" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Um time eterno


Está difícil ser Flamengo hoje em dia. Numa época em que pesadelos dominam as noites rubro-negras, não há um Zico para transformar sonhos em realidade. Entre projetos e promessas, hoje o melhor que se tem a fazer é voltar ao passado. A nostalgia, sem dúvidas, é o melhor remédio para abrir um sorriso em rostos tantas vezes castigados por frustrações. Trinta anos se passaram de um dia que deveria durar para sempre para a maior torcida do Brasil.

Você, torcedor rubro-negro com mais de trinta anos, dificilmente se lembra de onde estava e o que fazia há um atrás. Mas certamente se recorda com quem e como comemorou até o sol nascer a madrugada de 30 atrás. Poucos títulos foram tão marcantes no futebol. Poucos times foram tão brilhantes. Raros foram o que fizeram frente ao esquadrão rubro-negro. Nenhum Liverpool ganharia do Flamengo naquele 13 de dezembro de 1981. Porque se fosse preciso, o destino interviria.

Afinal, aquele time não era normal. Há quem diga que não era deste mundo, como Pelé. Uma constelação de craques, unidos como uma família. Era possível naquela época. A magia de Zico, Júnior, Adílio, Andrade e Cia era o antídoto contra as derrotas. Como se fosse proibido jogar mal e impossível ser derrotado. Um time que só perdia quando tudo não dava certo. Porque não há como dar errado com tanta gente boa junta.

É quase inaceitável a genialidade de Zico não durar para sempre, como a visão de jogo de Júnior, a técnica de Leandro, a segurança de Raúl no gol, a tranqüilidade de Andrade com a bola nos pés, a versatilidade de Adílio, a disposição de Lico, a capacidade de decisão de Nunes, entre tantas outras virtudes de um dos melhores conjuntos esportivos de todos os tempos.

Difícil explicar o praticamente inexplicável. Pior ainda é desmerecer um título único e histórico. Aos que criam teorias e teses para justificar a derrota inglesa em Tóquio, é melhor a opção pelo silêncio. Que os deuses do futebol não os ouçam.

Numa data de tantas recordações e comemorações, é dever dos mais velhos explicar aos mais novos a importância daquele esquadrão. Aos mais interessados, recomenda-se pesquisas, vídeos e textos da época. E, mesmo aos rivais, que o façam em nome do futebol. Não se trata qualquer tipo de jogo, time ou título. Estamos falando da maior atuação do melhor time da história do Flamengo, que culminou no título mais cobiçado por todos os clubes mundo. Não é pouco, não é muito. É absurdo. O que aquele time jogava não está nos livros de história.

Diferentemente dos dias de hoje, nos quais todos jogam, numa regra quase sem exceções, por dinheiro, em 1981 havia um time inteiro de craques a serviço do Flamengo. Craques que amavam ou aprenderam a amar o clube, como Andrade, botafoguense na infância, rubro-negro pelo resto da vida. Craques que fizeram de tudo para vencer as maiores dificuldades que poderiam surgir naquela época. Craques unidos, jamais vencidos. Craques que só se davam por satisfeitos quando viam a multidão sorrir. Craques de verdade.

Hoje, em outro 13 de dezembro, se não pode parar as ruas do Rio de Janeiro na madrugada aos gritos, buzinas e fogos, o torcedor rubro-negro, ao menos, acorda com um sorriso no rosto. Independente da idade, sabe que o dia é especial. Entre a vontade de voltar no tempo e as esperanças de um futuro tão próspero como foi o passado, o presente é um tempo de dúvidas. E uma única certeza: vai ser difícil existir um time como aquele.

O Chelsea do segundo tempo briga pelo título




Os primeiros 15 minutos do Manchester City seriam suficientes para lhe entregar, de bandeja, o título nacional se durassem 90 minutos em todos os jogos restantes. Marcando sob pressão, encurralando o adversário no seu campo de defesa, buscando o gol. Foi assim que, logo no segundo minuto da partida, Agüero deixou Balotelli na cara do gol para marcar. O italiano não perdoou, driblou Peter Cech e abriu o placar em pleno Stamford Bridge. Este Manchester City atropela qualquer rival, em qualquer lugar.

Mas mesmo jogando o seu melhor futebol, o time de Roberto Mancini tem defeitos. O principal deles é a falta de disposição para matar o jogo logo. Depois de abrir o placar, o time se acomoda, passa a tocar mais a bola e, ainda que ataque, perde muitos gols. Nesta segunda, Agüero e Silva poderiam ter matado o jogo com dois gols, ainda na primeira etapa. O argentino bateu para fora depois de cortar Kompany da área. Faltou um pouco do preciosismo que faltou a Silva.

Nos maiores momentos de acomodação do City, o Chelsea tentava crescer. Desordenada e desorganizadamente. Com Meirelles e Ramires muitos passes, a ligação direta era quase uma lei para o time londrino. Com um rival acuado e acomodado, até dessa forma o gol saiu. Terry lançou o ótimo Sturridge, que balançou para cima de Clichy antes de cruzar para Meirelles completar, livre, para o fundo das redes.

Mais do que o empate, o intervalo serviu como um divisor de águas da partida. No segundo tempo, viu-se um Chelsea muito mais aguerrido, organizado e certeiro. No meio-campo, Ramires virou um monstro que marca, toca e aparece na frente como elemento surpresa, ao contrário do volante burocrático cheio de passes errados da primeira etapa. Na frente, Mata e sua criatividade habitual começavam a fazer a diferença diante de um rival quase apático.

Outro ponto chave da partida foi a expulsão de Gaël Clichy, após falta dura em Ramires, em mais uma das arrancadas do brasileiro. Com um a menos, o time de Mancini passou a abrir mão do ataque em prol da manutenção da invencibilidade. Mas o gol da virada era questão de tempo. Com Lampard em campo, o que faltava não faltou mais. O passe final ganhou qualidade e a bola chegou limpa para Sturridge, na entrada da área. O jovem atacante, limpou para a sua potente perna esquerda e chutou nos braços de Lescott: pênalti claro, que Lampard converteu.

Se os primeiros 15 minutos do Manchester City ganham o campeonato, os últimos 45 do Chelsea o fazem candidato. Já é a terceira vitória consecutiva de um time irregular, que ainda tem muito a melhorar. Mas que, em casa, é muito forte.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Invicta, finalista, histórica: La U abre vantagem no primeiro jogo da final









Um time que não perde há 33 jogos merece mais do que respeito. Nem mesmo a atenção redobrada é capaz de resolver. É preciso se superar e ser ainda mais. Mas como ser melhor que este time do Universidad de Chile, invicto desde julho, finalista da Copa Sul-Americana, sensação do continente? A LDU tentou fazer uso de seu poderio em casa, com altitude, com Bolaños de volta ao time, e nada. Vitória do melhor time chileno dos últimos tempos, o time mais encantador das Américas, o melhor da história do clube.




A atuação esteve, mais uma vez, longe do brilhantismo de um time extraordinário, histórico. Porém, teve a organização costumeira da equipe comandada por Jorge Sampaoli, e, juntamente com a imposição ofensiva característica do time, foi suficiente para dominar e vencer merecidamente a LDU, por 1 a 0.




O placar mínimo está longe de ser surpreendente. O melhor time da competição, que tem o melhor jogador e artilheiro, Eduardo Vargas, autor do único gol da partida, mais um para sua conta de 9 gols na competição, e um time extremamente organizado, equilibrado e inteligente. Em boa fase, um time irresistível, que toca bem a bola, ataca com fluência, defende com segurança e se movimenta como grandes times do futebol mundial.






E mesmo nos seus piores momentos, se mostra um time muito difícil de ser batido. Dentro e fora de casa. No 3-4-3, valoriza a posse de bola, gosta de jogar no campo de ataque e, independente do momento do jogo, tem o time agrupado. Tecnicamente, raramente erra. Os passes são certeiros e as finalizações minimamente perigosas. Os treinos dão resultados. E o improviso é bem-vindo. Volante que chega para deixar Vargas na cara do gol é fruto de treinamento e resultado de improviso momentâneo do jogador. É roteirom de gol da La U. Gol que tem tudo para ser decisivo. Gol que pode ser de título.




Raridade em competições sul-americanas, a La U é uma equipe que joga melhor com a bola no chão, tendo como principais trunfos a técnica e a tática. Não faz uso de recursos extra-campos, psicológicos ou físicos. Não precisa de altitude ou catimba para ganhar jogo. Precisa de futebol. E isso é tudo.




Na semana que vem, um estádio lotado empurrará o time para aquele que pode ser seu primeiro título internacional. O time que joga bem em qualquer lugar do planeta só precisa empatar o jogo de volta da final, contra a mesma LDU, em Santiago. Mesmo assim, é inimaginável pensar que o time vá segurar um 0 a 0. É contra seus princípios. Viva o futebol.

Real x Barça: missões e tabus do maior clássico da atualidade

O poderio financeiro, o monopólio das candidaturas ao título nacional e os melhores jogadores do planeta transformaram Real Madrid e Barcelona nas maiores equipes da atualidade. A rivalidade regional que, ao contrário do resto do mundo, ofusca até mesmo os clássicos entre equipes mesma cidade, impressiona o mundo. Não há quem não se interesse por um clássico como esse. E se não bastasse tudo isso, ainda há disputas extras em jogo.

Entre a dura tarefa de parar a sensação do futebol mundial e vencer o jogo, o Real Madrid evita recorrer ao passado para contextualizar. Desde 2008 que os merengues não vencem os rivais blaugranas em casa, no Santiago Bernabéu, palco do jogaço deste sábado, às 19h de Brasília, 22h locais.

