" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




sexta-feira, 29 de outubro de 2010

50 anos de exagero




Exagero é a melhor palavra que define Maradona, como bem escreveu Mauro Beting, em seu livro "As Melhores Seleções Estrangeiras de Todos os Tempos". Desde o futebol até a vida fora das quatro linhas, tudo em Maradona ganha um tom exagerado.


Neste sábado, o homem mais exagerado do Mundo fará cinquenta anos. A Argentina irá parar para reverenciar o seu deus. A religião maradoniana é monoteísta e atrai um país inteiro e uma legião de fãs espalhados pelo mundo, com grandes concentrações em Barcelona e em Nápoles.


Dia 30 de outubro é Natal. Que exagero, porém não soa totalmente incoerente afirmar que, pelo menos para os argentinos, há 50 anos nascia o salvador da pátria. O homem capaz de levar o futebol argentino ao topo do topo. O homem mais vencedor e argentino dos argentinos. Diego Armando Maradona é a personificação de um povo inteiro.


Sábado deveria ser o dia Mundial do exagero. Todos nós deveríamos fazer algo exageradamente em homenagem ao Pibe. Evitando a ilegalidade, mas fugindo um pouco o politicamente correto. Maradona era um pouco assim. E não é exagero dizer que era mais ilegal. Fazia muita coisa errada. E mesmo assim era amado. Idolatrado. Rei. Dios.


Era pra ser obrigação de todas as redes televisivas da Argentina e - por que não? - do mundo inteiro recuperar as imagens do gol mais bonito da história das Copas. O de Maradona, contra a Inglaterra. Um exagero de beleza, estilo, velocidade, dribles, agilidade, maestria e finalização. Um exagero de gol. Aquilo nem deveria ser chamado de gol. Talvez de arte.


Exageros à parte, Maradona foi o melhor deste planeta. Pelé era de outro mundo. Mas fato é que o que o Rei do Futebol fazia com as duas pernas, Diego fazia com uma. E que perna. A esquerda de um gigante de 1,66m.


Maradona talvez tenha se igualado a Pelé. Exagero?Claro. Hoje pode.


Parabéns, Maradona!


Lado pessoal pesa nas listas de Mano

As partidas que Marcelo faz pelo Real Madrid nas últimas semanas são de empolgar qualquer treinador de seleção brasileira. Não a Mano Menezes. Inexplicavelmente, após uma partidaça do lateral-esquerdo merengue pela Uefa Champions League - na vitória por 2 a 0 diante do Milan -, as vagas para a posição para o amistoso contra a Argentina, no próximo dia 17 de novembro, em Doha, no Catar. A opção do treinador foi pelo pouco badalado Adriano, recém-contratado pelo Barcelona, que sequer vem sendo titular absoluto.

Mais uma vez, o lado pessoal pesou na escolha de Mano Menezes, que não abre mão, de forma alguma, dos seus ex-comandados. O novo 'queridinho' é Douglas, que fez boas partidas pelo Grêmio, no segundo turno do BR-10. No entanto, o meia gremista não está numa fase melhor que a de Hernanes, que vem jogando na mesma posição, brilhantemente, na Serie A italiana. Douglas foi atleta de Mano por mais de um ano.

A questão pessoal é importantíssima no trabalho de Mano. ão que o treinador canarinho esteja errado. Pelo contrário, os resultados e as atuações da equipe provam o contrário. Trata-se, a penas, de uma constatação. Não é algo absurdo e incoerente.

Mas que o lado pessoal pesa, disto não há mais dúvidas. Ronaldinho Gaúcho, pelo que vem jogando, ao menos nos últimos dois meses, não merece uma vaga na Seleção. Mas por sua história e pelo seu talento, sim. Mano é fã declarado do futebol do gaúcho. Questão pessoal, que interfere numa convocação como a desta sexta, que contou com a volta do garoto-craque-problema Neymar, cuja fase também não é a das melhores.

