" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O Milan se aproxima do título, mas ainda não tem cara de campeão




O jogo valia os famosos "6 pontos". Em terceiro lugar, e com apenas 3 pontos atrás, o Napoli representava uma ameaça real ao caneco tão sonhado pela torcida do Milan. No entanto, com uma exibição desapontante, os albicelestes abusaram dos erros, foram dominados pela equipe de Allegri, e viram o título ficar bem distante do San Paolo. Melhor para os rubro-negros de Milão, que abriram 5 pontos de vantagem para os arqui-rivais da Internazionale e se vêem, cada vez mais, próximos da conquista mais importante no âmbito nacional.


Faltando apenas 11 rodadas, o Milan tem a melhor campanha da competição com sobras. E possui uma regularidade elogiável, tanto dentro como fora de casa. Além de, principalmente, vencer jogos contra adversários diretos na busca pela taça. Os maiores exemplos disso são os triunfos diante do próprio Napoli. Em ambas as ocasiões, tanto no San Siro como em San Paolo, os rossoneros saíram com a vitória, num total agregado de 5 a 1. O suficiente para reforçar a tese de que o Milan briga muito forte pelo título.


Mas o time comandado por Massimo Allegri ainda não tem cara de time campeão. Não joga como campeão, apesar de vencer como tal. Porque os rubro-negros ainda não apresentam um jogo fluente, digno da melhor equipe da competição. Nem a sensação do torneio o Milan não é. Esse papel cabe, atualmente, ao Udinese, que goleou o Palermo, fora de casa, por incríveis 7 gols a zero.


É possível que o Milan ainda possa assumir esse papel, ganhando, enfim, cara de time campeão. Pouco importa para a torcida, que pede somente vitórias e uma campanha digna de time grande. De gigante. Disto, os torcedores nada têm a reclamar. Contudo, o futebol vistoso de uma equipe campeã ainda não pôde ser visto.


Quem sabe Pato, Ibrahimovic, Robinho, Cassano e Cia não consigam reverter esse quadro. O camisa 7 brasileiro está no caminho certo. Nesta segunda-feira, fez um segundo-tempo brilhante, com uma assistência e um golaço. Parecia atacante campeão.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Craque é craque




Independente do esporte, a função de qualquer craque é ser protagonista. No futebol principalmente. Não importa como ele decida, o importante é que o faça. Seja numa jogada individual, num passe diferenciado, com um drible ou na bola parada. Craque de verdade chama a responsabilidade nso momentos mais difíceis. E decide. Como nenhum outro jogador consegue. Só os diferenciados. Só os craques. Só os Ronaldinhos da vida.


Pelo sexto jogo seguido com a camisa do Flamengo, Ronaldinho lutou sem parar. Correu como um moleque. Suou. Gritou. Reclamou. E foi Ronaldinho. Não aquele que brilhou intensamente com a camisa do Barcelona há anos atrás. Nem o das jogadas sensacionais da Seleção Brasileira. Mas o Ronaldinho que decide. Sem precisar ser o melhor em campo, fazer jogadas de outro planeta e acabar com o jogo. Basta ser o protagonista como o próprio foi neste domingo, com um belo gol de falta, decidindo a Taça Guanabara.


Pois de uma forma ou de outra, o craque está lá para cumprir sua função: ser protagonista. Ronaldinho foi neste domingo batendo falta. Poderia ter sido com um elástico seguido de um gol. Ou de uma enfiada de bola perfeita. Ou através de qualquer outra virtude do seu vasto repertório de mágicas.
Porque, ao contrário de quase todos os outros jogadores, Ronaldinho Gaúcho é diferenciado. E disto, a torcida do Flamengo sabe. Por isso espera em todo o jogo que ele decida. É o que craques fazem. É o que Ronaldinho faz.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Surge o primeiro favorito na Libertadores

Foto: Globoesporte.com

Muito se falou no Corinthians, que acabou eliminado pelo Tolima. O Vélez Sarsfield tem um belo time, mas ainda não empolgou. A LDU é bastante temida devido a altitude de Quito, no entanto, fora de casa, pouco rende. O Grêmio tem um ótimo elenco, joga de forma ofensiva, porém ainda não encarou um adversário de peso, capaz de testar a equipe comandada por Renato Gaúcho. A verdade é que numa Libertadores sem o Boca Juniors é difícil achar um favorito logo no início da competição. Mas em 2011, apesar de apenas dois jogos disputados, ele já existe.