O Barcelona também não quer coloca pressão pré-jogo. Prestes a viajar ao Japão, precisa de uma despedida tranquila, sem crise e desespero. Precisa de uma vitória no Superclássico. Guardiola sabe disso. Por isso, jamais cogitou escalar um time misto visando o Mundial de Clubes. Entende, com razão, que é possível conciliar as duas missões. E nada melhor do que viajar embalado por mais uma vitória sobre o Real.

Mas não será qualquer Real. Pela frente, Guardiola terá um time surpreendente, como de costume. Tão criativo quanto o seu. Tão marcador quanto o seu. Com a mesma vontade, a mesma pegada. Provavelmente com Pepe na cola de Messi, e Xabi Alonso e outro volante correndo atrás da dupla mágica Xavi e Iniesta.

As estratégias serão muitas e o planejamento é duradouro. Clássico é clássico. E Real Madrid e Barcelona é muito mais do que qualquer clássico. Como parar Messi? Como anular Cristiano Ronaldo. Não tem muito o que pensar, planejar. É melhor torcer para fazer. E não levar. É jogo para se ganhar, gravar e palestrar. É clássico. É Real Madrid e Barcelona.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Seleção do Campeonato Brasileiro 2011

Um campeonato tão equilibrado, disputado e emocionante, é difícil uma seleção de jogadores não gerar questionamentos. O caráter subjetivo das escolhas se mantém e as discussões se intensificam. Mas não há como não palpita. Eis a seguir a minha seleção:

Goleiro: Felipe(Flamengo) - O mais regular. Mesmo na péssima fase do time, fez defesas importantíssimas, salvando o time. Se manteve em bom nível durante todo o campeonato. Pegou pênalti, falta, fez defesa em cima da linha...Um goleiro completo e ameno às críticas. Levou a melhor sobre Fernando Prass e Marcelo Lomba, que pegou muito, também, pelo Bahia.

Lateral-direito: Bruno(Figueirense) - Uma das revelações deste Brasileiro. Um monstro com a camisa 2 do Figueirense, mesclando bem as funções defensivas com as ofensivas. Teve um baita professor para ajudar na área técnica. Superou Fágner, do Vasco, e Alessandro, do Corinthians, que cresceu muito na reta final, não mais que Bruno.

Terceiro-zagueiro: Dedé(Vasco) - Um campeonato mitológico, com desarmes, assistências e gols. Não há zagueiro melhor no Brasil. Atrás dele, Leonardo Silva, do Atlético Mineiro, e Rhodolfo, São Paulo.

Zagueiro-central: Leandro Castán(Corinthians) - Regular, sério, seguro. Independente do companheiro de zaga. Vive o melhor momento da carreira. Venceu Réver, do Galo, e Anderson Martins, que deixou o Vasco para jogar no mundo árabe.

Lateral-esquerdo: Junior Cesar(Flamengo) - Ajeitou os problemas do setor no time rubro-negro e se consolidou como o melhor da posição no torneio em meio ao péssimo final de ano que a concorrência fez, como Cortês do Botafogo. Dodô, do Bahia, que rompeu os ligamentos cruzados do joelho após uma entrada criminosa de Bolívar, do Inter, também merece menção.

Primeiro volante: Rômulo(Vasco) - A segurança de sempre na proteção à zaga, aliada à qualidade do passe na saída de bola, o transformam num volante inigualável. Até nos seus piores dias. Versátil, foi segundo volante e até meia durante a temporada. Teve a forte concorrência do constante Ralf e do promissor Wellington, do São Paulo.

Segundo volante: Paulinho(Corinthians) - Uma das escolhas mais óbvias. Um dos melhores jogadores do campeonato. Destaque absoluto do time campeão. Um volante com pés de meia. Moderno. Decisivo. Extremamente promissor. Venceu, com sobras, Marcos Assunção, do Palmeiras, e Renato, do Botafogo.

Meia-armador pela direita: Diego Souza(Vasco) - A força característica de anos anteriores era suficiente para o classificar como um dos melhores do ano. De quebra, ainda foi muito decisivo, ganhando jogos sozinhos, como na goleada por 3 a 0 sobre o Cruzeiro, em Sete Lagoas, quando marcou os três gols e foi o dono do jogo. Belas atuações em clássicos e jogos difíceis fora de casa. Um camisa 10 completo. Levou a melhor sobre os ótimos Montillo, do Cruzeiro, e o irregular, porém extremamente decisivo Thiago Neves, do Flamengo.

Meia-armador pela esquerda: Alex(Corinthians) - Jogou menos da metade do campeonato, o suficiente para provar que, se tivesse o jogado por inteiro, certamente seria candidato a craque. Até quando começou no banco, entrou bem e fez a diferença. Aproveitou a queda de rendimento de Ronaldinho Gaúcho e as oscilações de Felipe, do Vasco.

Atacante 1: Fred(Fluminense) - O melhor centroavante do país. Pena que só entrou para vencer no segundo turno. Inigualável dentro da área. Na frente de Leandro Damião, que penou pela lesão muscular que o afastou de boa parte da competição, e Anselmo, do Atlético Goianiense, uma das melhores surpresas da competição.

Atacante 2: Borges(Santos) - Seria injusto deixar de fora da Seleção o monstro dos gols. O homem que chegou no meio da viagem e logo quis sentar à janela do ônibus. E conseguiu. 23 gols não são para qualquer um. Mas esta vaga poderia muito bem ser do craque Neymar, também. Menção honrosa para Loco Abreu, eficiente dentro de campo, lúcido e inteligente fora dele.

Técnico: Tite(Corinthians) - Contra tudo e todos, montou um time sensacional, administrou um grupo de jogadores campeão e não poderia receber outro prêmio, senão o de campeão. Baita profissional. Merecedor do sucesso. Também merecem elogios Cristóvão Borges, do Vasco, e Cuca, que livrou o Galo de um rebaixamento quase prescrito no início do campeonato.


Revelação: Wellington Nem(Figueirense) - Impressionou pela velocidade e ousadia com que trabalha a sua canhota. Craque de uma das sensações do campeonato, o Figueirense. Levou a melhor sobre Bernard, do Galo, e Osvaldo, do Ceará.

Craque: Dedé(Vasco) - Um mito. Por tudo que fez, superou a genialidade de Neymar. Um zagueiro completo, que por vezes, virou meia e centroavante. Candidatíssimo a um lugar na Seleção Brasileira.

Melhor árbitro: Leandro Vuaden - Só porque tinha de escolher um. O menos pior. E, mesmo assim, ruim.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Mistura de emoções no dia de um título merecido

O dia começou triste para a torcida corintiana. Mas terminou feliz. Muito feliz. A dor pela morte do ídolo Sócrates se transformou em estímulo extra para a conquista do quinto título brasileiro do Corinthians. Um empate feio sem gols foi suficiente para converter o Pacaembu num templo eufórico. Do outro lado da ponte aérea, outro empate, mais emocionante, com gols, serviu como tranqüilizante para um bando de loucos. No final feliz, nem mesmo o descontrole do time palmeirense foi capaz de tirar o brilho da festa. Nada nem ninguém é capaz de desmerecer o campeonato que fez a equipe de Tite.

A superação vascaína, de fato, merece muitos elogios. É digna da tradição e grandeza. O reconhecimento da própria torcida veio no fim do jogo no Engenhão. Mesmo com o 1 a 1 no placar e a tristeza do vice-campeonato, os cantos não pararam com o apito de Péricles Bassols. A revolta dos jogadores, com ou sem explicação, em nada tinha a acrescentar. O empate corintiano decidia tudo.

Pode ser feio, sem graça, chato e até injusto ser campeão com um 0 a 0. Mas pelo o que o Corinthians fez em todo o Brasileirão, não há outra palavra para definir a campanha corintiana senão merecimento. A palavra que constantemente aparece nas entrevistas coletivas de Tite é fundamental para calar as críticas, as teorias absurdas e as reclamações incoerentes dos torcedores rivais. O Corinthians é um campeão justo. Dentro e fora de campo.

O futebol que encantou boa parte do país durante a maior parte do ano, pouco pôde ser visto no tenso clássico contra o Palmeiras. Com Wallace na cabeça de área e uma tensão impressionante na cabeça dos jogadores, o time não fluía. E, por vezes, chegou a ser pressionado por um Palmeiras desorganizado, mas motivado. Um Palmeiras que queria ganhar o jogo e jamais poderia aceitar ver de perto um título corintiano.

Talvez fosse mais justo ver o Corinthians ser campeão com um gol de placa de Willian, que quase saiu na primeira etapa. Ou uma cabeçada de Liédson, artilheiro da equipe. Ou até mesmo, uma cabeçada de Chicão, o capitão que aceitou o banco em prol do grupo. Mas o futebol é sensacional por isso. Por proporcionar resultados surpreendentes, por vezes sem graça, com uma constância impressionante. Se é que isso importa para uma das maiores torcidas do Brasil, que comemora o título como se nunca tivesse conquistado nada. Ela merece. Sócrates merece. O céu recebeu uma pessoa feliz.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Vasco não pode colocar a culpa da derrota no cansaço


A preocupação quanto ao cansaço do time, que serve como desculpa para todo torcedor vascaíno, não pode ser colocada como razão da derrota do time, para o Universidad de Chile, nesta quarta-feira, por 2 a 0, em Santiago. Não foi no preparo físico que o Vasco perdeu a chance de conseguir a tão sonhada tríplice coroa. Mas sim nas partes técnica e tática. Em duas falhas da zaga, dois gols bobos, e que decidiram a classificação do time chileno.

A ruim partida que fez o Vasco começou na escalação de Cristóvão Borges. Sem Felipe poupado, o treinador optou por dar mais marcação ao meio de campo, com Nílton na proteção à zaga. Assim, adiantou Allan, Rômulo e Juninho para a criação das jogadas, com o último centralizado. Acontece que Juninho vivia uma de suas piores noites. Errava passes, lançamentos, dribles e até faltas, sua especialidade.