Se as recentes atuações contassem mais do que o ponto de vista pessoal, outros nomes teriam vaga certa na lista. Como o de Hulk, atacante do Porto, cuja fase é excelente. E Bruno César, que voltou muito bem ao time corintiano após a contusão.

domingo, 24 de outubro de 2010

As previsões do profeta da Lazio


Na liderança do Campeonato Italiano, com 19 pontos - 4 a mais que o segundo lugar, a Internazionale -, a Lazio tem motivos de sobra para fazer seu torcedor sorrir. Afinal, quase uma década depois de encher os olhos do país da bota com um título nacional, a equipe volta a postular no topo da tabela. E a jogar bem, convencendo a própria torcida e os críticos.

Grande parte desse sucesso se deve à contratação de Hernanes. O meia ex-Sao Paulo se encaixou perfeitamente no 4-4-1-1 do time italiano e passou a ser extremamente decisivo, com passes, assistências, dribles e gols. Não demorou para ganhar a alcunha de "O profeta", já com a tradução para o português. Hoje, Hernanes é o principal motor do líder da Serie A. É quem pensa o jogo e cria as jogadas para as definiçõe de Floccari e Zarate.

Mas não é só de Hernanes que vive a Lazio. Com uma defesa bem-estruturada e um meio-campo bastante dinâmico, o time não sabe diferenciar o local onde joga. Tanto em casa como fora dela, a equipe se porta da mesma forma. Marcando forte e saindo rápido para contra-golpes. Com a bola, por vezes, o 4-4-1-1 do papel vira 4-2-3-1 com as subidas dos meias pelos lados ao ataque, juntando-se a Hernanes e Floccari.

Sem competições europeias para disputar, a equipe albiceleste pode, enfim, reviver as glórias de 2001. A torcida acredita e os jogadores também. Quem sabe Hernanes não assume o papel de Nedved. O apoiador tcheco era o destaque daquele belo time da Lazio, papel que hoje cabe ao brasileiro. Fato é que o caneco pode, sim, vir. E, segundo as previsões de um certo profeta, as vitórias e boas atuações devem continuar. Os torcedores nunca quiseram tanto um cigano no time...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Goiás heroico e os deméritos de mais um time fraco na história do Peñarol


O Goiás foi heróico. Injustiçado com um homem a menos - Everton Santos fora expulso injustamente -, teve muitos méritos para se classificar às quartas de finais da Sul-Americana. Com um 3-4-1-2 um tanto quanto defensivo, lutou até o fim. Com Rafael Moura inspirado e uma zaga consistente, levou a melhor sobre um time muito limitado. A classificação foi, de fato, conseqüência do grande demérito de mais um fraco time do Peñarol, o que já vem tornando-se normal na história recente do clube mais tradicional do Uruguai.


Apesar de atual campeão do torneio Clausura, o time uruguaio não pode ser considerado um bom time. Sequer conseguiu pressionar, dentro de casa e com o apoio de uma torcida apaixonada e motivada, o vice-lanterna do Brasileirão. Só foi conseguir controlar o jogo quando tinha um homem a mais em campo, faltando pouco mais de 10 minutos de jogo. E nem com a ajuda de Carlos Amarilla, conseguiu a vitória. Lamentável. Vergonhoso.


Sensacional é, sim, sua torcida, ao melhor estilo “torcida argentina”, do tipo que canta, pula, até o fim da partida. E depois dela. Mesmo com o fraco, mas acreditado time, eliminado da única competição sul-americana que disputa no ano. Impressionante o que a paixão dos uruguaios por futebol faz.


Pra onde foi a tradição do Peñarol? A força, a mística da camisa, a técnica de jogadores, o peso de atuar num clube tri-campeão mundial...Tudo sumiu. A equipe não tem um craque. Tem destaques inócuos, como o cativante, mas fraco tecnicamente, Diego Alonso, ou o truculento, porém selecionável, Arévalo, que esteve, inclusive, na Copa do Mundo.
Friamente analisado, não passa de um time de segundo na no Brasil. Reflete, acima de tudo, o atual momento do futebol uruguaio, cujas raras estrelas concentram-se, em massa, na Europa. A Celeste Olímpica, bi-campeã mundial não consegue formar, mais, bons times.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Do técnico ao atacante, a recuperação da surpresa do BR-10




Depois de ser eliminado da Copa do Brasil, em dois duelos emocionantes com o fantástico time santista do primeiro semestre, o Grêmio viu boa parte de seu planejamento na temporada ir por água abaixo. A manutenção dos resultados ruins não demorou para derrubar Silas. A onda de derrotas era, mesmo, intensa. Quando se deu conta da situação, o Tricolor já estava na zona de rebaixamento. E eliminado, também, da Copa Sul-Americana, pelo ainda mais desacreditado Goiás.


