" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Lucas não pode ser reserva. E Cortês é a boa nova para Mano

( Foto: Reuters ) Lucas e Cortês comemoram um dos gols com Borges e Neymar

O Brasil tinha o jogo sob controle, mas arriscava pouco. Contra um Argentina completamente fechada, era difícil encontrar espaços para adentrar a grande área e finalizar. Era necessário apelar à individualidade. Assim, quase que Lucas e Neymar abriram o placar. Mas foi em um rápido contra-ataque, iniciado por Cortês, intermediado com um passe inteligentíssimo de primeira de Danilo e concluído com muita velocidade pelo melhor em campo, o garoto são-paulino Lucas, que o Brasil abriu o placar em Belém.

Lucas foi o melhor em campo mesmo só tendo jogado até a metade da segunda etapa. Ele não pode ser reserva de Fernandinho ou Jádson. Pela promessa que é, e pelo que joga com a camisa amarelinha, precisa ser titular. Nesta quarta, esbanjou disposição, velocidade e intensidade com a bola nos pés. Sem ela, voltava para ajudar como Ronaldinho, dessa vez o meia-articulador central do 4-2-3-1 armado pelo técnico Mano Menezes. Na linha de armadores, ao lado do Gaúcho, à esquerda jogava Neymar e à direita Lucas.

O camisa 7 poderia ter tido ainda melhor atuação se Danilo tivesse o ajudado mais. Sem subir muito ao ataque, o lateral-direito não criava uma alternativa para Lucas, duplamente marcado por Guiñazu e Papa. Justamente o contrário do que acontecia na esquerda, onde Neymar tinha o apoio constante de Cortês, o segundo melhor jogador da partida, grata surpresa para Mano Menezes.

Foi do lateral botafoguense que saíram as jogadas dos dois gols. O primeiro em belo contra-ataque. O segundo, em jogada pelo lado esquerdo, com direito a cruzamento primoroso de Diego Souza, que havia acabado de entrar, para conclusão mascada de Neymar.

Com Fred em campo no lugar de Borges, que fez ótimo primeiro tempo mas caiu de produção no segundo, o Brasil teve chances de construir uma goleada. Mas preferiu dar show. Dribles, passes de efeito, gritos de olé e uma apresentação digna de astros como Neymar e Ronaldinho Gaúcho.

Campeão com merecimento. Campeão com sobras. Campeão em casa, como todos esperam que seja em 2014. Com Neymar e Lucas. Com Ronaldinho e Cortês? O tempo responderá.


domingo, 25 de setembro de 2011

Domingo de Diego Souza, novamente protagonista




Para muitos, o empate por 2 a 2 entre Botafogo e São Paulo foi o melhor jogo da rodada. Este que vos escreve concorda. No entanto, não houve, neste domingo, um jogador mais brilhante que Diego Souza, autor dos 3 gols da vitória vascaína por 3 a 0 sobre o Cruzeiro, em Sete Lagoas. Com o talento simbolizado pela camisa que veste, o meia vascaíno é um dos grandes responsáveis pela conquista da Copa do Brasil e pela posse da liderança do Brasileiro.

Depois de um 2010 e um início de 2011 muito fracos com a camisa do Atlético Mineiro, Diego reencontrou no Vasco o seu melh0r futebol e voltou a ser protagonista no cenário nacional. Assim como nas suas melhores fases com as camisas de Grêmio e Palmeiras. Na semana passada, foi inclusive chamado pelo técnico Mano Menezes para defender a Seleção na disputa do jogo de volta da Copa Roca, na próxima quarta-feira, em Belém.

Realmente a fase de Diego Souza é esplendorosa. A maior prova disso foi sua atuação neste domingo, uma tentativa de resumir a sua importância para o time cruzmaltino atualmente. Meia-atacante, Diego honra a nomenclatura na hora de desempenhar a função que lhe era pedida por Ricardo Gomes e passou a ser por Cristóvão Borges. Tanto arma, como finaliza. Tanto dribla, como dá assistências. Diego Souza é um baita meia-atacante, completo mesmo, daqueles que resolvem um jogo e até um campeonato.

