" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




domingo, 16 de dezembro de 2012

E o Corinthians ganha o mundo...


Demorou, mas veio. O dia em que o Corinthians foi apresentado ao mundo foi, de fato, bem corintiano. Teve invasão da Fiel, time jogando com raça, dominando mas também levando sufoco. Teve pressão, expulsão, discussões e, é claro, gol chorado. Gol de título. Gol histórico. Desta vez, não foi de Basílio, mas de um guerreiro peruano com uma qualidade técnica imprescendível. De Guerrero, o artilheiro que chegou de última hora para completar o time dos loucos, dos craques, dos campeões. O time de Tite, o craque do Corinthians campeão do mundo.

Dizem que um grande time começa por um grande goleiro. Tite devia saber disso. No entanto, só foi chegar ao nome desse goleiro nas quartas de finais do Paulistão. Eliminado pela Ponte Preta, precisou mudar a primeira posição do seu time para se sentir mais seguro e dar o primeiro passo rumo à glória máxima. Foi então que Cássio foi descoberto.

Cássio tem a figura de um cara pacato, não tem a menor cara de jogador de futebol. Nem mesmo de goleiro. De início, foi visto com desconfiança pela torcida corintiana. Aos poucos, foi ganhando a vaga, a aceitação e o coração dos fiéis. Era o titular de Tite. E isso bastava para justificar sua escalação. O técnico que montou um time, traçou um planejamento e ganhou o ano. Teve percalços e arranjou soluções imediatas. Perdeu jogadores e repôs com qualidade.

Mas, acima de tudo, Tite soube fazer o time jogar. Jogar num sentido geral: marcar, atacar, passar, se posicionar, trocar, inverter. Como hoje, na final do Mundial de Clubes. Nunca um time sul-americano tinha jogado tanto contra um europeu. O segundo tempo do Corinthians é desses de servir como material didático para aulas, palestras, preleções...Uma coisa de outro mundo. Uma coisa de louco.

Era Ralf matando Mata na marcação, Fabio Santos engolindo Moses, Danilo jogando por ele e por Sheik, que se matava na correria e na disposição. Era Guerrero dando um show de performance técnica, matando bolas impossíveis, segurando a zaga pro time compactar, fazendo bem o pivô e decidindo o título. Até Paulinho, que no Mundial esteve longe de ser o Paulinho que todos conhecemos, foi importante na final: venceu o duelo particular com um Ramires mais preso à marcação e ainda teve pulmão para fazer a jogada do gol. E que jogada.

Hoje, o Corinthians ganhou o mundo. Jogando bola. Organizado. Técnico e raçudo. Muito Corinthians. E com um monstro no banco de reservas. Para muitos, inclusive para este blogueiro que vos escreve, o craque desse time.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Atenção redobrada, foco, seriedade e o título nas mãos do São Paulo


O são-paulino está em festa. Vai ser campeão da Copa Sul-Americana em casa. Sim, campeão. A não ser que uma tragédia aconteça. O São Paulo tem mais time, tem craques, vai ter a torcida lotando o estádio, um jogador totalmente identificado com o time fazendo seu último jogo pelo clube e outros milhares de fatores a seu favor. Mas para que a tragédia aconteça, o Tigres não precisa ir muito além de suas raízes. Time argentino sabe ser traiçoeiro. Sabe provocar tragédias como nenhum outro time no mundo.

Por isso, o São Paulo precisa redobrar a atenção e o futebol na final. Saber jogar bola e fazer catimba lá fora. E não se acuar de maneira nenhuma. No Morumbi, não deixa a festa entrar em campo e jogar com seriedade, por maior que seja a vantagem. Dessa forma, não tem tigre que passe por cima do time são-paulino.

Claro que a torcida quer espetáculo, show de Lucas, golaço do Luís Fabiano, Rogério Ceni indo bater falta. Óbvio. Que torcedor não gostaria de ver seu time dando show? Mas é final. Decisão. Vale título. E é contra um time argentino. Todo cuidado é pouco. Exemplos não faltam para apoiar essa tese. Agora, de cabeça, me vem a final da Libertadores de 2009. O Cruzeiro jogou para empatar sem gols na Argentina contra o Estudiantes. E conseguiu. Com Mineirão lotado, bastava um gol para ser campeão da América. O gol veio. A festa entrou em campo. E Verón, Boselli e Cia viraram o jogo. No desespero, a solução raramente substitui o problema.

O Fluminense, este mesmo, viveu situação parecida contra o Boca Juniors. Tinha a classificação na mão até o fim do segundo tempo. Jogava melhor, atacava, sufocava o time argentino. Até Riquelme tirar um passe mágico da cartilha e pôr fim na festa que se anunciava no Engenhão.

Há diversos outros exemplos, basta procurar, pesquisar, lembrar. Time argentino é sempre uma pedra de sapato, por pior que seja o time, na verdade.

Ney Franco é um técnico sério. E vai precisar ser ainda mais a partir de quarta-feira que vem. Não importa quanto termine o jogo de ida, se é o último jogo de Lucas no Morumbi, se o estádio vai estar lotado. Não importa. Se quiser ser campeão, o São Paulo vai precisar entrar focado no jogo, no Tigres e na vitória. Porque, no papel, é muito mais time.

domingo, 25 de novembro de 2012

Eu escolheria Tite




Antes de tentar explicar os principais motivos para intitular este post dessa forma, é preciso passar pela demissão de Mano Menezes e todo o contexto envolvido nela. De forma simples e pragmática, é possível dizer que Mano demorou bastante para conseguir seu time ideal e a melhor maneira de fazê-lo jogar. Conseguiu. E foi demitido logo depois. Da estreia nos Estados Unidos, em agosto de 2010, até a última partida, contra a Argentina, em Buenos Aires, de fato foram altos e baixos. E algumas decepções.

Mas principalmente no segundo semestre deste ano, as atuações começaram a convencer à exigente torcida e também à crítica. O time foi ganhando corpo. E cara de seleção brasileira. A posse de bola passou a ser mais valorizada e interligada à verticalização das jogadas. Em outras palavras, o Brasil voltou a ter a paciência de seus melhores times e o improviso historicamente cultural. Sem a bola, passou a marcar melhor, ora adiantando a marcação e pressionando a saída de bola rival, ora esperando o adversário. Com ela, ganhou leveza no ataque, com Neymar na referência, e muita movimentação.

Taticamente, o time se encaixou. E Mano entende muito desse aspecto. Sabe variar esquema, tipo de marcação, posições. Sabe montar seu time e criar alternativas para eventuais problemas. Como provou ao achar em Neymar uma falsa referência num momento em que a seleção busca um 9 ideal. Ou quando reinventou Kaká, fazendo com que se movimentasse mais e revezasse com Thiago Neves entre a ponta-esquerda e a meia-central. Isso tudo sem mexer na sua base, mantendo o 4-2-3-1 como ponto de partida para as boas atuações - algumas, até, com eventuais mudanças no desenho tático do time.

Dito isso, fica mais fácil explicar por que escolheria Tite como substituto. Pelo simples fato de ser o técnico corintiano o nome que detém praticamente os mesmos princípios e ideais que Mano Menezes. Tite mexeria pouco na estrutura tática da Seleção. Arrisco dizer, até, que não mexeria no estilo de jogo. Até porque o seu Corinthians joga praticamente assim: no 4-2-3-1, com marcação adiantada em muitas partes do jogo, variações de esquema conforme a marcação adversária encaixa, trocas de posições, alternativas, posse de bola. Joga como o futebol brasileiro deve jogar. E marcar.

Felipão, Muricy, Abel e Guardiola, não. O técnico espanhol é quem mais se aproxima do estilo de Mano e de Tite. Mas ainda assim, está longe. Teria que se adaptar às características do jogador brasileiro num conjunto brasileiro. Conhece Daniel Alves no Barcelona. Mas o Daniel Alves da Seleção é diferente. Assim como o Kaká da Seleção é outro Kaká, distinto do camisa 8 do Real Madrid. Já Paulinho é o mesmo, tanto no clube, como na seleção. Porque joga no Brasil, com outros brasileiros, e é treinado por Tite.

É claro que Guardiola faria com que a seleção evoluísse. Iria requerer tempo, como foi com Mano. Mais um ponto a favor de Tite, que pensa da mesma forma que Mano. É a mesma filosofia, de uma forma geral.

Quanto a Muricy e Felipão, o buraco é bem mais embaixo. Ambos montam times de forma diferente, convocarão jogadores diferentes, mudarão o esquema, mexerão na estrutura do time. Darão a sua cara. Mas precisarão de ainda mais tempo para conseguir fazer com que a seleção jogue do seu jeito. E isso demorará. Talvez mais tempo do que um ano e meio. E se você for pensar que a Copa está quase aí, batendo na porta, não restam dúvidas: Tite é o cara para o Brasil.

domingo, 11 de novembro de 2012

O título da torcida, do timaço e do sofrimento

Tricolor de verdade não podia imaginar um jogo fácil. Muito menos um título fácil. Tem a cara do Fluminense a conquista sofrida, dramática, difícil. Mas merecida. Um 3 a 2 fora de casa, contra um time desesperado, com um gol no fim da partida do artilheiro do campeonato. Não havia jogo melhor para retratar o título brasileiro do time de Abel Braga. Tinha que ser assim.

É verdade que o Fluminense precisou contar com uma ajudinha do rival Vasco da Gama, que empatou o jogo contra o Atlético Mineiro, em São Januário. Com a combinação desses resultados, o Grêmio poderia fazer 10 a 0 no São Paulo, no Sul, que a taça ficaria nas Laranjeiras.

No entanto, nada aconteceria se o Flu não fizesse a sua parte. Se não vencesse o Palmeiras, em Presidente Prudente. O que, aliás, até pareceu fácil no início, com o 2 a 0 no placar e a soberania em campo. Mas bastou Wellington Nem se machucar, o Palmeiras ganhar confiança e achar dois gols para o drama ser incluso no roteiro da glória tricolor. O 2 a 2 permaneceu até os 42 do segundo tempo.

Até Fred, esse monstro do futebol brasileiro, fazer o segundo dele - o terceiro se a arbitragem não desse o gol como contra, para Maurício Ramos, zagueiro alviverde. E desempatar a partida. E garantir o troféu. Troféu esse que não tem como ser chamado de injusto, de desmerecido. Há quem não goste de ver o Fluminense jogar. Há quem critique a forma do time jogar. Muitos preferem o estilo do Atlético Mineiro, a torcida do Grêmio.

Fazer o que se tem gente que não gosta de ver um goleiro do porte de Diego Cavalieri? Ou um zagueiro com o espírito de liderança e de confiança como Gum, guerreiro até a última gota de suór. O que falar, então, daqueles que não gostam de ver Jean, com seus passes milimetricamente perfeitos, sua visão de jogo esbanjada e sua simplicidade genial? Verdade que Deco se machuca mais do que joga, que Thiago Neves não se encontrou nesta temporada, que Wagner sumiu mais do que apareceu, mas pera lá, né. Que meio-campo!