Haveria salvação? Que técnico contratar? A luz do fim do túnel é a mesa que acende a memória e o coração do torcedor gremista ao relembrar os grandes títulos da história do clube. Não havia nome melhor ou ultimato mais arriscado do que convidar Renato Gaúcho para o cargo. Maior ídolo da história do clube, heroi do Mundial em 83, unânimidade nos bastidores e entre os próprios torcedores. Renato teria, sem dúvidas, as melhores condições para trabalhar.


Seria preciso um processo de reformulação, talvez idêntico a "reciclagem" posta em prática por Luxemburgo no Flamengo. O processo de renovação começaria pelo próprio treinador, numa tentativa de voltar à elite do futebol nacional.


Renato é do tipo que gosta de apostar na garotada. Com ele, Saimon ganhou vaga de titular na cabeça de área; Paulão na zaga; e Roberson no ataque. Quando há desfalques, as soluções, em sua grande maioria, também são caseiras. Contra o Cruzeiro, Júnior Viçosa, destaque da Copa São Paulo no início do ano, foi quem empatou o jogo.


As mudanças de Renato atingem a todo o grupo. E passam, quase sempre, pela palavra recuperação. Recuperar Fábio Santos parecia impossível. Hoje ele é uma das armas ofensivas do time na lateral-esquerda. E Lúcio, então, como fazê-lo voltar à boa fase de anos atrás? Só o pondo para jogar com mais liberdade, no meio-campo, aproveitando suas melhores virtudes.


O passo final da recuperação gremista seria recuperar Jonas. Considerado, ano passado, o "pior atacante do mundo" por uma revista europeia, atualmente é um dos destaques do Brasileirão e artilheiro da competição, com 20 gols. O dedo de Renato foi, desta vez, no ponto de vista psicológico, emocional. Precisava recuperar o emocional do atacante. E conseguiu.


É assim que o Grêmio se reiventa no Brasileiro, surpreendendo a todos. Com Renato Gaúcho voltando a ser um dos "top de linha". O tempo é o limite.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A última esperança do Fluminense

Muitos condicionam a queda de produção evidente do Fluminense aos desfalques acumulados desde o fim do primeiro turno. Além do volante Diguinho, o meia Deco, o também volante Diogo e os atacantes Emerson e Fred não conseguem sair do estaleiro. O time que vencia sem parar no primeiro turno começou a acumular tropeços e mais tropeços, perdendo, inclusive, a liderança para o Cruzeiro.

Mais do que a primeira colocação, todavia, o time de Muricy Ramalho se desencontrou do bom futebol. E, de fato, o grande motivo para isso foram as perdas que o Tricolor sofreu desde o final da primeira metade da competição. Há também o fator Maracanã. Era no estádio que hoje está interditado que o Fluminense protagonizava suas melhores atuações.

No entanto, sem Diguinho na saída de bola e no combate, a zaga ficou mais exposta e o meio-campo carente de uma iniciação de jogadas com qualidade. A situação ficou ainda mais crítica quando um dos principais destaques da equipe entrou no departamento médico e até então não saiu. Com sua movimentação e velocidade impressionantes, o Sheik começava a criar laços de idolatria com a torcida. Marcava gols, dava assistências...Até se machucar contra o Guarani, na última rodada do primeiro turno. Desde então, não retornou ao time.

Isso sem falar na convocação de Mariano para a seleção, que acelerou o processo de queda tricolor. O lateral direito é considerado o melhor do Campeonato e faz muita falta a um time que depende demais das jogadas pelos lados.

Contra o Botafogo, no clássico do próximo domingo, o atacante deve voltar. Bem como Diguinho. Fred, porém, dificilmente retornará neste ano. O atacante, apesar da qualidade inegavelmente superior a Washington e do estrelismo que o cerca, não joga há muito tempo e, por isso, sua ausência nem é mais tão comentada pela torcida.

