" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




quinta-feira, 30 de junho de 2011

O provável adeus de Conca




A noite seria de Ciro, autor de dois dos três gols na vitória desta quinta-feira sobre o Atlético Paranaense, por 3 a 1, no Engenhão, se Conca não tivesse, muito provavelmente, feito sua despedida com a camisa tricolor. Depois de aceitar a proposta do Guangzhou Evergrande, o argentino dificilmente continua nas Laranjeiras. Ao invés de um estádio lotado e uma festa proporcional a sua importância para a história do clube, pouco mais de 3mil pessoas viram os últimos lances de Conca com a 11 do Tricolor. Resultado da (falta de) ação de uma diretoria que deixa muito a desejar à frente do clube.

Diretoria essa que não fez o menor esforço para impedir a saída do maior ídolo recente do clube. O gigante de 1,69m que deu ao clube um Campeonato Brasileiro inesquecível em 2010. E muitas alegrias para a torcida, ao longo de 3 anos nos quais jamais esteve no banco de reservas. Sempre titular. Sempre ídolo.

A desculpa esfarrapada de usar o dinheiro recebido na venda do baixinho para construção de um CT, prometido há alguns meses pelo presidente Peter Siemsen e que até hoje ainda não saiu do papel, só aumentou o papel ridículo da atual diretoria. Pelo dinheiro, venderão Conca. Há alguém que acredite que esse dinheiro será realmente usado para a construção de um CT? Talvez os mais ingênuos.

Curiosamente, dinheiro esse que poderia muito bem ser conseguido através da patrocinadora, tão influente nos negócios e no dia-a-dia do Fluminense. Mas a incompetência da diretoria é tanta que a relação com Celso Barros está estremecida, e talvez por esse motivo, o dinheiro não pudesse ser adquirido. O Fluminense segue sem a menor estrutura física e política. Entre tanta lamentação e indignação por parte da torcida, a noite tinha tudo para ser esquecida.

Mas Conca conseguiu, diante de um cenário tão obscuro, ser ainda mais ídolo. Correu como se fosse seu primeiro jogo no clube. Parecia querer provar algo para os torcedores que o viam em ação pela última vez no Engenhão. Não havia mais nada para ser provado. A relação inabalável de idolatria se fortaleceu com os agradecimentos ao fim do jogo. Sem falar com a imprensa como de costume, Conca desceu vestiário abaixo com lágrimas nos olhos. Os gritos de 'fica' não parecem ter força suficiente para fazê-lo desistir da sua ida à China. Mas capazes de marcar para sempre o nome do clube em seu coração.

No seu provável último jogo pelo clube, Conca não jogou tão bem como em 2010, ano em que levou o time ao título nacional, como melhor jogador do torneio, jogando todos os jogos sem nenhuma exceção. Nem ficou abaixo da médica como vinha ficando em 2011. Foi um Conca mediano. Suficiente para melhorar muito a produção ofensiva do Fluminense. Não à toa é considerado por 9 entre 10 tricolores o grande destaque da equipe.

Um Conca que fará muita falta ao Fluminense mesmo sem estar no seu auge. Por mais que Souza continue jogando o bom futebol das últimas rodadas, que Abel acerte o time, que cheguem reforços de bom nível, Conca fará muita falta. Tanto dentro de campo como nos gritos provenientes da arquibancada. Além de craque, capitão, era referência, também, fora das quatro linhas. Para seus companheiros e para a torcida. Como todo ídolo tem a obrigação de ser.


quarta-feira, 29 de junho de 2011

Tabelando com Pedro Spiacci - Copa América




PEDRO SPIACCI - Olá, Lucas, como está?

LUCAS IMBROINISE - Fala Pedro, tudo bem.

PS - Vamos falar um pouco da Copa América 2011?

LI - Vamos!

PS - Eu penso que esta será a minha grande CA, pois olhando para as equipes, vemos diversos jogadores qualificados e podemos observar qualidades em seleções que há tempos não chegam bem às grandes competições. Colômbia e o próprio Uruguai são os maiores exemplos.

LI - De fato. Ambos produzindo ótimas safras de jogadores. Isto sem falar no diferencial que é termos uma competição continental disputada na Argentina, justamente num momento em que o país atravessa um de seus mais longos hiatos de títulos de grande expressão. E ainda tem o México, campeão da Copa Ouro, e um dos favoritos a surpreender a dupla Brasil e Argentina, a meu ver, mesmo após o lamentável episódio com Jonathan dos Santos e seus companheiros de farra.

PS - O Paraguai, por exemplo, não tem sido muito falado, mas deu muito trabalho à Espanha na Copa do Mundo. Se Casillas não pegasse o penal batido por Óscar Cardozo, provavelmente Holanda ou Alemanha venceriam a Copa da África. O destaque da albirroja fica por conta do ataque, que mesmo sem o benfiquista, terá Haedo Valdez e Lucas Barrios.

LI - O time paraguaio é muito consistente, organizado. Tem uma defesa muito bem montada e um meio-campo de força. Pode até ser um time pragmático, que goste de jogar se defendendo, saindo em contra-golpes rápidos, mas é um time, no mínimo, competitivo. E que pode, sim, surpreender.