O Cruzeiro de Cuca não tem somente um dos destaques da edição passada da competição sul-americana e do Brasileirão-2010. Além de um meia cerebral, o treinador que chegou às semis do torneio em 2004 comandando o São Paulo também pode contar com a experiência e o talento de Roger, a versatilidade de dois volantes moderníssimos, sem falar da zaga segura e do ótimo goleiro, cobrado por muitos na Seleção Brasileira.


Se não bastassem tantos trunfos para escalar a equipe, Cuca ainda tem um diferencial no banco de reservas. Desde que chegou à Toca da Raposa, Wallyson nunca conseguiu uma sequência de boas atuações para provar o seu valor à direção azul. No entanto, a sorte parece ter entrado de vez para a vida do rápido e oportunista atacante. Depois de uma grande atuação pelo Campeonato Mineiro, foi a vez de brilhar na Libertadores. Jogando bem, mais perto do gol, a defesa do Guaraní(PAR) foi presa fácil para o jovem atacante revelado pelo ABC (RN).


Com dois gols, contribuiu de forma grandiosa para a goleada desta terça-feira, por 4 a 1, a segunda da Raposa na competição - na primeira rodada, o Cruzeiro venceu o Estudiantes, algoz de 2009, por 5 a 0. E parece ter virado o amuleto de Cuca. Neste meio de semana, ele foi titular. Mas a tendência é que volte para o banco de reservas já na próxima partida. Ou não. De qualquer forma, o treinador já está de olho em Wallyson. Resta ao atacante aproveitar as chances.


Melhor para os adversários se o time mineiro vivesse somente dos gols de Wallyson. Ledo engano. Foi só o novo xodó da torcida deixar o campo, para entrarem novos "artilheiros". Com o mesmo faro de gol, Farías e Thiago Ribeiro, ambos com status de titular mas amargurando a reserva, completaram o placar. Ponto forte dos times comandados por Cuca, o ataque do Cruzeiro já é o melhor da Libertadores, com incríveis 9 gols em dois jogos.


Pode parecer prematuro demais, todavia é inegável, ao menos, o favoritismo do Cruzeiro no seu grupo. Já na terceira rodada. Contra o Tolima, apesar de jogar fora de casa, o time mineiro tem todas as chances de sair da Colômbia com a vitória. O curioso é que o grupo era considerado o da morte antes da eliminação do Corinthians na Pré-Libertadores. Mesmo assim, não se deve tirar os méritos de um esquadrão extremamente competitivo, que recheia um elenco de ponta, comandado por um treinador repleto de virtudes.


Sem ignorar as dificuldades que podem surgir na fase de mata-mata, as possíveis evoluções dos adversários e, até mesmo, contratações a serem feitas pelos rivais, não se trata de um absurdo afirmar que o Cruzeiro é o primeiro e um dos grandes favoritos a conquista da Libertadores, cujo título está entalado na garganta de sua torcida desde 2009, quando perdeu a final em pleno Mineirão para o Estudiantes de La Plata. O tempo passa, as equipes mudam e as chances reaparecem.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A virada de Patrícia




Dezembro de 2009 certamente foi o melhor mês da carreira política de Patrícia Amorim - talvez até o melhor de sua vida. Depois de comemorar o hexacampeonato brasileiro do seu clube de coração, tornou-se presidente do mesmo, fazendo história na Gávea. Prometendo reformular o futebol e, sobretudo, profisssionalizar o Ninho do Urubu, além de, é claro, aumentar as atenções aos esportes olímpicos, a ex-nadadora tomou como primeira medida a piscina. Abraçada ao filho, mergulhou na piscina do clube, por onde cansou de distribuir braçadas e ganhar troféus.


Patrícia mergulhou de cabeça na vida do clube. Logo no primeiro dia no comando da presidência rubro-negra, fez questão de agir o máximo possível. De conversar com todos. E de todos. Estava disposta a trabalhar. A mudar. A inovar. Nem parecia presidente do Flamengo. "Ela é certinha de mais. Não tem como dar certo no futebol brasileiro", diziam sócios e pessoas influentes na Gávea. Patrícia ignorou. Brigou com muita gente, mas nunca abriu mão da honestidade. Por vezes, apanhou sem merecer. Caiu.