Faltam dez jogos parao fim do campeonato. Foi exatamente nessa parte do torneio, que Muricy viu o título de 2009 ir embora com o Palmeiras. No clube paulista, as crises nos bastidores foram as grandes causas para o fracasso. Mas as lesões de Cleiton Xavier, Figueroa e etc também ajudaram. O técnico nem pensa em repetir a grande derrota de sua carreira. Pelo contrário, quer esquecê-la. E para isso só lhe restam vitórias. A última esperança do Fluminense responde pelo nome de reforços. Reforços que vêm do próprio elenco, do departamente médico.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

300 vezes Leonardo Moura


Leandro foi o maior lateral-direito da história grandiosa e vencedora do Flamengo. Leonardo Moura, sem a menor sombra de dúvidas, é o segundo dessa lista que para por aí. Por motivo de critério. Nessa eleição, só devem entrar jogadores brilhantes tecnicamente, amadurecidos taticamente, vencedores e, acima de tudo, flamenguistas. Atletas que deram seu sangue por cada bola que parecia perdida. Por cada final. Por cada pressão. Por cada situação contrária. Eles são muito Flamengo. Assim como Zico, Andrade, Adílio, Júlio César, Júnior.


Neste domingo, o Rubro-negro encara o Avaí tentando se afastar ainda mais da zona de rebaixamento que tanto pertuba sua imensa torcida. Mais do que os três pontos e uma boa atuação, a Nação Rubro-negra anseia para ver Léo Moura em campo. Com sua mítica e inseparável camisa 2. Pela trecentésima vez. Assim como em 2005, o time briga contra o rebaixamento. E só um jogador no atual grupo do clube tem motivos para querer sair, novamente, dessa situação ruim a ponto de dar a vida dentro de campo.


Pois nenhum outro ama tanto as cores que defende quanto Leonardo Moura dentro da Gávea. Talvez só Juan e Angelim tenham vencido tanto pelo clube nesses últimos anos. Só Willians deva receber tanto carinho das arquibancadas mesmo numa fase ruim. E nenhum dos mais de trinta jogadores inclusos no plantel rubro-negro merece tanto ter o nome vinculado com o Flamengo e suas glórias como o camisa 2, que venceu como o lateral-esquerdo e o zagueiro, é elogiado como Willians pela torcida, tem a raça de Renato, a técnica de Kleberson e o amor de trinta e quatro milhões de pessoas.


Independente do resultado, da decisão, do final, ele vai lutar até o fim. Até quando puder. E, quando não conseguir reunir forças para tentar, sua vida não terá mais sentido profissionalmente. Ele vai honrar a camisa que veste até o último segundo em campo. Uma vez Flamengo, sempre Flamengo. Como ouviu isso na sua vida. E respeitou. E entendeu. E amou. Apaixonou-se perdidamente por uma grandeza inigualável. Paixão que o transforma em outro ser, capaz, inclusive, de ofender seu próprio e gigantesco amor, como em 2009, no empate diante do Náutico no Maracanã. Difícil de se entender. Fácil de deixar pra lá, e fingir que se arrependeu. Essas não são atitudes dignas de Léo Moura. Ele fez questão de reatar o que nunca terminou. Foi tudo por amor. Não há ódio na sua relação com o clube. Não há nada. É só amor.


E muito amor. Evidenciado no bicampeonato carioca de 2008, quando, só, ajoelhado no gramado, de frente para sua nação, chorou de emoção copiosamente após o gol que daria mais um título ao Flamengo. A ele mesmo. Traduzido nas comemorações e nos piques que dá até sentir cãimbras. No esforço que faz para compensar um erro. Na vontade que tem em vencer. Na lateral, na ala, no meio, ele joga até no gol. Não importa. É Flamengo e só. O resto é o resto. Propostas da Europa seduzem seu empresário e o seu lado profissional. É quando o pessoal fala mais alto. E, mesmo tendo treinado naquele dia, só de pensar em deixar o Flamengo, bate uma saudade da Gávea, da torcida...


No futebol globalizado e modificado, criticado por todos os ortodoxos moderados, que sentem saudade da época em que jogador bom é aquele que ficava anos e mais anos num só clube, Léo Moura tem no coração sua caneta para assinar contratos. Isso, ele aprendeu com a experiência que ganhou na Europa, para onde foi no início de carreira. No Palmeiras, tentou se identificar com a torcida na marra, à base da forçação de barra. Perda de tempo. O sangue que corre em seu corpo não tem somente uma cor. É rubro-negro.