E ainda tem o Wellington Nem. Rápido, habilidoso, decisivo. O garoto que muda o jogo com uma arrancada, um drible desconcertante. A jóia que o Fluminense quase perdeu no início do ano. Pois foi ele mesmo quem pediu pra ficar, para ter uma chance. Disse, na época, que tinha muito a acrescentar. E que iria, algum dia, arrebentar com a camisa tricolor. Pois é. Nem não só arrebentou em um dia, como no ano inteiro. Arrebentou no Carioca, na Libertadores, no Brasileiro. Acabou por criar uma sintonia diferenciada com Fred e Rafael Sóbis. Deu muito certo.

Sobre a torcida...Talvez as imagens falem mais. A torcida do Grêmio é realmente fantástica. Hoje, foi dia de mais um espetáculo no Olímpico. Mas é impossível renegar as virtudes da torcida tricolor, a que lota aeroportos, ruas e estádios. Enche as Laranjeiras e o Galeão, ao mesmo tempo, às dez horas da noite de um domingo. Faz valer a pena ser tricolor.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A valentia do Flamengo aumenta a vantagem do Flu na briga pelo título


Desde o dia 27 de setembro que o Flamengo não corria tanto. Contra o mesmo Atlético Mineiro, o time de Dorival voltou a se dedicar em campo. Não teve bola perdida, não teve dividida mole. A expulsão prematura e burra do ótimo Wellington Silva transformou um jogo em uma partida na qual o Galo era favorito. E assim foi até o fim. Mesmo dessa forma, um jogaço, repleto de emoção e, infelizmente, erros do árbitro.

Sandro Meira Ricci deixou de marcar um pênalti claro de Ibson em Ronaldinho, ainda na primeira etapa, e se perdeu em meio aos tantos cartões amarelos distribuídos. No bate-papo, tentava retomar o controle da partida. Sem sucesso. Logo expulsou o lateral-direito rubro-negro, que já tinha amarelo quando fez uma falta dura no meio-campo. No intervalo, mandou embora também Dorival. E por pouco a partida não fugiu de seu controle de forma perigosa.

Acabou que, de uma forma ou de outra, o juiz não interferiu de forma direta no resultado. O empate em 1 a 1 acabou sendo justo. Ainda que o Atlético tenha tido o controle da maior parte do jogo, buscando mais o gol e sufocando o adversário, a valentia e a garra do Flamengo mereciam ser premiadas. O time até teve chances de vencer o jogo, mas esbarrou na sua própria falta de capacidade de puxar contra-golpes eficientes.

O Galo, por sua vez, não teve tanta sorte como em outras rodadas. Jô acertou a trave duas vezes, Ronaldinho uma e Bernard perdeu, pelo menos, duas chances de frente para Paulo Victor, que substituiu Felipe, com torção no tornozelo. Até Leandro Donizete chegou perto de marcar, em belo chute de fora da área. Mas a bola, de fato, não queria entrar.

Melhor para o Fluminense, que segue cada vez mais perto do título. Se vencer o São Paulo, no Morumbi, pode abrir incríveis 11 pontos de diferença. Para que isso não ocorra, o Galo precisa vencer o Coritiba, no Couto Pereira, na capital paranaense. Missão bastante complicada, mas não impossível. Assim como a de tirar a diferença para o Flu.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O Messi de Xerém



Foto: Nelson Perez/FFC

Para alguns, é o craque do campeonato. Muitos o pedem na Seleção. E há até quem não goste dele. Ao contrário de histórias folclóricas, o Messi brasileiro veio de Xerém. Ele não tem a mesma técnica, mas lembra muito o argentino em suas principais características. A diferença é que Wellington Nem é abusado, marrento, mais driblador ainda do que o melhor jogador do mundo. É, antes de mais nada, um jogador tipicamente brasileiro.

É quase um craque.

Hoje, na vitória por 2 a 1 sobre o Coritiba, botou a bola debaixo do braço e acabou com o jogo. Driblou, passou, se movimentou, brincou, zombou. E decidiu. Com um gol e uma assistência, ambos com a perna direita. Amadurecendo com o tempo, Nem também é inteligente. Provoca e não entra na pilha. Ouviu muito dos jogadores do Coritiba após tentar uma lambreta no fim do jogo. Fingiu que não era com ele. Já tinha acabado com o jogo mesmo....

Soa um pouco injusto essa individualidade na vitória tricolor. Injusto porque Jean também comeu a bola de volta ao time. Acertou a saída de bola, melhorou os passes e protegeu mais Edinho, dando mais liberdade, também, para Deco. Liberdade e confiança. Para o maestro luso-brasileiro, é diferente jogar com Jean. É melhor. É possível sentir isso somente vendo o jogo, os dois se entendem muito bem.

Carlinhos também foi bem. Cavalieri manteve a regularidade do melhor goleiro do Brasil na atualidade. E Bruno, o contestado camisa 2, fez partida digna de jogador campeão brasileiro. Com muita raça, se desdobrou entre a defesa e o ataque, participando das ações ofensivas e salvando o time duas vezes no segundo tempo. Thiago Neves oscilou, mas, no geral, não foi mal. E ainda marcou o gol da vitória. Fred poderia ter ido melhor.

Mas não tem como a crônica do jogo não ser de Wellington Nem, o Messi de Xerém. O moleque abusado, arisco, canhoto, realmente comeu a bola. Como vem fazendo desde o início do Brasileiro. Sua velocidade, aliada à objetividade nas jogadas, lembra muito o jogador argentino, guardadas algumas proporções. Se não tivesse se contundido, talvez fosse, sem sombra de dúvidas, o nome do campeonato. Ainda não é. Mas pode vir a ser nas últimas rodadas. Hoje, foi o dono da noite.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Acabe com meu time, Neymar


Revendo o último gol de Neymar é impossível não me lembrar de meu avô, que me deixa com uma saudade inexplicável a cada dia mais já há exatamente um ano. Seu Alfredo gostava de futebol. De grandes jogos, grandes jogadores. De dribles, defesaças e golaços. Adorava idolatrar jogadores folclóricos, mas amava mesmo os craques. Como Neymar. Ele viu o garoto surgir, aprontar, comer a bola. Lembro-me de sua última frase a respeito da joia santista: "Ele vai ser o melhor do mundo".

Se a profecia de meu avô irá ou não se concretizar, somente o tempo dirá. Mas que Neymar já segue a trilha para tal não há mais dúvidas. De golaço em golaço, o moleque mais fominha e craque dos últimos tempos agrada a qualquer um. Até Carlos César, lateral do Atlético Mineiro, que tomou uma humilhante lambreta sua no último jogo contra o Santos e derrubou o astro em seguida, desculpou-se com o garoto ao fim da partida. É difícil alguém odiar Neymar. E assim como meu avô, se pudesse, veria Neymar todos os dias em ação. Vale a pena cada drible, cada passe, cada gol, cada segundo.

Por isso, Neymar, eu quero que você acabe com meu time. Drible meu capitão, deixe meu goleiro no chão e mande minha torcida calar a boca. Depois, quando o jogo já estiver ganho, puxe um lençol daqueles para cima do meu camisa 10. Tire onda. Na entrevista, fale o que você quiser. Diga que acabou com o jogo, que é o melhor jogador do Brasil e que vai ser o melhor do mundo. Faça o que quiser no meu estádio. Por mim, ele pode ser seu por uma noite. Só seu.

Eu quero, mesmo, que você faça o gol do ano contra o meu time. Do ano não, da década, da sua carreira. Arranque desde o seu campo de defesa, faça filas e mais filas, canete meu melhor zagueiro, drible o goleiro e entre com bola e tudo. Não precisa ser num jogo mixuruca de Brasileiro. Pode ser de Libertadores. Só vou te pedir que não elimine meu time. Se não tiver como, tudo bem, faça-o. Eu vou entender.

Vou me sentir feliz por ver a derrota do meu time para você, Neymar. Vai me dar orgulho.

Logo eu, que achava no início de 2010 que o Ganso seria mais jogador que você. Que ingenuidade. Vai ser difícil surgir alguém melhor que você. E que o Messi e o Cristiano Ronaldo se cuidem. Porque ele está chegando. A passos largos, a golaços. Lá vem o moleque que, aos 20 anos, é o melhor jogador em atividade no Brasil - e com larga diferença para a concorrência.

Neymar é a alegria de jogar futebol. Como é bom ver Neymar em campo. Da televisão, do estádio. Até em vídeos de curta duração. Neymar é a personificação dos melhores dias do futebol brasileiro. É o cara que tenta o diferente, mas também faz o prático, o óbvio. O cara que leva o país para frente, no futebol. O cara que é imitado pelas crianças no dia seguinte de seus jogos. De seus shows. O cara que faz a menina chorar por uma foto. Neymar é o cara.


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Quando o líder joga como campeão


Hoje não tem do que reclamar, do que duvidar, do que secar. Porque hoje o Fluminense jogou como time que quer e merece ser campeão. Para aliviar a torcida, aliviar as críticas e fazer o elenco transbordar de moral. São 9 pontos de vantagem para o Atlético Mineiro, que joga daqui a pouco. E, pelo menos, uns 8 dedos na taça de campeão brasileiro.

Com a mesma postura corajosa que fez com que o te conquistasse 9 vitórias em 14 jogos fora de casa, o time de Abel Braga começou o jogo buscando o gol. Tomou pressão, chegou a ser dominado pelo Bahia durante muitos minutos do primeiro tempo sobretudo, mas soube se defender. Marcando bem, para variar. Sem dar brechas dentro da área. E com um monstro debaixo das traves.

Fica fácil, assim, ter mais tranquilidade para atacar, buscar o gol, vencer o jogo, o campeonato. E hoje o Fluminense soube partir para cima. Jogando bem durante parte do primeiro tempo e todo o segundo tempo. Com boa movimentação de Wellington Nem, ótimas trocas de passes no meio-campo e uma marcação quase perfeita. Salvo raros erros de Edinho, zaga toda foi bem. Digão, por exemplo, ganhou todas as antecipações.

E aos poucos o Flu foi ganhando terreno. Mas o jogo continuava equilibrado. Ora assustava, ora era assustado. Traiçoeiro como poucos, todavia, o Fluminense de Abel sabe a hora certa de dar o golpe fatal. Quando o Bahia pressionava, o Flu contra-atacava. Pela direita, Wellington Nem deixava a zaga baiana de cabelos em pé.

E foi justamente por aquele lado que saiu o gol que mudou a história da partida. Pela direita, mas com Bruno. Aquele mesmo lateral tão criticado pelos torcedores, que se mata em campo para defender e atacar, deu um pique desgastante para ganhar a bola, adiantá-la e bater sem chances para Marcelo Lomba: 1 a 0 Fluminense.

A hora da temeridade chegava para a torcida tricolor. Como em muitos outros jogos, o time conseguiu sair na frente. Mas desta vez não recuou. Não chamou o adversário para seu campo, não fez faltas na entrada da área, não sofreu pressão desnecessária. Simplesmente matou o jogo. Com Rafael Sóbis e sua capacidade incomum de finalizar sem medo de errar: 2 a 0 Fluminense. Agora sim, jogo decidido e campeonato encaminhado. Hoje, o Fluminense jogou como campeão. E, a cada rodada, parece mais o tal.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Em Lisboa, as preocupações defensivas continuam minando o Barça de Messi




Esperava-se mais do Benfica nesta terça-feira. Não só por jogar em casa, com o Estádio da Luz lotado, mas também por enfrentar um time que vem oscilando muito na parte defensiva. Ainda que esse time seja o Barcelona, pelas últimas apresentações, não era nem um pouco absurdo apostar que o Benfica marcaria, ao menos, uma vez contra os blaugranas. No entanto, o que se viu em Lisboa foi algo bem diferente.

