" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




terça-feira, 20 de março de 2012

O peso histórico de Messi e o futuro do Barcelona




Eis que ele ganha as manchetes novamente. Aos que não acreditavam que ele conseguiria fazer dois gols, hoje, contra o Granada, e se tornar o maior artilheiro da história do Barcelona, Lionel Messi respondeu com três golaços.

Duzentos e trinta e quatro gols em pouco mais de trezentos jogos. O maior de todos no Barcelona. Em números, em teoria, na prática. Aos poucos, vamos aprendendo o significado desse gigante de 1,69 metro para a história do futebol. Um dia, teremos noção do que representa hoje Lionel Messi. E poderemos contar para nossos netos o monstro que tivemos o privilégio de acompanhar.

Mas vale a pena ir além. É possível Messi ultrapassar Pelé. Por que não? O conservadorismo não pode implicar na análise calculista. Há muito tempo e futebol pela frente. Há Copas do Mundo. Há história para ser escrita. Fato é que, assim como o Rei do Futebol, Messi, mesmo ainda aos 24 anos, já tem o mundo a seus pés e já é comparado com os maiores de todos os tempos. Poucos têm a exata noção do que ele representa atualmente.

Um monstro que tem tudo a seu dispôr no time catalão. Incluindo companheiros brilhantes, como tinha Pelé no Santos da década de 60. O que jogam Xavi, Iniesta, Daniel Alves e Cia é brincadeira. As enfiadas de bola do lateral brasileiro, aproveitando a ótima movimentação do camisa 10 argentino, fazem uma diferença tremenda. Messi aproveita. Mata o jogo, entra para história. E o futebol agradece.

História é com esse pessoal. Como um rolo compressor, o Barcelona de Guardiola segue à procura de rivais. Na Espanha, vê o Real Madrid crescer às custas de seus tropeços. Na Europa, segue em busca de um rival à altura. E o futuro é ainda mais promissor. A garotada das canteras do clube agrada a todos, e já passa a beliscar vagas no profissional. Thiago e Rafael Alcântara, Cuenca, Tello...entre outros. Gente boa, nova, e de um nível tremendo. Isso é Barcelona.

segunda-feira, 19 de março de 2012

O jogo da vida de Muamba









Nada mais importa quando a luta pela vida ofusca qualquer outra disputa. O congolês Fabrice Muamba não era titular absoluto do Bolton, mas lutava a cada jogo para estar entre os onze escolhidos pelo técnico Owen Coyle. Na partida válida pela Copa da Inglaterra, na última sexta-feira, contra o Tottenham, ele foi um dos escolhidos. Mas não terminou o jogo entre os onze. Acabou, sim, como o mais aplaudido pelo estádio, mesmo sem ter tido uma atuação brilhante. Foi também o mais citado nas redes sociais, nas manchetes de jornais. E nas orações dos ingleses, congoleses e amantes do futebol. A partida não foi só ofuscada, mas também cancelada. No jogo da vida de Muamba, o futebol não vale nada. Uma lição que a vida nos dá.

A repercussão ganhou o planeta em instantes. Em volta do Reebok Stadium, a casa do Bolton, flores não param de chegar e se juntar às mensagens de apoio em camisas, cachecóis com as cores da equipe. Fotos do meio-campista também colorem o ambiente pesado. O semblante dos torcedores que por ali passam não deixa dúvidas de que o momento é de reflexão. E de esperança. Na ânsia por dias melhores, jogadores, dirigentes e torcedores dos mais diversos clubes se unem e trabalham em cima de uma mesma causa.

É nessas horas que o futebol perde espaço para as emoções da vida humana. O infarto sofrido pelo jovem volante de 23 anos sensibilizou a todos que estavam dentro do White Hart Lane na sexta. E tocou o mundo em instantes. Na era das mídias convergentes e do mundo integrado, não é preciso muito para unir diversos segmentos da sociedade no apoio a um jogador de futebol. Na luta pela vida, os aplausos independem de religião, torcida, grupo social.

Mas há sempre um engraçadinho para fazer uma piada. Ainda mais com o advento do twitter. O bobo da vez foi rapidamente pego pela polícia galesa. E preso. A exceção que foge à regra não tem o que acrescentar na torcida pró-Muamba.

