" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




terça-feira, 29 de março de 2011

"Não contrataria Adriano nem se fosse presidente de um clube qualquer"

O assunto dominou o noticiário esportivo e as mesas-redondas nos últimos dias. Diversas opiniões apareceram. Uns apoiam Luxemburgo, outros discordam do veto do treinador rubro-negro na questão Adriano, que acabou acertando com o Corinthians, por indicação de Ronaldo, o que gerou, inclusive, o rompimento das relações profissionais do Imperador com o seu ex-agente, Gilmar Rinaldi. Tentando fugir um pouco do senso normal brasileiro e das opiniões cá encontradas, o blog entrevistou o jornalista italiano Adriano Seu correspondente da Gazzetta Dello Sport. Xará do Imperador, Seu falou sobre os problemas de Adriano, o sentimento dos torcedores da Inter e da Roma e afirmou que, na Europa, atualmente, não há espaço para Adriano, diferentemente no Brasil. “Aqui ele recebe tratamento de estrela. Lá, ele é só mais um.” Perguntado se contrataria Adriano se fosse dirigente do Corinthians, Seu deu um veto imperial. Afinal, ele conhece de perto a pessoa Adriano, e sabe o quão difícil é colocá-lo na linha.

Confira abaixo a entrevista completa.

Resta, ainda, algum respeito a Adriano por parte dos italianos?
Logicamente sempre tem que existir o respeito pela pessoa. Acho mais certo falar de respeito pelo jogador, e nesse caso já tem muito pouco. É só ler os comentários dos leitores en qualquer site, ou pela rua, e os que mais os desprezam são os torcedores da Inter e da Roma. Não é uma casualidade. Os torcedores italianos, e o futebl italiano em geral, tiveram muito respeito por ele, e a demonstração disso é ele ter guardado o apelido de Imperador mesmo sem mostrar esse nível há 6 anos. O pior é que, há pouco tempo, muita gente achava o Adriano um grande jogador atrapalhado por sérios problemas pessoais. Mas agora a gente começou a se convencer que nem um grande jogador ele é. Ele pediu desculpas demais, voltando sempre a cair nos mesmos equívocos. Infelizmente, esgotou o seu crédito com o futebol italiano.

Existe um sentimento de ódio por parte dos romanos?
Não sei, "ódio" é uma palavra forte demais talvez. Mas com certeza o torcedor da Roma tá muito bravo por causa de ele ter um contrato milionário e não ter mostrado a mínima profissionalidade. Numa época onde o futebol e a sociedade toda enfrentam crises econômicas, a Roma fez um grande esforço financiero para contratá-lo, e acho que Adriano não pode justificar o seu fracasso simplesmente com as lesões sofridas. A gente não esquece que ele, depois de treinar 3 meses, ainda tinha sobrepeso. Além disso, mesmo com todos os problemas que você tem, ainda mais se você nao está jogando nada, precisa cuidar mais do lado profissional. Não pode faltar aos treinos, não pode se atrasar, e sobretudo não pode sempre gerar polêmicas falando com a imprensa que quer voltar para o Brasil. Você prometeu que ía voltar pra pagar a sua dívida com o futebol italiano, pois entao vai se aplicar, não tem outra. Enfim, acho que o torcedor romano sente-se humilhado.


Quando se desligou da Internazionale, Adriano voltou ao Brasil declarando estar cansado do futebol e armando uma possível despedida do esporte. Mas bastaram alguns dias para o Imperador acertar com o Flamengo. Esse acerto com o Fla pegou os dirigentes nerazzuri de surpresa? Eles se sentiram traídos?

Com certeza. O sentimento do torcedor interista foi de traição. Ele sentiu que o Adriano fez uma "mala jogada" e não foi honesto. Simplesmente o que o torcedor pensou foi: ‘como é isso? O Inter deixa você ir sem ganhar dinheiro nenhum depois de ter pagado o seu (alto) salário por vários anos, somente porque você sofre de depressão. E dois meses depois você assina com outro clube? ‘.Isso foi feio. Se para o Adriano o dinheiro nunca importou, então ele tinha que voltar para o Inter depois de sair do Flamengo, e logicamente sem exigir um salário milionário. Somente isso assim o torcedor interista entenderia e perdoaria Adriano.

Adriano chegou à Itália jovem, e por alguns anos brilhou intensamente com a camisa nerazzuri. Quando foi que o Imperador se perdeu?
Adriano perdeu seu nível de jogo a partir do ano de 2006. Foi aí que o Imperador desapareceu. O Adriano mesmo contou várias vezes o estilo de vida que tinha, e que muitas vezes chegava ao treino bêbado e o treinador tinha que mentir à imprensa.

Na Roma, o Imperador recebia um salário altíssimo e pouco jogava. Muita gente contestava a veracidade dos valores contratuais do atacante com a Roma. Você tem alguma informação a respeito?
Não, só sei o que foi divulgado.

Se você fosse presidente do Corinthians, contrataria Adriano?
Sinceramente? Não contrataria Adriano nem se fosse presidente de um clube qualquer.