Se a defesa continua falhando e dando espaços demais para os adversários, o ataque voltou a jogar muito bem, como ainda não tinha acontecido nesta temporada. No 4-3-3 e com Messi de falso-nove, o Barça buscou o ataque de forma intensa. Sánchez, inicialmente aberto an esquerda, se movimentou por todas as direções e chamou a responsabilidade. Foi  dele o primeiro gol, após bela trama de Messi com Jordi Alva e assistência do argentino.

Depois do gol, os portugueses se perderam um pouco do jogo. O Barça, com o domínio habitual da posse de bola, seguia dando sustos. Com Sánchez, Fábregas e Messi, principalmente. Na defesa, porém, assustava seus próprios torcedores. Jordi Alba levava a pior no duelo com Salvio e, pela esquerda, Gaitán dava calor em Daniel Alves. Victor Valdés chegou a fazer pelo menos duas defesas importantes, ainda na primeira etapa.

O segundo tempo veio e a torcida benfiquista ameaçou colocar fogo no jogo. Somente tentou. Porque logo aos 11, a figura do melhor jogador do mundo resolveu aparecer. Com bela jogada, vindo de trás, Messi fez fila na zaga portuguesa, antes de deixar Fábregas em ótimas condições de marcar. O espanhol bateu com força, e de perna esquerda, aumentou a vantagem.

É impressionante como Messi continua sendo um diferencial absurdo para o Barcelona. Em Lisboa, ele errou passes bobos, não apareceu tanto para o jogo na maior parte dos 90 minutos, se mostrou mais irritado do que o normal e, mesmo assim, decidiu um importante duelo com duas assistências. Duas boas assistências.

A verdade é que, ofensivamente, o Barcelona segue sem ter do que se queixar. Nesta terça, Iniesta voltou ao time e já foi bem, mesmo com apenas 21 minutos em campo. É na defesa que moram as grandes preocupações dos torcedores blaugranas. Em má fase, o sistema defensivo catalão ainda perdeu Puyol, com grave lesão no braço esquerdo, por provavelmente algumas semanas - talvez meses -, e Busquets, expulso, para o confronto diante do Celtic, vice-líder do grupo, na terceira rodada da fase de grupos da Champions.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Fla joga bem, empolga torcida e pode engrenar

Em um dos melhores jogos do Campeonato Brasileiro, o Flamengo fez aquela que pode ser considerada sua melhor exibição no ano. Armado no 4-3-1-2, com uma trinca de volantes-meias formada, da direita para a esquerda, por Cáceres, Amaral e Léo Moura e dois atacantes de área juntos, o time soube marcar na frente e usar bem o fator casa com estádio lotado. Pressionou o Atlético Mineiro no início, abriu o placar e continuou em cima. Mesmo após tomar o gol de empate, seguiu atacando e dominando a partida. A vitória veio de forma merecida: 2 a 1 com uma bela atuação, digna de aplausos dos quase 40 mil rubro-negros presentes no Engenhão.

Protagonista da noite, Ronaldinho Gaúcho fez pouco com a bola nos pés. Muito bem marcado por Amaral, tentou alguns lançamentos e cruzou algumas bolas com perigo. Se destacou mais por suportar o "apitaço" e as vaias da torcida que tanto o odeia desde que saiu do Flamengo. De resto, foi anulado pelo volante rubro-negro, um dos melhores em campo, por sinal, com um futebol simples e objetivo. Assim como o lateral-direito Wellington Silva.

Wellington, por sua vez, demonstra a cada jogo o quão é importante a confiança num jogador de futebol. Mais estruturado psicologicamente no Flamengo, ele arrisca mais. E faz bons jogos. Como o da noite desta quarta-feira, quando marcou muito bem, apoiou melhor ainda e jamais cansou. Contou, é verdade, com um marcador mais contido. Na dupla função de lateral-esquerdo e terceiro zagueiro, Richarlyson subiu pouco, dando mais liberdade para o lateral rubro-negro. Mesmo assim, é preciso elogiar a segunda boa atuação de Wellington consecutiva.

Cáceres é outro que foi muito bem. Ajudou Amaral na marcação a Ronaldinho, mordeu Escudero o jogo inteiro, apareceu bem na frente, ganhou praticamente todas as disputas de bola, não errou passes e, ainda, foi o motivo da expulsão de Réver. Partidaça do volante paraguaio. Para fechar a trinca do meio, Léo Moura não foi mal, mas também não fez um jogo espetacular. Saindo pela esquerda, teve dificuldades em acelerar o jogo, porém, por outro lado, aumentou e muito a criatividade do time, chamou a responsabilidade de passes precisos e lançamentos decisivos. No geral, foi bem.

Bem como todo o time. É difícil achar um jogador que tenha ido mal pelo Flamengo nesta noite. Até Gonzales, que falhou no gol de Jô, ao perder mais uma disputa de bola pelo alto, foi bem no geral, com bom posicionamento e antecipações pontuais. Frauches, ainda pouco seguro, jogou sério e não comprometeu. Cléber Santana, ainda que sumido em boa parte dos 90 minutos, acrescenta bastante ao meio de campo do time. É um algo a mais que o time precisava há tempos. E ainda tem Liédson, Vágner Love, Adryan no banco...

Jogando bem, o Flamengo empolga a torcida, que empurra o time. É um ciclo vitorioso que precisa de um motor para ser posto em prática. Quando engrena, o conjunto dificilmente trava. É nisso que os torcedores rubro-negros acreditam. No próximo domingo, o clássico contra o Fluminense pode ser essencial. Aproveitando o embalo da vitória sobre o Galo, outros três pontos podem, inclusive, fazer a equipe alçar novos objetivos na temporada. Uma derrota voltaria a abalar as estruturas do Flamengo. Tudo pode acontecer neste Brasileirão.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Os prós e contras de Gilson Kleina no Palmeiras




O Palmeiras tentou Dorival, Jorginho, Falcão, Carpegiani. Pensou em Cristóvão, Levir Culpi. Sugeriu-se Adilson Baptista. E a diretoria, entre recusas e pré-rejeições, optou por Gilson Kleina, que terá contrato até o fim de 2013 e uma missão bastante complicada já pela frente. O nome do ex-técnico da Ponte Preta não é ruim, mas também não é o melhor. O melhor, na verdade, seria manter Felipão. Ainda que o clima não fosse dos melhores, o time não estivesse jogando bem e tudo mais.

Mas não foi isso que aconteceu. Há quem defenda a saída de Felipão, dizendo que jogador de futebol precisa querer correr. É verdade. Vestiário bom é fundamental para uma boa sequência de vitórias. E segundo pessoas influentes nos bastidores do Palmeiras, Felipão havia perdido essa virtude. Por esse lado, a saída do técnico pentacampeão do mundo pela Seleção em 2002 é minimizada.

Sem Felipão, é fato que o melhor nome era Jorginho. Por conhecer o Palmeiras, a maioria dos jogadores, o ambiente, a diretoria, o contexto. E por amar o clube. Jorginho salvaria o Palmeiras. Sem Jorginho, também, todos os nomes acabam ficando praticamente no mesmo patamar. A diferença é que Gilson Kleina não tem um histórico de "técnico-salvação". Pelo contrário, seus melhores trabalhos foram feitos a longo prazo.

E é isso que o Palmeiras pensa e espera. Que Gilson dê seu jeito e livre o Palmeiras da Série B e, assim, com mais calma, faça seu trabalho em 2013. Um trabalho a longo prazo começando por um desafio de curto prazo. Talvez fosse melhor arriscar em Adilson Baptista, como sugeriu Paulo Vinícius Coelho, o PVC. O jornalista deu sua explicação: "Adilson tem um histórico de trabalhos de salvação e uma final de Libertadores no currículo". Faz muito sentido. Afinal, o Palmeiras estaria contratando um cara experiente em lutas contra a degola - o que é necessário para o fim deste ano - e, ao mesmo tempo, um técnico que já obteve sucesso na Libertadores, competição importantíssima para o Verdão no ano que vem.

O problema é que o técnico vice-campeão da Libertadores 2009, pelo Cruzeiro, está queimado em São Paulo. Fracassou nos outros três grandes clubes do estado. Há tempos não faz um bom trabalho. E não é confiável para a torcida e grande parte da diretoria.

Assim, torna-se ainda mais válida a aposta em Gilson Kleina. Ainda que seu forte seja o trabalho a longo prazo, à base da raça, do coração e com um pouco de técnica e tática pode ser que o técnico consiga livrar o Palmeiras da B. E então começar um trabalho de forma "justa".

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Seedorf, Renato e mais 9




Tem torcedor alvinegro que reclama da presença de Renato no time, diz que ele atrasa o meio de campo e prejudica a marcação. Tem torcedor alvinegro que critica até Seedorf, dizendo que ainda não rende nem a metade do que pode render e que ele não sabe como se encaixar no sistema tático de Oswaldo de Oliveira. Nesta quinta-feira, todos os torcedores alvinegros devem perceber o quão importante são Renato e Seedorf para o Botafogo.

Sem os dois, o time foi extremamente previsível, beirou o nível 0 no aspecto criatividade e só não perdeu em casa porque o Internacional abusou de perder gols e ainda falhou na zaga, permitindo que Cidinho recebesse lindo passe de Jeferson livre de marcação. Foi dos dois suplentes a melhor jogada alvinegra na partida, justamente a que culminou no gol de empate.

O 1 a 1 é bom para o Inter, que, bem ou mal se recupera da derrota em casa para o Fluminense e ganha confiança para voltar a subir na tabela. Para o Botafogo, o resultado é péssimo. Num momento em que o time voltava a jogar bem e a torcida voltava a depositar confianças nos jogadores, a equipe mal entra em campo, joga muito mal. E prova o quão dependente é de Renato e, principalmente, Seedorf.

Com os dois, o time pensa. A bola para. A jogada sai. Sem eles, é só ligação direta e correria pelas pontas. Até Andrezinho, que vinha bem nas últimas partidas, foi mal. Se escondeu do jogo, errou passes e dribles e não acrescentou muito como o principal armador do meio-campo. Fellype Gabriel ainda não se encontra no melhor de sua forma e ainda saiu machucado. Na meia-esquerda, Lodeiro alternou bons e maus momentos. Mas é fato que precisa de Seedorf para mais combinações ofensivas e até mesmo orientação.

Na frente, Elkeson não aguenta mais jogar de costas para o gol. Em toda jogada, sai da área para buscar o jogo e tentar clarear o chute. Não pode ser 9. O Botafogo tenta Bruno Mendes, jovem promessa do Guarani, que joga como referência de área. Para o bem de Elkeson e do próprio clube, a diretoria precisa contratar o garoto de 17 anos.

E Elkeson precisa voltar a jogar bem. A arriscar arrancadas, dribles e chutes de fora da área. Sem confiança, com a chegada de um centroavante de ofício acabará no banco. Ainda mais com Seedorf podendo jogar e Andrezinho minimamente regular. A vaga da meia-esquerda é de Lodeiro.

