" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Fla joga bem, empolga torcida e pode engrenar

Em um dos melhores jogos do Campeonato Brasileiro, o Flamengo fez aquela que pode ser considerada sua melhor exibição no ano. Armado no 4-3-1-2, com uma trinca de volantes-meias formada, da direita para a esquerda, por Cáceres, Amaral e Léo Moura e dois atacantes de área juntos, o time soube marcar na frente e usar bem o fator casa com estádio lotado. Pressionou o Atlético Mineiro no início, abriu o placar e continuou em cima. Mesmo após tomar o gol de empate, seguiu atacando e dominando a partida. A vitória veio de forma merecida: 2 a 1 com uma bela atuação, digna de aplausos dos quase 40 mil rubro-negros presentes no Engenhão.

Protagonista da noite, Ronaldinho Gaúcho fez pouco com a bola nos pés. Muito bem marcado por Amaral, tentou alguns lançamentos e cruzou algumas bolas com perigo. Se destacou mais por suportar o "apitaço" e as vaias da torcida que tanto o odeia desde que saiu do Flamengo. De resto, foi anulado pelo volante rubro-negro, um dos melhores em campo, por sinal, com um futebol simples e objetivo. Assim como o lateral-direito Wellington Silva.

Wellington, por sua vez, demonstra a cada jogo o quão é importante a confiança num jogador de futebol. Mais estruturado psicologicamente no Flamengo, ele arrisca mais. E faz bons jogos. Como o da noite desta quarta-feira, quando marcou muito bem, apoiou melhor ainda e jamais cansou. Contou, é verdade, com um marcador mais contido. Na dupla função de lateral-esquerdo e terceiro zagueiro, Richarlyson subiu pouco, dando mais liberdade para o lateral rubro-negro. Mesmo assim, é preciso elogiar a segunda boa atuação de Wellington consecutiva.

Cáceres é outro que foi muito bem. Ajudou Amaral na marcação a Ronaldinho, mordeu Escudero o jogo inteiro, apareceu bem na frente, ganhou praticamente todas as disputas de bola, não errou passes e, ainda, foi o motivo da expulsão de Réver. Partidaça do volante paraguaio. Para fechar a trinca do meio, Léo Moura não foi mal, mas também não fez um jogo espetacular. Saindo pela esquerda, teve dificuldades em acelerar o jogo, porém, por outro lado, aumentou e muito a criatividade do time, chamou a responsabilidade de passes precisos e lançamentos decisivos. No geral, foi bem.

Bem como todo o time. É difícil achar um jogador que tenha ido mal pelo Flamengo nesta noite. Até Gonzales, que falhou no gol de Jô, ao perder mais uma disputa de bola pelo alto, foi bem no geral, com bom posicionamento e antecipações pontuais. Frauches, ainda pouco seguro, jogou sério e não comprometeu. Cléber Santana, ainda que sumido em boa parte dos 90 minutos, acrescenta bastante ao meio de campo do time. É um algo a mais que o time precisava há tempos. E ainda tem Liédson, Vágner Love, Adryan no banco...

Jogando bem, o Flamengo empolga a torcida, que empurra o time. É um ciclo vitorioso que precisa de um motor para ser posto em prática. Quando engrena, o conjunto dificilmente trava. É nisso que os torcedores rubro-negros acreditam. No próximo domingo, o clássico contra o Fluminense pode ser essencial. Aproveitando o embalo da vitória sobre o Galo, outros três pontos podem, inclusive, fazer a equipe alçar novos objetivos na temporada. Uma derrota voltaria a abalar as estruturas do Flamengo. Tudo pode acontecer neste Brasileirão.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Os prós e contras de Gilson Kleina no Palmeiras




O Palmeiras tentou Dorival, Jorginho, Falcão, Carpegiani. Pensou em Cristóvão, Levir Culpi. Sugeriu-se Adilson Baptista. E a diretoria, entre recusas e pré-rejeições, optou por Gilson Kleina, que terá contrato até o fim de 2013 e uma missão bastante complicada já pela frente. O nome do ex-técnico da Ponte Preta não é ruim, mas também não é o melhor. O melhor, na verdade, seria manter Felipão. Ainda que o clima não fosse dos melhores, o time não estivesse jogando bem e tudo mais.