Interessante, mesmo, é a forma como o futebol, ou melhor, o esporte em geral sensibiliza as pessoas. O espetáculo produzido pela mídia eleva as cenas do filme da vida real a um patamar astronômico. O inédito ganha uma força sobrenatural, e se sobrepõe aos fatos do cotidiano, aos fatos comuns, aos lances normais de uma partida de futebol. O mais impressionante é a repercussão causada por um problema de saúde de um jogador. É como se ele, por estar ali, tão evidenciado pela televisão, pela imprensa, fosse imune a qualquer tipo de problema de saúde de uma pessoa “normal”.

As pessoas não acreditam. Os torcedores ficam abismados. O ídolo deles está no hospital como aquele parente doente. E logo a vida nos dá mais uma lição: somos todos seres humanos. O profissional, com todo aparato técnico e médico que recebe diariamente, com todos os recursos que o sucesso profissional lhe rendeu, também sofre com fatalidades. Como Muamba. E talvez por isso, chegue com tanto impacto às pessoas, ao público em geral.

Porém, assim como tantos desconhecidos ganharam seus minutos de fama com superações e milagres da vida e da ciência, o ídolo, o jogador famoso também pode ter essa sorte. A nós, torcedores, dirigentes, jogadores, jornalistas, médicos, cidadãos, seres humanos, cabe torcer e rezar. E perceber que a vida nos dá aulas diariamente.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Flamengo dos extremos precisa aprender a jogar a Libertadores














O Olimpia teve chances suficientes para conseguir um empate no Engenhão. Contra um Flamengo que, na maior parte do jogo, atacava, mas deixava espaços atrás, era fácil travar um duelo equilibrado. Ainda assim, pelo menos nos primeiros minutos do segundo tempo, pôde se ver a melhor versão do time de Joel Santana. Por ironia do destino, os últimos 15 minutos também marcaram a pior delas. Contraste de extremos.


E não é que a goleada rubro-negra se desenhou no segundo tempo? Já com o 1 a 0 no placar - em belo gol de Bottinelli -, a torcida foi à loucura com o início de segundo tempo do time. Muralha era um monstro, Luiz Antônioi entrara no jogo para dele não sair mais. E ainda havia um Ronaldinho inspirado e querendo jogo.

Love driblou o goleiro e foi derrubado. As vaias que Ronaldinho se acostumou a ouvir deram lugar a aplausos e gritos de seu nome. Pênalti indefensável. Flamengo 2 a 0.

Nem deu tempo do Olimpia respirar. Bola de R10 para Luiz Antônio. De Luiz Antônio para o gol. Poucos toques. Toques corretos. Belo gol. Explosão de alegri rubro-negra no Engenhão.

Mas ainda havia um jogo. Cerca de 20 minutos de futebol.

O Fla relaxou. Tomou um gol de falta. Dentro da normalidade.

Só não estava previsto um apagão geral no fim. Em 15 minutos, o Olimpia fez outros dois gols, empatou o jogo e calou o Engenhão.

Entre as péssimas mexidas de Joel, as falhas individuais de González e Galhardo e o desespero de David Braz, havia o despreparo de um time basicamente jovem. Desacostumado a competições do porte de uma Libertadores.

A verdade é essa. O Fla de ontem não soube jogar Libertadores. No segundo susto, com o 3 a 2 no placar, era hora de administrar o resultado, tocar a bola, gastar o tempo, fazer cera. Mas David Braz resolveu lançar Ronaldinho. Errou o passe. O erro deu origem ao terceiro gol paraguaio.

Nos acréscimos da partida, uma aula dos paraguaios de como segurar um resultado, de como jogar uma Libertadores. Com os erros, o Fla tem muito a aprender.

terça-feira, 13 de março de 2012

Com ataque arrasador, Bayern impressiona a Europa e pode sonhar com final em casa



Houve quem apostasse numa zebra suíça nesta terça-feira, pelas oitavas de finais da Champions League, na Allianz Arena. Mas o fato é que, inspirado e sem desfalques, o Bayern de Munique é um time muito difícil de ser batido. Sobretudo diante de sua torcida e seu campo. Assim, então, é uma missão quase impossível. O Basel não só viu o sonho de fazer história numa competição continental sucumbir em minutos, como uma humilhação ser construída rapidamente: 7 a 0 para os alemães, com direito a show de bola.

