" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Amor que custa caro: o custo-benefício de Vágner Love



O amor custa muito dinheiro no Flamengo. Por outro lado, faz muitos gols. E sai, balada, bebe, curte a vida e a fama. Também treina, se esforça debaixo de sol e chuva seja com e contra quem for. Artilheiro nato dentro dos campos e nas boates, Vágner Love custou caro aos cofres rubro-negros. Mas tem muito a oferecer. E a repor.

Resolver os problemas do ataque rubro-negro, que vêm desde a saída de Adriano, em meados de 2010 sem solução, é sua principal missão. Com cacife suficiente para cumpri-la, Vágner tem a seu favor a identificação, o respeito e, acima de tudo, a admiração da torcida. É daquele tipo de contratação que tem tudo para dar certo.

Amigo dos principais líderes do elenco rubro-negro, Love é ‘bom de resenha e vestiário’, como se diz na linguagem boleira. Bom até demais. Com sua chegada, a tendência é de que as noitadas e festas mais picantes só aumentem. O entrosamento com Ronaldinho transcende as linhas do gramado. Não importa: Vágner Love nunca foi de faltar a treinos. Apesar de tudo e todos, é bastante profissional.

E quando a bola rola, raramente não rende o esperado. Pode perder um gol aqui, outro lá, mas é um baita atacante. Entende-se com qualquer tipo de jogador. Uma prova disso é que, nos seus quase 10 anos de CSKA Moscou, formou dupla de ataque com jogadores de diferentes estilos, escolas e nacionalidades. Deu-se bem com todos. Foi artilheiro em todos os anos. Com Adriano, em 2010, formou o Império do Amor e saiu do Flamengo com uma média de gols impressionante.

Mas Vágner Love custa dinheiro. Muito dinheiro. Em euros, 10 milhões é o que o Flamengo desembolsou para contar com o Artilheiro do Amor.A questão é: ele vale isso tudo? Ou melhor: vale a pena o Flamengo pagar tudo isso?

Em tempos de crise na Gávea e no Ninho do Urubu, a aposta arriscada é o pior caminho. Apostar no que é certo é a melhor salvação. Vágner Love é certeza de sucesso no Flamengo. Portanto, talvez seja melhor gastar muito dinheiro em algo que lhe trará retorno do que repetir fiascos baratos.

O Flamengo está prestes a adentrar na fase de grupos da principal competição do continente. Um torneio que pode o levar ao Mundial de Clubes em dezembro, e acarretar num retorno financeiro e publicitário maravilhoso. Entre a falta de planejamento e o desespero, gastar muito dinheiro em algo que muito dificilmente dará errado vale a pena. O amor é verdadeiro, mas também mercenário.

domingo, 22 de janeiro de 2012

O desgaste de Wenger e a consolidação do United


O segundo tempo que fez o Arsenal, com Chamberlain voando pelos lados, Van Persie chamando o jogo na frente e Ramsey, Song e Rosicky aparecendo bem pelo meio, era digno de vitória. Mas parcial. Porque, afinal, na primeira etapa, a superioridade do Manchester United foi tão acintosa quanto a do time londrino na metade final de jogo.
Talvez o empate fosse o resultado mais justo. Razão, porém, nem sempre faz parte da lógica do futebol. E, graças, a mais uma jogada pelo lado direito, dessa vez com Park e Valencia, o United venceu a partida e manteve a sua segunda colocação, sempre na cola do líder e rival Manchester City.
O detalhe negativo para o Arsenal no gol que decidiu a partida foi Arshavin. Ou melhor, a péssima substituição de Arsène Wenger. Ao tirar um dos melhores em campo(Oxlade-Chamberlain) para colocar um jogador frio e que há muito tempo não rende bem, o técnico francês assinou a sua sentença. Se não bastassem as vaias da torcida e a cara feia de Van Persie ao saber da troca, o gol da vitória do United saiu justamente nas costas do russo.
Por outro lado, Alex Ferguson mexeu bem. Suas trocas deram resultado. Com Scholes no meio, ganhou a precisão nos lançamentos. Com Park, dinâmica de jogo. E ambos participaram do gol de Welbeck, mais uma vez decisivo. Como Giggs, que fez ótima partida, revezando-se entre a meia-direita e a ponta-esquerda, de onde cruzou para o primeiro gol de Welbeck na partida.
Consistente e traiçoeiro, o Manchester United se consolida de vez como candidato ao título. Muitas vezes sem jogar bem a maior parte do jogo. Mas sempre com equilíbrio. É impossível não acreditar num time que tenha nos três setores do campo bons nomes. Num time equilibrado. E que busca e consegue seus resultados tanto dentro como fora de seus domínios.
Em Londres, a confiança já não é a mesma. Os bons ares que Thierry Henry trouxe dos Estados Unidos se perderam em meio a sua contusão. E o ambiente pesado continua, principalmente em cima do técnico Arsène Wenger, cada vez mais esgotado no clube. Hoje ele errou na substituição. E, de uma fora ou de outra, acabou interferindo de maneira negativa no resultado da partida. E afastando o Arsenal do topo da tabela. Está cada dia mais difícil sonhar com títulos no Emirates Stadium.

