred novamente, se defendendo como puderam dos socos e pontapés. Revidando, é claro. Não são bobos. São espertos até demais. Guerreiros. E, agora, santos.

O dia 20 de abril de 2011 não será jamais esquecido pela torcida tricolor, como muitos outros, e servirá para reforçar a tese pronunciada pelo time que rebaixou o Coritiba há dois anos. A tese de que não se pode, jamais, duvidar do Fluminense. Desde que os jogadores deixaram de ser jogadores para se tornarem guerreiros – e agora santos -, tudo é possível. Não importa como, não importa onde. Se há guerra, há Fluminense. O time de guerreiros é o time dos milagres.

O Real de Mourinho cresce na hora certa



Parecia impossível derrotar o Barcelona jogando um futebol minimamente ofensivo. Não para o Real Madrid comandado pelo melhor treinador da atualidade. José Mourinho consegue mesclar confiança com equilíbrio de uma forma incrível. E sabe, como nenhum outro treinador, enfrentar o Barcelona. Já perdeu, já foi goleado, mas ninguém fez sua equipe enfrentar o melhor time do mundo como Mourinho faz atualmente treinando a equipe merengue.

Nesta quarta, após 18 anos de hiato, o Real voltou a vencer a Copa do Rei, justamente contra o Barcelona, com gol de Cristiano Ronaldo, um monstro não só na técnica, mas também no vigor físico, no preparo e na velocidade que o consagram como um dos maiores de todos os tempos. Passe de Di María, um argentino que joga como um brasileiro e marca como italiano. Outro craque, que ainda tem muito a melhorar e evoluir.

O gol saiu na prorrogação, mas o domínio madrilenho foi nítido em boa parte dos n0venta minutos. Com um time compacto e muito segura na defesa, não foi tão difícil assim. O Barça chegou a assustar, sobretudo com jogadadas individuais do gênio Lionel Messi. Mas o Real tinha Casillas, mais uma vez inspiradíssimo. E Ricardo Carvalho, simplesmente o melhor em campo.

A comemoração foi eufórica. Os jogadores corriam por todo o campo e, após a volta olímpica, jogaram Mourinho para o alto. A confiança está em alta na capital espanhola. O grande objetivo ainda está por vir, a grande Champions, mas a taça erguida por Casillas enche o peito dos merengues e faz desaparecer o ligeiro favoritismo que o Barcelona tinha para a semana que vem.

Todavia, mais do que uma diretoria que lhe garante condições para ser o maior clube do mundo e um time repleto de craques, a estrela maior senta no banco de reservas e fala um português bem marrento. José Mourinho é especial. Falou que ia vencer e venceu. Com a ajuda de Ronaldo, Di María, Xabi Alonso, Ricardo Carvalho, Casillas e tantos outros. Mas o dedo do técnico mais comentado, criticado e, ao mesmo tempo elogiado, não pode ser esquecido. Um mito.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O poder de Ronaldo

As arrancadas, os dribles e a precisão faziam de Ronaldo um atacante fenomenal. Nem mesmo os quilos conquistados em meio à fama foram capazes de tirar seu poderio raro no futebol moderno. Depois de pendurar as chuteiras e mergulhar de cabeça no mundo dos negócios do esporte, com a fundação da '9ine', empresa de marketing esportivo administrada pelo próprio craque, Ronaldo provou, também, que ainda é craque fora das quatro linhas. Craque do marketing, da propaganda, dos negócios.

Semanas depois de se aposentar, já atuava fora dos campos. Nos bastidores, montou uma operação sigilosa para levar Adriano ao Corinthians. Dias depois, o Imperador era apresentado oficialmente e se dizia brigado com Gilmar Rinaldi, seu ex-empresário, que não poupou críticas ao ex-jogador, o condutor principal da negociação. Adriano já era jogador da 9nine. Jogador de Ronaldo.

Ronaldo, malandro que é e sempre foi, negou qualquer envolvimento na contratação imperial. Ele sabe o poder da mídia. E como usá-la a seu favor. E sabe, antes de mais nada, do seu poder individual sobre as pessoas. O seu poder no marketing. Ronaldo e publicidade caminham de mãos dadas, combinam.