Certa vez, o presidente da Internazionale defendeu as famosas noitadas de Vieri por meio de seus gols. Na sua opinião, Adriano consegueria aliar as baladas às boas atuações?
Quando ele voltou ao Mengo demosntrou que tinha o nível pra se destacar no Campeonato Brasileiro, mesmo seguindo um estilo de vida nada profissional. Ele gostava das festas e das noitadas mesmo quando estava no Fla. Ele faltava aos treinos e se atrasava mesmo quando estava no Fla. Só lembro o que Zico falou pra mim numa entrevista do ano passado, pouco depois da notícia de que Adriano tinha acertado com a Roma: ele falou que o Adriano, mesmo assim, era destaque no Brasil e podia fazer muitos gols, mas se quisesse triunfar na Europa, teria que mudar radicalmente. Pois o que aconteceu nos últimos 8 meses demonstrou que ele não mudou, então não tem mais o nível pra jogar na Europa. Mas, como falou Zico, ele tem sim pra jogar no Brasil. E não acho isso menosprezar o futebol brasileiro, de maneira nenhuma. Só é um futebol diferente, com menos pressão, ritmo mais lento e jogo menos puxado. Além disso, no Brasil o Adriano é tratado como estrela, e está no centro de um projeto, ao invés de na Europa, onde ele é um entre tantos e precisa ganhar seu espaço.Se perguntar o que acho sobre a nova aventura de Adriano no Timão, acho que ele vai fazer gols, importantes também, mas já não vai voltar mais Imperador. Acho que vai seguir com o seu estilo de vida, e o clube vai precisar proteger muito a sua imagem para evitar que ele se envolva em muitas polêmicas.

domingo, 27 de março de 2011

Cenitenário




A barreira já não respeitava mais os nove metros impostos pela regra. A torcida corintiana vaiava, numa tentativa de desestabilizá-lo. E a são-paulina rezava. Rogério Ceni, porém, parecia estar treinando, cobrando uma falta qualquer, seguindo normalmente o seu cotidiano. E estava. Com a mesma precisão de sempre, colocou a bola no ângulo, ingorando toda a pressão que envolvia a possibilidade de sair seu centésimo gol. A comemoração que foi diferente. Emocionante. Simplismente sensacional.

Talvez o centésimo gol da carreira de Ceni não tenha sido o mais decisivo, o mais importante, mesmo estando perto de atingir tal patamar. Contudo, no quesito beleza e perfeição, falta cobrada aos 9 minutos da segunda etapa nada deixa a desejar. Um golaço. De falta, como o próprio queria.

O gol 100 de Rogério incrementou uma tarde que já era feliz para os tricolores, e tornou-se perfeita devido a conjuntura de emoções vividas. Além da vitória num clássico, o fim de um jejum de 4 anos sem vencer o Corinthians e o centésimo gol de Ceni fizeram os tricolores explodirem de alegria. E de orgulho. Nunca houve um momento mais apropriado do que este para os são-paulinos dizerem: "Todos têm um goleiro, mas somente nós temos Rogério Ceni".

E, de fato, Rogério Ceni é único. E eterno. Não precisava fazer história marcando uma centena de gols para escrever de vez seu nome na História do futebol. Bastava salvar o São Paulo da forma como faz há mais de uma década. Também não precisava ser a pessoa fenomenal que é fora das quatro linhas. Mas Ceni é isso: ultrapassa os limites do bom, e não tem dificuldades para atingir a perfeição. Dentro e fora de campo.

Exemplo para os mais jovens, Rogério Ceni não deveria envelhecer nunca. Pois só assim o futebol conseguiria eternizar um goleiro fantástico, fiel a seu clube de projeção e coração, atencioso com os fãs e a imprensa. Mesmo assim, o camisa 1 são-paulino recebe críticas diárias, e, por incrível que pareça, é odiado por muitos. Só pode ser inveja. O futebol agradece, Rogério. E a vida segue, com a certeza de que jamais haverá outro goleiro assim.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Villa, a nova lenda espanhola



Quarenta e seis gols. Em setenta e dois jogos. Feito histórico, que nem o eterno Raúl Gonzalez conseguiu superar. É assim que David Villa encanta os espanhois. Além dos gols e das boas atuações, conta com recordes para surpreender e orgulhar toda uma nação. Depois de virar um jogo complicado contra República Tcheca nesta sexta-feira, válido pelas eliminatórias para a Eurocopa-2012, com dois gols, o atacante do Barcelona se consolidou como o maior goleador da História da seleção espanhola.

O primeiro tento de Villa com a camisa da ‘Fúria’ aconteceu em 2005, meses depois da sua primeira convocação para um amistoso contra San Marino. Depois de ficar no banco na estreia, Villa entrou em campo para marcar pela primeira vez com a camisa que o poria na história do futebol para sempre, contra a Eslováquia, em novembro.

O atual camisa 7 espanhol estava empatado com um mito que vestia o mesmo número às costas representando a Espanha. Até a partida contra os tchecos, Villa e Raúl se mantinham empatados, com 44 gols. No entanto, antes mesmo de Villa passar seu antecessor na contagem, o próprio já possuía uma média melhor: cerca 0,6 gol por jogo, contra cerca de 0,4 de Raúl.

Numa simples comparação entre os dois, é possível perceber que o oportunismo do goleador revelado pelo Sporting Gijón, mas que só foi aparecer para o mundo do futebol no Valência, é algo bastante raro e notável para o futebol moderno. Até mesmo nos campeonatos clubísticos, a média de gols de Villa é altíssima, desde os tempos de Mestalla.