As boas novas da dupla Fla-Flu na estreia do Carioca

Duas goleadas sobre Friburguense e Bonsucesso não causam impacto. Muito menos servem como modelo para qualquer tipo de conclusão. Mas as atuações de Flamengo e Fluminense, no último sábado, serviram, ao menos, para mostrar novas caras à torcida, novas alternativas aos treinadores.

Pelo lado tricolor, o lateral Thiago Carletto. Para quem não acompanhou o bom e regular Campeonato Brasileiro que ele fez pelo América Mineiro, no ano passado, o novo lateral-esquerdo tricolor deu um bom cartão de visitas. Correto na marcação, subiu com inteligência ao apoio, demonstrou sua qualidade para bater na bola e ainda marcou um belo gol. Certamente vai brigar por posição com Carlinhos, irregular desde sua chegada ao clube.

Por outro lado, a decepção ficou por conta de Wellington Nem. Sensação do Brasileirão do ano passado, quando foi um dos destaques da surpresa Figueirense, o segundo atacante, de volta ao clube que o revelou, teve uma atuação apagada. Recebeu poucos passes, apareceu pouco pro jogo e saiu de campo sem aplausos e elogios.

No lado rubro-negro, as gratas surpresas da torcida se deram nas boas atuações dos jovens Camacho e João Vítor e do novo lateral-esquerdo da equipe, Magal. Este último, um dos melhores em campo. Eficiente na cobertura e no combate, veloz nas transições ofensivas pela esquerda, Magal mostrou que tem uma virtude básica aos laterais antigos, um pouco esquecida no futebol moderno de cruzamentos e mais cruzamentos: ir à linha de fundo. Magal sabe e gosta de ir à linha de fundo para cruzar. Foi assim que achou Adryan no final da partida, para fechar o placar em 4 a 0.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O estilo que ganha jogo




Numa crônica esportiva, é fundamental descrever os principais elementos presentes no determinado evento. No caso de um jogo de futebol, é fundamental transcrever alguns momentos do jogo, lances, recorrer a estatísticas da partida, fazer comentários, analisar as equipes. Em jogos do Barcelona, está cada vez mais fácil e, ao mesmo tempo, monótono, chato fazer isso. " É sempre a mesma coisa", dizem os repórteres que cobrem o clube. E de fato é.

Mais uma vez, Real Madrid e Barcelona se enfrentaram num jogo com ânimos acirrados e com um certo caráter de decisão. Mais uma vez, deu Barcelona. Desta vez, sem muito espetáculo, sem muita plasticidade. Sem muito de Messi, sem muito de Iniesta, sem muito de Xavi. Mas com muito de Guardiola. Muito deste Barcelona que encanta o mundo. Uma vitória até certo ponto contestável numa análise completa do jogo em si, mas totalmente incontestável frente aos números da partida.