E o time não criava. Sem Felipe e com Juninho mal em campo, o senso de criatividade do Vasco praticamente desaparece. E a bola não chega a Diego Souza e Alecsandro. Então, mesmo ocupando o campo de ataque, marcando sobre pressão, o time carioca não conseguia controlar o jogo. Do outro lado, tocando a bola com calma e saindo com passes certeiros, sem afobar as jogadas, a La U controlava a maior parte do jogo. Quase sempre nos contra-golpes perigosos pelos flancos.

Com a vantagem no placar graças ao gol de Canales, em falha grotesca da zaga vascaína, que não soube aliviar o perigo de uma bola quase “morta” dentro da área, o time chileno teve ainda mais facilidade para executar o seu plano de jogo. Procurando soluções, Cristóvão Borges lançou o amuleto Bernardo logo no intervalo, no lugar do inoperante Allan. O meia entrou mal e o Vasco, pior ainda. Mais lento, vivendo à base de ligações diretas.

Mais tarde, a alternativa foi apostar na experiência de Leandro, fora da decisão de domingo. Em nada alterou o panorama do jogo, cada vez mais propício à La U. A expulsão de Fagner, por pura descontrole emocional, somente piorou as coisas. Bem como o gol do craque da Copa Sul-Americana, o também artilheiro Eduardo Vargas, após belo cruzamento de Castro.

O Vasco se enfraquece ainda mais para a decisão do Brasileiro, no domingo, contra o Flamengo. Era o risco que tinha de correr em jogar duas competições ao mesmo tempo. Ao menos, não perdeu nenhum jogador por lesão. Os grandes prejuízos são físicos e psicológicos. Mas fáceis de serem vencidos. Basta força de vontade. E isso, o time de Cristóvão Borges tem de sobra.

domingo, 27 de novembro de 2011

O título estará em boas mãos

O Vasco foi heróico aos 45 minutos do segundo tempo de um clássico decisivo e muito bem jogado, assim como em toda a turbulenta temporada de 2011. Vaiado em diversos momentos, Alecsandro deixou o banco de reservas para decidir o jogo. Com um gol e uma assistência, pôde, enfim, voltar a receber aplausos. Acima de tudo, provou a força do elenco vascaíno e da visão de jogo de Cristóvão Borges, que, com duas mexidas, colocou os dois homens que virariam o jogo posteriormente.

O Corinthians foi cruel como nos últimos jogos. Venceu como fez em quase todo o campeonato. E manteve a liderança hegemônica do ano. Ainda sem jogar bem, mas mostrando muita força. Assim como o Vasco, tem elenco e um baita técnico. Assim como o time carioca, tem time e torcida para ser campeão na última rodada, contra o arquirival.

O título, sem dúvidas, ficará em boas mãos. Merecimento é a palavra de ordem para Tite mas caberá bem na conquista de qualquer um dos dois. O Corinthians, sobretudo, pela constância. O Vasco, principalmente, pela superação. Ambos pelo futebol que bem jogaram na maior parte do ano, com o desfile de craques do naipe de Felipe, Juninho, Dedé, Diego Souza, Liédson, Alex, Emerson, Willian, dentre outros.

Sem papos de teorias de conspiração, jogos arranjados, campeonato encomendado. O torcedor que reclama da arbitragem esquece de olhar para o próprio umbigo. O vascaíno que ficou indignado com o gol mal anulado de Diego Souza esqueceu que Juninho merecia ser expulso pelas quatro faltas para cartão que fez. O corintiano que tanto reclama dos juízes brasileiros, esquece dos benefícios que recebeu ao longo do campeonato. Mas não há favorecimento. Não neste ano.

Há, sim, favoritismo. E é corintiano. Mesmo jogando contra um Palmeiras motivado pela rivalidade histórica, precisar apenas de um empate é muito mais fácil do que ter que vencer o Flamengo no Engenhão sem Juninho, Diego Souza e Allan.

domingo, 20 de novembro de 2011

O peso do Imperador

Foto de Fábio Braga/Folhspress

Virou praxe nos últimos anos para a imprensa se preocupar com o peso de Adriano. Entre declarações de médicos e entrevistas de Tite, a certeza era de que Adriano não estava pronto, fisicamente, para estrear. Os minutos nos quais esteve em campo deixaram outra certeza: o Imperador também estava fora de forma técnica. Mesmo assim, Tite seguiu o relacionando para os jogos. Hoje, a duas rodadas do fim, ele provou ter acertado. E como pesa Adriano!

Aos 42 minutos da segunda etapa de um jogo dificílimo contra o Atlético Mineiro mais uma vez muito bem montado por Cuca, foi dele o gol da salvação. Não o da afirmação. Nem o da consagração. Ele não precisa disso agora. Adriano só precisava de um gol importante para ganhar o apoio da Fiel. Ele sabe que ainda tem muito a aprimorar física e tecnicamente para 2012, mas queria ser importante já em 2011. E foi. Com um golaço que tem tudo para ser decisivo no fim das contas.

O peso de Adriano extrapola os números marcados pela balança. A corrida com a bola nos pés, dentro da área e o chute, da sua potente perna esquerda, sem chances para o ótimo Renan Ribeiro, não são comuns a qualquer atacante. Nem Liédson, que fez boa partida e marcou o gol de empate, nem Emerson, autor da jogada do gol imperial, são capazes disso. Mas Adriano tem estrela, talento e força suficientes para marcar um gol, a dois jogos do fim do campeonato, mesmo muito acima do peso e fora das condições ideais para um jogador de futebol.

Adriano pesa tanto dentro e fora de campo, que provavelmente fará os corintianos esquecer as dificuldades da partida. Contra um Galo fechado num inteligente 4-1-4-1 montado por Cuca, no qual até André, o centroavante isolado, voltava para marcar, o time de Tite teve de buscar soluções diferentes para vencer o jogo. Soluções que saíram em boa parte das vezes de Alessandro, um dos melhores em campo. Resumindo: bolas aéreas.

Nunca o torcedor corintiano viu o time jogando tanta bola na área como hoje. Isso porque Pierre e Felippe Souto congestionaram o meio de campo, dificultando as enfiadas de bola de Alex, as tabelinhas de Paulinho com os meias e atacantes, entre outras tramas comuns ao time coritiano. Foi preciso apelar ao jogo típico inglês. Então surgiu outro problema: era preciso uma referência de área, já que Liédson e Emerson não são centroavantes típicos, cabeceadores natos...

Logo, Tite chamou Adriano. Mesmo com todos os poréns. No primeiro toque na bola, um domínio pífio. Adriano com certeza não está pronto. Passam-se alguns minutos e a sensação é outra. Adriano está com vontade de estar pronto. E se tratando de um atacante do porte do Imperador, isso basta para decidir um jogo. E não precisa ser pelo alto. Pode ser numa arrancada, em velocidade e num chute técnico cruzado. Jogada digna de quem está bem física e tecnicamente. Mas que Adriano consegue executar nas atuais condições em que se encontra. Craque é craque.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A importância de Fred nas retas finais




Rafael Moura costuma ser decisivo em jogos importantes. Foi assim com o Goiás na Sul-Americana, no ano passado, quando, inclusive, foi o artilheiro do torneio, e com o Fluminense na Libertadores deste ano. Rafael Sóbis também tem seu faro aprimorado em decisões. Que o diga Rogério Ceni. Foi dele o gol que consagrou o Internacional como campeão da América, em 2006. Mas nenhum dos três se compara a Fred.

O camisa 9 tricolor tem um poder de decisão impressionante. Pode passar o ano todo convivendo com lesões, noitadas, polêmicas, mas na reta final...ele resolve. Foi assim em 2009, na incrível campanha de fuga do rebaixamento do Fluminense de Cuca. Quando mais se precisou de Fred, ele apareceu com gols importantíssimos. Em 2010, no título brasileiro, Fred foi tão importante quanto Emerson Sheik, autor do gol derradeiro, na "final" contra o Guarani. Neste ano, o roteiro se repetiu. E lá foi Fred decidir.

A diferença é que, ao contrário dos anos anteriores, Fred não fez um ou dois gols diferenciais para o Fluminense. Fez quatro. Quatro gols fundamentais para a vitória por 5 a 4, de virada, sobre o Grêmio, no Engenhão, acontecer. Mais do que a disposição de Rafael Sóbis e os passes precisos de Deco, os gols de Fred fazem muita diferença. Como ontem. Com quatro tentos, o artilheiro tricolor recolocou o time na briga pelo título nacional.

Ainda assim, a dura missão de Fred ainda não acabou. Pela frente, mais três decisões. Dois clássicos. Duas oportunidades perfeitas para um atacante decisivo, um autêntico craque, aparecer e decidir. Sorte da torcida tricolor. Ele estará lá, aumentando, muito provavelmente, sua lista de 17 gols.

domingo, 13 de novembro de 2011

Os motivos que não permitem ao Flamengo brigar pelo título

Em um campeonato tão tresloucado como o Brasileiro, soa como incoerente afirmar, a cinco rodadas do final da competição que um time que está em sexto lugar, a seis pontos do líder, não brigará mais pelo título. Mas pela partida que fez hoje, em Curitiba, contra o Coritiba, tira todo o ânimo do Flamengo. Não somente pelo péssimo resultado em uma partida que poderia o colocar como terceiro colocado - o 2 a 0 afasta ainda mais o time das primeiras colocações -, mas pela forma como a derrota se desenrolou: em 90 minutos, o time de Luxemburgo provou como não fazer para vencer jogos e brigar por títulos.