O temor que a torcida vascaína tem de ter é quanto a sua regularidade. As suas melhores fases não chegaram a durar mais do que um ano. Daí ter surgido a alcunha de "vaga-lume", extremamente rejeitada pelo craque vascaíno.

Se conseguir se manter em alto nível ao menos até o final do ano, dando assistências, fazendo golaços e sendo importante como foi neste domingo, Diego Souza é sério candidato a Craque do Brasileirão. Para isso, precisa de regularidade. Talento, ele tem de sobra.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Gasperini foi a vergonha de Milão. Figo é opção interessante

Uma pequena demonstração do conhecimento tático de Figo, orientado na imagem por Felipão


Foram cinco partidas e quatro derrotas. Desempenho pífio para quem deveria brigar por títulos nas competições que disputa. Visivelmente sem o controle do time, perdido em todos os aspectos, Gian Piero Gasperini provou que não está preparado para assumir uma equipe do tamanha da Inter de Milão. Depois de uma temporada muito boa à frente do Genoa, terminando o campeonato italiano na quinta colocação, foi a vergonha de Milão. Superou até mesmo os piores momentos dos seus antecessores Leonardo e Rafa Benítez.

Demitido nesta quarta-feira, o técnico pode dar lugar ao português Luís Figo, que se aposentou jogando com a camisa da Inter. O ex-jogador concorre, segundo a imprensa italiana, com os italianos Claudio Ranieri, ex-Juve, e Delio Rossi, que faz trabalho mediano no modesto Palermo. Apesar de mais experientes, os italianos não parecem ser a melhor opção no momento, que é de mudança, transformação. Daí se tornar bastante interessante uma aposta em Figo.

Meia cerebral, brilhante por onde passou, Luís Figo sempre teve ótima visão de e do jogo, além de um senso tático impressionante. Inteligente dentro e fora de campo, é daqueles ex-jogadores que podem, facilmente, continuar trabalhando no ramo futebolístico. Sobretudo como dirigente ou...técnico de futebol. Ainda sim, seria apenas uma aposta da diretoria, sem a menor previsibilidade de sucesso ou insucesso. Definitivamente, uma aposta.

Há bons e maus exemplos de jogadores do mesmo nível de Figo e com as mesmas características do português que deram ou não certo como técnicos ou dirigentes. Zico é um bom exemplo como técnico; um péssimo como dirigente. Leonardo era ótimo meia, não foi bom técnico mas é excelente dirigente. A verdade é que os fatos variam de acordo com a heterogeneidade dos exemplos.

E não custa nada apostar em Figo. Pelo jogador e profissional que foi e ainda é, por conhecer quase todos no grupo de jogadores e funcionários do clube, por ser querido pela torcida e por milhões de outros motivos menores. A Inter precisa de uma mudança, talvez de uma renovação. Nem que seja uma renovação de ânimo. Figo parece ser o cara certo. Ou, ao menos, a melhor opção no mercado.

Enfim, não custa apostar em Figo.

domingo, 11 de setembro de 2011

O Coritiba que goleia e busca novas metas

Numa das melhores atuações coletivas do ano, o Coritiba atropelou o Palmeiras, em maio, em pleno Couto Pereira, se defendendo e jogando sob um ritmo alucinante. Os 6 a 0 no placar resumiram o que foi o jogo: basicamente ataque contra defesa. Neste domingo, diante de um Botafogo em alta no campeonato, quase tudo se repetiu. Com um gol a menos, todavia. Outro atropelamento em Curitiba. Outro atropelamento do time de Marcelo Oliveira.

Novamente o Coxa soube impor seu ritmo. Baita ritmo. Marcando sob pressão no campo de ataque, quando perdia a bola, já sufocava imediatamente a defesa alvinegra. Os contra-ataques rivais eram raridade. E os gols não demoraram a sair.

