" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




terça-feira, 29 de junho de 2010

O Brasil ideal contra a pragmática Holanda


De novo a Holanda. Assim como em 1994 e 1998, quando o Brasil enfrentou a Laranja antes de chegar à grande final da Copa, o time de Dunga tem pela frente nas quartas de final do Mundial a tradicional seleção europeia, desta vez comandada pelo contestado Van Marjwiik. A Holanda versão 2010 não tem a força de um meio-campo extremamente criativo como nas Copas anteriores citadas, nem mesmo o futebol envolvente que caracteriza sua história no futebol. Pelo menos até agora. Porém, a atual geração de jogadores holandeses pode se gabar de ter uma virtude que nenhuma outra teve, ou pelo menos conseguiu demonstrar: competitividade. Que rima, no contexto futebolístico, com pragmatismo, resultando em vitórias.


Virtude essa que Dunga também possui. Desde a vitória na Copa Améria de 2007, nunca houve na história recente(leia-se desde o início do século XXI) da seleção canarinha um time tão pragmático como o atual, que começa, inclusive, a aliar a eficiência ao jogo vistoso, bem jogado, exatamente como foi na goleada sobre o Chile, pelas oitavas. E qual o segredo para ganhar da Holanda, que reúne praticamente as mesmas características da nossa Seleção?


A resposta para a pergunta acima varia muito. Cada um tem sua opinião, apesar das poucas opções de escalação, já que Elano, Felipe Melo e Júlio Baptista estão praticamente vetados. Ademais, Ramires ainda está suspenso. A do blogueiro que lhes escreve passa pelo jogo ofensivo, e, principalmente, por uma melhoria na saída de bola, justamente o que Ramires, com extrema eficácia, conseguiu conferir à equipe com a sua entrada.


Mas como o versátil volante do Benfica está fora, por que não testar Kleberson? O meia do Flamengo costuma jogar pela esquerda pelos clubes por onde passa e daria muita dinâmica ao meio campo brasileiro. Cadenciador, versátil e com ótimo toque de bola, ele pode dar um novo ritmo ao lado esquerdo brasileiro, assim como fez Ramires. Além disso, ainda poderia fazer uso de seu poderio na marcação para ajudar Michel Bastos no combate ao imenso ponta holandês Arjen Robben. Não que seja a solução para o problema brasileiro no meio de campo, mas que se trata de uma opção ideal, sim. Afinal, antes Kleberson do que Josué.


Apesar de ter feito excelente temporada no Wolfsburg, da Alemanha(antes de se machucar), Josué não tem uma boa saída de bola e erra muitos passes, além de fazer muitas faltas e ser bastante lento na marcação. Por isso é contestado em todo o Brasil. Não que Kleberson seja veloz, pelo contrário, mas o pentacampeão mundial em 2002 melhora muito a saída de bola, além de reter mais a bola no meio de campo, fundamental para o domínio brasileiro no jogo, que precisa ser efetivado pela posse de bola. E com Kleberson isso é bastante possível.


No lado direito do meio, Daniel Alves deve prosseguir, mas com uma nova orientação, já passada por Dunga antes, mas ignorada pelo lateral do Barcelona: a de atuar mais aberto pela direita quando o time estiver com a posse de bola. Isto seria fundamental para dar mais uma opção de ataque à seleção, já que Maicon deverá ficar mais preso à defesa, na marcação do incansável Dirk Kuyt.


Centralizado na cabeça de área, Gilberto Silva cresceu. E muito. Gigante na marcação, chegou até o ataque para arriscar um perigoso chute defendido por Bravo. A tendência é que seu posicionamento não seja alterado e que o mineiro de Lagoa da Prata faça marcação especial e individual no técnico, mas não tão ágil, Sneijder. O segredo será Gilberto não deixar o meia da Internazionale fazer seus tradicionais lançamentos de perna direita, marcando-o em cima. Os cartões, no entanto, precisam ser evitados pelo camisa 8 brasileiro. Um perigo. Mas que pode ser superado pelo experiente volante, que tem tudo para brilhar intensamente com a amarelinha. E calar a boca de muita gente que o critica injustamente.
Ofensivamente, um ponto não pode ser ignorado. A defesa holandesa é muito fraca. Está, sem sombra de dúvidas, a anos luzes da defesa brasileira. Lenta e insegura, pode ser a chave para a vitória canarinha. Que o trio de ouro saiba aproveitar isso.

No resto do time não há alterações. A expectatica é que todos repitam a ótima exibição contra o Chile, sobretudo o sistema defensivo. O grande problema da seleção, sobretudo pelos desfalques no meio campo será o banco de reservas, em caso de alguma contusão ou de uma postura desagradável da equipe. Vazio e sem opções decisivas, a área destinada aos suplentes dificilmente poderá ser fruto de uma carta na manga do técnico Dunga. Mais um problema. Acidental, sim, mas um grande problema. Ainda mais se o time não estiver bem no jogo.


O Brasil ideal para encarar a eficientíssima Holanda nesta sexta-feira pode não atuar da maneira ideal. Pode jogar mal, amarrando o jogo desde o início. E resolvê-lo com um pingo de talento à lá brasileira. No futebol, tudo pode acontecer. Tanto uma surpresa quanto uma normalidade. Contudo, para não trabalharmos com hipóteses- o que pode, até mesmo, ser considerado uma utopia por minha parte -, é bom que Dunga opte pela escalação ideal. Nem que seja sob o seu próprio.

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