As falhas individuais na defesa voltaram a aparecer. E o pesadelo da bola parada continua vivo na mente dos torcedores rubro-negros. Assim como fez o Cruzeiro, há exata uma semana, no Engenhão, o Coritiba abriu o placar em um escanteio. A jogada foi totalmente idêntica à que terminou em gol de Anselmo Ramón, no fim de semana anterior. Desta vez, coube a Leonardo empurrar para as redes, dentro da área, sem chances para Felipe, que não teve culpa nos dois gols.

O segundo gol teve um nível de facilidade ainda maior para os donos da casa. Maranhão aproveitou o erro de Ronaldinho no domínio de um lançamento de Felipe, roubou a bola no meio de campo, e, sem ser incomodado por nenhum marcador, invadiu o campo de defesa rubro-negra e, da entrada da área, chutou. A bola ainda desviou antes de encobrir o camisa 1 rubro-negro.

Como vem sendo desde o início do campeonato, uma eventual desvantagem no placar desanima extremamente o time rubro-negro, que parece não ter f0rças para reagir. Toque de bola pra cá, toque pra lá, e nada. A burocracia do meio de campo parece inexpurgável. Thiago Neves é um dos poucos que merece ressalvas. Em meio ao marasmo de jogadores do nível de Ronaldinho, Renato Abreu, dentre outros, destaca-se a entrega de um meia habilidoso e disposto a transformar suór em sangue.

Mas um só Thiago Neves não basta para o Flamengo. Bastaria, sim, se o time tivesse um atacante capaz de prender a bola na frente, fazer o pivô, abrir espaços e finalizar com precisão. Não são os casos de Deivid e, sobretudo, o atrapalhado e inexplicável Jael. É o castigo para quem preferiu não apostar em Adriano, Vágner Love e abrir os cofres por Kléber.

Os problemas rubro-negros são tantos que ultrapassam as quatro linhas e chegam à área técnica. Como pode um técnico, antes do final da primeira etapa, perdendo por 2 a 0, tirar um meia-atacante e colocar um volante? Luxemburgo tenta, mas não pode justificar. Errou na substituição. Mexeu mal e recuou o time num momento inoportuno. Verdade é que as opções que lhe são dadas não ajudam. Mas é preciso tirar leite de pedra num momento decisivo como o atual para ser campeão brasileiro.


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Entre o risco e a consagração: Vasco nas semis da Sul-Americana

Foto: Ag.Estado


Desde a metade do ano, o Vasco já tem participação garantida na Libertadores 2012, principal prêmio oferecido pela Copa Sul-Americana. No Brasileirão, torneio mais importante do país, última vez conquistado pelo clube em 2000, é segundo lugar. Mesmo assim, o Vasco quer ganhar tudo que pode. Até o final da temporada, terá, em menos de um mês, no mínimo, 7 jogos para disputar entre o torneio nacional e o continental. Riscos a serem corridos em busca da consagração em âmbito continental.

Em noite mítica de Dedé, a virada sobre o Universitario, do Peru, por 5 a 2, prova a importância em se escalar time titular nas duas competições. E, obviamente, os riscos possíveis. A bela partida que Juninho fez poderia ter acabado ainda no primeiro tempo, quando recebeu forte pancada na panturrilha esquerda, a mesma que lhe tirou de alguns jogos do time neste ano. Mas a sorte estava ao lado do time da casa, na noite desta quarta-feira. A cada lance, a cada cruzamento errado transformado em gol, a cada frango inexplicável do experiente goleiro Johnny Top.

Em uma eventual eliminação, com um hipotético vexame em casa, como fez o Flamengo, há quase um mês, poderia, inclusive, mexer com o brio e o psicológico dos jogadores, prejudicando o ambiente do time no Brasileiro. Era um risco que Cristóvão Borges resolveu correr hoje. Com a goleada e a classificação inédita para o clube às semifinais, obteve a glória. Amanhã, os jornais estamparão elogios efusivos à escola do treinador em querer ganhar tudo. Foi preciso apostar alto para gozar de um prêmio como esse.

O próximo adversário vascaíno é quem joga, hoje, o melhor futebol da competição: o Universidad do Chile, que eliminou o Flamengo, com direito a baile no Engenhão e olé em Santiago. Time organizado, rápido e que joga bem tanto dentro como fora de casa. Infinitamente superior ao Aurora e muito acima, também, do Universitario do Peru, os últimos adversários cruz-maltinos.

Para não correr riscos de se ver em desvantagem logo no primeiro confronto, visando a força da “La U”, o mais coerente seria Cristóvão Borges escalar o time titular novamente. Até porque não haveria justificativas para retornar à opção pelos reservas. Ele escolheu, hoje, correr os riscos prévios impostos pela escalação dos titulares nas duas competições. E é provável que acerte no final das contas.

O exemplo mais recente que pode ilustrar a situação é o Fluminense de Cuca, em 2009. Brigando para não cair, o técnico tricolor não se intimidou com a pressão de dirigentes e dos críticos, e escalou o time titular tanto na Sul-Americana daquele ano como no Brasileiro. O final foi quase perfeito. O Fluminense foi derrotado somente na final da competição continental e escapou do rebaixamento na nacional. Cuca correu riscos, mas, ao mesmo tempo, uniu o time, motivou os jogadores e deu ritmo a todo o elenco. Uma vitória motivava a outra, independente da competição.

No contexto incerto do futebol, é difícil prever o certo e o errado. Mas o que a história do esporte prova é que apostar e correr riscos é sempre um passo importante para fazer história. Na melhor das hipóteses, Cristóvão Borges poria para sempre o seu nome na história. Na pior delas, cairia no esquecimento da torcida, que voltará a ter Ricardo Gomes na Libertadores 2012. A coragem, nesse caso, é arriscada. E pode ser brilhante no final. O tempo dirá.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O título que renova a Portuguesa

Foto: Eduardo Viana


“Eu nunca tinha visto o Canindé desse jeito”. A frase é forte e de quem vive Portuguesa há quase 3 anos. Marco Antônio, de fato, nunca tinha sido campeão com a camisa do clube que melhor defendeu. Teve que esperar bastante para levantar o primeiro troféu pela Lusa. Justamente o da Série B, com direito a golaço decisivo na partida derradeira, contra o Sport, num Canindé abarrotado de torcedores, nesta terça-feira. Um título que, além de garantir um lugar na elite, renova o ambiente da Portuguesa.

Marco Antônio tem razão em dizer que nunca tinha visto o Canindé cheio do jeito que estava e com as faixas reviradas e imponentes. Ele e todo mundo. Para uma torcida desacreditada por sofrimentos recentes, como quedas regionais e nacionais, era difícil crer em dias melhores e diferentes. Jorginho sabia que, somente com o tempo, conseguiria o apoio dos torcedores. E, aos poucos, foi conseguindo, da maneira mais fácil: provando que se tratava de um projeto sério, planejado e a longo prazo. Mais do que incentivos, conquistou a admiração e o respeito da maioria, montando um time não só competitivo, mas também encantador, carinhosamente apelidado pela imprensa de “Barcelusa”.

Para a Série B, Jorginho não precisava de um goleiro como Valdés. Mas achou um talento escondido no Acre, valente como Valdés, técnico como poucos na história do clube. Weverton é um dos grandes nomes desse título. Assim como a revelação do campeonato, Henrique, uma espécie de Iniesta paulista: 19 anos, ótimo passe, marcação eficiente, visão de jogo excepcional. Atributos que fizeram Jorginho dar a seguinte declaração a um programa de grande audiência na TV fechada, em rede nacional: "Não me surpreenderei se Henrique estiver entre os 11 da Seleção na Copa do Mundo de 2014". Prognósticos à parte, Henrique é um baita volante. Assim como Marco Antônio, o Xavi da torcida.

O bom-humor do povo permitiu comparações mais profundas. O estilo de jogo agressivo, as variações táticas, como o recuo do centroavante como um falso-nove, função que Messi desem-penha com uma eficácia impressionante, imitada pelo excelente Edno, ídolo no Canindé, e o futebol envolvente são dignos de um Barcelona brasileiro.

O que mais impressiona nesse time é a vontade de vencer jogando bem. O que leva a crer, por vezes, que é melhor perder jogando bem do que vencer jogando mal. Filosofia essa que o técnico Jorginho já se disse adepto. Ele faz questão de fazer o time jogar bem sempre, para não correr o risco de ser preferível perder. Por isso, quis ser campeão já com três rodadas de antecedência, com 12 pontos de vantagem para o vice-líder. Para ele , seus jogadores e a Portuguesa, vencer jogando bem é uma prioridade única. Num dia em que o time se deixou levar pelo oba-oba por 45 minutos e dominar pelo Sport, sem jogar bem, o empate foi mais coerente que uma eventual vitória. E suficiente para garantir o caneco.

domingo, 6 de novembro de 2011

O Flamengo do segundo tempo deste domingo briga pelo título

Foto: Thiago Neves comemora um de seus três gols. O meia foi muito bem na goleada deste dom ingo, sobre o Cruzeiro( André Portugal/ VIPCOMM)


O "se" não ganha e nem perde campeonatos. Mas se Flamengo e Cruzeiro jogassem os cinco jogos que lhes restam no Campeonato Brasileiro dificilmente não se dividiriam entre o título e o rebaixamento. Rápido, envolvente e disposto a vencer, o Flamengo foi nos quarenta e cinco minutos finais da goleada por 5 a 1 sobre o time mineiro neste domingo, num Engenhão repleto de rubro-negros, exatamente o contrário do que havia sido na primeira etapa. No primeiro tempo, foi o time de Vagner Mancini quem dominou as ações da partida. E sem força. Depois de marcar com Ernesto Farías e ter um pênalti desperdiçado por Victorino, o Cruzeiro viu a sorte e a competência mudando de lado já no fim da primeira etapa, quando Deivid empatou em lindo chute de fora da área.