PS - E a pressão da Argentina de jogar em casa, hein? Tô achando que os hermanos virão com muita vontade de conquistar o título que não vem desde 1993. E a albiceleste tem Messi e agora ele joga em um time mais organizado: um 4-3-3, com o meio-campo bem forte na marcação, para dar liberdade ao trio ofensivo.

LI - Enfim Sergio Batista achou a melhor forma para escalá-lo no seu time ideal. Assim como é no Barcelona, Messi também é uma espécie de “falso nove” na Seleção. Pelo menos, foi assim que atuou nos últimos jogos. Saindo da área para armar jogadas, tabelas e arrancadas com a bola colada no pé, sua grande especialidade. Acho, aliás, que a Argentina é A favorita. Não só pelo fato de jogar em casa e ter Messi, mas pela gana que os argentinos tão em ganhar a Copa América. Eles estão muito mordidos...

PS - Acho que as semifinais serão entre as quatro equipes mais tradicionais. Mas, hoje, seria um absurdo não citar Chile e Colômbia como candidatos a incomodar os maiores. A roja tem Alexis Sánchez e Matías Fernández dois jogadores de qualidade indiscutível e devem liderar a boa geração chilena. Na Copa, eles já mostraram muita força ofensiva, porém a retaguard ficou desprotegida, pois tinham Bielsa no banco. Talvez sem “El Loco”, os chilenos consigam algo mais próximo de uma solidez defensiva.

LI - O Chile merece ser bem observado, tanto por Mano, como por Batista. Com um esquema menos suicida do que aquele utilizado na Copa da África – um 3-3-1-3 bastante ousado e de recomposição tardia e lenta-, tem tudo para chegar longe na Copa América. Se não bastasse jogadores de lado de campo de bastante velocidade, técnica e habilidade, ainda podem contar com ninguém menos que Valdívia para organizar as ações ofensivas do time.

PS - E a Colômbia de Hernán Gómez promete ter mobilidade e posse de bola. E, para mim, eles têm o jogador que representa muito isso: Fredy Guarín, um dos motores do Porto, acho que ele dará o ritmo da equipe. E no ataque, os cafeteros têm Falcão García, que parece estar bastante motivado para a disputa e vem de temporada impressionante.

LI - Reforço os elogios para o ótimo time colombiano, que ainda tem Rentería, um dos grandes responsáveis pela eliminação cruzeirense na Libertadores 2011. Acho, também, que nunca é bom deixar de lado o Equador. Ainda que não esteja num bom momento, surgindo grandes promessas, o time equatoriano é sempre muito forte fisicamente e rápido. Costuma jogar com dois homens pelo lado do campo. Sempre dois pontas ágeis e muito incisivos. Contra o Brasil, costuma dar muito trabalho. Pode ser uma pedra no sapato dos grandes.

Venezuela, Bolívia e Peru, na minha opinião, serão sacos de pancadas. Principalmente os dois últimos. A Venezuela tem a melhor safra de sua história surgindo, mas, mesmo assim, não é grande coisa. Ainda assim, o time de Maldonado e Arango está bem à frente das fraquíssimas seleções boliviana e peruana. Agora vamos falar um pouco da nossa Seleção....

PS - Acredito demais na geração verde e amarela que está na Argentina. Teremos uma defesa experimenta, com uma ressalva na lateral-esquerda, mas gostando ou não, André Santos vem bem com Mano. A nossa dupla de volantes é muito boa. Ambos se completam. Os três meias têm habilidade e disposição para marcar. Ganso é dúvida, pois mais uma vez vem de lesão, mas no jogo que fez pré-Copa América, mostrou que está bem. Neymar está em estado de graça, o entendimento dele com Ganso é a minha grande aposta para a esta disputa, enquanto jogaram juntos foi sempre genial. Robinho vem de boa temporada pelo Milan, mas não jogou bem as duas últimas partidas da seleção. Se não se cuidar, o “pedalada” poderá perder a titularidade para Lucas, que chega à CA voando. No ataque confio muito em Pato, que já mostrou que se conseguir ficar sem se machucar é um dos principais centroavantes do mundo. Foi um dos artilheiros do Milan na Serie, com 14 gols, mesmo tem sofrido várias lesões.

LI - Apesar da Seleção não ter feito ainda, este ano, uma grande apresentação, aposto muito no time. Se Ganso conseguir jogar no seu melhor nível, então, aí, sim, que dificilmente algum país será páreo para o Brasil. Com exceção, é claro, da Argentina, sempre forte, ainda mais com Messi e uma torcida apaixonada a seu favor. Quanto a Robinho, penso que o “Pedalada” cresce nesses momentos decisivos. Além de ser fundamental para o esquema do Mano. No 4-2-3-1 de Mano, cuja linha de “armadores” não é torta como era a do de Dunga, Robinho tem papel fundamental na aproximação a Alexandre Pato. Lucas, para mim, é reserva de Ganso.

PS - O jeito agora é torcer para a competição começar logo, pois ela promete muito.

LI - Até o próximo debate, Pedro!

PS - Grande abraço, Lucas, sempre um prazer debater em alto nível contigo.