O poder do Fenômeno é tão absurdo, que, mesmo com Adriano criticado pela imprensa pelo seu comportamento fora de campo e pelos abusos na vida noturna, o ex-jogador conseguiu um lugar especial para Adriano fazer as pazes com o Brasil. No horário nobre da televisão brasileira no domingo, Fausto Silva, o apresentador mais badalado da Rede Globo, recebeu o próprio atacante do Corinthians em seu estúdio. O dedo era o de Ronaldo, obviamente.

Logo Adriano, que sempre rejeitou convites de programas em São Paulo quando jogava no Rio. Logo Adriano, que nunca gostou muito de dar entrevistas que não tivessem o futebol como plano principal. Ronaldo agiu rápido e bem. E colocou Adriano na boa, na mídia, na boca do povo, com a melhor impressão que se poderia causar do Imperador, diga-se de passagem. Não havia como melhorar a imagem imperial de uma forma melhor, mais eficiente.

Assim como no seu tempo de Seleção, quando era o protagonista das propagandas envolvendo jogadores brasileiros, Ronaldo continua um fenômeno em diversos aspectos. Seu poder ainda é gigantesco. E, agora, ele o usa em prol de Adriano. Como não pode reeditar a dupla que iniciou a Copa do Mundo de 2006 no ataque brasileiro, Ronaldo se alia a Adriano no ataque marketeiro. E neste quesito, ele também é artilheiro.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Invicto no ano, Coritiba está a três vitórias de fazer história















O Coritiba talvez não tenha um meia do nível de Djalminha, nem alguém que arme e conclua jogadas como Rivaldo. Muito menos um treinador como Vanderlei Luxemburgo. Mas se vencer os próximos três jogos, a equipe comandada por Marcelo Oliveira igualará o feito de um dos melhores Palmeiras de todos os tempos, o de 1996, campeão paulista invicto. Há 15 anos, o alviverde paulista venceu 21 partidas seguida. Com a vitória sobre o Caxias do Sul, pelo jogo de ida das oitavas de finais da Copa do Brasil, em pleno Couto Pereira, o Coxa chegou à marca de 19 triunfos consecutivos.

Se não bastasse a incrível série de vitórias seguidas, o Coritiba ainda pode se gabar de ser, ao lado do Flamengo de Ronaldinho e do próprio Luxemburgo, um dos dois únicos clubes invictos no ano no país. Já são 26 jogos, e apenas 2 empates. Um aproveitamento incrível, que enche a torcida de esperança para o Brasileirão e para as finais do Paranaense. Enfim parece ter chegado a hora do Coxa voltar a ser grande em âmbito nacional e, quem sabe, continental.

O time hoje comandado pelo praticamente desconhecido Marcelo Oliveira surgiu da base montada por Ney Franco, no ano passado, que culminou no título brasileiro da série B de forma antecipada. Sem querer inventar, Oliveira deu continuidade ao trabalho de Ney, que mantém contato com o sucessor, passando informações e, sobretudo, orientações privilegiadas.

Somados ao entrosamento de jogadores que já se conheciam bem e atuavam juntos há mais de um ano, chegaram reforços importantes, como o lateral Eltinho e o meia Davi, ambos vindos do Avaí, após o Brasileirão do ano passado. Revelado pelo Paraná, o lateral não demorou para se encontrar no Couto Pereira, onde se firmou após passagens apagadas por Flamengo e Avaí.

No entanto, foi o meia, que chegou a fazer boa dupla com Caio no primeiro semestre de 2010 pelo time catarinense, mas que, após contusões, caiu bastante de produção no decorrer da temporada, quem melhor se achou no 4-2-3-1 de Marcelo. São de seus pés que saem as principais jogadas coxa-brancas.