É assim que o Coritiba cresce no campeonato depois de um momento de oscilação. Fora de casa, marca forte, trabalha a posse de bola e cria oportunidades. Dentro, é na base da pressão. Da verticalização das jogadas, da intensidade. E por isso as goleadas têm sido tão frequentes no Alto da Glória.

Com 32 pontos - 24 obtidos dentro de casa -, Marcelo Oliveira tem a noção exata pelo que pode brigar neste ano. E não se contenta com a Sul-Americana. Mas também evita falar em Libertadores. Só sabe que, se continuar jogando bem em casa e aproveitando as chances que tem fora, conseguirá uma vaga que não vem desde 2004. O Couto Pereira lotado merece.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Tite mexeu bem, decidiu. E Ronaldinho joga sozinho no Flamengo




Quarenta e cinco minutos. Falta para o Flamengo no meio de campo. Ronaldinho está cansado. Mas se esforça para jogar mais uma bola na área. A zaga corintiana alivia o perigo. Ronaldinho põe as mãos na cintura, e perde o foco. Totalmente desestimulado, parece não acreditar no que vê. Depois de tudo que fez, tem de aceitar mais uma derrota. Já são 7 jogos sem vitórias.

O curioso é que são os próprios companheiros que desmotivam Ronaldinho. A zaga falha feio todo jogo; Willians nem de longe lembra mais o volante dos desarmes certeiros e dos passes menos errantes; Maldonado, sem ritmo, enfraquece ainda mais a marcação no meio; e pra piorar, Thiago Neves segue apagado, diminuindo o leque de opções ofensivas, já esvaziado pela inoperância incrível de Deivid. A verdade é que Ronaldinho joga sozinho. Menos mal que Felipe também vai bem, salvando o time de resultados piores.

Se não fosse o camisa 1 rubro-negro, os 2 a 1 aplicados pelo Corinthians nesta quinta-feira, no Pacaembu, poderiam ter se transformado facilmente numa goleada impiedosa. Até porque o time de Tite gosta de atacar, tem ritmo ofensivo interessante e costuma manter a força ofensiva durante boa parte dos 90 minutos. Às vezes, o time cai de produção e as jogadas não fluem em determinada parte da partida. É aí que o treinador entra em ação.

Assim como em outros jogos no ano, Tite voltou a mexer de forma decisiva. Mesmo tendo visto seu time dominar o jogo durante os dois tempos e merecer a vitória, precisou tirar Willian do banco para mudar o panorama do jogo. No 4-3-3, abriu ele e Emerson pelos lados para forçar os cruzamentos na área, temor de Luxemburgo.

Deu mais do que certo. Virada. Com show de eficiência de Liédson. E muita disposição e, sobretudo, confiança. Virtudes das quais, atualmente, o Flamengo não pode gozar. É difícil cravar perspectivas. Mas, sem dúvidas, é difícil crer que o time de Luxa siga firme na briga pelo título.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Um ano sem Maraca: o pesadelo que não termina

Sequer houve uma despedida, um aviso prévio. Um último adeus. De repente, lá se foi a nossa casa. Depois de tantos clássicos, tantos jogos inesquecíveis, tantos lances memoráveis, tantos gols, ver um jogo praticamente sem emoção, sem gols, sem história pra contar, doeu.

Só não dói mais que a saudade progressiva que ainda pode durar mais dois anos e a incerteza de um futuro totalmente misterioso.

Há um ano atrás, parecia que se tratava de um breve pesadelo, com data exata para terminar. E sem conseqüências graves.

Mas nós caímos na real. E o pesadelo, na verdade, era a realidade. Primeiro, lá se foi o gramado verde, inconfundível. Perfeito. Depois, as inesquecíveis arquibancadas, templo sagrado dos cariocas. E dos paulistas, mineiros, brasileiros, argentinos, uruguaios, gringos em geral. Local onde todos se conheciam e eram iguais, independente de raça, origem, classe social, religião.

O teto derrubado doeu ainda mais. Doeu como uma última facada num assassinato cruel, sem volta. Sem solução. Estão tirando um pedaço do nosso coração. Para ser sincero, já tiraram. Sem dó. Sem medo de ferirem o sentimento de milhões de pessoas.