LI - Digo o mesmo, abração!

terça-feira, 28 de junho de 2011

No embalo de Dodô, Americana já é terceiro na Série B

Dodô comemora um de seus 4 gols na Série B - Foto de Denny Cezare/Futura Press


O apelido de "artilheiro dos gols bonitos" não define perfeitamente Dodô. Pois não é só da beleza de seus gols que o atacante vive. Mas, sim, pela importância deles, independentemente do ponto de vista estético. Na Série B de 2011, em 8 jogos, o artilheiro já deixou sua marca 4 vezes. Em todas elas, acabou decisivo. Nem sempre com golaços. Quase nunca sem sua assinatura. Não é à toa que já é o grande destaque da equipe, terceira colocada na competição, com 17 pontos, 5 vitórias e somente 1 derrota.

O antigo Guaratinguetá, que, no ano passado, deu lugar ao time administrado por empresários, nomeado de Americana Futebol LTDA, patrocinado e bancado pela prefeitura da cidade, surpreende a todos na segunda divisão nacional. O investimento em jogadores experientes, como Paulo Sergio, Alê, Fumagalli, Marcinho, Reinaldo e Dodô, não parecia ser a receita para o sucesso. No entanto, mesmo após um Paulista não muito animador, o time segue firme e forte, ainda sem convencer, mas vencendo.

No duelo contra o também itinerante Grêmio Barueri, ex-Prudente, a vitória magra resume o modo de atuar do time. Sem um futebol muito envolvente, a defesa bem organizada e liderada pelo "xerifão" Jorge Luiz não dá brechas para o azar. Com Marcinho em ótima fase, assim como o maestro Fumagalli, a bola costuma chegar redonda para os atacantes Reinaldo e Dodô. E poder de definição não falta para um time que tem Dodô.

Foi justamente Dodô quem definiu a partida desta terça em Americana. Sem um golaço como contra o São Caetano, há duas rodadas. Mas fundamental para o time como contra o Guarani, na rodada passada. Entre gols menos bonitos e golaços, Dodô enche o bico do galo e prova que, mesmo perto de atingir os 40 anos, ainda pode ser importantíssimo para seu time.

É no ritmo dele que o Americano cresce. A cada rodada. A cada vitória. A cada golaço. Na oitava rodada, a terceira colocação pode ser até pouco para quem quer a Série A. Assim como 4 gols é pouco para quem quer a artilharia. Dodô e o Americana só querem continuar surpreendendo e superando suas próprias limitações e imposições.

domingo, 26 de junho de 2011

Um drama Monumental




O dia 26 de junho é, definitivamente, uma data histórica para o torcedor do River Plate. Duplamente inesquecível. Para o bem e para o mal. Os anos de 1996 e 2011 são os reponsáveis pela dualidade no dia especial. Neste domingo frio, um dos maiores times da Argentina viveu seu dia mais triste. Justamente na mesma data em que, há exatos 15 anos, a equipe se consagrava campeã da Libertadores, revelando jogadores incríveis para o mundo do futebol. Diferentemente daquele 26 de junho, este não foi feliz. Foi mais do que triste. Foi horrível. O pior dia da vida de todo torcedor millonário. O dia em que o River Plate conheceu a segunda divisão nacional.

O nervosismo que os jogadores levavam para dentro de campo se refletia nas arquibancadas. Sem parar de cantar durante um só segundo, a fanática torcida alvirrubra era uma mistura de apreensão , agonia e desespero. O apoio incondicional não era deixado de lado. Mas ao fim do jogo, os incentivos deram lugar às vaias, às ofensas, às agressões...O cenário era de guerra. Ruas viraram autênticos campos de batalha. Praças de guerra. Buenos Aires estava em choque.

Não há como se comparar o drama millonário, a queda do River Plate com nenhuma outra em nenhum outro lugar. Talvez a mais sofrida, talvez a mais lamentável, talvez a mais ridícula das quedas. Na Argentina, é preciso errar muito para ser rebaixado. O River conseguiu. Uma lanterna, um mísero 11º lugar e outro lamentável 9º lugar foram suficientes para desmoronar um dos maiores clubes do mundo.

Como em todo lugar, todos tentaram procurar os culpados. E tentam até o fim. Só esquecem que a culpa, em si, jamais pode ser considerada individual. Todos erraram. Uns mais, outros menos. Todos contribuíram para que o clube vivesse capítulos injustos com a sua gloriosa e gigantesca história. Desde o presidente, o ídolo Daniel Passarella, até o torcedor. Todos erraram. E rebaixaram o River.

Erraram como errou Pavone, na cobrança da penalidade máxima aos 24 da segunda etapa, logo após o gol de empate do Belgrano, resultante de falha feia da defesa millonária, que bateu cabeça e fez a bola sobrar limpa para Farré, na cara do valente Carrizo, que nada pôde fazer. Erraram como erraram os outros jogadores, que mancharam os seus e o nome da instituição da qual fazem parte para sempre.