Mas não foi isso que aconteceu. Há quem defenda a saída de Felipão, dizendo que jogador de futebol precisa querer correr. É verdade. Vestiário bom é fundamental para uma boa sequência de vitórias. E segundo pessoas influentes nos bastidores do Palmeiras, Felipão havia perdido essa virtude. Por esse lado, a saída do técnico pentacampeão do mundo pela Seleção em 2002 é minimizada.

Sem Felipão, é fato que o melhor nome era Jorginho. Por conhecer o Palmeiras, a maioria dos jogadores, o ambiente, a diretoria, o contexto. E por amar o clube. Jorginho salvaria o Palmeiras. Sem Jorginho, também, todos os nomes acabam ficando praticamente no mesmo patamar. A diferença é que Gilson Kleina não tem um histórico de "técnico-salvação". Pelo contrário, seus melhores trabalhos foram feitos a longo prazo.

E é isso que o Palmeiras pensa e espera. Que Gilson dê seu jeito e livre o Palmeiras da Série B e, assim, com mais calma, faça seu trabalho em 2013. Um trabalho a longo prazo começando por um desafio de curto prazo. Talvez fosse melhor arriscar em Adilson Baptista, como sugeriu Paulo Vinícius Coelho, o PVC. O jornalista deu sua explicação: "Adilson tem um histórico de trabalhos de salvação e uma final de Libertadores no currículo". Faz muito sentido. Afinal, o Palmeiras estaria contratando um cara experiente em lutas contra a degola - o que é necessário para o fim deste ano - e, ao mesmo tempo, um técnico que já obteve sucesso na Libertadores, competição importantíssima para o Verdão no ano que vem.

O problema é que o técnico vice-campeão da Libertadores 2009, pelo Cruzeiro, está queimado em São Paulo. Fracassou nos outros três grandes clubes do estado. Há tempos não faz um bom trabalho. E não é confiável para a torcida e grande parte da diretoria.

Assim, torna-se ainda mais válida a aposta em Gilson Kleina. Ainda que seu forte seja o trabalho a longo prazo, à base da raça, do coração e com um pouco de técnica e tática pode ser que o técnico consiga livrar o Palmeiras da B. E então começar um trabalho de forma "justa".

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Seedorf, Renato e mais 9




Tem torcedor alvinegro que reclama da presença de Renato no time, diz que ele atrasa o meio de campo e prejudica a marcação. Tem torcedor alvinegro que critica até Seedorf, dizendo que ainda não rende nem a metade do que pode render e que ele não sabe como se encaixar no sistema tático de Oswaldo de Oliveira. Nesta quinta-feira, todos os torcedores alvinegros devem perceber o quão importante são Renato e Seedorf para o Botafogo.

Sem os dois, o time foi extremamente previsível, beirou o nível 0 no aspecto criatividade e só não perdeu em casa porque o Internacional abusou de perder gols e ainda falhou na zaga, permitindo que Cidinho recebesse lindo passe de Jeferson livre de marcação. Foi dos dois suplentes a melhor jogada alvinegra na partida, justamente a que culminou no gol de empate.

O 1 a 1 é bom para o Inter, que, bem ou mal se recupera da derrota em casa para o Fluminense e ganha confiança para voltar a subir na tabela. Para o Botafogo, o resultado é péssimo. Num momento em que o time voltava a jogar bem e a torcida voltava a depositar confianças nos jogadores, a equipe mal entra em campo, joga muito mal. E prova o quão dependente é de Renato e, principalmente, Seedorf.

Com os dois, o time pensa. A bola para. A jogada sai. Sem eles, é só ligação direta e correria pelas pontas. Até Andrezinho, que vinha bem nas últimas partidas, foi mal. Se escondeu do jogo, errou passes e dribles e não acrescentou muito como o principal armador do meio-campo. Fellype Gabriel ainda não se encontra no melhor de sua forma e ainda saiu machucado. Na meia-esquerda, Lodeiro alternou bons e maus momentos. Mas é fato que precisa de Seedorf para mais combinações ofensivas e até mesmo orientação.