Fato é que a criatividade do time depende muito de Seedorf e do primeiro passe, que normalmente é feito por Renato. Mas que pode ser feito por Jádson. O time depende menos de Renato do que de Seedorf. O camisa 8, porém, melhora muito a saída de bola e dinamiza ainda mais o meio. O holandês que é impreterível. Melhora tudo no time. Não à toa é o 10, o capitão e o craque de um time que ainda pode sonhar com Libertadores, apesar de tudo.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

É preciso saber criticar o trabalho de Mano


A China está longe de ser parâmetro para alguma critica. A goleada por 8 a 0 contruída com extrema facilidade serve como prova. Mas é preciso analisar melhor o trabalho de Mano Menezes antes de pegar a corneta. E mais: para os mais supersticiosos, seleção em má fase antes de Copa do Mundo é sinal de sucesso no futuro. Foi assim em 1970, 1994, 1998 e 2002.

Em 1982 e em 2006, quando o futebol-arte encantava multidões Brasil afora e o público batia palmas para qualquer passe pro lado de craques brasileiros, deu no que deu. Obviamente, este que vos escreve e qualquer apaixonado por futebol prefere ver um time jogando bola de verdade a qualquer outro pragmático. Mas é preciso saber criticar.

Não só o passado serve como ponto de defesa para um possível sucesso da seleção de Mano Menezes. Se analisado profundamente, o trabalho de Mano não tem muitos absurdos. Ele convive com uma entresafra de jogadores, uma mudança de geração. E tem em mãos um time cujos principais talentos são garotos de 20 anos. Fica difícil vencer e convencer botando pressão somente na molecada.

Falta um Ronaldinho Gaúcho ou um Kaká para acalmar a garotada num momento de tensão, tranquilizar num jogo complicado, comandar o vestiário. Todos os grandes times do Brasil tiveram esse(s) cara(s). Este de Mano não têm ainda. Thiago Silva é o mais experiente, é o líder, mas é aquele líder que todas as nossas grandes seleções tiveram. Não é o meia ou atacante que vai chamar o jogo quase perdido e resolver os problemas individualmente.

E Mano não tem culpa nisso. Não tem culpa se Kaká não consegue ter uma sequência há anos, se Ronaldinho Gaúcho oscila e não esbanja confiança, se Luís Fabiano não consegue se curar das tantas lesões. Muito menos se Neymar não consegue dar show vestindo a amarelinha como dá com qualquer camisa do Santos.

Mano começou sua trajetória com uma atuação irretocável contra os Estados Unidos, fora de casa. Oscilou desde então. Fez convocações ruins e outras ótimas. A maioria, boa.  Foi mal na Copa América e perdeu a Olimpíada na final. Dois fracassos importantes. Mas no ponto de vista tático, fez o time evoluir muito. Hoje, a Seleção tem mais posse de bola, marca sob pressão e sabe se postar melhor nas bolas paradas adversárias. São virtudes do trabalho de Mano Menezes.

No entanto, são tantas as insinuações e críticas que se esquece até das vitórias mais empolgantes e dos fracassos mais notáveis. Torcedor brasileiro é das coisas mais chatas desse planeta. Pior do que não dar tempo ao tempo, é não analisar o trabalho de Mano Menezes para criticá-lo. O que Mano fez de tão errado? Fica a pergunta.

domingo, 2 de setembro de 2012

A importância do maestro colorado




Fernandão promoveu uma série de mudanças para enfrentar o Flamengo, na tarde deste domingo, no Beira-Rio. A começar pela zaga: escalou Rodrigo Moledo no lugar do criticado Bolívar. Na cabeça de área, Josimar herdou a vaga do contundido Ygor. O esquema tático também foi alterado. Fernandão preferiu voltar ao 4-2-3-1. Mas nenhuma mudança teve impacto tão grande na goleada por 4 a 1 sobre o rubro-negro carioca como o retorno de D’Alessandro. Centralizado na linha de três armadores, o argentino foi o cérebro do time.

Com ele, Fred tira o peso da pressão de parte da criação das jogadas, Forlán rende melhor e Damião volta a receber mais bolas. Resumindo, o time volta a jogar bola. E a ter mais organização na parte ofensiva. A bola para quando tem que parar, e corre quando tem que correr. D’Alessandro rege o Colorado.

Contra um Flamengo que começou bem o jogo, marcando na frente e buscando o gol, o argentino demorou para fazer a diferença. Depois de ver o time sofrer o primeiro gol em falha clamorosa de Muriel, ele se ligou na partida. Chamou o jogo, começou a pensar as jogadas. E sobrou pra cima de Cáceres. Todas as tramas ofensivas passavam ou começavam de seu pé esquerdo.

Veio o empate, contando com grande falha de Ramón, e a virada, com Josimar, em bela participação de Damião. O jogo ficou mais fácil e os cariocas se perderam de vez. D’Alessandro deitou e rolou. Trocando de posição e fazendo ótimas combinações com Forlán, ditou o ritmo em portunhol. O terceiro surgiu de grande jogada do argentino, que chutou na trave. O uruguaio pegou o rebote e, com extrema frieza, mandou para o fundo das redes. Ainda tinha espaço para o quatro, em belo peixinho de Damião.

O garoto Fred foi outro que sobrou na meia-esquerda. Deitou e rolou sobre o veterano Léo Moura. Depois, Dagoberto completou o serviço sobre o lado direito da defesa rubro-negra. Mas nada é tão importante para o Inter quanto um certo camisa 10, o homem que pensa, arma e conclui as jogadas. O cérebro do time. Esse cara tem nome e sobrenome: Andrés D’Alessandro.

O bando de Liverpool e o time de Londres


Do time que entrou em campo para enfrentar o Arsenal, neste domingo, pela terceira rodada da Premier League, apenas quatro jogadores não eram frequentemente relacionados como  titulares na última temporada. A defesa é a mesma. No meio, Gerrard continua comandando as ações, mas é no setor que o time sofreu as principais alterações, como a dupla de volantes. Na frente, pelas ponts, dois novos jogadores para servir a Luis Suarez.

Portanto,  é possível afirmar que o Anfiel Road testemunhou o terceiro jogo de um time completamente novo. E com muito pouco entrosamento ainda. A equipe que começou tomando a inciativa em casa, adiantando a marcação e sufocando a saída de bola gunner sucumbiu à falta de organização a partir do fim do primeiro tempo. O resultado acabou sendo uma derrota inesperada dentro de casa, a segunda do time em dois jogos.

Se o Liverpool mais parecia um bando em campo, o Arsenal demonstrava plano de jogo. No 4-2-3-1 que mais parecia um 4-3-3, o meio-campo funcionava bem. Diaby e Arteta marcavam e jogavam e Oxlade-Chamberlain servia como boa alternativa fugindo pela meia-direita. No ataque, ainda que um pouco apagado, Giroud se movimentava com inteligência e abria espaços para o ótimo Cazorla e o decisivo Podolski.

Com o passar do tempo no crônometro, o time de Londres foi impondo sua posse de bola, a maior entre os clubes da Premier League neste ano, assim como foi durante toda a última época. Com Diaby engolindo o estreante Sahin e Cazorla solto em campo, o Arsenal se sentia  casa. Não demorou para a vitória ser construída, com gol de Podolski em jogada de Cazorla e vice-versa. Em ambas, participação importante de Diaby, um dos melhores em campo pela dinâmica.

Brandon Rodgers tentou até mudar o panorama que já havia sido escrito na primeira etapa. Jogou o time para frente com a entrada de Downing no lugar do inoperante Borini, mas na base do desespero. E da desorganização. O cenário tenebroso para os Reds virou até motivo de piada para os torcedores gunners, que entoavam, em alto e bom som ao fim da partida: "Carrol iria marcar nesse jogo", em alusão ao mau desempenho do atacante Andy Carroll com a camisa vermelha. 




sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Goleada colchonera serve de exemplo ao Corinthians



O Atlético de Madrid não massacrou o Chelsea durante os noventa minutos. Não deteve a posse de bola na maioria do tempo. Mas, com uma eficiência impressionante, marcou demais e soube aproveitar perfeitamente as várias chances que criou. Contra um Chelsea meio displicente, o time foi muito bem coletivamente e ainda contou com uma atuação de gala do melhor centroavante da Europa na atualidade: Radamel Falcao.

Não que a bela atuação colchonera tenha se resumido aos três gols do atacante colombiano. Não foi só isso. Até porque o time todo teve atuação de gala na goleada por 4 a 1, em que cabia mais, inclusive. Foi uma verdadeira demonstração do quão espetacular é o trabalho de Diego Simeone, o grande responsável pela montagem desse time.

A zaga, comandada por Godín e abrilhantada por Miranda, não perdeu uma disputa para Fernando Torres. Os laterais foram bem demais no apoio e na marcação. Mario Suárez, o volante entre as linhas do 4-1-4-1 de Diego Simeone demonstrou uma soberania impressionante à frente da zaga e na saída de bola.

Para completar, do meio pra frente, o time beirou a perfeição. Turán, pela direita, foi um monstro com a bola nos pés, ditando o ritmo do time em ataques e contra-ataques. Sem ela, se dedicou profundamente na marcação. Do outro lado, Adrián fez também grande partida, com dribles e um senso de participação importante. No meio, só dava Gabi e, principalmente, Koke, o jovem meia promissor das canteras de Madrid, que sabe pensar o jogo, não erra passes e é muito criativo.

Talvez bastasse isso para o Atlético vencer bem o Chelsea mais morno dos últimos jogos, que preciso jogar em determinados momentos da partida, e não conseguiu. Mas o Atlético ainda tinha Falcao García, mais uma vez inspirado, mais uma vez decisivo. Desta vez, com um hat-trick que tirou a dúvida de muitos sobre a qualidade do jogador colombiano, ídolo da torcida colchonera.

Por ironia do destino, o Chelsea se viu atrás do placar para um time que tinha estratégia parecida com a dos Blues campeões europeus na temporada passada: marcação em linha no campo de defesa e grandes contra-golpes. Uma espécie de a criatura contra o criador que não deixou os ingleses jogarem. Uma verdadeira aula de marcação por zona e contra-ataques mortais.

Os corintianos esperam que Tite tenha assistido a essa aula. Pois os estilos se parecem. O Atlético é um time que gosta de marcar na frente, recuperar a bola e abrir o placar. Em vantagem, se fecha mais, mas de forma planejada, organizada, e busca contra-ataque definidores. Como o Timão de Ralf, Paulinho, Emerson, Jorge Henrique, Danilo. A diferença pode ser Falcao García. Um atacante que o Corinthians ainda está longe de ter. Ainda assim, com ou sem Falcao, seria muito difícil do Chelsea bater o Atlético de Madrid que entrou em campo nesta sexta, em Mônaco.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O retrato do time desfigurado




Em maio, um Vasco fazia um campeonato promissor. Em junho, o Vasco fazia um grande campeonato. Em julho, o Vasco fazia um campeonato brilhante. Em agosto, a coisa desandou para o Gigante da Colina, que passou a fazer um campeonato decadente.

A queda de rendimento do clube cruzmaltino neste mês é evidente. E, acima de tudo, explicável. Depois de perder Fágner, Allan, Rômulo e Diego Souza negociados, o clube ainda viu, de quebra, seus principais jogadores entrarem em má fase. O resultado não poderia ser outro senão uma péssima sequência de maus resultados.