E ainda tem o atacante Bill, que não se firmou no Corinthians e, enfim, achou seu lugar ao sol. Ele é o definidor de jogadas do Coritiba. Nesta quinta, fez três na goleada sobre o Caxias. E ainda foi expulso por demorar demais na comemoração do último gol. A alegria de quem busca uma boa sequência de atuações convincentes por nada seria abalada, contudo. E Bill saiu sorrindo, ciente de que está fora da partida de volta. Sem problemas. Afinal, seu reserva imediato não preocupa a torcida: Leonardo também vive boa fase no Couto Pereira. E ainda tem o Anderson Aquino...

Com um elenco recheado de boas opções e o time rendendo muito mais do que esperado, Marcelo Oliveira só tem a sorrir. A sua única preocupação no momento é continuar vencendo para bater recordes. Um título paranaense invicto seria algo fenomenal. É isso que a exigente e gigante torcida coxa-branca espera.

O problema, todavia, é que um desses três jogos é justamente um Atletiba. E na Arena da Baixada. Logo depois de encarar o Bom Jesus fora de casa. De fato, não há teste maior para um time que quer brigar contra os grandes do país. Independente do futuro próximo, para a torcida o atual início de ano do Coritiba já é histórico. E nada muda isso.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Logo na apresentação, Falcão renova as esperanças coloradas



Como toda a apresentação de ídolo no futebol moderno da atualidade, o retorno de Paulo Roberto Falcão ao Beira-Rio, como técnico, parou o clube. O novo técnico colorado levou com ele para a coletiva cinco jogadores, considerados os grandes medalhões e líderes do elenco: Kléber, Bolívar, D’Alessandro, Rafael Sóbis e Tinga ficaram em pé, logo atrás do Rei de Roma. E ouviram, da boca do novo comandante, que eles, sim, serão os protagonistas.

Ainda que prematuro, o retorno de Falcão ao Internacional, clube no qual fez história na década de 70 e comandou, sem o mesmo sucesso, no ano de 1993, enche os colorados de esperança. Nada melhor que o maior ídolo da história do clube para os dias de glórias voltarem. O exemplo recente se vê no rival, onde Renato Gaúcho pôs o Grêmio na linha e na Libertadores, num ótimo trabalho.

Mas Falcão evita comparações. E polêmicas. Informado sobre a frase de Renato Gaúcho, que disse ter jogado mais que o ídolo maior colorado, o Rei de Roma preferiu mudar de assunto. Sobre os times fantásticos que fez parte na década de 70, elogiou, mas lembrou: “O maior título da história do Internacional foram esses garotos que conquistaram”, fazendo alusão ao Mundial de Clubes, conquistado em 2006.

Um dos pontos altos da entrevista foi a vontade do treinador em fazer seu time jogar para frente. Como o Inter de 75-76, o Roma de 81-82, a Seleção de 82 e a Holanda mágica de 74, comandada por Rinus Michels, a grande inspiração de Falcão, citado na entrevista pelo novo técnico colorado. Falcão garantiu querer fazer o time jogar de forma leve e solta. “Quero sentar no banco de reservas e me divertir com meus atletas”.

A diversão que o ex-comentarista da Rede Globo pretende ter ao ver e comandar seu time contrasta de forma intensa com a sisudez de Celso Roth, o antigo comandante. Sempre duro e ranzinza, o ex-treinador colorado costumava se desentender com a imprensa e primar pelo pragmatismo, por vezes dando prioridade à defesa. Falcão o criticou como comentarista diversas vezes. O motivo? “ Não existe jogo ofensivo ou defensivo. Existe equilíbrio. É a palavra-chave no futebol”, explica.

Falcão demonstrou nitidamente a vontade de reviver seus dias de Internacional. Parece estar sentindo falta do calor da torcida. Sem ter medo de abalar sua relação de idolatria com os colorados, topou o desafio e garantiu: " Tenho dois objetivos: ser campeão e ficar muito tempo aqui, bater recordes como treinador". Falcão promete e enche os colorados de esperança.