A verdade é que David Villa já há algum tempo preenche com extrema eficácia o vazio no peito dos espanhois deixado por Raúl, que se retirou da seleção nacional. Em 2008, na primeira competição sem o lendário atacante do Real Madrid, a Fúria se sagrou campeã europeia, e Villa, novamente ele, foi eleito o melhor jogador do ano pela FIFA.

Se Raúl deixou muitas saudades e, principalmente, fez muita história não só em território espanhol, mas também europeu, Villa tem tudo para seguir o trilho dos atacantes inesquecíveis. E ultrapassá-los, como fez com Raúl. Com ainda alguns anos para poder brilhar ainda mais, a Espanha já tem um novo fenômeno: David Villa.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Ganso de saída



Quem não quer Paulo Henrique Ganso vestindo a camisa de seu clube? Talvez a maior revelação do futebol mundial na atualidade, o atual camisa 10 do Santos nunca se viu tão próximo da Europa. Depois de algumas reuniões com a diretoria santista, o jovem meia de apenas 20 anos não renovou contrato com o Peixe e, ao que tudo indica, após a Libertadores, embarcará rumo ao Velho Continente. O destino exato ainda não pôde ser definido pelo jogador e seu empresário, porém, o que não faltam são propostas.

Os primeiros grandes clubes europeus a manifestarem interesse na aquisição da jóia brasileira foram os rivais de Milão. A Internazionale quer a canhota de Ganso já há alguns anos, contudo esbarra na grande quantidade de estrangeiros de seu elenco, o que obrigaria os dirigentes nerazzuri a emprestá-lo a algum clube de menor porte durante um período. O Milan parece ser o grande favorito na briga. Depois de perder Ronaldinho, sente falta de um armador de origem no seu elenco profissional. E tem o respeito e a admiração do próprio jogador.

Ganso nunca escondeu seu desejo por jogar no futebol italiano. Chegou a revelar, certa vez, em uma entrevista a um veículo esportivo, que até nas competições de video-games durante as concentrações do grupo santista, escolhe times italianos. Quase sempre se dando o luxo de vestir a 10. De fato, no mundo virtual tudo parece mais fácil. Bastam alguns cliques, e pronto: Ganso está em qualquer time do mundo.

Na realidade, as coisas são bem diferentes. Apesar da nítida vontade do jogador em atuar fora do país, há diversos entraves numa possível negociação com Paulo Henrique. O principal deles é sua multa rescisória, estipulada em R$ 106 milhões. O próprio staff que cuida da carreira do jogador entrou com um pedido para a diminuição da mesma, ignorado pelo presidente Luís Álvaro Ribeiro, que se mostra cada vez mais irritado com o atual panorama.

O desejo do presidente do clube era a permanência do jovem astro até o fim de 2011. Todavia, diante de tantos obstáculos, o sonho de toda a torcida alvinegra está bem perto de se transformar num pesadelo. Nos bastidores, comenta-se que uma possível eliminação na Libertadores provocaria uma saída ainda mais prematura de Ganso, e que somente um Mundial de Clubes poderia salvar a pátria na Vila Belmiro.

Ganso parece estar cansado. E magoado com o clube que o revelou para o mundo do futebol. Os sete meses que esteve se recuperando de uma cirurgia no joelho direito serviram para abalar a relação do jovem meia com a atual diretoria. Segundo ele, os tratamentos dignos de um jogador querido pela torcida e impedido de entrar em campo não foram recebidos. Pelo contrário. Ganso disse ter se sentido “abandonado” e “esquecido”.

As discordâncias na formulação do novo contrato do jogador, que apareceram logo no início do ano, teriam sido o estopim da “novela” que envolve a renovação de contrato. A verdade é que hoje, em pleno mês de março, com o Santos precisando muito de seu talento em todas as competições que disputa, a cabeça de Paulo Henrique Ganso está bem longe dos gramados sul-americanos. De saída, um dos maiores camisas 10 que o futebol brasileiro viu irá, com toda certeza, deixar saudades.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Messi, há um ano como 'falso nove'


A inteligência demonstrada em campo possibilita a Messi jogar em qualquer faixa do gramado. Adaptável a qualquer posição, o argentino se faz parecer realmente um jogador virtual, editado para ser o melhor de todos os tempos, independente da função. Quando surgiu no Barcelona, há 5 temporadas, Lionel Messi gostava de jogar pelas pontas. Foi quase sempre pelo lado direito que “La Pulga” deixou os adversários para trás e boquiabertos com sua genialidade. Mas há exato um ano, o camisa 10 culé mudou de “ramo”. Sem perder as virtudes que o fazem o melhor do mundo.

Era 21 de março de 2010 em La Romareda quando Messi roubou a bola no meio de campo, driblou dois defensores, antes de passar pelo goleiro do Zagaroza. Um golaço. Típico de Messi. Eleito pelo próprio jogador o melhor da temporada. No entanto, o que mais chamou a atenção dos torcedores e da imprensa espanhola no momento foi o recuo de Messi, que havia sido escalado para aquela partida um pouco mais centralizado, quase como um centroavante. Ao recuar, Messi abriu espaços para os pontas, como um verdadeiro “falso nove”. Era a mais nova invenção de Guardiola.