O que estava por vir era, ainda, muito pior. Nem é tão difícil explicar a sonolência e a apatia do time mineiro na segunda metade do jogo. Nas últimas partidas, quase sempre o time se comporta dessa forma. Montillo é um dos poucos que se salvam das vaias. Em todo o segundo turno, apenas uma vitória. A cada rodada, é muito candidato ao rebaixamento. Difícil, mesmo, é explicar a injeção de ânimos dada por Vanderlei Luxemburgo no intervalo. A intensidade dos donos da casa no segundo tempo foi algo extremamente surpreendente para os mais de 39 mil presentes.

A lentidão na saída pro jogo e a falta de segurança na zaga nem de longe puderam ser vistas do intervalo até o apito final de Leandro Vuaden. Airton trocou os passes errados por botes certeiros e toques de primeira na transição defesa-ataque. Alex Silva, por sua vez, passou a acertar os desarmes e, principalmente, as antecipações. E Welinton, com a seriedade de sempre, pôde usufruir de mais tranquilidade para acertar, uma raridade em meio a seu repertório de erros e azar. Após péssimos 45 minutos, o sistema defensivo rubro-negro voltou com outro espírito do vestiário.

Assim como o ataque. Thomás, Ronaldinho, Thiago Neves e Deivid mostraram uma sede absurda pela virada. Os quatro homens de frente de Luxa foram importantíssimos na construção da goleada. Sobretudo Thiago e Deivid. Bem posicionados, tiveram frieza e precisão absurdas nos 5 gols rubro-negros. Os dois últimos abrilhantados por passes sensacionais do jovem Muralha, outra revelação rubro-negra, que, ao contrário do domingo passado, quando entrou desligado e viu seu time tomar a virada do Grêmio, em Porto Alegre, entrou muito bem no Engenhão, sendo aplaudido de pé pela massa. Em todos os gols, procurou seu amigo Thomás para abraçar. A simbologia da renovação de talento. Como um aviso prévio da geração que está por vir, muito promissora por sinal. Dos onze em campo, os dois são um dos poucos que mereceram nota alta pelas atuações.

Sem inventar, Luxemburgo consertou com a entrada de Muralha a falta de velocidade entre a defesa e o ataque, o grande defeito da equipe na primeira etapa. E, mesmo sem Ronaldinho inspirado - o Gaúcho não foi bem durante todos os 90 minutos, demonstrando pouca mobilização e muitos erros de passes e dribles -, viu seu time deslanchar nos 45 minutos finais. Com Renato Abreu de volta ao time no próximo domingo, vai jogar outra decisão rumo ao inesperado heptacampeonato: Coritiba, no caldeirão do Couto Pereira.

Se for ousado, intenso e preciso como foi no segundo tempo deste domingo, o Flamengo tem grandes chances de sair da capital paranaense vencedor. E ainda mais vivo na briga pelo título. A contar com tropeços rivais, se deixar chegar... A máxima rubro-negra costuma prever os finais de campeonato mais eletrizantes. O time de um tempo só pode ser mais competitivo e ter a cara de campeão que ainda não teve. Ainda há cinco rodadas para Luxemburgo trabalhar. A inspiração, certamente, vem deste domingo. E dura 45 minutos.

Cristiano Ronaldo: um ídolo polêmico, um craque pouco reconhecido


Os números e as atuações falam por si só. Mas a marra e o orgulho embarreiram o caminho rumo à unanimidade. Com fama negativa fora dos campos, não é considerado bom moço nem mesmo dentro deles. Na disputa pelo prêmio de melhor jogador do mundo, carrega nas costas o ônus de quem nunca teve na modéstia o seu forte. Mas ao mesmo tempo, mostra que, com a bola nos pés, continua o craque que sempre foi. Hoje, na hora do almoço, fez mais três gols pelo Real Madrid na goleada de 7 a 1 sobre o Osasuna. Com 102 gols, ultrapassou Ronaldo Fênomeno na história do clube merengue. De recorde em recorde, vai provando ser muito maior do que todos o consideram ser.

Cristiano Ronaldo é um ídolo difícil de ser idolatrado por adversários. Faz parte de um rol de jogadores históricos, míticos, mas pouco respeitados por adversários. Abusado, marrento e, por vezes, desrespeitoso, não consegue muitas vezes, por causa dessa fama, receber o reconhecimento necessário por sua carreira como jogador – brilhante, por sinal. Falando menos, polemizando menos e marcando mais gols do que nunca, parece estar no caminho certo. Ainda sem a modéstia e a tranquilidade de jogadores mais tímidos. Como Messi. Mas com muitos gols.

Errado, de fato, é quem não considera, hoje, Cristiano Ronaldo, pelo menos, entre os três jogadores do mundo. Incoerência total para quem marcou 53 gols na temporada passada e já chegou ao de número 13 na atual época. Se não bastasse, o português também é notório nas assistências. A cada jogo, uma nova magia. E mais gols. Hoje foram três. Com direito a entrega do prêmio Bota de Ouro, mais um para sua inesgotável coleção.

Pelo futebol que jogam, no momento, seus concorrentes, sobretudo Messi e Xavi, Cristiano não é favorito ao prêmio Bola de Ouro, concedido em conjunto pela revista francesa France Football e a Fifa, numa tentativa de eleger justamente o melhor jogador do planeta a cada ano. Por outro lado, de forma algum o gajo pode ser considerado azarão. Numa breve comparação com Messi, tem rendimento parecidíssimo. E, como o argentino para o Barcelona, é o jogador mais importante para o time de José Mourinho atualmente. E um dos mais decisivos da Europa.

Em números mais abrangentes, leva inclusive a melhor sobre o atual melhor jogador do mundo: desde 2003 com a camisa do Barcelona pelos profissionais, Lionel Messi marcou 200 gols; em menos de três temporadas, Cristiano Ronaldo chegou a 100. Se a corrente se manter, o português ultrapassará o argentino nos próximos anos.

A discussão merece ser levada aos aspectos técnicos e táticos. Numa visão geral, é possível afirmar que Messi é mais completo, mas isso não significa dizer que o argentino é melhor. Nem mais jogador. Com estilos e posições diferentes, ambos receberiam de forma justa o prêmio de melhor do mundo. Teoricamente. Na prática, Messi é o brilhante, o herói da história e Cristiano, o vilão. Graças a seus comportamentos dentro e fora de campo. Mas é preciso haver imparcialidade, sobretudo dos críticos. No quesito mais importante, que é o futebol, Messi está no mesmo patamar que Cristiano, com pequenas diferenças.

Historicamente, inclusive, ambos se colocam no mesmo patamar, pois falta aos dois um título de expressão – leia-se Copa do Mundo. Falta essa consagração. Ídolos incondicionais de suas torcidas e de seus países, já ganharam quase tudo na carreira. Com exceção do título mundial. Na Espanha, onde jogam atualmente, são estrelas em meio ao país que abriga os atuais campeões do mundo. E, de um modo geral, donos de um campeonato. Afinal, a cada rodada, a cada jogo, só se fala nos gols, nas assistências, nos números que os separam. O futebol de um, porém, está sempre colado no de outro.

Ultrapassar Messi na matemática das estatísticas significaria muito para Cristiano Ronaldo. Ainda assim, para enfim ser unanimidade, o melhor do mundo, sem preconceitos e com total reconhecimento, faltam conquistas. Conquistas na maioria coletivas. Principalmente uma Copa do Mundo por Portugal. Aí, sim, mesmo sendo marrento, ousado, marqueteiro, metido e polêmico, Cristiano Ronaldo será, de fato, o melhor do mundo. Sem barreiras e fronteiras. Por enquanto, é só um dos melhores. E ainda sofre muito por ser como é.

domingo, 30 de outubro de 2011

O Galo tem time e tabela para fugir do rebaixamento. Mas precisa corrigir erros defensivos

Neto Berola comemora o seu gol na vitória sobre o Palmeiras junto com André e Bernard(Foto: Bruno Cantini)


O Atlético Mineiro parece ter achado a sua fórmula ideal para fugir do rebaixamento. Mas ainda há alguns ajustes a serem feitos. Um time que domina o jogo por mais de 60 minutos, não pode relaxar e se ver dominado por um adversário com dois jogadores a menos. Não pode sofrer um gol desse time, ainda mais se tratar-se de um time em crise. Muito menos sofrer pressão desse time. Pois bem, foi dessa forma que o Atlético venceu o Palmeiras, por 2 a 1, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, e voltou a respirar aliviado na luta contra o rebaixamento

Os erros são quase todos no sistema defensivo. Antes em ótima forma e com excelentes valores de mercado, hoje Réver e Leonardo Silva, sobretudo o segundo, não fazem bom campeonato. Muito insegura, a zaga atleticana vem falhando muito. Assim como seus laterais. Contra um Palmeiras em frangalhos, por pouco não cedeu o empate. Cuca terá trabalho para desfazer os defeitos da defesa alvinegra, mas tudo indica que conseguirá.

Se na prática ainda tem erro para ser consertado, na teoria as perspectivas são as melhores. Com exceção da última rodada, quando enfrenta o Cruzeiro, com o mando de campo da Raposa, num clássico que tem tudo para ser histórico, o Galo não tem confrontos diretos até o final do campeonato. Situação completamente oposta vivem seus concorrentes na briga contra a degola. O Avaí, por exemplo, não só enfrenta o Ceará, como também o Cruzeiro.

No papel, é fato que o Atlético tem time e elenco de sobra para permanecer na Série A. Evidenciados, inclusive, pela boa forma de jogadores criticados como Daniel Carvalho e Neto Berola. E jovens de muito potencial futuro, como Renan Ribeiro, Filippe Souto e o ótimo Bernard, candidato ao prêmio de Revelação do Brasileirão.