Com idéias inovadoras e uma coerência marcante no discurso, Falcão não fugiu das polêmicas. Tentou até ser engraçado, com piadas prontas e improvisos surpreendentes. Fez questão de chamar todos os jogadores para a coletiva. Foram cinco. Os mais notáveis. Os que saíram na frente por uma vaga no time titular. Como é legal ver Falcão de volta ao Beira-Rio. Com um brilho no olhar e um sorriso de orelha à orelha, o Rei de Roma quer voltar a ser rei no Beira-Rio. Desta vez, como técnico.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Grêmio: nas oitavas, e com um trunfo raro




Renato Gaúcho chegou ao Grêmio num momento conturbado do clube. Logo no seu primeiro jogo, eliminação na Copa Sul-Americana para o desacreditado Goiás. A péssima fase só foi acabar com o tempo. Aos poucos, o maior ídolo do Tricolor foi arrumando a casa, moldando o time do seu jeito e vencendo. Numa campanha heroica, não só escapou do rebaixamento, como classificou a equipe para a Libertadores, montando uma base muito boa, mantida neste ano. Com poucos reforços e raras perdas, o time praticamente se manteve o mesmo.

Competitivo como em 2010, a equipe de 2011 dificilmente sai derrotada de jogos importantes. Nesta quinta, venceu o Junior Barranquilla, que perdeu a sua invencibilidade no ano, em casa, assumiu a liderança do grupo e, de quebra, carimbou seu passaporte para as oitavas de finais da Libertadores. Com facilidade, diga-se de passagem.

Entre tantas virtudes, um trunfo que merece destaque especial é o Estádio Olímpico. São poucos os times que jogam tão bem e com tanta vontade de vencer na sua casa. Poucos têm um caldeirão de verdade a seu favor. Nenhum tem uma torcida que faça a diferença que a gremista faz no Olímpico. Podem haver mil desfalques e problemas para Renato Gaúcho escalar a equipe, que a dificuldade para os rivais irá ser a mesma se o time estivesse completo. Jogar em casa, para o Grêmio, é meia-vitória.

Neste ano, somando as duas competições que disputa no momento, o Tricolor só perdeu uma partida em casa. E com o time misto de titulares e reservas. Foi no dia 12 de março, para o Cruzeiro de Porto Alegre, por 2 a 0, numa partida isolada. Renato ficou louco. Não admite perder em casa. Não admite outro resultado no Olímpico senão a vitória. Afinal, Renato conhece bem o Olímpico e a torcida tricolor. Sabe do que são capazes. E o quanto podem decidir e ajudar.

São poucos os times no mundo que têm alguma relação parecida entre torcida, estádio e time quando entram em campo. Talvez o Boca Juniors seja o único na América Latina capaz de fazer frente ao Grêmio neste quesito. Há quem diga que a Arena da Baixada tem uma mística diferenciada, mas há tempos não é sinônimo de vitória para o Atlético Paranaense. O Parque Central se aproxima um pouco desse padrão, no entanto, o time do Nacional não ajuda muito. Assim como o Libertad e o Nicolas Leóz.

Na verdade, o Grêmio é o grande representante dessa relação. É o exemplo. Um time que joga junto com a torcida e em sintonia com seu estádio lotado. O resultado só pode ser o respeito dos rivais. E que respeito. Não há quem não tema jogar contra o Grêmio no Olímpico. É sempre uma guerra. Poucos podem se orgulhar de vencer uma batalha tão árdua.

Que se preparem os argentinos, uruguaios, paraguaios, colombianos, e todos os que não conhecem de perto o Olímpico. Os brasileiros não precisam ser alertados. Sabem bem o tamanho do perigo. Por experiência própria.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Kaká ainda pode ser útil a Mourinho




O jogo já estava decidido quando Di María, autor de um golaço na goleada por 4 a 0 do Real Madrid sobre o Tottenham, nesta terça-feira, deu lugar ao brasileiro Kaká, que voltou a atuar bem com a camisa merengue. Já na sua melhor forma física, o camisa 8 espera alcançar o auge da sua forma técnica. E mostra que boa parte do caminho já está pavimentada. Afinal, foi com uma bela assistência do meia brasileiro que Cristiano Ronaldo fechou a goleada sobre o time londrino.