Antes de pôr em prática definitivamente a idéia de ter Leo na função primeiramente desempenhada por Nándor Hidegkuti, craque da Hungria dos anos 50, Guardiola fez alguns testes. Contra o Real Madrid, o primeiro. E Messi correspondeu, sendo, como de costume, decisivo. O estopim para Guardiola tomar a idéia como certa foi a final da Champions League em 2009, contra o Manchester United. Messi foi perfeito. Jogo como um meia cerebral e, ao mesmo tempo, como um centroavante magistral. E provou estar pronto para ser o melhor “falso nove” do planeta.

Passou quase um ano até o treinador blaugrana perder o medo de ser feliz. O Zaragoza acabou sendo a grande cobaia do argentino, que na ocasião anotou um hat-trick, além de sofrer um pênalti. Desde então, foram 60 gols marcados, e incontáveis assistências. Messi, mais uma vez, correspondeu. E revelou, meses depois, que ele próprio estava insatisfeito na ponta e havia pedido para Pep uma nova posição. Juntou a fome com a vontade de comer.

“Assim eu fico mais perto da bola e dos meias, que sempre controlam a bola e armam o jogo. Tenho mais chegada de trás e vejo mais o gol. É como eu melhor me sinto dentro de campo.”, disse o argentino, ao jornal Marca, da Espanha, garantindo estar de bem com a nova função dentro de campo.

A referência que o Barcelona procurou por muito tempo com a saída de Samuel Eto’o e tentou encontrar em Zlatan Ibrahimovic, a contratação mais cara da história do clube e, provavelmente, a mais decepcionante, acabou achando no camisa 10 do time. Porque, de fato, não se trata de apenas um camisa 10. É o camisa 10. É Lionel Messi, um gênio que veste a 10, mas que joga como um “9”. Ou melhor, um “falso nove”.

sábado, 19 de março de 2011

Um arsenal de incertezas



A fase é das piores. A bruxa parece realmente estar solta no Emirates Stadium. E quando tudo parece ruim, a certeza é só uma: o panorama pode ser pior ainda. Depois de três eliminações consecutivas, incluindo uma perda de título traumática para o Birmingham City, o Arsenal tinha um jogo a menos e apenas um ponto de diferença para o líder Manchester United. Se vencesse o West Bromwich e o rival vermelho não passasse de um empate diante do Bolton, os Gunners voltariam a ser candidatíssimos ao título da Premier League.

Mas o início foi desanimador. Ainda apático em campo, o Arsenal demorou menos de 2 minutos para se ver atrás no placar. No jogo aéreo, o grande trauma da equipe dirigida por Arsène Wenger, o West Brom abriu a contagem. Almunia ficou olhando. O cartão de visitas costumeiro aos Gunners aparecia de novo.

Pra piorar, o Manchester pressionava os Wanderers no outro jogo da rodada. Ciene da situação dos Diabos Vermelhos, Wenger lançou mão do ataque, recuando Van Persie e colocando Chamakh e Bendtner no jogo. Contudo, o segundo tempo só foi pegar fogo no fim, quando mais uma falha bisonha da zaga londrina terminou em gol do ótimo nigeriano Odemwigie. O jogo parecia estar perdido para os vice-líderes. Parecia.

Há coisas que só acontecem com o Arsenal. O inacreditável tem lugar cativo no Emirates Stadium. E segue os Gunners por todo o mundo. De forma heroica, Arshavin diminuiu. Logo depois, o russo driblou dois marcadores e achou espaço onde não havia para cruzar na medida para o grandalhão Bendtner. Como de costume, o camisa 52 se atrapalhou e errou a finalização, que, por ironia do destino, acabou virando um passe. Van Persie, na base da garra, deu um carrinho e a bola foi caminhando lentamene, até ultrapassar a linha da baliza defendida por Carson.

A virada estava cada vez mais próxima. Mas o tempo passou, o Arsenal até pressionou...E nada. O empate permaneceu como um resultado desastroso para os Gunners. O que parecia ruim demais ainda teria como piorar. Veio a notícia de um gol do Manchester em Bolton. Agora sim, o que já era ruim, ficou pior ainda. Ainda no páreo, o Arsenal se vê num mar de dificuldades e incerteza. A frase "Keep the faith" ( "mantenha a esperança", em português) precisa ser levada a sério pelos jovens comandados de Wenger. No futebol, nada é impossível. É nisso que o Arsenal se baseia.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Invicto, Fla vence mas não convence




Em 16 jogos, apenas 3 empates e incríveis 13 vitórias. O retrospecto rubro-negro no ano é dos melhores. Campeão invicto da Taça Guanabara, o Flamengo segue a mesma trajetória na Copa do Brasil, ambição de Vanderlei Luxemburgo na temporada. Depois de eliminar o Murici(AL) com apenas um duelo, foi a vez do Fortaleza ser despachado pelo time carioca nesta quarta-feira, ao ser derrotado por 3 a 0 em casa.