Para ser menos doloroso, Sergio Pezzoto, que teve atuação horrível, resolveu sequer apitar pelo fim do jogo. Os insultos e os objetos atirados pelos torcedores, que tentavam, a todo custo, invadir o gramado, foram suficientes para terminar o capítulo mais triste da história do clube. O sentimento de revolta, então, tomou conta do Monumental de Nuñez. E o quebra-quebra começou nas arquibancadas.

Em campo, os jogadores choravam. A quilômetros de distância, jogadores consagrados, como Saviola, D'Alessandro e Cambiasso também choravam. O River os marcou para sempre. E incrível é a relação entre jogador e clube amado na Argentina. Puro amor. Pura fidelidade.

Hoje, os millonários não podiam ter craques desse nível. Tiveram que se contentar com promessas como o jovem Eric Lamela. E muitos jogadores fracos para o tamanho do clube. Jogadores que não mereciam, de fato, vestir uma das camisas mais pesadas do continente sul-americano. Mas, por incompetência de dirigentes e influência de empresários, o fizeram e o continuarão fazendo. Para a infelicidade do futebol.

Resta, agora, juntar os cacos e recomeçar. A Nacional B é o zero da reconstrução millonária. Cabe a Passarella ser mais ídolo do que nunca e montar e tomar a frente de um projeto de reformulação. Se, hoje, o River não pode montar esquadrões como o de 15 anos atrás, que jogue por sua fanática torcida. Jogue com o coração. Nem que seja com a garotada das canteiras. Mas que vença. Vença como o gigante que é. Vença como time de primeira. Vença como River Plate.



segunda-feira, 20 de junho de 2011

Por que Ganso é tão fundamental ao Santos de Muricy




No time fantástico de Dorival, campeão paulista e da Copa do Brasil, Paulo Henrique Ganso tinha função primordial quando o time não tinha a bola. Era o meia responsável por pensar o jogo no 4-2-3-1 da equipe. A grande parte das jogadas passava ou se iniciava em seu pé esquerdo. No Santos de Muricy, também campeão paulista, e finalista da Copa Libertadores, Ganso é ainda mais importante. Pois é o único armador do time que também tem em Neymar outro ponto de desequilíbrio.

Na partida de ida em Montevidéu, no Uruguai, o time santista sofreu com a ausência de criação no meio. Muricy tentou surpreender, mandando a campo um curioso 4-1-3-2, com três volantes à frente de Adriano, responsável por anular Martinuccio. Cabia, àquela altura, a Elano, Arouca e Danilo o papel de criador para as definições de Neymar e Zé Eduardo. Mas nenhum dos três conseguiu desempenhar a função na qual Ganso é especialista. Arouca foi quem mais participou das jogadas, com arrancadas e jogadas individuais de força. E só.

A verdade é que, sem Ganso, e com Neymar bem marcado, o time não funciona. Como se as jogadas não fluíssem. Talvez funcionasse se Elano estivesse ainda no auge de sua forma física e técnica, como no início do ano. Mas o selecionável de Mano Menezes não tem atuado bem. Contra o Peñarol, na última quarta, foi muito mal.

Para o jogo decisivo, o Santos precisa de uma simples vitória. Qualquer empate leva a decisão para os pênaltis. Com o Pacaembu lotado, e Ganso de volta, o Santos é forte demais. No papel, muito acima que o bom e organizado time uruguaio. Mas, na prática, final de Libertadores é final de Libertadores. E com a raça uruguaia não se brinca. A não ser que se tenha os melhores camisas 10 e 11 do futebol continental na atualidade. E disso o Santos pode se gabar.


domingo, 19 de junho de 2011

No Engenhão, Flamengo e Botafogo sem gols e futebol

Ronaldinho, que mais uma vez foi mal no jogo, disputa bola com Fábio Ferreira(Foto:FlaImagem).


Vanderlei Luxemburgo escreveu mais um capítulo na sua interminável aventura em busca da escalação ideal para o Flamengo. Tentando se parecer com o Barcelona na forma de jogar, já testou inúmera formações diferentes. Neste domingo, diante do Botafogo, pela quarta rodada do Brasileirão, começou a partida com o mesmo esquema tático do empate contra o Atlético Paranaense, pela última rodada, em Curitiba. Mas com uma alteração: Diego Maurício no lugar de Wanderley.

Teoricamente, o jovem atacante revelado pelas categorias de base da Gávea jogaria como um típico centroavante, sua posição de origem, obrigando Ronaldinho a jogar mais recuado, de frente pro gol, como sempre rendeu melhor em toda sua carreira. Nada disso. O que se viu na prática foi o contrário. Ronaldinho se infiltrava entre os zagueiros e Diego saía da área. Resultado: total inoperância ofensiva. Nem Thiago Neves, o mais rápido e ativo jogador do Flamengo, ajeitava as coisas no início do clássico.

Para piorar o panorama rubro-negro, o Botafogo jogava bem e assustava. Elkeson ganha o duelo particular com Willians, Éverton tramava boas jogadas com Cortês e Maicosuel levava a melhor sobre Junior César. Só faltava, na realidade, alguém para concluir as jogadas. Herrera, o atacante do 4-2-3-1 montado por Caio Júnior, estava apagado, bem acompanhado pela dupla de zaga rubro-negra, um dos poucos pontos a não serem criticados neste domingo.