O ano de 2010 não foi como ela e a torcida esperavam. O caso Bruno, a eliminação traumática na Libertadores, a perda do Estadual, a péssima campanha no Brasileiro. A Gávea fervia. E Patrícia se via sem saída. Sem ajuda. E por pouco não caiu de vez. Membros do Conselho chegaram a pensar num possível impeachement. Mas ela sobreviveu, com a mesma hombridade com que entrou pelo portão da frente da sede rubro-negra. E virou o jogo. Levantou. Com o próprio apoio, esforço e a mesma determinação. Ela estava disposta a vencer e venceu.


Logo no início do ano, contratou Ronaldinho Gaúcho, com muitos méritos. Em seguida, viu a garotada na qual investiu se sagrar bicampeã da Taça SP de Juniores, após 21 anos de hiato. Só não imaginava que a virada seria história do jeito que foi. Prest es a disputar a final da Taça Guanabra, recebeu a notícia mais esperada do século no clube: o Flamengo, enfim, é hexa oficialmente.


Patrícia chorou. Nem mesmo ela esperava uma virada política tão esplendorosa. Com os salários em dia, um CT sendo reformado e um dos maiores jogadores da atualidade no plantel, a presidente rubro-negra já pode ter orgulho de sua gestão e, quem sabe, pensar numa reeleição.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Para onde se exilou o América?

Já foi tempo em que o time queridinho de todo e qualquer carioca entrava em campo para ser temido. Ostentando o vermelho mais forte da Cidade Maravilhosa, o América-RJ já foi o quinto time grande do Estado por muitos anos. Sete vezes campeão carioca, campeão da Copa dos Campeões e de infinitos torneios de pequeno porte, tradição e história não faltam ao Mecão. Mecão, sim, no aumentativo, pois é o grande "América" do Brasil, motivo da existências dos outros de mesmo nome.

Nos anos 80, viveu o seu auge na mídia e no coração de todos os cariocas. Passou a ser considerado o segundo time de todo carioca. Em 1986, por pouco não eliminou o São Paulo do Brasileirão, terminando a competição num incrível quarto lugar. Como um time grande. Que já foi mas deixou de ser nas últimas décadas. Fruto de administrações incompetentes, escolhas erradas, negócios mal feitos e até mesmo de azar, a decadência americana aconteceu bruscamente. Depois de sumir da elite nacional, acabou na segunda divisão estadual. O América sumiu no tempo e não voltou mais.

Nem mesmo quando Romário assumiu o controle do futebol rubro as coisas voltaram ao normal. Até melhoraram. O América estava de volta à mídia. O Baixinho chegou até a abandonar temporariamente a aposentadoria para realizar o grande sonho de seu pai por um jogo. O América estava de volta à elite carioca. Com um time renovado, repleto de jovens mas com os mesmos problemas de sempre fora dos campos. Nem Romário aguentou. Pulou fora do barco do qual devia ser o capitão. E o América voltou a afundar.

Romário voltou neste ano, tentou ajeitar a casa, varrer a poeira. Quase impossível. Tornou possível com uma vitória convicente. Mas no sábado, a cachoeira de problemas voltou a cair com toda a força. 9 a 0 Vasco. A maior goleada da história do clube rubro fez Romário chorar. Este América não merece ser chamado de América. Muito menos de time grande. Este América não merece usar a camisa vermelha mais tradicional do mundo. Este América não existe. O América é único e está exilado em algum lugar.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Investimentos em vão



A patrocinadora do Fluminense nuca deixou a desejar nos auxílios à montagem dos times tricolores dos últimos anos. Com contratações, teoricamente, boas, sempre agiu rápido no mercado, buscando os melhores nomes para as carências do elenco. No entanto, nem sempre as contratações vingam. E, nos últimos anos, os reforços do Fluminense têm nome, currículo, mas, na prática, muito pouco futebol. Por diversos motivos, nos quais a empresa que patrocina o clube raramente tem culpa.


Em 2007, por exemplo, o mesmo Rafael Moura que na última quarta-feira fez a alegria da torcida tricolor com dois gols salvadores e caiu na graça da galera, não deu certo e acabou rapidamente dispensado, após atuações lastimáveis. Os anos passaram e, ao que tudo indica, o He-man dará certo em 2011. Será que seu futebol mudou em quatro anos? Talvez. Fato é que, tanto há quatro anos como agora, Rafael Moura era uma boa aposta no mercado do futebol brasileiro, e mesmo assim, não deu certo naquela época e pode dar agora.