Apesar das elasticidade do placar, o Fla novamente não jogou um futebol vistoso. Foi prático, sério e eficiente. Venceu como de costume em 2011, ainda sem convencer. O que vinha sendo normal nos últimos jogos se repetiu contra a equipe cearense: muita disposição por parte dos rubro-negros mas pouca empolgação no futebol da equipe. Luxemburgo até tentou mudar o panorama recente, escalando um centroavante de ofício, seu xará Wanderley, no lugar de Bottinelli, recuando Ronaldinho Gaúcho para sua posição de origem.

O artilheiro das comemorações emocionantes mostrou a garra de sempre, no entanto não foi tão eficaz como no início. Sem conseguir prender a bola na frente e fazer tabelas, acabou facilmente anulado pela dupla de zaga da casa. Teve a exibição salva pelo seu brilhantismo, faro de gol, no segundo tempo, após o voleio de Thiago Neves não dar certo e a bola sobrar livre para o camisa 33 cabecear, sem chances para o experiente Fabiano.

Ronaldinho também teve atuação apagada. Sem se movimentar muito na primeira etapa, pouco tocou na bola, apesar de participar do primeiro gol. No segundo tempo, continuou bastante sumido da partida, mas com lampejos praticamente resolveu o jogo, criando a jogada dos dois últimos gols.

Assim como o badalado camisa 10 rubro-negro, Luciano Henrique, o principal armador tricolor - ao menos, na teoria -, não foi bem. Foi, de fato, muito mal. Escondeu-se do jogo, perdeu bolas fáceis, errou passes bobos e acabou merecidamente substituído e vaiado. Enquanto isso, Bismark, Roniery e o veloz Reginaldo assustavam o lado esquerdo da defesa carioca, com boas tramas. Era pela direita que o Fortaleza crescia na primeira etapa. Até Renato acertar um chutaço de perna direita. Foi a senha para o Fla dominar o jogo. Sem freio, não demorou para a goleada aparecer.

Dentre os artistas do "Bonde sem freio", quem mais esteve perto de encantar a apaixonada torcida que compareceu ao Castelão foi Thiago Neves. Disposto, guerreiro, o camisa 7 não desistiu de nenhuma jogada. Correu, suou, armou, chutou. Fez de tudo um pouco. Chamou diversas vezes o jogo para ele, e, por pouco, não fez um golaço. No fim, cansou, mas, mesmo assim, acabou sendo o melhor em campo.

Na verdade, o que realmente encanta a torcida e a crítica é um dos trunfos da equipe comandada por Luxa: a seriedade. Seja contra o atual campeão brasileiro, seja contra o Olaria, seja contra o Fortaleza, a vontade de vencer é a mesma. Todo jogo é jogo sério no Flamengo, o que, de certa forma, evita o oba-oba no clube, facilitando a construção de vitórias independente da competição.

É assim que o Flamengo caminha rumo às glórias: sem muito brilho, mas com seriedade e disposição em alta. Um time bastante correto. Pelo menos foi o que pôde se ver na capital cearense. Com exceção do lateral Egídio, ainda em má fase, e do zagueiro Wellinton, cuja noite acabou sendo desastrosa, errando quase tudo que tentava. Exceções à parte, Luxa tem um time sério, organizado e bastante competitivo. O Flamengo chega forte em 2011. Invicto. Só falta encantar.

Foto: Vipcomm

terça-feira, 15 de março de 2011

Libertad, a salvação paraguaia



Quando se sagrou campeão da Taça Libertadores em 2002, vencendo a sensação da competição, o São Caetano, o Olímpia não jogava um futebol vistoso. Sem craques no elenco, foi na base da organização e da garra que a tradicionalíssima equipe paraguaia pôde levantar por mais uma vez na sua história o troféu mais importante do continente. Demorou 3 anos para outro clube paraguaio brilhar no torneio. O Libertad nunca foi campeão da América, mas chegou perto em 2005. Seis anos depois, novamente a equipe alvinegra enche o coração do país com boas novas, desta através de uma campanha ainda melhor.

Com 10 pontos em quatro jogos, o Libertad vê no pragmatismo típico de times paraguaios a sua chance de brilhar. Mandando seus jogos num estádio bastante acanhado, a equipe faz da sua casa o seu caldeirão, e não perde pontos por bobeira. Ademais, fora de casa joga com responsabilidade e extrema segurança. Joga de forma eficiente. E vence, apesar de, na maioria das vezes, não convencer, como nesta terça-feira, no triunfo mínimo sobre o fraco Universidad San Martín. Os três pontos valem ouro e, em Assunção, os fins também justificam os meios.

Apesar de possuir jogadores talentosos, como o capitão Bonnet, o atacante Maciel e uma das maiores promessas do país nos últimos tempos, o zagueiro Alborno, o Libertad não faz gosto de um futebol bonito, envolvente. Pelo contrário, por vezes se mostra um time “duro”, “pesado”, com bastante força no meio-campo. Um time que vê na vitória um pote de ouro. E briga até o fim para conquistá-lo, sem agradar, se preciso for. Marca sob pressão e sai muito bem em contra-golpes, além de ter uma bola aérea insistentemente treinada pelo ótimo

No entanto, ao contrário da maior parte de seus compatriotas, o Libertad não possui tantos defeitos. Sobretudo pelo senso de organização que a equipe possui. E pela disciplina imposta pelo seu treinador. Claro que a defesa falha vez por outra, seja no posicionamento, na técnica, mas raramente em bolas alçadas à área.