Achar o caminho de casa pode ter sido complicado. Os obstáculos tentaram impedí-lo de bater à porta que o leva para seu quintal. A persistência e o desejo de reencontrar seu grande amor ofuscaram qualquer tentativa frustrada de barrá-lo nessa trajetória. Foram precisos alguns anos de namoro para passar por problemas quase insuperáveis, como o rebaixamento de 2005, evitado de forma milagrosa. A confiança que cerca um casamento era fundamental. E ela veio com o tempo. Hoje, a separação é praticamente impossível, os laços parecem, cada vez, inabaláveis. É amor de verdade.


A sintonia com que Leonardo Moura pisa qualquer gramado do Brasil ostentando o 'Manto Sagrado' arrepia até os rivais. É muita identidade. Lealdade. Impressionante, mesmo, é como um lateral consegue ficar cinco anos no clube de forma quase perfeita. Raras foram as vaias, mínimas as confusões. Máximos e incontáveis os momentos de euforia. Idem a Palmeiras de Marcos, São Paulo de Rogério Ceni, o Flamengo pode se gabar de possuir, no seu time titular, um ídolo eterno. Um camisa 2 inesquecível, que completa 300 jogos pelo seu clube de coração da maneira mais verdadeira possível.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Kaká não tem mais lugar no time de Mourinho



O show merengue na goleada por 6 a 1 sobre o Deportivo La Coruña, no último domingo, levantou dúvidas sobre a permanência de Kaká no clube madrilenho no futuro. Sem o astro brasileiro, o time fez a melhor apresentação da temporada, com um 4-2-3-1 ofensivo e dinâmico. Com Özil no lugar de Kaká, Mourinho parece ter achado o seu "onze ideal". Mas a pergunta permanece: Kaká é ou não essencial ao Real Madrid?


Hoje, a resposta é não. Simplismente pelo fato do meia brasileiro não ter espaço no time do português José Mourinho. Principalmente pelas condições físicas do brasileiro campeão do mundo em 2002. Com sua lesão pubiana crônica, o meia não consegue ter uma sequência boa de jogos. Fora de forma, Kaká não é Kaká. É apenas um jogador mediano, sem suas principais características que o levaram ao topo mundial: arrancada, vigor físico e técnica aliada à perfeição tática.


Contudo, pode parece absurdo imaginar um time podendo se dar luxo de se desfazer naturalmente da terceira contratação mais cara do futebol mundial. Só parece. Não é, porque Kaká, hoje em dia, não é o mesmo de dois, três anos atrás, no auge de sua brilhante carreira. No entanto, se Mourinho quiser, mesmo, Kaká no seu elenco, terá de arrumar um lugar para ele no time principal. Na reserva, Kaká não fica de jeito algum.


A questão é: como encaixá-lo num time entrosado e, cada vez mais, vencedor? O grande problema é que Kaká e Özil têm a mesma função, o mesmo estilo e a mesma posição. Ambos não são de tocar muito a bola, cadenciar o jogo. Gostam mais de acelerá-lo, correndo bastante com a pelota. Donos de uma técnica irrefutável, costumam fazer a diferença quando estão em campo. Sozinhos. Juntos, dificilmente darão certo.


Aí mora o problema. Como tirar Özil do time, se o meia alemão vem tendo atuações de gala? Uns sugerem improvisá-lo na ponta direita. Mas é justamente por lá que Di María vem dando seu show particular, com velocidade e técnica de altíssimo nível. A única forma seria abrir mão de um volante: Lass ou Khedira - que, por sinal, vem jogando muita bola. E deixar o time absurdamente desprotegido atrás e ofensivo na frente. Uma loucura. Vale lembrar que Mourinho não é Marcelo Bielsa. Resumindo: não há, atualmente, lugar para Kaká no time titular.