Às vezes o tempo é cruel. Porque existem muitos jogadores que vivem de fase, em sua maioria centroavantes de ofício. E, após uma fase boa, de destaque, o jogador se valoriza, chama a atençaõ de diversos clubes, que vêem nele uma ótima aposta, quase que uma salvação. Porém, quando a fase vira e o rendimento cai, a paciência acaba. Parece até que o jogador mudou, como se tivesse piorado. Mas não. Fase é fase.


É dever de um clube interessado em algum jogador estudá-lo, pesquisá-lo, saber tudo sobre a vida do atleta, para que o investimento não seja em vão. No Fluminense, nem sempre isso acontece. E o resultado são contratações de bons jogadores na teoria que, na prática, não dão certo. Pelo contrário. O patrocinador que ajuda na contratação não tem que avaliar, somente viabilizar fundos. É isso o que a do Fluminense faz, muito bem por sinal.


A lista tricolor de fracassos nos últimos anos é extensa. Nomes de bons jogadores como Fábio Santos, Carlos Alberto, Deco, Belletti, Urrutia, Júlio César, entre outros. Nem todos vivem de fase, alguns são naturalmente talentosos, mas, por algum motivo, não deram certo no Fluminense. Talvez por não terem se adaptado ao Brasil ou ao próprio, talvez por estarem fora de forma, talvez por não conseguirem ter uma sequência de jogos, ou por até mesmo falta de oportunidades.


Os casos mais emblemáticos são os de Belletti e Deco. Com uma carreira extremamente vencedora, carregam no currículo títulos de expressão, parceria com grandes astros do futebol, e, mesmo assim, não vingaram no Fluminense. Uns alegam falta de ambientação, de oportunidades. Até mesmo contusões. No entanto, o fato é que os dois estiveram longe de corresponder às expectativas da torcida e ao valor gasto em suas contratações. Juntos, somam mais de R$ 700 mil de prejuízo mensal ao clube, e continuam sem jogar.


Deco costuma pôr a culpa na falta de ambientação, por ter passado os últimos anos na Europa, por não ter se acostumado ao futebol brasileiro. Mas após um semestre, não rendeu nada ao Fluminense senão prejuízo. Cansou de se machucar, desfalcou diversas vezes o time por lesões e, quando jogava, o fazia muito mal. Chegou a ser vaiado pela torcida. O caso de Belletti é pior ainda. Experiente, chegou para compor elenco, e nem isso conseguiu fazer com sucesso. Pode, inclusive, ser dispensado pelo clube nos próximos dias.


Os dois campeões europeus não esqueceram o futebol na Europa, mas mostram diversas dificuldades para se adaptarem ao país onde nasceram. Se tivesse avaliado com mais calma suas contratações, estudado-as com mais percisão, talvez o Fluminense não obtivesse um prejuízo tão forte. No calor da emoção de contar com jogadores com um currículo como a da dupla, a diretoria tricolor apressou as coisas e fechou o negócio o mais rápido possível. E deu no que deu.


Não que nos últimos tempos a diretoria só tenha errado. Acertou como na contratação de Darío Conca, na de Muricy Ramalho e, até mesmo, se precisamente analisada, na de Fred, que fez gols importantes pelo clube além de resgatar a imagem de um ídolo nas Laranjeiras, apesar das lesões e polêmicas.


Dinheiro, não falta. Talvez falte um pouco de estrutura. Mas isso quase nunca é problema para jogador. Mais para técnico, que o Fluminense já tem um gigante. Com análises mais frias e uma precisão e afinco maior na pesquisa, os reforços podem render melhor. Sempre contratando muito, o Fluminense não pode gastar dinheiro muito menos tempo à toa. Porque assim, os investimentos acabam em vão.

O retorno da Celeste



A Copa do Mundo é o momento perfeito para despertar a tradição de gigantes adormecidos do futebol mundial. Com o Uruguai foi assim. Depois de anos sem passar da primeira fase do torneio, em 2010, enfim, a seleção de Forlán, Suárez e Loco Abreu conseguiu a vaga nas oitavas. E foi além. Chegou nas quartas, passou para as semis e, por pouco, não fez história ao chegar numa final quase inédita. Mais do que marcar seus nomes na história do país, os jogadores comandados por Óscar Tabárez resgataram a paixão do povo uruguaio pelo futebol. Resgataram o prazer de ver a Celeste Olímpica jogar e vencer.