No entanto, aos 21 da primeira etapa, um lance mudou o futuro da partida. Já com cartão amarelo, Bottinelli, omisso até então, recebeu bola na ponta-direita, invadiu a área e, ao chegar perto da marcação alvinegra, se jogou. O árbitro lhe aplicou o segundo amarelo, resultando em sua expulsão.

Curiosamente, ao contrário do que se podia imaginar, o Flamengo melhorou no jogo e o Botafogo se retraiu inexplicavelmente. Willians começou a melhorar a saída de bola rubro-negra, com boas arrancadas e, mesmo sozinho na articulação das jogadas, Thiago Neves ía bem. A queda de produção dos três meias alvinegros era a explicação para o recuo da equipe. E o jogo ainda era de baixa qualidade.


No intervalo, os técnicos resolveram agir. Mas de forma negativa. Tanto Caio Júnior, que tirou Elkeson e Lucas Zen para as entradas de Alex e Bruno Thiago, como Luxemburgo, que sacou seu único homem de frente, Diego Maurício, para colocar mais um volante, o jovem Luiz Antônio, mexeram muito mal. E o jogo que já era ruim, ficou horrível com o Flamengo sequer tentando atacar e o Botafogo errando fundamentos básicos.

Sem Elkeson, a equipe de Caio Júnior carecia bastante de um armador de ofício. Apagados, Éverton e Maicosuel permaneciam à espera de alguma sobra, ou algum erro de passe rival. Mais cauteloso ainda, o Flamengo fazia o que podia para segurar o zero no placar, incluindo chutões. Muitos chutões.

Com muito a melhorarem, Flamengo e Botafogo protagonizaram o pior jogo do Campeonato Brasileiro 2011. Não só o pior, como o primeiro jogo sem gols da competição.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A Europa sem protagonistas brasileiros




Em dias de jogos da Seleção, sejam eles no Brasil ou no exterior, em 9 de cada 10 sites esportivos pelo mundo, Neymar é destacado como chamada para o duelo. A Joia da Vila Belmiro é, de fato, o brilho de uma seleção carente de grandes talentos. Lucas e Paulo Henrique Ganso são os que chegam mais perto do garoto-craque do Santos. Os três jogam no Brasil. E ditam o ritmo da equipe comandada por Mano Menezes.

Para quem se acostumou, nos últimos anos, a ver jogadores brasileiros comandando o Velho Continente, o atual panorama é desolador. Na última temporada, nos grandes centros europeus, nenhum brasileiro foi protagonista sequer de seu próprio clube. Traduzo grandes centros europeus: Alemanha, Espanha, Inglaterra e Itália. Não, França e Portugal não. Estão num patamar muito abaixo, assim como Escócia e Holanda. Portanto, nem adianta vir falar de Hulk, e sua temporada memorável num dos times mais brilhantes da história do imenso Porto, multicampeão português.

Quem mais esteve perto de quebrar essa corrente desagradável aos olhos canarinhos foi Robinho, essencial na conquista do scudetto italiano pelo Milan, mas longe de ser aquele atacante cerebral que fez o Real Madrid gastar uma fortuna em 2005, tirando-o do Santos. Robinho foi bem, como há muito tempo não ia. Se firmou num grande clube. Fez a diferença em alguns jogos. E só. Ser protagonista é ir muito além disso.

Ser protagonista é fazer uma temporada brilhante, ser eleito o melhor jogador do mundo e, depois de destruir o rival em sua casa, ser aplaudido de pé pela torcida que queria odiá-lo, mas não consegue. Ser protagonista é isso. É ser Ronaldinho em 2005, no Barcelona. É levar um time essencialmente defensivo, duro, ao ataque praticamente sozinho, com arrancadas inesquecíveis e gols sensacionais. É ser campeão da Europa e do Mundo. É ser Kaká em 2007, no Milan.

Você não precisa de dribles geniais, jogadas mágicas e gols incríveis para ser protagonista na Europa. Júlio César provou o contrário, junto com Lúcio, na campanha brilhante da Internazionale de Mourinho, em 2010. Juntos, fecharam a zaga e o gol contra o Barcelona de Messi. E foram campeões não só do continente, mas também de todo o planeta. Totais protagonistas. Atores principais desse filme que é o futebol, rodado ano a ano no continente mais velho do planeta Terra.

Há, também, aqueles que nem geniais são, mas com muito esforço e dedicação, conseguem um lugar especial no coração dos torcedores. Falo de Aílton e o Werder Bremen de 2004, campeão alemão contra tudo e todos. Um atacante simples, de bom porte, ótima finalização e fase esplendorosa. Artilheiro de tudo que disputou. Campeão alemão. Protagonista num grande centro europeu. 2004. Ronaldinho já ganhava os holofotes na Espanha.

O passado apresenta outras provas, algumas até mais convincentes, do tamanho do potencial brasileiro em produzir craques que tomam conta da Europa com a bola nos pés. Mas é melhor não se alongar. A mensagem já foi passada. As causas? São muitas. A concorrência, por exemplo, é muito forte. A Argentina tem o melhor jogador do planeta. A Espanha tem os dois melhores volantes que o mundo já viu com a bola nos pés. A infinita fábrica de craques portuguesa produziu Cristiano Ronaldo, um eterno ator principal.