Talvez o grande ponto forte da equipe alvinegra seja a sua regularidade. É praticamente impossível ver o Libertad encantando com seu futebol. Contudo, da mesma forma é muito improvável ver o time jogando mal. Na base da garra, da obediência tática e da organização em campo, o clube conseguiu, antecipadamente, a classificação para a segunda fase da Libertadores 2011. Foi a primeira equipe a passar de fase, invicta até o momento.

Uma das explicações para o sucesso recente do time é sua torcida apaixonada, que costuma lotar o Nicolas Leóz, fazendo muito barulho e apoiando a equipe durante os 90 minutos. Nos quesitos tradição e popularidade, o Libertad de nada pode reclamar, somente agradecer por ser um dos maiores clubes do continente, talvez o maior no ponto de vista nacional.

Se não bastassem tantos motivos para fazer do Libertad um dos favoritos à conquista da Libertadores, uma razão que foge à regra legal, por ironia, enche seus torcedores de esperança. O presidente da Comenbol, Nicolas Leóz, é torcedor fanático do clube, cujo estádio recebe o nome do cartola. No mundo da malandragem e da corrupção, infelizmente não é surpreendente que uma torcida se anime com um fato como esse. Com razão, lamentavelmente.

No país das crises econômicas e do contrabando, é no futebol que muitos arranjam motivos para sorrir. Depois de uma boa campanha na Copa do Mundo de 2010, paraguaios vêem o futebol nacional se reinventar e renascer. Para dar continuidade a este processo de reformulação do esporte no país, nada melhor que uma campanha digna de time grande na Libertadores. Com virtudes adequadas para ir longe na competição sul-americana, o Libertad não vê a hora de fazer história.

segunda-feira, 14 de março de 2011

A crise que afunda o Boca



Não é de hoje que o Boca Juniors deixou de aparecer no noticiário esportivo sul-americano de forma positiva. Sem participar da Libertadores desde 2009 e há 3 anos sem conquistar títulos, a equipe mais popular da Argentina se afundou numa crise sem precedentes. Dos bastidores para o campo, afetando, ainda, a torcida, o furacão que passa pela Bombonera ofusca a tradição de um clube imenso, mergulhado em dívidas e dependente de seu passado vitorioso.

A grande crise política começou a afetar o Boca após a morte do ex-presidente Pedro Pompilio. Desde então, o clube vive momentos críticos de instabilidade política, que de forma lamentável, atingem o futebol. Fato é que tal crise acaba atrapalhando - e muito - o rendimento da equipe dentro dos gramados, acarretando campanhas decepcionantes e eliminações precoces.

Um dos pontos mais críticos da crise atende por nome e sobrenome: Juan Román Riquelme. O astro xeneize tem personalidade forte e uma facilidade imensa para rachar elenco, aumentar crises e atuar nos bastidores, ora contra técnicos, ora contra companheiros. Muda treinador, e Riquelme continua sendo o principal desafeto de todos os técnicos que passam pela Bombonera.

Tido como "ídolo eterno" por gigantesca parte da torcida, o camisa 10 do Boca Juniors raramente é criticado pelos torcedores, que, por incrível que pareça, ignoram as críticas e a realidade do meia, implorando pela sua permanência no clube e por sua presença nas partidas, sobretudo as decisivas.

Aos poucos, Riquelme parecia estar melhorando com a chegada do novo treinador, Julio Cesar Falcioni. O time chegou até a receber elogios, por boas atuações, quase todas sem o astro, a maioria ainda na pré-temporada, quando o clube conquistou, inclusive, um triangular amistoso. Parecia. Até ser barrado de um jogo do Clausura 2011. O tempo fechou. E a crise voltou. Com a derrota para o San Lorenzo, por 1 a 0, no último fim de semana, a crise aumentou, ganhando proporções inimagináveis.

Chega-se até a estuda uma possível demissão de Falcioni, que já não agrada mais a todos dentro do clube. Riquelme, mais uma vez, poderia ser decisivo atuando nos bastidores. O Boca vive dias nebulosos, e nem de longe é o papa-títulos que amedrontava o continente nas competições sul-americanas. Para reviver as glórias do passado, os xeneizes precisam, primeiramente, acabar com a crise. O primeiro passo para uma epopeia e tanto não pode demorar para ser dado. A América aguarda ansiosamente.

domingo, 13 de março de 2011

Muricy, é você?



Quando, em julho do ano passado, Muricy Ramalho rejeitou o convite de Ricardo Teixeira para ser o novo treinador da Seleção Brasileira, a alegação por parte do então comandante do Fluminense era de que ele "não rasgava contratos". Na verdade, o empecilho era a liberação por parte da diretoria tricolor, que não estava disposta a abrir mão de uma multa milionária. Afiando a ética moralista em seu discurso, Muricy seguiu em frente, na promessa de cumprir mais um contrato, como sempre havia feito.

Mesmo sem estrutura para treinamentos e afins, Muricy superou barreiras inimagináveis, lutou contra muitos que não acreditavam no seu sucesso à frente do "time de guerreiros", e foi campeão brasileiro pela quarta vez na carreira, tirando o Flu de uma fila de 26 anos. Acabou aclamado em pleno Engenhão, mais uma vez eleito o melhor técnico da competição.