O ótimo desempenho do time da casa começa pelo ataque. Tanto com como sem a bola, Ribéry,Müller, Robben e Mario Gomez se destacam. A marcação começa com eles, com o sufoco à saída de bola adversária. A roubada de bola normalmente acontece com rapidez. E a jogada flui com uma facilidade incrível. Pelos lados, por dentro, com os laterais Lahm e Badstuber apoiando, com os volantes Kroos e Luiz Gustavo chegando por dentro...O Bayern, nos seus melhores dias, parece uma máquina de fazer gols. E vai impressionando a Europa aos poucos.

Foi assim nos últimos dois compromissos – incluindo a goleada de hoje. No final de semana passado, pelo campeonato alemão, com outros impiedosos sete gols sobre o Hoffenheim, que ao contrário do time suíço, conseguiu marcar, ao menos, um gol de honra. Duas atuações memoráveis de um time que busca o gol, que ataca, sufoca o adversário durante toda a partida.

Mas os elogios já chegam a Munique há algum tempo. Desde o início da temporada, o Bayern tem um dos melhores ataques do continente. No campeonato nacional, persegue o líder Borussia Dortmund. Na Champions, vai sonhando cada vez mais alto com uma final histórica em casa. E com razão. Trata-se de um time muito forte.

Isso tudo sem o maestro Schweinsteiger, lesionado já há alguns meses. No entanto, o elenco recheado de opções não deixa uma lacuna sem preenchimento na equipe. O jovem Tony Kroos assumiu o lugar do experiente camisa 7 com eficácia. Hoje em dia, é um dos pilares da equipe. Prova disso são suas recentes e cada vez mais frequentes convocações para a seleção alemã. Aliás, selecionáveis não faltam ao time titular e ao elenco do Bayern. Entre os onze titulares, somente Luiz Gustavo, do Brasil, não é convocado com frequência para defender sua seleção. O nível é altíssimo.

Para quem restringe o favoritismo da Liga dos Campeões à dupla Real Madrid e Barcelona, o Bayern manda um simples alerta. E é sempre bom lembrar que a final deste ano será disputada em...Munique. Quem acompanha futebol alemão, certamente não ficará surpreso se a festa for feita em casa pelos donos dela.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Messi, Neymar e a história sendo escrita

Cruel. O tempo é cruel. E também genial. O tempo é, antes de tudo, ambíguo. Da mesma forma como não nos permite ter noção da realidade com a velocidade com a qual passa, nos faz perceber quão importante foi o passado quando passa ainda mais veloz. A história sendo escrita aos nossos olhos, e sequer conseguimos perceber.O futebol, assim como o tempo, é cruel. Não nos deixa ter a noção correta do tamanho de alguns atletas. Do grau de importância de alguns gênios que estão marcando o nome na história.

O que Messi fez hoje, contra o Bayer Leverkusen, muitos outros já fizeram – talvez não no mesmo contexto, mas com os mesmos números. O que Messi faz há anos poucos fizeram. Monstros fizeram. E a previsão do que Messi ainda fará é assustadora. Ele só tem 23 anos. E o mundo aos seus pés.

O que Neymar fez hoje, contra o Internacional, muitos já fizeram. Houve até quem já fez mais. Mas o que Neymar vem fazendo desde 2010 é algo de outro mundo. Do mundo de Messi, Pelé, Zico, Maradona. Do mundo da história do futebol. Craques consagrados em qualquer almanaque esportivo.

A história sendo escrita na nossa frente. E tem gente que ignora as manchetes, desliga a TV, ignora a internet. E ainda põe a culpa na mídia. Tem gente que é difícil de ser entendida. Gente que briga com a verdade, com os fatos, com um dos maiores prazeres dessa vida.

No show de Messi, na magia de Neymar, quem ganha é o futebol.

Hoje não se merece discutir quem foi, é ou será maior. Hoje é um dia para se brindar o bom futebol. A história. E viva Neymar. Viva Messi.

Daqui a alguns anos, vou poder chegar para meu neto, abrir um sorriso e dizer: eu vi Messi e Neymar jogarem. Até lá, haverá recursos suficientes para o fazer voltar no tempo e viver um sonho. Sonho que nós não percebemos que estamos vivendo.

Giro pelo mundo

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