O Brasil não parou. A verdade é ainda mais animadora. O Brasil ganhou força no mercado internacional. Ou melhor, os clubes brasileiros ganharam força e poder. Quem diria que, em 2005, o Santos conseguiria segurar um Neymar da vida que acabara de surgir. Jamais. Como não segurou Robinho. O Flamengo trouxe Ronaldinho. O Botafogo repatriou Renato. O São Paulo, Luís Fabiano. E não para por aí. O Vasco promoveu a volta de Juninho, e o Fluminense tem Fred há dois anos. Fato é que grande parte dos craques brasileiros se encontram aqui. Isso tira a força do brasileiro na Europa.

Além de Robinho, David Luiz, Ramires, Anderson, Hernanes e Alexandre Pato são outros poucos grandes nomes nos grandes centros europeus. Repito, nenhum deles protagonista nem mesmo no país. Sequer nos clubes. Hernanes até chegou a ser o dono da Lazio nos primeiros jogos após sua chegada, contudo caiu muito de produção no final, e perdeu o posto.

Pode ser que, no próximo ano, Ganso e Neymar passem a viver em novos ares. Ou Lucas. Aí, sim, é bem provável que os grandes clubes europeus voltem a depender de um brasileiro para conqusitar títulos. No entanto, o atual momento prova o contrário. Um panorama distinto, muito bem ilustrado pela capa da Four Four Two do último mês, que foi para as bancas decretando a morte do futebol brasileiro na sua capa. O que poderia ser péssimo para nós, pode ser visto por um outro lado, extremamete animador. Podemos estar ganhando força. Muita força. Em todos os aspectos.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Do drama à superação: título inédito ressuscita o Vasco no cenário nacional

Foto: Fernando Prass levanta a taça, acompanhado por Felipe - André Durão/Globoesporte.com


O fim do jejum de 8 anos sem títulos de expressão não é a única marca especial do título inédito da Copa do Brasil pelo Vasco. Em meio à dramaticidade de uma final de campeonato eletrizante, a liderança de Fernando Prass, a disposição de Dedé, a idolatria e a arrepiante emoção de Felipe, que, já substituído, sentado no banco de reservas, rezava com o casaco cobrindo o rosto, além da genialidade e a disposição de Éder Luis, somados, ainda, à capacidade de decisão de Diego Souza e Alecsandro foram essenciais para essa conquista histórica.

Com uma campanha extremamente merecedora de título, o Vasco da Gama volta ao cenário dos gigantes nacionais pela porta da frente. Em 2012, com Juninho Pernambucano, Felipe e, provavelmente, outros reforços de peso, poderá reeditar a caminhada de 1998, quando acabou campeão das Américas jogando muita bola. Coincidentemente, Juninho e Felipe eram titulares daquele time comandado por Antônio Lopes, e que tinha no gol Carlos Germano, atual preparador de goleiro da equipe de Ricardo Gomes.

O Vasco, enfim, volta a ser gigante como sempre foi. Graças a um grupo de jogadores unidos que teve forças para superar todas as adversidades possíveis em uma competição. Um grupo que soube superar as dificuldades. Assim como a torcida vascaína, que tanto sofreu nos últimos anos, e nunca deixou o sentimento parar. Ambos acabaram recompensados. Devidamente recompensados com um troféu lindo. E uma bela história para contar a seus netos.

Mas a ressurreição tem de durar, não pode parar por aí. Roberto Dinamite não pode se contentar com um título de expressão. Até porque o Vasco é muito maior do que isso. O Brasileiro está aí e, em breve, o clube voltará a disputar uma Libertadores. No momento adequado, as oportunidades voltaram a surgir. Dessa vez, não há como não aproveitar. Tua imensa torcida bem feliz agradece, Vasco. De norte a sul deste país.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Conheça Tătăruşanu, o último pesadelo de Ronaldo dentro de campo




A festa foi toda armada. A entrada em campo, a substituição, o fim do primeiro tempo e toda a burocracia enaltecendo a carreira de um dos maiores jogadores da História no intervalo. Tudo estava preparado. O gol não era esperado, mas, se viesse, seria fantástico. Pouco se esperava, até mesmo, que Ronaldo tocasse na bola. Mas ele foi, mais uma vez, dentro do possível, fenomenal. Não só tocou na bola, como quase marcou três vezes.

Numa das chances, isolou a bola. O motivo? Um quique da redonda antes de se deparar com o seu pé direito, o mesmo que marcou tantos gols históricos, como os dois da final da Copa da Coréia e do Japão, em 2002. Mas nas outras duas foi Tătăruşanu que o parou. O goleiro romeno não estava disposto a participar do festejo. Pelo contrário. Estava querendo, na verdade, acabar com a balbúrdia. E conseguiu. Salvou duas finalizações do Fenômeno, uma delas dentro da pequena área.

Ciprian Tătăruşanu não é muito conhecido na Europa. Na Romênia, não é considerado um gênio da baliza, mas é tratado como um bom goleiro, um dos melhores do país. Nascido na capital Bucaresti, tem 25 anos, e faz parte do atual processo de reformulação da seleção nacional. Atua no time mais tradicional do país, o Steaua Bucaresti, e passou a ser nome certo nas convocações a partir do início de 2010.