No entanto, o ano de 2011 começou mal. No Carioca e na Libertadores. E nos bastidores. Tudo dando errado. E eis que, menos de um ano depois de assumir, e faltando ainda mais de outro ano de contrato, o capitão abandonou a embarcação. A bola puniu, sim, mas, desta vez, o trabalho, a ética e todas as virtudes morais que o homem Muricy Ramalho parecia ter, não apareceram para o defender. Parecem ter se perdido no tempo. No futebol. Na politicagem de quem pouco entende do assunto principal, e só contribuem para piorá-lo em todos os aspectos.

O que houve, Muricy? Prestes a jogar uma partida decisiva pela Libertadores, precisando de uma vitória em casa, pedes demissão do seu clube, que tanto precisa de você? Este não pode ser o Muricy que o Brasil conheceu nos últimos anos. E o pior: há quem garanta que ele já acertou com o Santos. E o discurso moralista, mal-humorado, típico dos momentos pós-derrotas? Nem ele apareceu. A moral sumiu. E na maior derrota de sua carreira, Muricy não falou. Omitiu-se. E se perdeu. Não só como técnico, mas como pessoa. Seu caráter foi por água abaixo.

Logo ele, que garantia não terminar contratos de forma prematura. Logo ele, que pregava a ética e o trabalho honesto acima de tudo. Não, Muricy, você não roubou, não infringiu leis, mas errou como um vagabundo sem caráter. E saiu sem mais nem menos alegando "falta de estrutura". Obviamente, falta, sim, estrutura ao Fluminense. Muita, por sinal. E há sinais evidentes de que a diretoria não estaria tão interessada em empenhar-se na tal reformulação e reestruturação do clube. Motivos de sobra para deixar Muricy irritado. E só. Jamais uma justificativa para uma demissão repentina.

Por mais que a saída de Alcides Antunes tenha colaborado - e muito - para a decisão tomada por Muricy Ramalho, o treinador errou feio. Como técnico, encantou a torcida, arranjou soluções para um time capenga de seus principais talentos e fez de Conca um craque não só de talento, mas também de regularidade. Como técnico, também decepcionou, com uma eliminação na Taça Guanabara, de forma frustrante, além de resultados negativos na Libertadores.

Contudo, foi como homem que Muricy mais errou. O caráter que parecia o caracterizar sumiu de repente. A gana pela vitória, vinculada às obrigações de seu trabalho, esvaziou-se em meio à crise dos bastidores. E Muricy jogou a toalha. Como um fraco, perdedor. Como um desistente.

Quando ele resolver se pronunciar, todos agradecerão. Esperamos que ele tenha uma explicação convincente para o episódio que ofuscou um Fla-Flu. E que volte a ser o Muricy do respeito, do caráter, da ética. O Muricy que trabalha, trabalha, trabalha...e vence. Pois este que nós estamos vendo agora, ninguém conhece.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Travado, Flu se complica na Libertadores




A situação que já era complicada se tornou dramática para o Fluminense. Com 4 pontos atrás do segundo colocado de seu grupo, o Tricolor precisará fazer milagre nos próximos jogos para conseguir se classificar para a fase seguinte da Taça Libertadores. Não restam mais alternativas senão vencer os três jogos, sendo dois fora de casa, contra o Nacional, em Montevidéu, e o Argentinos Juniors, em Buenos Aires. O jogo em casa é justamente contra o América do México, por quem a equipe acabou derrotada nesta quarta-feira, por 1 a 0, na capital mexicana.


Novamente, o Fluminense não atuou bem. Travado, parecia estar disposto a fazer de tudo para conseguir... o empate. Como um time pequeno, pouco atacou, fechou-se no 3-4-2-1 e acabou levando um gol numa das tantas falhas da insegura zaga composta por Digão, Leandro Euzébio e Gum. Desta vez, a falha foi mais de Digão, que escorregou e acabou dando condição para Márquez, livre, e em posição legal, marcar o tento da vitória.
Até Darío Conca, o craque do título brasileiro do ano passado, foi criticado nesta quarta. O argentino se esforçou, correu, tentou. Mas errou quase tudo. Muito mal na partida, acabou substiuído na segunda etapa.

O América venceu com justiça e autoridade. Melhor nos 90 minutos, buscou sempre o gol adversário, quase sempre organizado num 4-3-3 de movimentação interessante ofensiva. Na segunda etapa, as alterações de Reinoso foram essenciais para o triunfo em casa. Na hora certa e do jeito certo, o recém-contratado mudou o time para melhor, empurrando-o para o ataque, juntamente com a torcida. Deu certo. Márquez foi o amuleto da vez: entrou e decidiu.


A dificuldade do Fluminense em criar jogadas começava na origem das mesmas. A saída de bola precária do sistema defensivo, e a lentidão da transição defesa-ataque, minavam ainda mais a equipe comandada por Muricy Ramalho. Defensivamente, só Valência merece elogios. O colombiano anulou Montenegro enquanto esteve em campo. Foi justamente do pé direito do camisa 10 argentino que saiu a ótima enfiada de bola para Márquez marcar. Valência já sentira cãimbras e já se encontrava no banco de reservas. Seu substituto, Edinho ficou olhando a jogada que terminou nas redes de Berna.