A ótima e surpreendente campanha uruguaia na Copa da África faz parte de uma série de acontecimentos que provam o renascer do futebol uruguaio, num processo longo de reestruturação, que, infelizmente, ainda não alcançou a maioria dos clubes nacionais, mas já deu as caras na seleção nacional, e nas categorias de base da mesma.


Não havia momento mais adequado para a equipe de Tabárez crescer, evoluir. Depois de uma Eliminatória bastante regular, acabou na repescagem após perder em casa para a Argentina de Maradona. Enfrentou a Costa Rica num complicado campo de grama sintética. E, na base da garra, virtude principal do povo uruguaio, passou por cima de tudo e todos. Depois de 8 anos, o Uruguai estava de volta a uma Copa do Mundo.


O time, sem dúvida, não é o melhor da história do país, mas se encontra entre, pelo menos, os 5 melhores. Com zagueiros experientes, laterais que apoiam bem, um atacante versátil talentosíssimo(Forlán), que na Copa acabou atuando como articulador, um matador nato(Suárez) e um reserva de muito luxo, que abusa das cavadinhas nas cobranças de pênaltis, a seleção uruguaia podia ir longe na Copa. Mas poucos acreditavam nisso. Tabárez era um deles.


Aos poucos, jogo por jogo, o treinador foi fazendo leves e precisas mudanças na equipe, buscando o time ideal, que surgiu nas quartas de finais, aliando técnica, tática e muita, mas muita garra. Bem típico do Uruguai. Na semifinal, por pouco não passou da favorita Holanda. Tristeza? Tabárez prefere o orgulho, com razão. Depois de muitos anos, a Celeste Olímpica estava de volta, para pôr o país de vez entre as potências futebolísticas.


Mas a reestruturação da Celeste não poderia acabar na seleção principal. Revelando bons jovens todo ano, os principais times uruguaios têm perdido muitos talentos para o futebol europeu, sobretudo para o italiano e o espanhol. O celeiro de craques parece não ter, felizmente, secado. A seleção sub-20 é uma prova disso. Espelhando-se na principal, a garotada que lidera o Sul-Americano sub-20 venceu a Argentina por 1 a 0 na última quarta e garantiu vaga nas Olimpíadas de Londres, em 2012. De fato, a Celeste Olímpica está de volta. E, esperamos, para ficar.


A Copa América deste ano pode ser mais um teste, e precisa ser levada a sério pelos uruguaios. Chegar bem no Mundial do Brasil, e fazer uma Copa do Mundo brilhante no país onde o futebol uruguaio jamais será esquecido, seria fantástico para o retorno do Uruguai. Falta bem pouco para os grandes voltarem a temer os jogadores que vestem a camisa celeste. Aos poucos, o respeito volta a ser de time grande para time grande.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Milésimo: vale a pena se humilhar tanto?

Pelé fez seu milésimo gol sob um Maracanã lotado, um ano antes de se consagrar como o maior jogador de todos os tempos na Copa do Mundo de 1970. Romário fez seu milésimo gol em São Januário, com o estádio bastante cheio, quase lotado, contra o Sport Recife, pelo Brasileirão de 2007. Há muitas semelhanças nas histórias de dois dois maiores esportistas de todos os tempos. Ambos ultrapassaram a marca de mil gols, ambos marcaram o milésimo por times grandes e em estádios de times grandes.

No entanto, as diferenças soam de forma mais aguda. Chamam mais a atenção. Principalmente pela fase da vida em que os dois marcaram o gol de número 1000 em suas carreiras. Enquanto Pelé tinha acabado de completar 30 anos, vivia convocado à seleção brasileira, Romário se empurrava rumo à fama internacional no auge de seus 40 anos. Para ser exato, no dia em que marcou o segundo gol mais importante da história do futebol mundial, o Baixinho possuía 41 anos.

E não é só pela idade que se tiram as conclusões, as diferenças. As consequências também foram diferentes. Ambos acabaram carregados pela torcida, choraram e deram zilhões de entrevistas, além de guardarem a famossa bola do milésimo gol. Mas a repercussão do milésimo de Romário foi totalmente avessa à do Rei. O oba-oba em 2007 rapidamente se cessou. Romário recebeu mais críticas do que elogios, na verdade. Aos 41 anos, muitos julgavam ser desnecessário Romário se esforçar tanto para fazer o milésimo. Como se o Baixinho só tivesse feito por fazer. Pra dizer que fez.