Seu maior feito foi decidir uma disputa por pênaltis, na segunda fase da Copa da Uefa, atual Liga Europa, na temporada de 2009-2010. Na ocasião, Tătăruşanu pegou dois pênaltis dos suíços do FC Grasshopper, classificando o Steaua Bucaresti para a fase seguinte. No dia, virou herói nacional para a maior torcida da Romênia, que, até hoje, ainda relembra o feito.

Contra o Brasil, nesta terça, Tătăruşanu demonstrou bons reflexos e segurança nas saídas do gol. Não teve culpa no gol de Fred, após bela jogada de Neymar, e, de quebra, ainda estragou parte da festa de Ronaldo. Sem dúvidas, Ciprian Tătăruşanu marcou seu nome na História do futebol brasileiro. No fim, acabou como o último pesadelo de Ronaldo como jogador.

domingo, 5 de junho de 2011

Um ídolo eterno




Tem que ser muito ídolo para, numa monótona tarde de domingo, encher um estádio cuja localização e infra-estrutura determinam - com exceção dos jogos decisivos - públicos pequenos. Isso na terceira rodada de um campeonato de pontos corridos que durará quase o ano inteiro. Isso aos 38 anos. Petkovic tem esse poder. Ele, sim, merece a alcunha ídolo. E que ídolo. Um sérvio que desembarcou no Brasil sem saber falar português e acabou virando cidadão nacional, ícone de um dos maiores clubes do continente, ídolo da maior torcida do Brasil.

Neste domingo, o torcedor rubro-negro pôde se despedir de Petkovic. Mais que isso, pôde matar a saudade dos lances geniais de um dos maiores jogadores da História do Flamengo. Só faltou o gol. Afinal, em 45 minutos, seria pedir de mais para quem não entrava em campo desde o ano passado. Pet até que tentou. Mas soube ser ainda mais craque. Numa falta de longa distância, deixou a bola para Renato, sem ser egoísta. Humildemente. A cobrança perfeita do camisa 11 resultou no gol de empate. Petkovic comemorou-o como se fosse seu. E era. Ali, tudo deveria ser dedicado a Petkovic.

Pelo que fez ao Flamengo e ao futebol, Petkovic merecia muito mais. Merecia um mosaico lindo, que mudava de cor, transformando a bandeira sérvia na bandeira rubro-negra, feito pela torcida. Merecia, também, um reconhecimento por parte da diretoria, que veio em forma de placa, no intervalo mais emocionante da vida do Engenhão. E merecia um gol. De preferência, de falta. Mas ele não veio. Não importa. Nada diminuirá a idolatria do gringo mais brasileiro do país. O homem que deixou o frio sérvio para esquentar, ainda mais, milhões de corações brasileiros.

Entre tantos momentos marcantes, não só com a camisa do Flamengo, mas também com a dos rivais Vasco e Fluminense, e dos conterrâneos Atlético Mineiro, Goiás e Santos, impossível não se esquecer do gol que garantiu o tricampeonato carioca de 2001 ao Flamengo, assim como os magistrais gols olímpicos pelo Brasil afora. E tantas outras memórias que estarão para sempre na lembrança do torcedor. Para sempre. Porque Pet é isso. Pet é ídolo, Pet é alegria. Pet é eternidade.

Se Zico é uma espécie de deus para a maior torcida do Brasil, e jamais, jamais mesmo, pode ser alcançado por tudo que fez e como fez há anos atrás, Petkovic pode ser considerado um santo. Muito milagroso, por sinal. Pois aquela bola, aos 43 do segundo tempo, contra o Vasco, no Maracanã lotado, numa final de Estadual, não foi chutada de alguém de carne e osso simplismente. Mas sim por Dejan Petkovic, um ídolo eterno.

sábado, 4 de junho de 2011

O defeito de Neymar e a pressão desnecessária da torcida brasileira




Em oito jogos, Mano Menezes ainda não conseguiu dar sua cara à Seleção. Desde a animadora e promissora estreia em agosto do ano passado, contra os Estados Unidos, passando pelo clássico contra a Argentina, em setembro, pela derrota para a França, em fevereiro, até o dia de hoje, quando montou o time vislumbrando, enfim, a primeira grande apresentação diante de uma seleção de respeito. Contra a Holanda, porém, não se viu um time envolvente nos 90 minutos, mas sim uma equipe que ainda carece de um padrão de jogo definido e que depende muito dos lampejos de Neymar.

Além da péssima atuação de Ramires, expulso por Carlos Amarilla mesmo se tratando de um jogo amistoso, Daniel Alves e Lucas Leiva também não foram bem. Fred acabou bastante vaiado, mas não teve muitas oportunidades para mostrar do que é capaz. Recebeu poucas bolas. Devido, principalmente, à falta de criatividade de um meio-campo que careceu de um armador de verdade, alguém capaz de chamar a responsabilidade e se juntar a Neymar e Robinho na criação das tramas ofensivas.