Mas para se livrar da ameaça da Série B é preciso muito futebol. E, obviamente, resultado. Principalmente nas partidas dentro de casa. Cuca, aos poucos, tem conseguido fazer esse time jogar bola. Ao menos uma base o treinador já encontrou. No 4-2-3-1, com Pierre e Filippe Souto na cabeça de área, Triguinho na lateral-esquerda alternando como terceiro zagueiro, Bernard, Daniel Carvalho e Neto Berola armando as principais jogadas e etc. Falta, de fato, um bom lateral-direito e um atacante capaz de definir as jogadas.

Com Serginho voltando aos bons tempos, com um vigor físico invejável, e Magno Alves totalmente recuperado de lesão, é possível que os problemas técnicos acabem. É quando entra em cena o lado psicológico da conquista. Acima de tudo na luta contra a degola, o foco deve ser ainda maior. Bastante criticado nesse aspecto, Cuca tem uma verdadeira prova de fogo. De novo. Há dois anos, ele soube se livrar numa situação ainda mais adversa com o Fluminense. A torcida atleticana espera que o raio caia duas vezes no mesmo lugar.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Sul-Americana pode ser um caminho mais fácil para muitos que a renegam

O equilíbrio entre os times no Brasil é algo cada vez mais assustador. Não há jogo ganho, os favoritos sofrem com as zebras e o campeonato vive de uma indefinição impressionante. Com mais recursos financeiros, estrutura, os clubes passaram a atrair jogadores de um nível maior do que no passado. E o futebol brasileiro cresceu mais ainda. É uma unanimidade entre os campeonato da América do Sul. Nem mesmo a liga argentina é capaz de fazer frente aos times brasileiros. Então, se teoricamente é mais fácil ganhar de um time da Bolívia do que de um Cruzeiro em crise, por que dizer não à Sul-Americana.

Nos anos anteriores, até havia uma explicação minimamente convincente. Afinal, além de acontecer em meio à reta final do Brasileirão, a Sul-Americana não valia nada a não ser um prêmio em dinheiro. No entanto, desde 2010, a competição passou a adquirir mais prestígio no continente, conferindo ao campeão uma vaga na Libertadores do ano seguinte. E as desculpas deveriam parar. Não há mais por que escalar time misto ou reserva na Sul-Americana. Pois ela vale um prêmio tão importante quanto os oferecidos no Brasileiro, com exceção do título nacional.

O Botafogo, por exemplo, abdicou da Sul-Americana para concentrar suas forças no Brasileiro. Teria dois jogos fundamentais fora de casa, contra o Santos e o Avaí. E, pela competição continental, enfrentaria o Santa Fé, da Colômbia, pelas oitavas de finais. Ao poupar os titulares nos dois jogos do torneio sul-americano, o time de Caio Júnior foi eliminado com uma goleada humilhante em Bogotá: 4 a 1, com direito a olé dos colombianos. No Brasileiro, outras duas derrotas fora de casa. No fim, de nada adiantou concentrar a força maior na competição nacional, muito mais difícil que a Sul-Americana. Talvez, se tivesse posto os titulares em campo nas duas competições, Caio obteria resultados melhores, e, até mesmo, se classificado para as quartas de finais.

Em outro jogo de time brasileiro, o Vasco de Cristóvão Borges tinha mais motivos para escalar um time recheado de reservas. Primeiro, por poder contar com um dos melhores elencos do país. Segundo, por ter dado a sorte de enfrentar um time muito mais limitado do que outros da competição. De fato, o Aurora, da Bolívia, não tinha muito a assustar o Gigante da Colina, que passou sem maiores dificuldades, principalmente no jogo de volta, em São Januário.

O caso mais emblemático é o do Flamengo. Vanderlei Luxemburgo escalou um time praticamente reserva na última quarta-feira, para encarar o forte e organizado time da Universidad de Chile. Sem a mínima motivação e entregues ao marasmo, os jogadores rubro-negros não jogaram sequer para empatar. E tomaram uma goleada daquelas: 4 a 0 em casa. Além de praticamente acabar com as chances do time em se classificar para a Libertadores 2012 pelo torneio sul-americano, a goleada serviu para desmotivar o time no Brasileiro. O que poderia servir como um estímulo a mais para o time na briga pelo hepta, teve impacto extremamente negativo para o elenco.

A exceção é o São Paulo, que jogou com todos os titulares nos dois jogos e, mesmo assim, acabou eliminado por uma derrota de 2 a 0 em Assunção, Libertad. Talvez até pelo fato de a partida marcar a estreia do técnico Leão. Mas, enfim, vale a inciativa. Se faltou vontade por parte dos jogadores, é outro caso. O importante, aqui, é focar as atenções na opção da comissão técnica em não poupar ninguém. A posição do time no Brasileiro - 7 º lugar - é outro fator determinante. Talvez fosse mais fácil apostar todas as fichas na Sul-Americana desde o início. Agora, o jeito é jogar e rezar por um milagre no campeonato mais disputado do planeta.

E que valha de ensinamento a postura dos times do restante do continente na Copa Sul-Americana. No Paraguai, a torcida do Libertad lotou o caldeirão Nicolás Leoz para empurrar o time rumo às quartas. Em Santiago, mesmo já praticamente dentro da próxima fase, os hinchas da La U também lotaram o Estádio Nacional de Santiago. Idem para os torcedores colombianos contra o Botafogo. No Brasil, como de costume tradicionalmente nessa competição, públicos pífios. Os colombianos, os argetinos, os paraguaios, eles, sim, estão certos. A Sul-Americana vale título. A Sul-Americana vale vaga na Libertadores. A Sul-Americana vale muito.

domingo, 23 de outubro de 2011

A convicção no lado azul de Manchester

Foto: AFP

É muito difícil escalar o Manchester City atualmente. Para o ataque, por exemplo, mesmo com o argentino Carlos Tévez afastado, Roberto Mancini pode optar por Agüero, Dzeko e Balotelli. No meio, opções ainda mais abrangentes: Nasri, Milner, Silva, Adam Johnson, Yaya Touré, e por aí vai. Em todas as opções, pode se montar um time candidato ao título inglês. O treinador italiano quebra a cabeça, mas agradece por ter um elenco tão rico. Neste domingo, em Old Trafford, usou quase todas as peças que tem à disposição. Todas, sem exceções, tiveram a sua importância na goleada histórica por 6 a 1 sobre o rival United.

Se Dzeko está no banco, sobra para Balotelli a missão de resolver o jogo com gols. Foram dois, um em cada tempo do jogo. Agüero, que, teoricamente, era para ser o centroavante, fez um, já na segunda etapa. Quando o jogo já parecia decidido, o bósnio entrou em campo e fez mais um. Um minuto depois Silva fez o quinto. E ainda tinha mais. O espanhol deu passe mágico, antes do meio de campo, para Dzeko invadir a área e bater, de perna esquerda, sem chances para De Gea. O massacre estava completo.

Não teve sequer um jogador jogando mal pelo lado azul de Manchester. Cada qual com a sua função no ótimo 4-2-3-1 armado por Mancini. Coletivamente, uma aula de futebol. Trocas de posição, inversões, incursões em diagonal e muita velocidade. Com a bola nos pés, o City voa baixo. Impressionante. Sem ela, pode até relaxar em alguns momentos, como no belo gol de Fletcher. Mas no geral, é, hoje, o melhor time da Inglaterra. De longe, o futebol mais envolvente.

Com uma goleada como essas e contra o rival histórico e direto na briga pela Premier League 11-12, não tem como não apostar ainda mais forte nesse time. A convicção de que chegou a hora de ser gigante enfim desembarcou no City of Manchester. O dinheiro, os negócios e todo o brilho que impressiona a todos fora de campo começa a ser ofuscado pelo o que seus jogadores fazem dentro dele.

Nem mesmo o afastamento de Tévez foi capaz de provocar rachas no grupo e crise no vestiário. O ambiente é ótimo. A torcida se mostra encantada com o time. O técnico sisudo sorri durante o jogo por mais de uma vez. E os craques atuam como craques. Até mesmo os menos técnicos, como Micah Richards, vem jogando muita bola. Para quem duvidava, o City, aos poucos, vai provando o contrário. Sem pressa. O show está apenas começando.

sábado, 22 de outubro de 2011

Com meio-campo 'morto', Flu perde em casa e se complica

Lanzini lamenta mais uma chance perdida: o argentino jogou mal neste sábado(Foto: Cleber Mendes)


A falta que Deco faz ao meio-campo do Fluminense pôde ser sentida na derrota para o Atlético Mineiro, neste sábado, por 2 a 0, no Engenhão. Sem o luso-brasileiro e com Lanzini pouquíssimo inspirado, o Fluminense viveu de ligação direta e jogadas de linha de fundo, quase todas com Mariano, que voltou a atravessar boa fase no ano. Mesmo dominando a posse de bola e jogando no campo de ataque, o Tricolor quase nada produziu. No fim, o desespero foi a pior receita: três atacantes em campo e zero criatividade no meio.

Garoto demais, Lanzini entrou mal no jogo e sentiu. Durante a maior parte dos 90 minutos, se limitou a lampejos pouco decisivos. Os outros garotos do meio de campo, Fernando Bob e Rodrigo, foram piores ainda, pois além de não acrescentarem nada no ponto de vista ofensivo, falhavam na marcação. O resultado foi um meio de campo morto diante de um time traiçoeiro.

Cuca apostou novamente nos duelos individuais. E venceu quase todos. Na frente, Daniel Carvalho foi decisivo de novo, com um gol e uma assistência. Correto na defesa, ganhando todas pelo alto, o Galo não atacou de qualquer maneira. Com Mancini e Carvalho se revezando na armação, tramou boas jogadas, sempre com Bernard e André buscando a definição.

