" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




domingo, 25 de novembro de 2012

Eu escolheria Tite




Antes de tentar explicar os principais motivos para intitular este post dessa forma, é preciso passar pela demissão de Mano Menezes e todo o contexto envolvido nela. De forma simples e pragmática, é possível dizer que Mano demorou bastante para conseguir seu time ideal e a melhor maneira de fazê-lo jogar. Conseguiu. E foi demitido logo depois. Da estreia nos Estados Unidos, em agosto de 2010, até a última partida, contra a Argentina, em Buenos Aires, de fato foram altos e baixos. E algumas decepções.

Mas principalmente no segundo semestre deste ano, as atuações começaram a convencer à exigente torcida e também à crítica. O time foi ganhando corpo. E cara de seleção brasileira. A posse de bola passou a ser mais valorizada e interligada à verticalização das jogadas. Em outras palavras, o Brasil voltou a ter a paciência de seus melhores times e o improviso historicamente cultural. Sem a bola, passou a marcar melhor, ora adiantando a marcação e pressionando a saída de bola rival, ora esperando o adversário. Com ela, ganhou leveza no ataque, com Neymar na referência, e muita movimentação.

Taticamente, o time se encaixou. E Mano entende muito desse aspecto. Sabe variar esquema, tipo de marcação, posições. Sabe montar seu time e criar alternativas para eventuais problemas. Como provou ao achar em Neymar uma falsa referência num momento em que a seleção busca um 9 ideal. Ou quando reinventou Kaká, fazendo com que se movimentasse mais e revezasse com Thiago Neves entre a ponta-esquerda e a meia-central. Isso tudo sem mexer na sua base, mantendo o 4-2-3-1 como ponto de partida para as boas atuações - algumas, até, com eventuais mudanças no desenho tático do time.

Dito isso, fica mais fácil explicar por que escolheria Tite como substituto. Pelo simples fato de ser o técnico corintiano o nome que detém praticamente os mesmos princípios e ideais que Mano Menezes. Tite mexeria pouco na estrutura tática da Seleção. Arrisco dizer, até, que não mexeria no estilo de jogo. Até porque o seu Corinthians joga praticamente assim: no 4-2-3-1, com marcação adiantada em muitas partes do jogo, variações de esquema conforme a marcação adversária encaixa, trocas de posições, alternativas, posse de bola. Joga como o futebol brasileiro deve jogar. E marcar.

Felipão, Muricy, Abel e Guardiola, não. O técnico espanhol é quem mais se aproxima do estilo de Mano e de Tite. Mas ainda assim, está longe. Teria que se adaptar às características do jogador brasileiro num conjunto brasileiro. Conhece Daniel Alves no Barcelona. Mas o Daniel Alves da Seleção é diferente. Assim como o Kaká da Seleção é outro Kaká, distinto do camisa 8 do Real Madrid. Já Paulinho é o mesmo, tanto no clube, como na seleção. Porque joga no Brasil, com outros brasileiros, e é treinado por Tite.

É claro que Guardiola faria com que a seleção evoluísse. Iria requerer tempo, como foi com Mano. Mais um ponto a favor de Tite, que pensa da mesma forma que Mano. É a mesma filosofia, de uma forma geral.

Quanto a Muricy e Felipão, o buraco é bem mais embaixo. Ambos montam times de forma diferente, convocarão jogadores diferentes, mudarão o esquema, mexerão na estrutura do time. Darão a sua cara. Mas precisarão de ainda mais tempo para conseguir fazer com que a seleção jogue do seu jeito. E isso demorará. Talvez mais tempo do que um ano e meio. E se você for pensar que a Copa está quase aí, batendo na porta, não restam dúvidas: Tite é o cara para o Brasil.

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