Elano foi quem vestiu a 10. Mas quem mais esteve perto de decidir a partida foi o destaque do futebol nacional na atualidade. Vestindo a 11, Neymar foi um tormento para Van der Wiel. Com dribles ariscos, ágeis e muito rápidos, conseguia abrir espaços onde não havia como. Ao lado de Robinho, foi quem mais assustou o goleiro Krul, muito bem no jogo, assim como Júlio César.

O que Neymar precisa aprender, todavia, é que essa mania de jogador brasileiro de se jogar ao receber um mero contato físico ou antes mesmo dele não leva a nada. Pelo contrário, só prejudica o futebol de quem sabe e pode jogar. Neste sábado, por exemplo, Neymar abusou de simular faltas. Desistiu de inúmera jogadas, ao invés de tentar criar uma chance de gol.

Entre tanta virtudes da Jóia, o defeito comum a quase todos os jogadores brasileiros não é bem visto pela arbitragem mundial. Lucas, do São Paulo, que teve o nome gritado pela torcida goiana, entrou e nada fez além de simular uma pancada na entrada da área. Assim como Neymar, foi punido com o cartão amarelo. Justo. Ambos precisam se despir desse vício.

De vicíos, aliás, o brasileiro entende. A torcida se diz cansada de atuações medianas e ruins da atual seleção, sentindo-se no direito de vaiar o time ao final do oitavo amistoso da Era Mano Menezes à frente da Seleção. Direito, de fato, tem. Mas é outro vício antigo. O torcedor brasileiro precisa aprender a ter paciência com um time que está sendo montado aos poucos, e o principal: ser fiel, sempre, à Seleção, apoiando-a incondicionalmente.

Porém, não é isso que se vê. Os goianos reclamam de que a Seleção não joga nunca em Goiânia. Eis que, quando joga, e contra a Holanda, ao invés de apoiar, torcer, basta o gol não sair, o empate permanecer, para as vaias começarem. Esse tipo de pressão não melhora nada no time. Só piora. E empurra para baixo um planejamento sério de um treinador extremamente competente.

Além de tudo que vem sendo dito, incluindo as fiscalizações das obras e dos gastos públicos, os problemas sócio-econômicos e afins, para a Copa 2014, o brasileiro precisará aprender a torcer.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

'Goleada' de 1 a 0



Ao contrário do que fez em Santa Catarina, pelo segundo jogo da semifinal da Copa do Brasil, há uma semana, em casa, jogando os primeiros 90 minutos da decisão contra o Coritiba, o Vasco não se apresentou da melhor forma. Sem jogar bem, mas com eficiência, o time comandado por Ricardo Gomes soube comandar grande parte do jogo, suportar a pressão final parananese e rumar a Curitiba com um resultado muito favorável para o segundo jogo.

Tratando-se de Copa do Brasil, competição na qual um simples gol levado dentro de casa pode custar muito caro, o resultado, tendo em vista o contexto decisivo do torneio, pode, sim, ser considerado como excelente. Somado às boas atuações do time fora de seus domínios recentemente, não é errado afirmar que o Vasco leva para o jogo de volta uma vantagem imensa, quase uma autêntica goleada.

Se fora de casa o Vasco vem dando show, dentro o palco ainda não foi montado. Sem jogar um futebol envolvente por mais uma vez no ano, o time foi eficiente. Soube aproveitar as falhas rivais. Sobretudo a frágil marcação dos laterais coxa-brancas. Entre as tantas subidas às costas de Lucas Mendes, novamente com liberdade para levantar a cabeça , olhar pra dentro da área e cruzar, Allan conseguiu acertar um cruzamento na medida para o artilheiro Alecsandro, que não perdoou.

O único gol cruzmaltino fez a equipe da casa relaxar. E dar espaços para o Coritiba. Menos mal que, bem marcados pelo trio de volantes vascaínos, os meias Davi e Rafinha e o atacante Anderson Aquino pouco conseguiam fazer. Melhor ainda que Léo Gago e Willian pouco acrescentavam à criação ofensiva, travando ainda mais a equipe paranaense, que chegou a começar bem a partida, adiantando as linhas de marcação e pressionando o Vasco, mas que, depois, viu-se dominada e caiu bastante de produção.

Somente com as alterações promovidas por Marcelo Oliveira que o Coritiba voltou a crescer no jogo. Marcos Paulo melhorou a saída de bola dos volantes, além de dar mais força ao setor, enquanto Geraldo entrou muito bem na articulação, ao lado do então sumido Rafinha. Com o camisa 17, Rafinha subiu de produção e, junto com seu novo parceiro, infernizou a defesa vascaína no fim do jogo, com momentos de pressão sensacionalmente suportados pela zaga da casa.

Após a saída de Felipe, mais uma vez o regente do meio de campo vascaíno, a equipe de Ricardo Gomes perdeu toda a qualidade na troca de passes e na posse de bola. E passou a somente defender-se. O "abafa" dos paranaenses, por pouco, não pôs(quase) tudo a perder. Sorte dos vascaínos, que levam ao Paraná uma bela vantagem. Um gol marcado em casa, sem nenhum sofrido, pode ter um peso imenso ao final dos 180 minutos.


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