Na frente, Elkeson não aguenta mais jogar de costas para o gol. Em toda jogada, sai da área para buscar o jogo e tentar clarear o chute. Não pode ser 9. O Botafogo tenta Bruno Mendes, jovem promessa do Guarani, que joga como referência de área. Para o bem de Elkeson e do próprio clube, a diretoria precisa contratar o garoto de 17 anos.

E Elkeson precisa voltar a jogar bem. A arriscar arrancadas, dribles e chutes de fora da área. Sem confiança, com a chegada de um centroavante de ofício acabará no banco. Ainda mais com Seedorf podendo jogar e Andrezinho minimamente regular. A vaga da meia-esquerda é de Lodeiro.

Fato é que a criatividade do time depende muito de Seedorf e do primeiro passe, que normalmente é feito por Renato. Mas que pode ser feito por Jádson. O time depende menos de Renato do que de Seedorf. O camisa 8, porém, melhora muito a saída de bola e dinamiza ainda mais o meio. O holandês que é impreterível. Melhora tudo no time. Não à toa é o 10, o capitão e o craque de um time que ainda pode sonhar com Libertadores, apesar de tudo.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

É preciso saber criticar o trabalho de Mano


A China está longe de ser parâmetro para alguma critica. A goleada por 8 a 0 contruída com extrema facilidade serve como prova. Mas é preciso analisar melhor o trabalho de Mano Menezes antes de pegar a corneta. E mais: para os mais supersticiosos, seleção em má fase antes de Copa do Mundo é sinal de sucesso no futuro. Foi assim em 1970, 1994, 1998 e 2002.

Em 1982 e em 2006, quando o futebol-arte encantava multidões Brasil afora e o público batia palmas para qualquer passe pro lado de craques brasileiros, deu no que deu. Obviamente, este que vos escreve e qualquer apaixonado por futebol prefere ver um time jogando bola de verdade a qualquer outro pragmático. Mas é preciso saber criticar.

Não só o passado serve como ponto de defesa para um possível sucesso da seleção de Mano Menezes. Se analisado profundamente, o trabalho de Mano não tem muitos absurdos. Ele convive com uma entresafra de jogadores, uma mudança de geração. E tem em mãos um time cujos principais talentos são garotos de 20 anos. Fica difícil vencer e convencer botando pressão somente na molecada.

Falta um Ronaldinho Gaúcho ou um Kaká para acalmar a garotada num momento de tensão, tranquilizar num jogo complicado, comandar o vestiário. Todos os grandes times do Brasil tiveram esse(s) cara(s). Este de Mano não têm ainda. Thiago Silva é o mais experiente, é o líder, mas é aquele líder que todas as nossas grandes seleções tiveram. Não é o meia ou atacante que vai chamar o jogo quase perdido e resolver os problemas individualmente.

E Mano não tem culpa nisso. Não tem culpa se Kaká não consegue ter uma sequência há anos, se Ronaldinho Gaúcho oscila e não esbanja confiança, se Luís Fabiano não consegue se curar das tantas lesões. Muito menos se Neymar não consegue dar show vestindo a amarelinha como dá com qualquer camisa do Santos.

Mano começou sua trajetória com uma atuação irretocável contra os Estados Unidos, fora de casa. Oscilou desde então. Fez convocações ruins e outras ótimas. A maioria, boa.  Foi mal na Copa América e perdeu a Olimpíada na final. Dois fracassos importantes. Mas no ponto de vista tático, fez o time evoluir muito. Hoje, a Seleção tem mais posse de bola, marca sob pressão e sabe se postar melhor nas bolas paradas adversárias. São virtudes do trabalho de Mano Menezes.

No entanto, são tantas as insinuações e críticas que se esquece até das vitórias mais empolgantes e dos fracassos mais notáveis. Torcedor brasileiro é das coisas mais chatas desse planeta. Pior do que não dar tempo ao tempo, é não analisar o trabalho de Mano Menezes para criticá-lo. O que Mano fez de tão errado? Fica a pergunta.

domingo, 2 de setembro de 2012

A importância do maestro colorado




Fernandão promoveu uma série de mudanças para enfrentar o Flamengo, na tarde deste domingo, no Beira-Rio. A começar pela zaga: escalou Rodrigo Moledo no lugar do criticado Bolívar. Na cabeça de área, Josimar herdou a vaga do contundido Ygor. O esquema tático também foi alterado. Fernandão preferiu voltar ao 4-2-3-1. Mas nenhuma mudança teve impacto tão grande na goleada por 4 a 1 sobre o rubro-negro carioca como o retorno de D’Alessandro. Centralizado na linha de três armadores, o argentino foi o cérebro do time.