Mais do que a plasticidade do lance e o talento do brasileiro, nítidos na jogada, ainda que realizada com a canhota, o que mais chama a atenção na jogada é a utilidade de Kaká. Questionado por muitos na Europa, o camisa 8 do Real começa a provar que pode, sim, ter sua importância no time de José Mourinho, nem que seja no banco de reservas.

E quem não quer ter Kaká no time, ainda que como suplente? Que treinador não gostaria de poder pôr Kaká num jogo difícil na tentativa de resolvê-lo? Como todo e qualquer craque, Kaká é capaz de decidir um campeonato em segundos. Seu talento permite.

A questão, no entanto, é bem mais complexa: como ter Kaká? Talvez não valha a pena gastar rios de dinheiro para se ter um dos jogadores mais caros da história do futebol mundial sentado na poltrona do banco de reservas. Frio, desligado, desatento. Sem dúvidas alguma, Kaká pode render muito mais como titular. Mas em que posição? No Real Madrid de Mourinho, a base é mantida e o entrosamento é virtude básica e essencial da equipe, do grupo, do elenco.

Resumindo: teoricamente, não há lugar para Kaká jogar. Porém, na prática, o pensamento ultrapassa os limites do óbvio. O futebol é dinâmico, e exige variações para se obter sucesso. Uma das tentativas seria adaptar Cristiano Ronaldo à função de centroavante, escalando Kaká na meia-esquerda. O português já jogou assim tanto no Real como na seleção portuguesa. É verdade, não foi bem. Vale lembrar, todavia, que não teve continuidade, sequência de jogos, o que é fundamental para a adaptação em uma nova função.

No 4-2-3-1 de Mou, a referência anda escassa e ausente. Benzema andou fazendo gols e boas partidas. Ficou fora dos últimos dois jogos, por lesão. Higuaín o substituiu pelo campeonato espanhol e não foi bem. Contra o Tottenham, Adebayor ganhou a posição. O togolês marcou dois gols, foi decisivo, mas, no geral, esteve longe de encantar. É tido como verdade entre os merengues que falta um centroavante no Real Madrid. Alguém que decida. Neste quesito, ninguém melhor que Cristiano Ronaldo para solucionar o problema. O português é o artilheiro da equipe no geral, e duela com Messi na Espanha pelos gols.

Quem sabe Mourinho não pense nisso, e o mais importante: resolva testar. Testar de verdade. Uma, duas, três, quatro...Algumas vezes. Dar sequência. É provável que dê certo. É provável que Cristiano Ronaldo desande a marcar gols. E que Kaká volte a ser o jogador brilhante que por muito tempo foi. Com os dois juntos, um time que já era muito bom, se tornaria, praticamente, invencível.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Em busca de vingança, Van der Vaart profetiza gol e vitória



Van der Vaart está babando de vontade de se vingar do Real Madrid. Dispensado pelo clube merengue, teve que praticamente recomeçar sua carreira no Tottenham. Inicialmente desconfiado, foi, aos poucos, provando seu valor. Hoje, nas vésperas de encarar o Real pelas quartas de finais da Uefa Champions League, é uma das principais armas ofensivas do time de Londres.

Vestindo a camisa de número 11, o holandês joga como um autêntico “10”, e é o principal criador de jogadas do time. De sua canhota precisa saem ótimos lançamentos para os velozes Aaron Lennon e Gareth Bale e excelentes cruzamentos para o grandalhão Peter Crouch, a referência da equipe comadnada pelo lendário Harry Redknapp.

No auge de sua forma técnica, Van der Vaart tem os ingredientes perfeitos para fazer a torcida merengue se afundar em preocupações e hipóteses negativas. Mais do que os trunfos de um meia magistral, no entanto, o holandês está confiante.

Na chegada da delegação inglesa nesta segunda-feira, foi o único a falar com a imprensa espanhola, ainda que de forma informal. E não ficou em cima do muro. Perguntado sobre o que esperava do jogo, não titubeou e surpreendeu os repórteres locais com uma resposta um tanto quanto profética.

“Amanhã venceremos por um a zero, com gol meu.”