É por isso que, praticamente pensando, a melhor alternativa para o futuro do brasileiro e do clube merengue é emprestar o craque. Por seis meses, no mínimo, um ano no máximo. O suficiente para fazê-lo recuperar boa parte da forma física - quem sabe não completamente? - e total da técnica, sem deixá-lo "estourar" novamente por um rival de porte. Segundo jornais italianos, Mourinho teria aceitado fazer o acordo com a Internazionale. Mas lá também tem Sneijder. O Milan seria o ideal. O melhor para Kaká e para o Real.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Atlético-PR não pode reclamar de falta de ética

Paulo César Carpegiani é o novo técnico do São Paulo por sua própria escolha em trabalhar num clube com uma melhor estrutura, um melhor elenco, um melhor salário e uma maior expectativa. O Atlético Paranaense reclama da forma como o time paulista agiu, sem "avisar" com antecedência à diretoria paranaense sobre o desejo em contratar o técnico, até então com contrato em vigor com o clube rubro-negro. Reclama de forma injusta e incoerente.

Tudo porque o Atlético não tem e não teve em anos anteriores ética. Em 2009, contratou Waldemar Lemos do Náutico sem avisar a diretoria do Timbu. Na base da grana, da marra e da superioridade sobre o time pernambucano. E o outro motivo que impede, por causas morais, o Furacão de reclamar de uma possível "falta de ética" aconteceu nesta segunda-feira, um dia depois do clube perder Carpegiani para o São Paulo.

Nesta manhã, sem contatar a diretoria andreense, o Atlético Paranense contratou Sergio Soares, que tinha contrato decorrente com o Santo André, clube no qual fez óitmo Paulistão neste ano, chegando, inclusive, à final, que perdeu para o Santos que encantou o país no primeiro semestre. E a ética? Depois de tanto reclamar do São Paulo, o Atlético agiu igual. Isso é ainda mais falta de ética. E de coerência. Lamentável.

domingo, 3 de outubro de 2010

O que Silas conseguiu piorar

O Flamengo de Rogério Lourenço, eliminado na Libertadores pelo Universidad de Chile, sofria com bolas aéreas e tinha um ataque poderosíssimo, com Adriano e Vágner Love - para muitos, inclusive, o melhor do país.

No início do Brasileirão, ainda com Rogério, mas sem um ataque eficiente, o time se apoiava no talento de Petkovic, que sequer aguentava um jogo inteiro. Porém, a defesa forte ajudava a crescer de produção toda a equipe. O Flamengo raramente tomava gols num jogo.

Contudo, o ataque continuava ineficaz e chamava os holofotes pela falta de poderio. Rogério não suportou a pressão e caiu. Silas foi chamado para arrumar a casa. E falhou. Além de poder contar com Diogo e Deivid, tinha Renato em forma e Maldonado de volta. Mesmo assim, não fez o time render.

Silas conseguiu piorar o Flamengo. A defesa que era forte e consistente transformou-se em frágil e criticada. O ataque até melhorou, mas não o suficiente para fazer a diferença. E Silas vai sofrendo uma pressão gigantesca. Nos bastidores, comenta-se que Luxemburgo já acertou. Se confirmar o boato, nada mais justo que a demissão de quem só piorou o que já era ruim.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Zico tentou. E esbarrou em problemas antigos

Já era, acabou a grande chance do Flamengo voltar a ser o Flamengo das glórias, da moralidade e da tradição. Zico não aguentou a pressão e a vergonha política que existe no clube já há alguns anos. E jogou a toalha. Não por desistência, mas por falta de vontade. O Galinho - como bem disse Lúcio de Castro, em seu blog, no site da ESPN - cansou. Cansou da falta de respeito e da irresponsabilidade e, sobretudo, das ordens de quem não manda e jamais poderão mandar.

Isso é Flamengo. Já há alguns anos. A política do clube é algo impossível de se compreender, assim como os poderes dados a certas pessoas. Zico tentou mudar isso, afastar a influência dos empresários nas contratações, trazer de volta a ética ao clube. Se esforçou para tal. Mas acabou esamagado por pressões externas, acusações- quase todas falsas - e intimidações. E pediu pra sair. Não há ser humano que aguente tanta falta de respeito com um amor.

Com a saída de Zico, a situação de Silas fica insustentável. Até mesmo se golear o Botafogo, no próximo sábado, deverá ser demitido. Em seu lugar, Luxemburgo está bem perto de assumir. Quanto ao cargo de diretor-executivo, Eduardo Moraes, o "Vassoura", deve ser anunciado ainda nesta sexta-feira. O Flamengo arde em chamas. E falta um bombeiro capaz de apagar esse fogo todo.

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