Idem ao eterno camisa 11, Túlio Maravilha opta por seguir o caminho de Romário. Aos 40 anos, faz metas e projeções para alcançar o tão sonhado milésimo gol. O ex-artilheiro do Botafogo-RJ, que hoje pertence ao Botafogo-DF, chegou a acertar um contrato de um jogo para atuar pelo Barras-PI. Três anos se passaram, mas a história de Romário promete se repetir na vida de Túlio. E com uma repercussão ainda menos. Ainda pior. Será que vale a pena?

Vale a pena se humilhar tanto pra chegar aos 1000 gols. Daqui a 10, 15, até 20 anos, o torcedor obviamente se lembrará do milésimo gol de cada um desses três jogadores. E dirá para os filhos, netos: "Pelé fez 1284 gols. Fez o milésimo num Maracanã lotado, em cima do Vasco. Romário fez pouco mais de 1000 gols. Fez o milésimo já no fim da carreira, ao 41 anos! E o Túlio...". Será que vale a pena se humilhar tanto para entrar pra história pela porta dos fundos. A porta que nem sempre leva as glórias máximas.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Ronaldo é Ronaldo. E merece muito mais do que isso


Ronaldo é Ronaldo. E sempre será. Fenômeno de superação, astro da mídia internacional, exemplo para todo e qualquer brasileiro que sonha em vencer na vida. Nessa confusão toda que acontece no CT do Corinthians após a eliminação para o Tolima, o camisa 9 é um dos mais criticados, xingados, exigidos. Torcedor tem memória curta. E seletiva.


Os mesmos personagens que criticam a atual forma física de Ronaldo, iam à loucura com os gols fenomenais de 2009, como o que encobriu Fábio Costa em plena Vila Belmiro, após belo corte em Triguinho. Os mesmos que criticam o marketing fenomenal, ignoram os lucros concedidos pela contratação de Ronaldo ao Corinthians. O Fenômeno alavancou o marketing do clube alvinegro.


Qual a culpa que Ronaldo tem na eliminação? A mínima. Não foi Ronaldo que falhou nos dois gols do time colombiano em Iguapé. Ronaldo, diferentemente de muitos jogadores, tentou resolver a situação. Lutou. Suou. E fracassou como qualquer ser humano. Apesar da história fantástica de vida e volta por cima, o astro corintiano não é super-herói.


Todo e qualquer torcedor tem direito de criticar Ronaldo. Pela sua forma física, técnica ou por qualquer outro motivo. Pode ser até por invenção. Liberdade em um país democrático. Contanto que o respeito exista. Respeito com a carreira de um dos maiores esportistas da história. Respeito com um ser humano sensacional. Respeito ao próximo. Respeito mútuo. Até porque Ronaldo nunca saiu xingando torcedor por aí. E nem vai. Ronaldo é Ronaldo, e não precisa disso. E nunca quis isso.


Na verdade, como o próprio publicou em seu twitter neste sábado, Ronaldo não precisa de dinheiro. Não precisa correr o risco de acabar de vez com seu joelho jogando no interior de São Paulo ou de qualquer país sul-americano. Não precisa ver sua vida profissional em risco. Ele já fez fama, carreira, dinheiro, família. Com o patrimônio que tem, Ronaldo poderia ficar descansando a vida inteira. No lugar que quisesse.


Ronaldo joga por amor, e não por dinheiro. Há quem diga que ele joga por ambição. Que nada. Joga por amor, paixão pelo que sempre fez na vida. Da vida. Pela vida. Ronaldo viaja horas com turbulência ao interior da Colômbia, para ouvir protestos, tomar pedradas, ver seu carro depredado na volta o Brasil, ouvir ameaças, por amor ao esporte que o consagrou e lhe deu tudo. Por paixão ao futebol.


Portanto, torcedor. Você, que está de folga. Você, que não trabalha. Você, que não estuda. Você, que vadia. Pense antes. Reflita. E respeite a história de um ser humano fantástico, um jogador fenomenal, um atleta de ponta. Que passou por cima do amor pelo seu clube de coração para alavancar o marketing do Corinthians e ser amado no Parque São Jorge. Porque é isso que ele merece: amor. Ronaldo não nasceu para ser odiado. Nasceu para ser idolatrado.

Giro pelo mundo

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