Nesta quarta, contra um Grêmio copeiro, em Porto Alegre, pôde se ver o retrato perfeito desse novo Vasco. Desfigurado. Sem padrão de jogo, sem alternativas, sem nenhum brilho. E derrotado. Como nos últimos dois jogos. Desta vez, o time não conseguiu sequer fazer um gol de honra. Jogou mal mais uma vez e só buscou o resultado na base do abafa. Sem sucesso.

Os problemas do Vasco extracampo se refletem diretamente no desempenho do time dentro das quatro linhas. Pois é impossível para uma equipe não sentir a falta de quatro titulares negociados. E de outros contundidos, suspensos, ou simplesmente, em má fase. É isso que acontece com o Vasco nas últimas semanas. O time não se encontra sem Fágner, Diego Souza, Allan, Rômulo, Éder Luís...Felipe erra passes que nunca errou. Juninho não consegue emplacar regularidade.

E o pior: não houve reposição. A diretoria contratou mal, repôs mal e deixou a pedra para Cristóvão Borges tirar leite. A torcida vaia, chama o treinador de burro, critica o goleiro que não atravessa bom momento e falha constantemente, mas no fundo sabe o que falta para o Vasco reagir no campeonato: elenco. Hoje, o time não tem elenco.

Pegue o time do Grêmio. O time titular. Tem bons nomes em todos os setores, um dos melhores times no papel do país. Nesta quarta jogou sem Elano e teve Marquinhos como um dos melhores em campo. No banco, tinha Marco Antônio, que seria titular de muito time pelo Brasil. Na frente, talvez a melhor dupla de ataque em atividade no território nacional: Kléber e Marcelo Moreno.

Se o time não rende, Vanderlei Luxemburgo mexe. Tem Leandro no banco. Tem André Lima para resolver um jogo truncado. Tem Gilberto Silva para ganhar um jogo cascudo marcando forte. Tem um dos melhores volantes do Brasil arrebentando na cabeça de área e um meia célebre vestindo a 10. Fica fácil acreditar no Grêmio, com ou sem Olímpico.

Difícil, mesmo, é crer no Vasco. Mesmo em São Januário. Com o time desmontado, é preciso apostar em garotos e contratações desesperadas, que normalmente não trazem bons resultados. O time que despontou no início do ano como candidato ao título, hoje já faz contas para pensar em outros assuntos. Bem menos agradáveis, por sinal.

domingo, 26 de agosto de 2012

Fluminense e Grêmio em busca do show coletivo


Fluminense e Grêmio vão brigar pelo título. A afirmação, no entanto, não se baseia em atuações brilhantes ou no futebol envolvente das duas equipes. Mas justamente pelo fato de ambos os times não terem rendido ainda o que podem render e, mesmo assim, ocuparem o segundo e terceiro lugar do Brasileirão, respectivamente.

O time carioca, por exemplo, tem um dos melhores - senão o melhor - elencos do país e poucas vezes na temporada atuou de forma para justificar tal brilho. Talvez somente nas partidas decisivas do Carioca que a equipe de Abel Braga tenha jogado o que pode. No Brasileiro, a irregularidade das atuações fala mais alto. Então como o tricolor se mantém no topo?

"É um time cascudo", costuma dizer Abel. E de fato é. Rodado, experiente e encaixado o suficiente para se organizar e equilibrar os setores. Falta, no entanto, uma regularidade maior no que diz respeito às boas apresentações. Falta o time jogar bem e convencer. "Se estamos bem desse jeito, jogando mal, imagina quando o time encaixar", analisam alguns torcedores.

Até mesmo pela dinâmica do campeonato, o Flu precisa de mais brilho. Precisa de Deco melhor preparado para jogar, de Thiago Neves mais constante, de Wágner mais confiante, de Wellington Nem na sua melhor forma, de Edinho mais tranquilo e de uma zaga menos afobada. E mesmo com todos esses defeitos, o time vence, consegue bons resultados dentro e fora de casa e se consolida como candidato ao título.

Contexto parecido vive o Grêmio. Vanderlei Luxemburgo tem um timaço no papel, com jogadores consagrados, um craque vestindo a 10 e talvez a melhor dupla de ataque do país, com Kléber e Marcelo Moreno. E quem disse que o time joga uma bola redondinha?

É difícil você ouvir por aí que o Grêmio fez uma partida brilhante, atropelou o adversário e convenceu a torcida. Difícil porque raramente tem acontecido neste ano. A defesa não se sente segura o suficiente, o meio-campo está encaixando de foram gradual e os atacantes estão oscilando muito.

Às vezes o time deixa a impressão de que o coletivo raramente funciona bem e, quando preciso, os talentos individuais resolvem. Contra o Inter, o time fez um jogo duro, pegado, de muita marcação. Deciciu numa bola com Elano. E sofreu para ganhar o jogo no Beira-Rio. Não que fosse fácil. Não que a crítica, a torcida esperasse espetáculo. Mas para um time que tem grandes jogadores, a expectativa não pode ser outra a não ser de grandes atuações.

Todo time passa por maus momentos, sequências ruins de atuações abaixo da média. Por outro lado, todo time tem o seu grande momento. Tem a sua grande ascensão, a fase em que tudo dá certo. Fluminense e Grêmio ainda buscam os seus ápices. E, mesmo sem convencer o suficiente, ocupam o topo da tabela. Há um futuro mais promissor?

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O Everton das bolas aéreas e da consistência defensiva



O técnico David Moyes não poderá contar com o melhor volante do Everton na última temporada. Negociado com o Manchester City, Rodwell já conquista novos fãs em Manchester. Mesmo assim, o time azul de Liverpool segue com uma consistência defensiva impressionante. Nesta segunda, ao sistema defensivo funcionou de forma perfeita diante do Manchester United. E com a ajuda das bolas paradas e da cabeleira de Fellaini, a vitória veio. Magra, suada e merecida: 1 a 0 no Goodison Park.

Como há 10 anos atrás, Rooney pisou o gramado do Goodison Park em uma ocasião particularmente especial para o camisa 10 dos diabos vermelhos. Se no dia 17 de agosto de 2002, o garoto oriundo das categorias de base do Everton apenas estreava como profissional, nesta segunda um já experiente Wayne Rooney voltava à casa azul para comemorar o início de sua décima primeira temporada como jogador.

Mas não teve nada de festa para Rooney. Fora das quatro linhas, xingamentos e protestos da torcida do Everton, que até hoje não engole sua saída para Manchester. Dentro delas, uma dupla de zaga intransponível pela frente. Distin e Jagielka ganhavam todas do atacante. E também de Welbeck. Uma partida sóbria, séria e muito precisa dos dois zagueiros azuis.

Na frente, o Everton também ia bem, ciente de suas limitações. Pragmático ao extremo, o time de Moyes usou e abusou da ótima estatura de sua dupla de ataque, formada, desta vez, por Fellaini - que jogou mais recuado, quase como um ponta de lança - e o também grandalhão Jelavic. Muitos levantamentos na área e cruzamentos fechados da linha de fundo. Nas bolas paradas, o perigo também era constante. Numa delas, Gibson cruzou na cabeça de Fellaini, que com seu black power, abriu o placar e decidiu o confronto.

O holandês Robin Van Persie entrou em campo aos 23 minutos do segundo tempo. Todavia, sua estreia como jogador do United foi das mais discretas. Como todo o segundo tempo de Rooney. A noite era mesma da defesa do Everton e do gigante Fellaini, o melhor em campo.

Galo precisa ser forte e vingador para se manter no topo




O Atlético Mineiro tem o melhor time do Brasil. Os números provam, a fase prova, as atuações provam. A liderança no Brasileirão com o melhor aproveitamento da história dos pontos corridos ao fim do primeiro turno é outro fator a favor dessa constatação. O Galo joga, de fato, o melhor futebol do país.

E não é só porque se confirmou como campeão absoluto da primeira metade do campeonato, com dois jogos de antecedência - um deles adiado, contra o Flamengo, fora de casa. Mas sim porque tem um time capaz de liderar por outras 38 rodadas até com certa facilidade. A equipe que tem um baita goleiro, a melhor dupla de zaga do país, dois laterais que não comprometem, um meio de campo bastante dinâmico e jogadores diferenciais como Ronaldinho Gaúcho, Guilherme e Bernard, este último o grande destaque da competição, não pode ser desacreditada.

O time joga no 4-2-3-1 e apresenta muita intensidade, principalmente quando tem a bola. Como todos os times de Cuca, o Atlético também marca na frente e gosta de sufocar a saída de bola rival. No ataque, muita movimentação e velocidade. Uma tentativa de se aproximar o máximo possível do lendário time holandês de 1974, treinado pelo mítico Rinus Michels. O trio de meias troca de posição entre si, assim como os volantes fazem ao cobrir e liberar os laterais.

Mais do que todas essas feras, porém, o Atlético Mineiro tem um trabalho bem planejado e, até agora, executado fora das quatro linhas. Tem o melhor técnico do país, um dos melhores centros de treinamento da América Latina, uma excelente categoria de base e uma torcida que sabe jogar junto com o time em todos os momentos. Só faltava o Mineirão pro favoritismo do Galo ser ainda mais influente.

Ainda assim, jogando no Independência, em Belo Horizonte, o clube tem o privilégio que lhe faltou nos últimos anos: jogar mais perto da torcida. A verdadeira e espetacular torcida atleticana, que faz o time correr dobrado cantando o hino mais "acústico" do planeta.

Com 42 pontos, três a mais que o vice-líder Fluminense, que tem um jogo a mais, o Atlético Mineiro segue forte e sonha em se confirmar como um time autênticamente vingador. Para vencer o ostracismo que carrega nas costas desde 1971, o Galo tem Cuca, Ronaldinho, Bernard e um exército de guerreiros que só sabem jogar de preto e branco. Amarelar não faz parte do dicionário deles.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Por que sempre ele?

                                                           Foto: Reuters

Podia ser Pirlo, com sua classe imensa e seus passes incríveis. Podia ser Buffon, com suas defesas magistrais e sua liderança nata. Podia até ser Cassano, com seus dribles e assistências decisivos. Mas é Mario Balotelli quem faz o mundo transcender os elogios comuns e exaltar a classificação italiana para a final da Eurocopa. Ele tem esse poder de causar impacto nas pessoas. 

Balotelli, definitivamente, não é um cara comum. É ímpar em todos os aspectos. Adora uma noitada, uma manchete sensacionalista, uma confusão. Dentro dos campos, sabe aliar técnica e raça. Não foge da divida, nem dos problemas. Luta até ganhar do zagueiro e vencer o jogo. Quando não consegue, soca o gramado e, eventualmente, perde a cabeça. Fazer o quê? Balotelli é assim. Tem personalidade.

Hoje ele não perdeu a cabeça, não deu pontapé em zagueiro, não xingou juiz, não brigou com torcedores, nem com o técnico. Supermario parecia estar focado. Tão ligado, que antecipou Badstuber antes mesmo de Cassano cruzar, para marcar o primeiro gol da Itália, de cabeça. No segundo, foi mais Balotelli do que nunca. Ganhou na velocidade, com a bola nos pés, e mandou um canudo, no ângulo de Neuer. Na comemoração, falou meia dúzia de palavrões ao imitar o Incrível Hulk, forçando os músculos de frente para os companheiros.