Nem mesmo a péssima atuação do árbitro Jean Pierre, que deixou de marcar faltas claras para os dois lados e expulsou aparentemente sem motivos o zagueiro tricolor Leandro Euzébio, foi capaz de tirar a justiça do placar. O 2 a 0 foi merecido e justo. Cuca soube montar seu time de acordo com o adversário, variando entre o 3-5-2 e o 4-2-2-2.

Abel, sem poder contar com Deco, Fred e Rafael Moura, sofreu com um meio-campo sem a mínima criatividade e viu pontos preciosos irem para o ralo. Menos mal que o Botafogo também perdeu. Secar o Flamengo, o Corinthians e o Vasco amanhã será fundamental para manter vivas as chances de título.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Vice-líder, Levante pode ficar sem time em 2012


Em crise financeira, time valenciano teme perda da maioria dos jogadores, cujos contratos se encerram em junho do ano que vem. Identificação com o clube é a maior arma da diretoria, que teme pelo pior

O onze inicial do Levante: somente três jogadores com contrato para a próxima temporada(Foto de José Antonio Sanz/Marca.com)


A alegria inédita da modesta torcida do Levante, atual vice-líder do Campeonato Espanhol, com os mesmos 17 pontos do poderoso Barcelona, tem grandes chances de ser momentânea. Isso porque boa parte do atual elenco pode deixar o clube a partir de janeiro de 2012. Visando a solução de uma dívida milionária de gestões anteriores, o presidente Francisco Catalán desenvolveu uma nova política administrativa: passou a firmar contratos curtos e com jogadores livres no mercado para cada temporada, nos quais o desempenho do atleta é tido como critério para dispensa ou renovação.

Na segunda divisão, o metódo deu certo. De cara, veio a promoção para a Liga das Estrelas. No entanto, juntamente com o alívio de estar novamente na elite, veio a preocupação em montar um bom time. E aconteceu. Deu certo novamente. Em oito rodadas, 17 pontos e um segundo lugar surpreendente. A consequência disso tudo, todavia, é muito preocupante. Sem verbas para firmar contratos mais longos, quase todo o elenco tem vínculo com o clube somente até o fim da atual temporada. A partir de janeiro, já poderão negociar com outros clubes livremente. E o Levante pode ficar sem time em 2012.

Fato é que abordar projeções futuras tiram dos rostos dos torcedores e dirigentes do clube valenciano o sorriso do presente, pelo ótimo início de campeonato da equipe. A longo prazo, é cada vez mais provável que a situação financeira do clube comece a atrapalhar a fase dentro das quatro linhas. De todo o elenco inscrito na Liga BBVA 2011-12, somente 7 jogadores(Munúa, Pallardó, Héctor Rodas, Iborra, Pedro López, Barkero y Nabil El Zhar) têm contrato para a temporada seguinte. Deles, somente três são titulares.

O tempo passa e o desespero da diretoria só aumenta. Nem mesmo a boa fase vivida pelo time dentro de campo é capaz de ofuscar os problemas. Dois dias após derrotar um dos times mais promissores da temporada, o Málaga, dentro de casa, por 3 a 0, a preocupação em relação a questões financeiras enfim falou mais alto. Houve uma reunião entre a cúpula do clube, patrocinadores e investidores. No entanto, nenhum plano imediato foi decidido.

O diretor esportivo do clube, Manolo Salvador, já agiliza a tentativa de prorrogação do vínculo contratual com uma boa parcela de jogadores. Há também a preocupação em formar novos jogadores, capazes de integrar o plantel principal em 2012. “Nossa prioridade, atualmente, é a renovação dos que ficarão sem contrato a partir de 2012. A situação é alarmante, sim, mas ainda há salvação. E estamos trabalhando nisso”, declarou o dirigente, ao jornal Marca.

Na pior das hipóteses, o Levante pode ficar sem time suficiente para jogar a temporada seguinte. Isso porque, com exceção dos 7 jogadores que têm contrato por mais de uma temporada com o clube, todos os outros poderão assinar de graça com outros clubes da Europa a partir de janeiro, a seis meses de terem seus contratos expirados. Destaques do time comandado por Juan Ignacio Martínes como Felipe Caicedo, Farinós e Juanfran são alguns dos nomes que poderão deixar o clube.

Para evitar uma situação trágica como essa, a diretoria do clube já trabalha tentando atrair investidores e patrocínios. Sem um marketing muito efetivo, o pequeno clube da cidade de Valência vê no seu efêmero protagonismo deste início de temporada a sua grande chance de resolver distúrbios financeiros. Para piorar, a cota de TV não ajuda. Pelo contrário. Praticamente dividida entre os gigantes Real Madrid e Barcelona, sobra muito pouco para os times de menor porte. E as dívidas crescem.

O jeito é levar os problemas para dentro de campo e resolvê-los com a bola nos pés. Mas até quando? Apesar de salários em dia, nem todos os jogadores do Levante gozam de um montante mensal animador. Com maior visibilidade, a tendência é que propostas maiores apareçam. E é aí que mora o perigo, como o próprio presidente Catalán admite: “ Não podemos competir com times grandes. Eles pagam bem e oferecem contratos de 4, 5 anos. Nós, infelizmente, não.”, diz ele, novamente ao Marca.

Ainda assim, Francisco conseguiu montar um time minimamente competitivo, que, por enquanto, vai inclusive superando expectativas e prognósticos de especialistas. Ainda que com somente 8 rodadas disputadas, estar com o mesmo número de pontos do Barcelona e na frente do Real Madrid e do rival regional Valência é um feito e tanto.

Mas, para mantê-lo, será preciso uma união maior do que a que caracteriza o time até aqui. Maior, inclusive, que a interação arquibancada-vestiário. Afinal, muito mais do que os incentivos da torcida, patrocínios, investimentos e planejamento econômico serão fundamentais para evitar a debandada de alguns jogadores.

E para vencer a queda de braço entre amor à camisa e dinheiro, o presidente acredita numa maior identificação dos jogadores com as cores do clube e com a torcida, cada vez mais respeitada pelo elenco. “ O grupo é uma verdadeira família. Está muito unido, tanto nas vitórias como nas derrotas. Vamos vencer essa crise.”, diz animado, o treinador Juan Ignacio Martínez, que, nos últimos meses, teve que quebrar a cabeça para montar um time sem estrelas, mas com guerreiros.

O resultado, aos poucos, vai se tornando cada vez mais nítido aos olhos dos torcedores. A cada jogo, o público comparece mais. A cada renda, o lucro é maior. Sem dinheiro no caixa, mas com muita disposição, o Levante vai se mantendo no topo enquanto pode.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A partidaça do Botafogo, cada vez menos desconfiado

Loco Abreu comemora o seu gol, o primeiro da vitória carioca(Foto: Agência Estado)


Caio Júnior resolveu surpreender Tite. Foi ousado, sacou Herrera do time momentos antes do jogo e escalou o criticado Felipe Menezes. Com ele centralizado na linha de três armadores, Elkeson foi aberto pelo lado direito. E o time ganhou consistência no meio de campo. Sem a bola, ganhou em marcação: pelos lados, os extremos Maicosuel e Elkeson não deixavam os laterais corintianos subirem, por dentro, Felipe Menezes anulava Paulinho, e mais atrás, Renato e Marcelo Mattos acertavam tudo que tentavam.

Foi assim que o Botafogo venceu a desconfiança e o Corinthians. Marcando forte e saindo rápido em contra-ataques. Um 2 a 0 de pura consistência que deixa o time ainda mais unido e confiante quanto ao título. Jogando bola, com organização tática e técnica, o Botafogo fez uma partida brilhante na última quarta-feira.

Mesmo sem Jefferson, e com Loco Abreu desgastado das Eliminatórias Sul-Americanas com sua seleção uruguaia, não faltou disposição ao Botafogo. Renan pegou até pensamento. Loco Abreu foi mito como de costume. E o Botafogo anulou o Corinthians. Sem errar na marcação e acertando contra-ataques incríveis. Um jogo de campeão. Um jogo para ganhar a confiança de todos.

Mais do que a empolgação da torcida, que amanheceu descolorindo o Rio de Janeiro em preto e branco, os três pontos fora de casa são de extrema importância nesta reta final de Campeonato Brasileiro. Já em terceiro lugar, Caio Júnior vai vencendo a desconfiança da torcida, da imprensa e até mesmo do presidente, que chegou a duvidar das capacidades do time atuar fora de seus domínios.

Hoje, o Botafogo não é um time brilhante, nem tem jogadores brilhantes, mas vive ótima fase. O melhor: o grupo está unido e confiante. O pacto de confiança entre jogadores, treinador e diretoria faz-se valer nos raros momentos de depressão. E o time retoma o caminho das vitórias.

Com a tabela mais fácil dentre os candidatos ao título, pode-se esperar muito do Botafogo. Sem grandes craques, mas com um time unido e confiante, vai vencendo a desconfiança dos outros. É muito candidato ao título.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Um ano de Luxa no Fla: estrutura, comando, título carioca e um projeto a longo prazo



Um ano se passou. E Vanderlei Luxemburgo ainda é técnico do Flamengo. Sem tanto prestígio junto aos torcedores, que já o criticam por algumas escolhas, mas com o mesmo poder para tomar decisões que transcendem a beira do campo. Com um projeto visando o futuro do clube, Luxa enfrentou crises e, mesmo quando dado como demitido por muitos, deu a volta por cima. Com um título carioca, ênfase na melhoria da estrutura física do clube e de seu centro de treinamento, o saldo desses 365 dias pode ser considerado positivo.