Eles conseguiram tirar a nossa casa de nós mesmos.

E isso não se faz.

Vermelho, azul, brilhante, ecológico, milionário, proveitoso, lucrativo...Não importa. Queremos a nossa casa de volta. Com a geral mais famosa do planeta, as cadeiras sociais, as arquibancadas mais lindas de todo o mundo.

Seria tão bom se tudo voltasse como era antes.

Eu sonho com esse dia. Sonho mesmo. Sonho com as ruas cheias de torcedores, repleta de cores, sons e muita alegria. Sonho com o retorno das barraquinhas de churrasquinho. Até do cheiro de urina impregnado nas árvores próximas e nas paredes – de forma irresponsável, diga-se de passagem - eu sinto falta.

O tempo voa, mas está difícil de suportar. É uma das missões mais árduas viver sem a nossa casa. O nosso estádio. O nosso templo. Torço, rezo, confio. E tenho certeza que um dia serei recompensado, podendo, enfim, acordar deste pesadelo que me assola. Para, quem sabe, começar a sonhar acordado.

Um ano sem Maracanã. Dor inexplicável. Saudade sem tamanho.

Volta logo, Maraca!

Por que Damião




No seu primeiro planejamento, Mano Menezes trabalhava com a ideia de montar um time para 2014. E, logo de cara, já tinha na cabeça algumas peças que poderiam ser usadas até lá. Como a dupla de volantes formada por Ramires e Lucas Leiva. Na frente, Neymar tem vaga garantida, salvo por uma exceção catastrófica. E jogaria ao lado daquele que Mano considera o melhor centroavante para encaixar no time: Alexandre Pato.

Mas Pato não correspondeu às expectativas em 1 ano de trabalho. Sem ter uma grande atuação, foi titular sempre que esteve à disposição. No início, reclamava da falta de entrosamento. Agora, reclamam dele. Preciosista demais, perdeu gols que nenhum atacante pode perder quando briga por vaga no time titular. Principalmente quando se trata de seleção brasileira. E perdeu espaço.

A última lesão do atacante do Milan o tirou do amistoso contra Gana, abrindo espaço para Leandro Damião, o melhor centroavante em atividade no Brasil. Matador nato, o camisa 9 do Internacional não costuma desperdiçar oportunidades. Em todas as suas estreias, marcou o gol da vitória. Nesta segunda-feira, estreou como titular de seu país. E não foi diferente. Passe de Fernandinho, chute cruzado. Fatal. Gol de centroavante. Gol de Damião.

Camisa 9 clássico, que dá poucos toques na bola antes de concluir certeiramente. Atacante que sabe se posicionar dentro da área e tem velocidade para se movimentar fora dela. Damião é o cara do momento no Brasil. Ele cheira a gol. Por isso, merece ser titular da Seleção. É o centroavante ideal.

Pode não ser o cara que Mano esperava. O técnico da seleção sempre depositou muita confiança no futebol de Pato. Para ele, a 9 era uma das poucas camisas que tinha quase um dono certo em 2014. Hoje, Mano já não pensa assim. Não só porque Pato vai mal, mas também porque Damião se adapta ao time. Ao esquema.

Mesmo não tendo a mesma facilidade que Alexandre Pato tem para sair da área e buscar o jogo nas pontas, no meio, abrindo espaços para os meias que vêm de trás, Damião, aos poucos, se encaixa no 4-2-3-1 idealizado por Mano Menezes. Nesta segunda, deu provas disso. Foi um dos melhores do time. E marcou o gol da vitória como um 9 que Mano quer ver: saindo da área, fugindo da linha de impedimento e entrando cara-a-cara com o goleiro. Na conclusão, a precisão de sempre, o seu grande diferencial.

A cada dia mais, entre gols e mais gols, Damião prova ser o cara certo para vestir a camisa imortalizada por Ronaldo. E ser o novo cara de 2014.

Giro pelo mundo

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