Foi o suficiente para parar as redes sociais. Elogios e idolatria por todas as partes. Balotelli é muito querido. E polêmico. Ao sair de campo, reclamou com o técnico. Ele quer jogar os 90 minutos, decidir todos os jogos, ser o melhor de todos. E, ao menos para si mesmo, ele é um gênio. Muito acima de Messi, Cristiano Ronaldo e etc. A humildade passa longe. A marra fala mais alto. E Balotelli segue atraindo fãs...

Não sei se é o brasileiro que gosta do alternativo, do diferente, do que foge à regra a preferir o politicamente correto, o normal. Pode ser algo dos jovens, tão revolucionários quanto ele. Mas o que Balotelli atrai de fã não é brincadeira. No Brasil e no mundo.A personalidade, o estilo irresponsável dentro e fora de campo e a insanidade mental parecem ser motivos de risadas e divertimento do público. E juntamente com os gols e o bom futebol, se tem um conjunto de fatores que transforma Balotelli num ídolo mundial.

Ele finge não estar nem aí, finge achar uma perseguição o que os jornais fazem com ele, mas no fundo gosta. Não importa se é uma foto com uma modelo, uma notícia de uma festa que ele deu ou de uma besteira que fez. O importante é estar lá, na capa da Gazzetta dello Sport. Falem bem ou mal, mas falem dele. 
Aliás, depois de decidir um jogo do porte de uma semifinal de Eurocopa e ter o nome exaltado pelo mundo inteiro, são grandes as chances de Balotelli perder o juízo e a noção na comemoração. Ou não. Vai que ele está querendo botar a cabeça no lugar para se consagrar no continente. É por isso que os italianos pedem. Ou não. Afinal, são ou maluco, Balotelli é um prato cheio para quem gosta de futebol. E de boas histórias.


quarta-feira, 27 de junho de 2012

Qualidade, confiança e estrela: a noite de Romarinho


                                             Foto: Marcos Ribolli/Globoesporte.com


Há pouco menos de um mês, Romarinho sequer sabia se ia dar certo no futebol. Oscilante na Série B que disputava pelo Bragantino, matava um leão por dia para não morrer de fome. Pouco mais de três semanas depois, já contratado pelo Corinthians, com três gols decide um clássico contra o Palmeiras e empata uma final de Libertadores, contra o Boca Juniors, em plena Bombonera. Essa é uma das histórias que só o futebol é capaz de proporcionar.

Que Romarinho tem estrela digna do peso do nome que carrega ninguém duvida mais. Muito menos que o Corinthians tem o título encaminhado com o empate na Bombonera e a vantagem de precisar apenas de uma simples vitória no Pacaembu, na próxima quarta-feira.

É verdade que o Boca Juniors tem Riquelme. E, muitas vezes,  isso basta para decidir o jogo, ou até um campeonato. Foi baseado na visão de jogo, no ritmo do camisa 10 que os xeneizes controlaram a maior parte do primeiro jogo na final.  E quase saíram com a vitória. Se não fosse por Romarinho...

O Boca de Riquelme jogou bem. Marcou bem, soube explorar as deficiências na marcação dos laterais corintianos, evitar as bolas esticadas para Emerson e controlar o meio de campo. Impôs um ritmo cadenciado, de toque de bola, porém de muito perigo nas jogadas pelos flancos. As "pequenas sociedades" do time argentino são laterais. Três ou quatro jogadores juntos, perto uns dos outros, criam jogadas nos flancos do campo com uma facilidade incrível. E logo a bola é cruzada para a referência do time, Santiago Silva.

Sorte dos brasileiros que a dupla de zaga Chicão e Leandro Castán estava inspirada. O primeiro, com seu posicionamento correto habitual; o segundo, com um tempo de bola digno de melhor zagueiro do Brasil no ano.

Mesmo assim, o Boca levou perigo. Esteve perto da vitória. Muito mais perto do que o Corinthians.
Até pelo fato do TImão ter marcado muito mais do que jogado. Pelo fato de Paulinho, cauteloso pelas obrigações defensivas, ter aparecido pouco nas ações ofensivas. Pelo fato de Tite ter demorado a mexer...bem. E mexer bem, hoje, era colocar Romarinho.

Jogador confiante é outra coisa. Jogador com estrela é outra coisa melhor ainda. Jogador confiante, com estrela e bom de bola é sucesso certo. Romarinho era sucesos certo. E foi. Lógico que contou com a única e ótima participação de Paulinho, que roubou a bola de Riquelme e começou a jogada do gol de empate. E com o excelente passe de Emerson, mais uma vez decisivo, para deixá-lo na cara do gol.

 Aí, foi só se inspirar no próprio nome. Dentro da área, todo Romário deve ser Romário. E Romarinho foi

domingo, 24 de junho de 2012

A Itália que sabe jogar acaba com um mito histórico

Foto: Getty images



Há um mito de que a Itália só sabe se defender. Corrigindo. Havia um mito de que a Itália só sabia se defender. A alcunha de time retranqueiro certamente não cabe mais à Azzurra. Não depois de hoje. Não depois de Pirlo, como primeiro-volante, ter sido o melhor em campo, de longe o jogador mais criativo e perigoso do jogo, como nos seus melhores anos de Milan. Não depois da equipe de César Prandelli ter tido posse de bola superior durante todos os 90 minutos, sobre outra potência mundial, a Inglaterra.

Essa crença mística e preconceituosa já devia ter acabado em relação ao futebol italiano. Quem assiste ao campeonato italiano, vê bons jogos, ótimos times e muitos gols. Claro que os italianos gozam de um maior prestígio quanto ao sistema defensivo. Algo mais do que cultural, histórico. É sabido que a Itália sempre montou seus times à base de uma boa defesa. Faccheti, Baresi, Maldini, Cannavaro, Nesta...A lista é extensa. E esclarecedora.

Mas o futebol mundial sempre pediu equilíbrio. Os grandes times sempre tiveram no equilíbrio a chave para o sucesso. São raros os casos de equipes marcantes, vencedoras só com uma grande defesa ou um grande ataque. Os grandes esquadrões tinham times equilibrados, com boas defesas, bons meios e bons ataques. A Itália sempre teve times com grandes defesas. E seus melhores times, tinham bons ataques, alguns ótimos ataques.

Hoje, a Itália provou ser mais criativa que a Inglaterra. E ser ofensiva. Provou ser bem-sucedido o processo de renovação da seleção nacional, encabeçado, agora, por Prandelli e seus interessantes ideais na montagem de um time.Não tão intensa e envolvente como a Alemanha. Nem tão estilosa como a Espanha. Mas atraente. Afinal, uma seleção que controla todo um jogo de quartas de final da Eurocopa, com posse de bola superior ao adversário, mais volume de jogo há de ser atraente aos olhos de quem gosta de futebol. E, de fato, a Itália é atraente. É muito mais do que uma forte defesa.

Atualmente, aliás, o setor ofensivo italiano chama até mais atenção do que o defensivo. Com Pirlo armando, Marchisio, De Rossi, Thiago Motta e Montolivo, não necessariamente nessa ordem, ajudando na criação das jogadas e se desdobrando para reforçar a marcação no meio-campo e um ataque formado por dois jogadores de movimentação, técnica e oportunismo, se tem um time ofensivo. Atacante.

Para muitos, sem a cara da Itália. E que cara é essa? O time que só sabe se defender? Que time é esse? A Itália de 70 chegou à final fazendo grandes jogos, passando de uma semifinal, com direito à prorrogação, com sete gols, dos quais quatro foram italianos. Em 82, tinha um time sólido, de muita marcação no meio, é verdade, mas bons jogadores do meio-pra frente. Em 94, tinha Baresi na zaga. E que zaga. Mas na frente, tinha Roberto Baggio, um dos grandes atacantes da época. Em 2006, talvez o time que mais contra-atacava. Mas que sabia atacar e contra-atacar. Time bastante equilibrado e decisivo. Não à toa acabou campeão.


O importante é que o mito acaba hoje. A Itália sabe muito mais do que só se defender. A Itália sabe jogar, criar, atacar, sufocar, ganhar. Contra a Alemanha, terá outra excelente chance de provar o seu verdadeiro valor. O deuses do futebol agradecem.

sábado, 23 de junho de 2012

River Plate de volta à elite: uma história de amor


O retorno do River Plate à elite do futebol argentino nada mais é do que uma história de amor. Sentimento que úne time e torcida em qualquer divisão ou região. Sentimento que fez Cavenaghi e Domínguez ignorarem boas propostas para tirarem uma mancha na história do clube que amam. Amor que Trézeguet, mesmo de longe, nunca deixou fugir de seu coração. E que, agora, no final da carreira, precisava ser levado a sério.

E lá foi Trézeguet se arriscar na cidade onde passou a juventude. As condições físicas não criavam boas perspectivas. A idade, muito menos. A trajetória gloriosa era a única explicação para a crítica argentina. Mas Daniel Passarella sabe que, para jogar no River, não basta atender ao que a maioria quer. É preciso mais. É preciso atender ao que a torcida quer. Ao que o clube precisa. É preciso jogar por amor.

E disso, Passarella não tinha por que ter dúvidas. Trézeguet jogaria por amor. Independente de quanto lhe pagassem, das condições que lhe impusessem. Era disso que o River Plate precisava a essa altura. De amantes. De amores. De Trézeguet, Domínguez, Cavenaghi. De um técnico que entendesse o sofrimento pelo qual o clube passou na temporada passada. De um técnico que amasse o River. De Matias Almeyda.

Com essa legião de heróis famosos e tantos outros menos conhecidos, mas tão importantes quantos, como Funes Mori, Aguirre, Ocampos, entre outros, meio caminho estava andado. A caminhada, ainda assim, seria longa. Campos ruins, cidades, distantes e de difícil acesso. Obstáculos incomuns à grandeza do clube. E que não foram capazes de afastar a fanática e impressionante torcida do River. Em todos os jogos, muita gente do lado millonário das arquibancadas.

Fidelidade é uma palavra forte. Mas que pode ser usada para definir o River deste ano. A torcida é fiel ao clube, a diretoria é fiel, os jogadores jogam por amor à camisa. É difícil dar errado quando se joga por amor. Pode faltar qualidade, mas sobra raça. Pode faltar técnica que sobra vontade. E os jogos, aos poucos, foram sendo ganhos. E o River foi voltando. Jogo a jogo.

Hoje, o dia de festa. Com dois gols de Trézeguet, que ainda perdeu um pênalti. E daí? Com o título e o retorno à primeira divisão, Trézeguet poderia perder até 5 pênaltis que seria herói. A torcida do River é assim. Identifica facilmente seus ídolos e os defende de qualquer acusação. Ai de quem botar a culpa em Domínguez pela derrota na última rodada. Ele perdeu um pênalti nos últimos minutos. Hoje, entrou e saiu de campo ovacionado.Fidelidade, se vê pelo Monumental.

Tão emocionante como o choro de Cavenaghi, já no banco de reservas, no fim do jogo de hoje, vitória por 2 a 0 sobre o Almirante Brown. Choro de quem abandonaria tudo para salvar o River. Choro de quem lutou para acabar com o sofrimento da torcida. Choro de quem ama. Isso é River Plate.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Portugal avança e cresce com Cristiano Ronaldo inspirado


É sempre bom ter as estatísticas ao lado na hora de analisar um jogo de futebol. Por vezes, elas podem servir como um grande auxílio na explicação de um resultado. Como hoje, na vitória por 1 a 0 de Portugal sobre a República Tcheca, com gol de Cristiano Ronaldo, novamente o melhor em campo.