Com ele, Fred tira o peso da pressão de parte da criação das jogadas, Forlán rende melhor e Damião volta a receber mais bolas. Resumindo, o time volta a jogar bola. E a ter mais organização na parte ofensiva. A bola para quando tem que parar, e corre quando tem que correr. D’Alessandro rege o Colorado.

Contra um Flamengo que começou bem o jogo, marcando na frente e buscando o gol, o argentino demorou para fazer a diferença. Depois de ver o time sofrer o primeiro gol em falha clamorosa de Muriel, ele se ligou na partida. Chamou o jogo, começou a pensar as jogadas. E sobrou pra cima de Cáceres. Todas as tramas ofensivas passavam ou começavam de seu pé esquerdo.

Veio o empate, contando com grande falha de Ramón, e a virada, com Josimar, em bela participação de Damião. O jogo ficou mais fácil e os cariocas se perderam de vez. D’Alessandro deitou e rolou. Trocando de posição e fazendo ótimas combinações com Forlán, ditou o ritmo em portunhol. O terceiro surgiu de grande jogada do argentino, que chutou na trave. O uruguaio pegou o rebote e, com extrema frieza, mandou para o fundo das redes. Ainda tinha espaço para o quatro, em belo peixinho de Damião.

O garoto Fred foi outro que sobrou na meia-esquerda. Deitou e rolou sobre o veterano Léo Moura. Depois, Dagoberto completou o serviço sobre o lado direito da defesa rubro-negra. Mas nada é tão importante para o Inter quanto um certo camisa 10, o homem que pensa, arma e conclui as jogadas. O cérebro do time. Esse cara tem nome e sobrenome: Andrés D’Alessandro.

O bando de Liverpool e o time de Londres


Do time que entrou em campo para enfrentar o Arsenal, neste domingo, pela terceira rodada da Premier League, apenas quatro jogadores não eram frequentemente relacionados como  titulares na última temporada. A defesa é a mesma. No meio, Gerrard continua comandando as ações, mas é no setor que o time sofreu as principais alterações, como a dupla de volantes. Na frente, pelas ponts, dois novos jogadores para servir a Luis Suarez.

Portanto,  é possível afirmar que o Anfiel Road testemunhou o terceiro jogo de um time completamente novo. E com muito pouco entrosamento ainda. A equipe que começou tomando a inciativa em casa, adiantando a marcação e sufocando a saída de bola gunner sucumbiu à falta de organização a partir do fim do primeiro tempo. O resultado acabou sendo uma derrota inesperada dentro de casa, a segunda do time em dois jogos.

Se o Liverpool mais parecia um bando em campo, o Arsenal demonstrava plano de jogo. No 4-2-3-1 que mais parecia um 4-3-3, o meio-campo funcionava bem. Diaby e Arteta marcavam e jogavam e Oxlade-Chamberlain servia como boa alternativa fugindo pela meia-direita. No ataque, ainda que um pouco apagado, Giroud se movimentava com inteligência e abria espaços para o ótimo Cazorla e o decisivo Podolski.

Com o passar do tempo no crônometro, o time de Londres foi impondo sua posse de bola, a maior entre os clubes da Premier League neste ano, assim como foi durante toda a última época. Com Diaby engolindo o estreante Sahin e Cazorla solto em campo, o Arsenal se sentia  casa. Não demorou para a vitória ser construída, com gol de Podolski em jogada de Cazorla e vice-versa. Em ambas, participação importante de Diaby, um dos melhores em campo pela dinâmica.

Brandon Rodgers tentou até mudar o panorama que já havia sido escrito na primeira etapa. Jogou o time para frente com a entrada de Downing no lugar do inoperante Borini, mas na base do desespero. E da desorganização. O cenário tenebroso para os Reds virou até motivo de piada para os torcedores gunners, que entoavam, em alto e bom som ao fim da partida: "Carrol iria marcar nesse jogo", em alusão ao mau desempenho do atacante Andy Carroll com a camisa vermelha. 




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