É impressionante como o estilo de jogo do Barcelona ganha jogo. Hoje, contra um Real Madrid feroz na marcação e rapidíssimo na transição ataque e defesa, bastou prender um pouco mais a bola, rodar o jogo, chamar a coletividade para esfriar a partida e dominar os diferentes setores do campo.

Hoje não teve arrancada de Messi que terminou em gol, dribles curtos e passes fantásticos de Xavi ou Iniesta para deixar um companheiro na cara do gol. Muito menos jogadas individuais decisivas de Daniel Alves. Teve o suficiente para vencer o segundo melhor time do mundo. Teve Barcelona em campo. Teve toque de bola, movimentação, incursões, troca de posição, posse de bola absurda( 73%), coletividade. E isso basta para dominar um time cheio de talentos individuais, mas sem tanta coletividade.

O Barcelona não precisa ser brilhante para passar sobre os adversários mais temidos pelos grandes times europeus. Só precisa ser minimamente Barcelona.

Incrível como um estilo de jogo se tornou uma arma quase invencível no futebol moderno. O que muitos treinadores sempre sonharam, Guardiola reuniu em um time. E, junto com seus craques, vai provando ao mundo do futebol que é preciso ter a bola para ganhar o jogo. Nada muito além disso. Isso é futebol. Isso é Barcelona.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A força de um empresário

Thiago Neves quer jogar no Fluminense. Está na cara de qualquer um que acompanha as notícias envolvendo o imbróglio entre o jogador, a dupla Fla-Flu, o Al-Hilal e o agente do apoiador, Léo Rabello. Este último, uma parte esquecida por muitos, inclusive por alguns veículos de imprensa. Hoje, em coletiva convocada por ele mesmo, o empresário provou o quão importante é e praticamente desmentiu o que a maior parte da imprensa cravava ontem: Thiago Neves não é do Fluminense. Pode vir a ser. Mas ainda não é. Como não é, também, do Flamengo.

Thiago Neves é jogador do Al-Hilal, da Arábia Saudita, clube que detém 90 % dos seus direitos econômicos e a totalidade dos seus direitos federativos.

Thiago Neves é jogador de Léo Rabello. Com contrato assinado e cumprido há 10 anos.

O que muitos acreditavam acontecer, já não é mais óbvio. As chances de Thiago Neves jogar no Fluminense, ainda são grandes, mas não invencíveis, como eram no domingo, horas antes de Léo Rabello convocar a coletiva em seu escritório, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

A notícia de que o empresário de Thiago Neves, já bastante magoado, convocara uma entrevista coletiva para esclarecer o caso, de cara, preocupou os tricolores. Para eles, a vontade do jogador e o dinheiro da patrocinadora a ser pago ao Al-Hilal eram suficientes para o apoiador voltar a defender as cores do Tricolor. Mas há um empresário no meio. O homem que agencia Thiago Neves desde os 17 anos do jogador.

E esse empresário quer Thiago Neves no Flamengo. Segundo ele, por ética. Afinal, assim que começou o desenrolar das negociações entre Flamengo e os árabes, ele mesmo, Léo Rabello, garantiu que, no Brasil, só negociaria com o Flamengo. Léo sempre teve uma boa relação com o clube rubro-negro.

Até negociar Joel Santana com o Botafogo, no ano passado. A partir dali, o elo entre ele e o Flamengo se distanciou um pouco. Não muito. Mas o suficiente para Léo fazer de tudo para reconquistar a confiança da diretoria rubro-negra. E, para isso, era fundamental que fizesse de tudo para colocar, de novo, Thiago Neves no Flamengo.

O fim está longe e totalmente indefindo. Mas a história já serve como lição a clubes, torcedores, dirigentes e, principalmente, empresários. Se inteligentes, honestos e competentes, esses podem ser muito importantes no mundo de futebol. Já são. Léo Rabello prova. Quando todos acreditavam num final feliz para Thiago Neves e Fluminense, há um capaz de mudar tudo. E muita gente se esqueceu dele. O mundo do futebol é....deixa pra lá.

Giro pelo mundo

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