Simples e rápido. Audacioso. Confiante. Virtudes comum a craques. Podendo se vingar do clube que lhe mostrou a porta dos fundos de maneira desrespeitosa e humilhante, Van der Vaart prefere responder com educação. E na bola. Como um grande jogador. Como uma grande pessoa. Como um craque.

sábado, 2 de abril de 2011

100 anos de Guarani

23 de novembro de 2008. A torcida invade o gramado do Brinco de Ouro e comemora com os jogadores o acesso à segundona do Brasileiro. Depois de chegar ao fundo do poço, o Guarani começava a se reestruturar. 23 de novembro de 2009. Exato um ano depois, o Bugre volta a comemorar, dessa vez o retorno à elite do futebol brasileiro. 23 de novembro de 2010. Jogando mal e sob desconfiança inclusive da torcida, o Guarani parece estar com os dias contados na Série A. E estava. Uma semana depois, o time se via novamente rebaixado.

Em três anos, o Bugre provou que pode ser grande. Mas às vezes parece faltar vontade por parte dos dirigentes, que preferem ver o clube nessa gangorra de divisões, ao invés de devolver aos bugrinos o real valor do gigantesco Guarani de Campinas.

O único campeão brasileiro oriundo do interior poderia ter sido bem maior do que foi. O Guarani era um celeiro de craques nos anos 90. Djalminha, Amoroso, Luizão, Renato são só exemplos da eficácia da base bugrina. Se não fossem diretorias corruptas e incompetentes, certamente o destino teria aberto um sorriso para Guarani.

Mas o que se viu no Brinco de Ouro foi o outro lado da moeda. Em 2004, a decadência que quase levou o clube à extinção teve início com a primeira queda para a segunda divisão nacional. Dois anos depois, o buraco parecia ser interminável para os bugrinos. Não só no Brasileiro, mas no Paulista, caindo para a A-2 estadual. O tabu sem ganhar da aqui-rival Ponte Preta piorava a situação, que só foi melhorar em 2008, com a volta para a segundona brasileira. E, em seguida, com o retorno à Série A.

Depois de dois acessos consecutivos, era hora de montar um time competitivo. Veio o Paulistão, e nada. Ou melhor, e tudo de ruim. Novamente queda para a A-2.O mês de maio já chegava e o Brasileirão estava prestes a iniciar. Era hora de agir. A diretoria bugrina adiou o investimento e a preocupação. Depois de oito meses, o time voltava para a segundona, frustrando, novamente, a fanática torcida alviverde.

De novo, torcedores que se acostumaram a ver e torcer por grandes times, como o de 78 comandado por Zenon e abrilhantado por Careca, o vice-campeão nacional de 86 e o de 96, da garotada encabeçada por Djalminha e Amoroso, terão que sofrer com mais um time limitado em uma divisão que não lhes cabe pela grandeza e tradição do clube pelo qual rezam todos os dias. O campeão brasileiro de 1978 marcou o nome do clube para sempre na História. Nome que não deveria ser manchado por dirigentes amadores e jogadores pequenos demais paragum clube gigante.

O fato é que o ano de 2011 era pra ser diferente. Tinha de ser diferente. Tinha de ser grande. Tinha de ser guarani. Como foi em 78. Ou em 86. Só não podia ser como vem sendo. E como está sendo. 2011 era pra ser o ano. Afinal, é neste 2 de abril que o Guarani completa cem anos de vida. Cem anos que o verde invadiu Campinas para colorir o coração de metade da cidade. Cem anos de muitas alegrias e mais ainda sofrimentos.

Se o bugrino não pode mais desejar numa data tão especial o título da Copa do Brasil, devido à eliminação precoce do Guarani para o Horizonte, do Ceará, resta pedir que o Bugre volte ao lugar de onde jamais deveria ter saído. A missão é complicada para os 20 clubes que concorrerão a quatro vagas. Quem lhes dera que camisa e tradição decidissem campeonatos. A coisa seria bem mais fácil...

Parabéns, Guarani, que os próximos 100 anos sejam de superação e vitórias! A maior torcida do interior merece.


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