Se não bastasse o talento do camisa 7, o time comandado por Paulo Bento quis vencer. Enquanto os tchecos finalizaram somente duas vezes, os portugueses chutaram 20 vezes pro gol. O abismo nos números é uma ótima referência para a conclusão de que a vitória foi, de fato, muito merecida.

E dos 20 remates de Portugal, 8 foram do melhor jogador em campo. Cristiano Ronaldo, assim como contra a Holanda, comeu a bola. Se movimentou, saiu do seu exílio costumeiro na ponta-esquerda e participou de quase todas as ações ofensivas portuguesas no jogo. Quando João Moutinho acertou o cruzamento, Selassie sequer viu Cristiano Ronaldo. Como num passe de mágica, ele tomou sua frente e cabeceou de forma certeira para o gol.

Na comemoração, os gritos de "Eu sou f..." foram inevitáveis. Para seus críticos, depois da resposta em campo, o desabafo vem em tom agressivo, marrento, bem Cristiano Ronaldo.  São poucos os que têm personalidade e futebol andando juntos, de mãos dadas, ao longo da carreira. Esses sofrem. E gostam de ser assim. Decidem assim, são craques assim.

Portugal hoje tem um time empolgado. E um craque inspirado. A combinação dos dois fatores pode resultar em título. É isso que os portugueses esperam.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Boca não leva mais de dois gols há mais de um ano. La U precisará fazer história


Foto: AP

A Universidad de Chile tem time para fazer 2 a 0 no Boca Juniors em Santiago. Mas não demonstrou o futebol para sequere empatar na Argentina. Sem foco na defesa, deu espaços de sobra e foi controlada pelo traiçoeiro Boca Juniors durante a maior parte dos 90 minutos. Resultado: vitória por 2 a 0 dos xeneizes, que seguem copeiros como sempre e sem tomar mais de dois gols numa partida há mais de um ano.

A dificuldade dos chilenos em passar de fase, porém, vai além da tradição e das estatísticas recentes do rival. O Boca, hoje, tem um time cascudo. Que marca muito tanto no seu campo como no campo de ataque. Com dois volantes que saem pro jogo sem se esquecer das obrigações defensivas. E um cabeça de área que deu a vida no tratamento de uma séria lesão para poder jogar a reta final da competição.

O Boca tem sangue, raça. Tem Ledesma matando um leão por jogo para não deixar o principal jogador rival se tornar uma ameaça ao gol defendido por Orión. Tem Mouche correndo o campo inteiro para marcar e criar uma alternativa de gol. Como no primeiro da vitória de hoje, de Santiago Silva.

Santiago Silva que enfim desencantou. Com um gol e uma grande atuação, se encaixa finalmente como a referência do time de Julio Cesar Falcioni, completamente acertado para os últimso jogos da Libertadores. E, agora sim, temido. Com uma ótima vantagem, o Boca se encaminhou para a final. Até porque não leva mais de dois gols desde o início de 2011. La U que se cuide. E que jogue o melhor futebol da sua história. Só assim conseguirá eliminar o time mais traiçoeiro e copeiro do continente.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

A complexidade que define Cristiano Ronaldo


Foto: Reuters


Cristiano Ronaldo teve ao menos três chances de sair como herói na vitória de Portugal sobre a Dinamarca, hoje, pela segunda rodada da fase de grupos da Eurocopa. Falhou nas três. E, por incrível que pareça, acabou salvo de uma perseguição maçante graças ao gol do reserva Varela, já no fim da partida, que decretou a vitória de Portugal, que ainda respira na competição.

O rótulo de amarelão pode ser injusto. Mas pior ainda é dizer que o camisa 7 foi bem. Porque não foi. Apesar da movimentação e da participação intensa na partida, Cristiano Ronaldo perdeu gols incríveis, como o cara-a-cara com o goleiro dinamarquês, já na segunda etapa. Principalmente pelo fato de Cristiano ser o cara da seleção portuguesa, o homem de quem todos esperam a melhor resolução para os problemas. O craque do time.

Papel esse que hoje coube a Nani, o melhor em campo. Nani, sim, finalizou bem, armou bem e, ainda que não tenha feito um gol, colaborou absurdos para a construção da vitória sobre o complicado e organizado time dinamarquês. E um detalhe extra: Nani marcou.

Ao contrário de Cristiano Ronaldo, Nani marcou até demais. Escalado como meia-extremo pela direita, sabia da responsabilidade que teria em conter os avanços do lateral Simon Poulsen. O mesmo dever que deveria ter Cristiano Ronaldo na cobertura das subidas de Jacobsen. Ronaldo não teve essa disposição e força de vontade. Tanto é que deixou Jacobsen jogar solto. E foi dele a jogada e o cruzamento para o segundo gol dinamarquês.

Perdendo gols na frente e ignorando suas obrigações defensivas, Cristiano Ronaldo deixa, mais uma vez, seu ego falar mais alto. Craque que é precisa provar ao mundo que pode fazer a diferença a favor de seu próprio país. A Eurocopa é uma excelente forma para tal. E ela já está na segunda rodada. Hoje, por pouco Cristiano Ronaldo não saiu como vilão. Assim, as críticas só tendem a aumentar. E não há defesa capaz de safá-lo da ira dos portugueses.

Talvez não seja nem por falta de vontade ou qualidade. Pode ser azar. Mas fato é que Cristiano Ronaldo pode melhorar em muitos outros aspectos que só dependem do seu próprio desejo. O cara que, muitas vezes, responde por todo um time precisa agir como tal sempre. É uma responsabilidade de gigantes que Cristiano Ronaldo parece não gostar de ter. Um fenômeno difícil de se entender.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Tabelando com Pedro Spiacci, sobre Eurocopa


Pedro Spiacci - Fala, Lucas, como está? Ansioso para o maior torneio de seleções do ano?

Lucas Imbroinise - Grande Pedro! Tudo bem. Muito ansioso pra bola rolar na Polônia e Ucrânia.

PS - Minha ansiedade também é grande. Vamos fazer as análises grupo por grupo?

LI - Vamos lá. Como você analisa o grupo A, tido para muitos como o "grupo da vida", em alusão oposta aos complicados grupos "da morte"?

PS - O grupo A pode ser tido como a chave dos coadjuvantes, mas a briga promete ser bastante equilibrada. Acredito na República Tcheca um pouco atrás de Polônia, Rússia e Grécia. Os  donos da casa vêm embalados pelo trio do Borussia Dortmund. Os russos têm uma boa geração e contam com Dick Advocaat, técnico que comandou o Zenit na melhor fase do clube e é justamente o time de São Petersburgo que cedeu boa parte da base da seleção. Com ele, Arshavin também jogou muito, pode dar samba. Já a Grécia, àquele jogo de sempre, muita marcação, filosofia que não mudou com o português Fernando Santos no comando.

LI - Então, Pedro. Eu também aposto muito na empolgação dos donos da casa e no talento dos russos, que, por mais que não tenham uma geração tão boa quanto a de 2008, vêm com ótimo elenco. A Polônia é um time de força, de muita marcação no meio e contra-ataques rápidos. Tem uma zaga minimamente segura e um goleiro em boa fase num grande clube europeu, além do artilheiro Lewandowski inspirado. Discordo um pouco de você quanto aos tchecos. Para mim, eles ficam na frente da Grécia, como a terceira força do grupo. Acho quase impossível dos gregos surpreenderem positivamente. Posso queimar minha língua, mas sinceramente, vejo com chances quase nulas de sucesso para a Grécia.

PS - Vamos ao segundo grupo então. O grupo B tem duas das três principais favoritas. A Holanda vem mais uma vez muito forte e tem uma vantagem em relação ao elenco da Copa: Van Persie está em fase totalmente inversa a de 2009-10, hoje é um dos melhores do mundo. Ao seu lado, Sneijder, Robben e Huntelaar no setor ofensivo. A defesa pode preocupar, mas a forte dupla de volantes protege a retaguarda muito bem. Na Alemanha a expectativa é alta também, né, Lucas?

LI - Sem dúvidas, Pedro. Talvez seja, juntamente com Espanha e Holanda, uma das equipes mais consolidadas atualmente. Joachim Löw segue dando continuidade a seu ótimo trabalho, lançando jovens promessas e habilitando o país com um futebol vistoso, ofensivo e agressivo, no bom sentido. Quanto à Holanda, chamo a atenção para uma incógnita: Arjen Robben. Que Robben veremos nessa Euro? O meia-extremo do Bayern terminou a temporada de forma trágica, perdendo pênaltis decisivos e de mal com o próprio futebol. É, sem dúvidas, uma das armas mais importantes do 4-2-3-1 holandês. Menos mal para os "laranjas" que Afellay voltou comendo a bola de sua última contusão no joelho, e pode ser um bom substituto para Robben.

PS - E ainda tem Portugal de Nani e principalmente de Cristiano Ronaldo. Se o camisa sete for bem, não duvido que a “seleção das quinas” consiga algo grande nesta Euro, mas disputar uma das vagas no grupo B já será um grande desafio. Mesmo com um ótimo jovem como Eriksen – talvez, o melhor da Euro 2012 junto com Götze –, creio que a Dinarmaca não vá conseguir nada além de participar.

LI - Muita gente se enganou com a Dinamarca, no último amistoso diante do Brasil. A imagem passada, de uma equipe fraca, retroativa, monótona, não faz parte da realidade do time. Mas, por azar, os dinamarqueses caíram no "grupo da morte", e dificilmente conseguirão passar de fase. Já Portugal surge como, de fato, a terceira força do grupo. Depende muito de Cristiano Ronaldo e de sua irregular dupla de zaga. Para piorar, os volantes também não vêm bem. É um time que toma muitos gols. E contra Alemanha e Holanda, nunca é bom ter uma defesa "peneira".

PS - No grupo D também vejo equilíbrio com Espanha e Itália à frente das demais, não é? 

LI - Isso. A Espanha é a grande força do torneio, mas nos últimos amistosos não vem jogando o melhor que sabe. Ainda assim, com Xavi e Iniesta querendo jogo, e Juan Mata e David Silva minimamente participativos, será muito difícil segurar a Fúria. Mesmo sem o artilheiro David Villa. Afinal, além dele, os espanhois também podem confiar em Fernando Torres, Fernando Llorente, Pedro...

PS - Exato, são 19 campeões mundiais no elenco, mas algumas mudanças pontuais. Já a Itália é o inverso: buscou se renovar e vem com dez da Copa de 2010. Os escândalos de combinação de resultados tiraram Criscito da Euro e Bonucci e Buffon tiveram seus nomes citados. Sem dúvida, isto abala o elenco azzurro, que vai confiar no forte sistema defensivo, que só foi vazado duas vezes na fase classificatória. Os bons volantes ajudam na consistência defensiva italiana. No ataque, a confiança é depositada nos ótimos e imprevisíveis Cassano e Balotelli. Croácia de Modric também pode incomodar, Lucas?