Se o América entra cada vez mais vivo na briga por uma das vagas, o Fluminense parte, praticamente, para o "tudo ou nada". Três vitórias não são impossíveis para o Tricolor, porém é difícil imaginar um time jogando tão mal vencer jogos tão complicados. Inexplicavelmente, a equipe campeã brasileira joga como se fosse um time rebaixado. Poucos jogadores se salvam das más atuações, casos de Rafael Moura, Mariano e Ricardo Berna.


Para piorar, considerado por anos o melhor do país, Muricy Ramalho dá sinais de decadência. Precisando de pontos, escalou um time defensivo, de pouca mobilidade no sistema ofensivo e, mesmo diante desse panorama nos primeiros quarenta e cinco minutos, só foi mexer no meio da segunda etapa. Souza, um meia criativo e de técnica elogiável, não tem chances. Nesta quarta, só foi entrar aos 35 da etapa final. Explicações, onde estão? A bola pune.

terça-feira, 1 de março de 2011

O pacote imperial




O campeonato que Adriano fez em 2009 ficará eternamente na memória de qualquer torcedor rubro-negro. Por mais que houvesse problemas fora de campo envolvendo o Imperador - muitos até hoje ainda sem uma explicação convincente e, acima de tudo, coerente -, a presença do então camisa 10 do Flamengo dentro de campo era ameaçadora a qualquer adversário. Não havia quem não o temesse. Uns até mentiam. "Vou parar o Adriano. Não tenho medo dele", disse o tricolor Digão, antes de um Fla-Flu. A imagem inesquecível daquela partida é de Adriano jogando Digão para a linha lateral numa disputa de bola. Adriano sempre foi um monstro.


Cheio de alcunhas positivas dentro das quatro linhas, o Imperador colecionava episódios polêmicos e noitadas nas folgas e horários sem treino. Por vezes, envolvia-se em confusão até mesmo na hora do trabalho. "Perseguido" pela imprensa, não conseguia sossegar. Entre sumiços, faltas a treinos e muitas alegrias à torcida quando entrava em campo, Adriano foi responsável direto pelo hexacampeonato brasileiro. Mas o ano virou e Adriano parou. Parou de jogar bem. Parou de decidir. E voltou a arranjar confusão. Polêmica.


No Carnaval, foi visto bebendo cerveja e acompanhando até tarde os desfiles. Na Quarta-Feira de Cinzas, jogou mal contra o Botafogo, e acabou sendo um dos culpados pela eliminação precoce do Rubro-negro na Taça Guanabara. Na final do Carioca, contra o mesmo Botafogo, voltou a errar, desta vez onde não costumava falhar: perdeu um pênalti decisivo na partida. A torcida já sabia: Adriano já não era o mesmo.


Depois de não conseguir salvar o time na Libertadores, Adriano chutou o balde. Chegou a ser acusado de estar metido com o tráfico de drogas numa das favelas da Penha, Rio de Janeiro, onde nasceu e cresceu. Não demorou muito para ser negociado pelo seu empresário, Gilmar Rinaldi, à Roma, onde mal jogou nesta temporada. Cheio de lesões e mais confusões extra-campo, deu, na verdade, prejuízo ao clube da capital.


A situação atual de Adriano é um enigma total. Boa parte da imprensa italiana garante que o Imperador terá seu contrato rescindido. Tem até quem defenda uma rescisão amigável. Se, de fato, ocorrer a rescisão, as chances de Adriano voltar ao Brasil seriam, com certeza, absurdas. O Imperador está cansado da Europa, garantem fontes próximas ao atacante. E quer jogar no Flamengo.


Há quem diga que Adriano esteja implorando à Patrícia Amorim para retornar à Gávea. Uma possível parceria com Ronaldinho Gaúcho seriam um dos maiores sonhos do Imperador, ainda mais no seu clube de coração. No entanto, apesar da negociação não ser tão complicada, a conjuntura para o retorno imperial é bastante complicada por alguns motivos ainda não tão bem esclarecidos. O principal deles seria um possível veto do técnico Vanderlei Luxemburgo.


Realmente, Adriano traz consigo um pacote de virtudes e problemas. O Flamengo sabe mais do que todos disso. E precisa estudar as possibilidades. Dentro de campo, no auge da forma, Adriano é fantástico. Poderia ser, sem dúvida alguma, a referência perfeita, que o clube não encontra há tempos. Contudo, na recente passagem do atacante pela Itália, o camisa 8 da Roma se lesionou com frequência e a chance de voltar ao Brasil acima do peso e fora de forma é gigantesca. Fora de forma, Adriano dificilmente renderá bem. É praticamente impossível.


Ademais, o mundo de problemas imperiais não pode ser esquecido. Precisa ser levado em conta pelos dirigentes rubro-negros. Será que vale a pena contar com o Imperador mesmo assim? Adriano pode ajudar muito ao Flamengo. Mas atrapalhar mais ainda. Um time unido, campeão do primeiro turno do Estadual e com um Ronaldinho focado em jogar futebol somente talvez não precise dos pontos positivos e negativos de um Imperador cheio de complicações.

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