LI - Pedro, para te falar a verdade, aposto até mais na Croácia e na Irlanda do que propriamente na Itália. A crise pela qual passa o futebol italiano só tende a piorar o desempenho da Azzurra, que já não é dos melhores nos últimos tempos. O peso da camisa, obviamente, pode reverter esse panorama, mas se tivesse que apostar a favor ou contra os italianos, optaria pela segunda opção.
A Croácia vive da mesma geração de 2008. Tem em Modric a figura de protagonista do time e em Eduardo da Silva de definidor das jogadas. Conta com uma defesa experiente, chefiada por Simunic, e um meio-campo talentoso, com Modric, Kranjcar e Rakitic. Após as decepções recentes em Copas do Mundo e a frustração por não ter chegado às semis na Euro de 2008, o time comandado por Slaven Bilic pode surpreender, apesar de ter caído num grupo bem complicado. Bilic, inclusive, é uma espécie de inspiração para seus comandados. Afinal, fez parte da melhor seleção croata de todos os tempos, em 1998, ao lado de Prosinecki, Kovac, Boban e o artilheiro da Copa do Mundo daquele ano, o monstruoso Davor Suker.

PS - A Irlanda de Trapattoni também é bem organizada no tradicional 4-4-2 e pode beliscar uma vaga. 
LI - Exato. Os irlandeses apostam muito nesse time. É o melhor desde o de 2002. E tem um técnico sério, que vem revolucionando o futebol no país, após décadas de adminsitrações conturbadas e treinadores derrotados. O time tem gente do nível de Richard Dunne, Damien Duff e Robbie Keane. Pode beliscar uma vaga, hein.

PS - E o grupo D, hein, não me lembro de uma Inglaterra tão fraca nos últimos anos, como esta da Euro, hein?
LI - Sim. Muito atrapalhada também pelos desfalques. São tantos...Ao menos se passar, terá Rooney na fase final. Menos mal, né? Ainda assim, um time muito costurado.

PS - Quem pode se beneficiar muito com isso é a Suécia do gênio Ibrahimovic, artilheiro da Serie A 2011-12, com 28 gols que, de quebra, cedeu seis assistências. Além de ter se destacado nas Eliminatórias: marcou cinco e cedeu três assistências. Mas a grande seleção da chave é a França de Blanc, com muita variação tática: 4-2-3-1, 4-1-4-1 e 4-3-3 são bem executados pelos bleus. Além de ter um dos melhores meio-campos da Euro 2012: M’Vila e Cabaye são volantes bem dinâmicos e o trio Ribéry, Nasri e Valbuena tem capacidade de criar jogadas e também de marcar seus gols. A defesa não é tão forte, mas o conjunto francês é muito. E olha que a equipe havia sido eliminada na primeira fase da Copa de 2010. 

LI - Apesar de me encantar no papel, não vejo, na prática, a França tão forte, Pedro. Gosto bastante do trabalho de Laurent Blanc, é como uma espécie de renascimento do futebol francês, mas acho que o ponto alto dessa seleção virá daqui a um tempo somente.

PS - E a outra anfitriã, Lucas?

LI - A Ucrânia, para mim, é uma incógnita. Tem um time pouco conhecido e uma zaga lenta. Na frente, ainda há vaga para o veterano Shevchenko, que se despedirá do futebol. Ele bem que merecia um adeus honroso, por tudo que fez com a bola nos pés... Porém, acho difícil.

PS - Então é isso, Lucas, competição vai ser muito interessante, com Espanha, Holanda e Alemanha largando na frente, mas com a França muito forte também. A Euro 2012 será demais. Vamos palpitar...

Palpites Pedro Spiacci
Campeã: Holanda
Artilheiro: Robin Van Persie
Craque: Wesley Sneijder

Palpites Lucas Imbroinise
Campeã - Alemanha
Artilheiro -  Robin Van Persie
Craque - M. Özil

PS - Valeu, Lucas, foi um prazer tabelar mais uma vez contigo!
LI - Digo o mesmo, Pedro. É sempre uma honra!
PS - Abração!
LI - Outro!

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Oscar continua sendo a boa nova da Seleção


O Brasil jogou bem de novo. Depois de vencer a Dinamarca, no sábado passado, por 3 a 1, a Seleção goleou os Estados Unidos nesta quarta, por 4 a 1, também de forma convincente. E novamente Oscar foi a grande notícia  do dia para Mano Menezes. Participativo e decisivo, o camisa 10 do Internacional vai se firmando com o mesmo número na Seleção.

Pelo menos enquanto Ganso não volta da cirurgia que fez no joelho.

Oscar só não foi mais decisivo que Neymar, que participou dos três primeiros gols de forma decisiva. Mas Oscar jogou mais. Roubou a bola do primeiro gol no campo de ataque, como pede Mano Menezes, começou e participou das maioria das jogadas do time na primeira etapa e correu o campo todo. Se movimentou, chamou o jogo, criou.

Se entendeu bem com Marcelo, o monstro da lateral-esquerda, com Hulk - mais discreto que contra a Dinamarca -, pela direita e organizou o jogo por dentro sem se prender a nenhuma faixa do campo. Esta é uma das diferenças de Oscar para Ganso. Enquanto Ganso cadencia mais, pensa mais, Oscar é mais intenso.

Há quem acredite que os dois podem jogar juntos. Porém, de fato, o mais coerente é deixar um dos dois no banco. Hoje, quem sentaria para ver o outro jogar seria Paulo Henrique Ganso. Porque o momento é do Oscar, o homem que vem dinamizando e evoluindo o meio-campo da seleção brasileira.

terça-feira, 29 de maio de 2012

A esperança do tamanho da Polônia: o que esperar dos donos da casa na Eurocopa?




O povo polonês se acostumou com o tempo a sofrer. Entre mortos e feridos das tantas invasões e dos históricos conflitos na região, a Polônia reagiu com força. E se consolidou, enfim, como um povo europeu. Hoje, em pleno século XXI e a pouco mais de uma semana de sediar o evento mais importante do futebol europeu - juntamente com a vizinha Ucrânia -, os poloneses estão felizes. E melhor ainda, têm o que a história do seu próprio país os ensinou a esquecer: esperança.

Já estava na hora da sorte jogar do lado da Polônia, nem que fosse no futebol. No sorteio dos grupos da Eurocopa, a seleção nacional caiu no considerado mais simples, ao lado de Grécia, Rússia e República Tcheca. Ademais, jogará as três partidas da primeira fase em casa, certamente com o estádio completamente lotado. O povo polonês nunca se sentiu tão bem com o mundo. A alegria que o futebol é capaz de proporcionar já criar expectativas imensuráveis na Polônia.

Falta o time responder em campo. No último final de semana, no último teste antes da estreia oficial, no próximo dia 8, contra a Grécia, os comandados de Franciszek Smuda fizeram bonito: vitória sobre a Eslováquia. Mas ainda há muito a se provar. Do time titular, poucos são conhecidos pelo continente: o goleiro Sczesny, do Arsenal, o volante Polanski, do Mainz 05, e o trio do Borussia Dormtund: Piszczek, Kuba e Lewandoski.

Dentro de campo, é um time cauteloso, de muita força física e marcação. Costuma jogar no contra-ataque e aproveitar as rara chances que tem. Mas espera-se um pouco mais de ousadia na Eurocopa, não só por jogar em casa, mas pela vontade dos próprios jogadores em escrever um capítulo positivo na história de um país tão sofrido. Como a seleção de 74 escreveu. Como a de 82 escreveu. Ambas dando alegria a quem sempre viu tristeza.

A disposição e a vontade de vencer devem, até, falar mais alto do que o talento quando os poloneses entrarem em campo e virem nas arquibancadas os seus compatriotas com um sorriso no rosto e a esperança no coração. Eles devem estar loucos para provarem que Deus não criou a lama para a Polônia, como disse, certa vez, Napoleão Bonaparte. Há algo bem melhor guardado no destino polonês. Quem vivê, verá.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O monstro Paulinho coloca o Corinthians nas quartas




Só quem não vê uma partida do Corinthians há mais de um ano não sabe o tamanho da importância de Paulinho para o time de Tite. Certa vez, o próprio Paulinho revelou um pedido do treinador sobre o seu posicionamento e sua função em campo: "É pra ser o , elemento-surpresa". E Paulinho foi. Foi no Brasileirão 2011, quando acabou na seleção do campeonato, foi quando arrebentou no Paulista deste ano, foi na Libertadores.

Hoje não foi tanto. Empurrado para o campo de defesa por Rômulo, não rendeu o que  pode na maior parte do jogo. Ainda assim, foi a principal válvula de escape de um time pouco criativo do meio pra frente. Com eventuais arrancadas e aparições surpreendentes na frente, é o quinto jogador do ataque corintiano.

Paulinho é o cara que decide os jogos truncados. Como este contra o Vasco. Normalmente com um passe diferenciado, um chute de fora da área, um lançamento. Semprevindo de trás, como elemento-surpresa. Hoje Paulinho foi vigiado. Raramente apareceu como surpresa. Foi bem marcado. Mas novamente decidiu. Desta vez, com uma cabeçada. Livre de marcação, consciente. Decisivo.

Até quando não tem muita liberade para chegar ao ataque, até quando é bem marcado, até quando aparece pouco com a bola nos pés, Paulinho é capaz de ganhar um jogo para o Corinthians. Para muitos a alma deste time, o segundo volante dos sonhos de qualquer treinador brasileiro coloca Tite e o Corinthians nas quartas de finais. O medo dos torcedores é que o Corinthians esteja ficando pequeno demais para Paulinho.

O time da emoção sentiu falta da calma




O Fluminense controlou o primeiro tempo à base da ótima marcação de seu sistema defensivo. Edinho anulou Riquelme, Jean engoliu Erviti e a dupla de zaga fazia uma partida exemplar, sem erros. Mas o meio-campo e o ataque criavam pouco desde o início. Veio o segundo tempo e a defesa continuou bem. Mas do meio pra frente...

Nem a postura ajudava. Passavam os minutos e o ritmo do time caía. O trio de meias do 4-2-3-1 já não se movimentava, sequer buscava jogo. E os volantes trabalhavam dobrado. Jogaram muito, por sinal, ambos.
E enquanto isso, o Boca Juniors crescia. Ganhava o meio de campo com Erviti e Riquelme mais participativos e com mais posse de bola. Com Mouche no lugar de Cvitanich, ganhava a velocidade e a movimentação que faltaram no primeiro tempo.

Nos minutos finais, os argentinos estavam mais perto do empate do que os tricolores do segundo gol. Nervoso, o time brasileiro apelava pros chutões e esquecia a boa saída de bola que consolidava o meio de campo em toda a partida. No banco, um treinador ainda mais nervoso só complicava mais as coisas.

O Fluminense começou a errar passes. A abdicar do ataque e dar campo ao traiçoeiro time do Boca Juniors, que precisou de cerca de 15 minutos para crescer, dominar o jogo e fazer o gol da classificação. O jogo que poderia ter sido resolvido ainda na primeira metade dos 90 minutos, quando o time de Abel Braga tinha o domínio da partida, acabou como um pesadelo no último minuto. Num contra-ataque.

Faltou ao Fluminense tranquilidade. O time que ficou marcado por viradas e conquistas à base da emoção sentiu falta da calma, da experiência, da cadência, do controle. O Fluminense foi muito Fluminense contra o time mais traiçoeiro das Américas. E o Boca, que entrou em campo para jogar os 15 minutos finais, chega forte na fase crucial da competição. É o Boca...

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