É fato que, se o trabalho de Vanderlei se encerrasse nesta quarta-feira, boa parte das metas traçadas por ele naquele 05 de outubro de 2010 não teriam sido cumpridas. Eliminado precocemente da Copa do Brasil e amargurando a sexta colocação no Brasileirão, falta muita coisa para quem prometeu ser campeão nacional um ano antes. Ainda há tempo para se cumprir promessas como essa.

Afinal, o momento é propício para renovação de esperanças. Após passar por uma turbulenta série de 10 jogos sem vencer e quase ser derrubado por conselheiros e torcedores influentes no clube, Luxa voltou a vencer. E seu time voltou a ser cotado como candidato ao título pela crítica nacional. Mesmo sem jogar tudo que pode. Mas vencendo. Exatamente como aconteceu em boa parte do primeiro semestre.

O dedo de Luxa nessa virada pode ser facilmente notado. O controle absoluto da situação e do grupo não permitiu chances para o pior. Mesmo com desafetos de dentro do clube tentando derrubá-lo, ele se manteve na base. As derrotas chegaram a ser demolidoras e dolorosas. Mas ele agüentou. Sem expor problemas à imprensa, sem citar nomes, teve jogo de cintura suficiente para arranjar alternativas como soluções imediatas às crises recentes, tanto esportivas como políticas.

Acima de tudo, Vanderlei Luxemburgo goza de um prestígio inabalável com a presidente Patrícia Amorim. Através de reunião, teve o apoio reforçado pela diretoria, o suficiente para conduzir os problemas com uma calma inesperada por muitos de seus opositores, incluindo jogadores. Com conversas isoladas, foi reconquistando alguns jogadores que haviam fica chateados com ele por algumas medidas disciplinares. Quando se viu, Luxa já tinha o time nas mãos de novo.

Arrogante, metido, Vanderlei Luxemburgo não é um ser humano fácil de se lidar. Mas é extremamente vencedor. E sabe o que faz. Com ou sem crises, arranja um jeito de recuperar o grupo, vencer o jogo e brigar pelo título. Ele não nasceu pra perder. E o problema é que sabe disso, o que o torna um pouco prepotente, sobretudo no trato com a imprensa. São poucos os jornalistas que têm bom relacionamento com ele. “É um cara difícil”, costumam dizer.

A diferença de Luxemburgo para outros técnicos está na solução dos dilemas. A maioria dos treinadores só são importantes dentro de campo. Vanderlei sabe agir fora dele também, nos bastidores, na imprensa, no vestiário. Por isso, tem os títulos que tem e o currículo invejável por muitos.

Certa vez, em entrevista, Luxa disse que gostaria de ser uma espécie de 'Alex Ferguson brasileiro'. A comparação com o escocês do Manchester United se dá pelo papel ocupado por ele no clube inglês: uma espécie de manager. Um técnico que age também nos bastidores, no vestiário, com a diretoria, com os patrocinadores. Um verdadeiro técnico-dirigente. E, para ele, não havia lugar melhor para tentar ser essa figura do que no seu clube de coração. Um projeto cheio de objetivos a serem alcançados.

Aos poucos, ele vai conseguindo atingi-los. Em um ano, o principal deles era se manter no clube e dar força ao projeto que sempre defendeu: um projeto consistente e de longo prazo. Ele conseguiu. Fez até mais: foi campeão carioca invicto e melhorou muito o Ninho do Urubu, que já conta com um alojamento para jogadores, com direito a refeitório inclusive. A próxima meta é ser campeão brasileiro. Se possível, ainda em 2011. Assim, o tal do projeto de Luxemburgo caminhará a passos largos para o sucesso.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O Mineirão faz muita falta a Atlético e Cruzeiro. Mas há vida sem ele!

O Cruzeiro demitiu um técnico que fazia ótimo trabalho há quase um ano no comando, vendeu jogadores importantes e entrou em declínio. O Atlético apostou fortunas em jogadores contestáveis, trocou de técnico diversas vezes e também desceu a ladeira. Ambos os times não conseguem voltar a jogar bem e vencer. E num ano ruim, não bastou muita coisa para toda a culpa recair na Copa de 2014 e na interdição do Mineirão.

Torcedores, críticos e dirigentes esquecem-se, numa hora dessas, dos problemas causados por eles mesmos ou pelos seus próprios clubes. Contratações mal estudadas, jogadores em má fase, problemas de união no elenco, logística mal planejada, decisões prematuras e incoerentes e outros erros do tipo são ofuscados pela perda do mando de campo no maior estádio de Minas.

Nem parece que, um dia, já houve vida sem Mineirão. Nem parece que o Cruzeiro foi campeão da Libertadores pela primeira vez fora dele. Que o Atlético Mineiro já viveu dias de glória sem precisar adentrar o Mineirão. É como se ambos dependessem única e exclusivamente do estádio para conquistarem títulos.

Obviamente, o Mineirão faz muita falta aos dois. Mas não pode ser parâmetro para uma dependência. O que ocorre, na verdade, é que as alternativas encontradas pelos governantes e organizadores do esporte no Brasil foram muito fracas. Além de serem cidades distantes de Belo Horizonte, Sete Lagoas e Uberlândia não têm um estádio do porte do Mineirão, deixando muito a desejar. No entanto, não houve opção diante da falta delas. E ficou-se com as duas cidades e a Arena do Jacaré e o Parque do Sabiá.

As grandes diferenças dos dois para o Mineirão são o tamanho do gramado, ambos muito inferiores ao do Mineirão, e a capacidade geral dos estádios, também muito inferiores. Assim, os times tiveram que se readaptar a mandar seus jogos em gramados pequenos e lucrar menos com as partidas em casa. Uma perda técnica e outra econômica.

Outra situação que incomoda bastante os atleticanos e cruzeirenses órfãos do Mineirão é a logística para mandar o time ao interior do Estado. Afinal, tanto a Cidade do Galo como a Toca da Raposa ficam bem distantes de Sete Lagoas e Uberlândia, exigindo um nível maior de deslocamento, quase sempre mal planejado, causando desgaste físico e mental aos atletas. Há quem acredite ser esse mais um fator capaz de desequilibrar o time antes e durante as partidas.

Ainda assim, soa como desculpa esfarrapada botar a culpa de campanhas ruins como as de Atlético Mineiro e Cruzeiro no Brasileiro na ausência do Mineirão. Não resta dúvidas de que o estádio faz falta à dupla, no entanto, é absurdo condicionar qualquer vitória dos dois a jogos no Mineirão. Tanto em 71, como em 2003, os títulos brasileiros só vieram graças a inúmeras vitórias fora de casa.

Isto sem falar na culpa que os jogadores têm nisso. Aliás, são eles os maiores responsáveis por essa discussão em torno do maior estádio do estado de Minas Gerais. Em alguns casos, a culpa é mais até dos dirigentes que pediram sua contratação. Não faltam apostas arriscadas que deram errado no Atlético Mineiro e no Cruzeiro. André, Guilherme e Keirrison são só alguns exemplos.

E, mesmo assim, ainda tem gente que acha que a culpa é toda do afastamento dos jogos do Mineirão. Como se, jogando lá, todos os problemas acabassem de um dia pro outro. É hora de acordar e trabalhar. Com ou sem Mineirão.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Lucas não pode ser reserva. E Cortês é a boa nova para Mano

( Foto: Reuters ) Lucas e Cortês comemoram um dos gols com Borges e Neymar

O Brasil tinha o jogo sob controle, mas arriscava pouco. Contra um Argentina completamente fechada, era difícil encontrar espaços para adentrar a grande área e finalizar. Era necessário apelar à individualidade. Assim, quase que Lucas e Neymar abriram o placar. Mas foi em um rápido contra-ataque, iniciado por Cortês, intermediado com um passe inteligentíssimo de primeira de Danilo e concluído com muita velocidade pelo melhor em campo, o garoto são-paulino Lucas, que o Brasil abriu o placar em Belém.

Lucas foi o melhor em campo mesmo só tendo jogado até a metade da segunda etapa. Ele não pode ser reserva de Fernandinho ou Jádson. Pela promessa que é, e pelo que joga com a camisa amarelinha, precisa ser titular. Nesta quarta, esbanjou disposição, velocidade e intensidade com a bola nos pés. Sem ela, voltava para ajudar como Ronaldinho, dessa vez o meia-articulador central do 4-2-3-1 armado pelo técnico Mano Menezes. Na linha de armadores, ao lado do Gaúcho, à esquerda jogava Neymar e à direita Lucas.

O camisa 7 poderia ter tido ainda melhor atuação se Danilo tivesse o ajudado mais. Sem subir muito ao ataque, o lateral-direito não criava uma alternativa para Lucas, duplamente marcado por Guiñazu e Papa. Justamente o contrário do que acontecia na esquerda, onde Neymar tinha o apoio constante de Cortês, o segundo melhor jogador da partida, grata surpresa para Mano Menezes.

Foi do lateral botafoguense que saíram as jogadas dos dois gols. O primeiro em belo contra-ataque. O segundo, em jogada pelo lado esquerdo, com direito a cruzamento primoroso de Diego Souza, que havia acabado de entrar, para conclusão mascada de Neymar.

Com Fred em campo no lugar de Borges, que fez ótimo primeiro tempo mas caiu de produção no segundo, o Brasil teve chances de construir uma goleada. Mas preferiu dar show. Dribles, passes de efeito, gritos de olé e uma apresentação digna de astros como Neymar e Ronaldinho Gaúcho.

Campeão com merecimento. Campeão com sobras. Campeão em casa, como todos esperam que seja em 2014. Com Neymar e Lucas. Com Ronaldinho e Cortês? O tempo responderá.


domingo, 25 de setembro de 2011

Domingo de Diego Souza, novamente protagonista




Para muitos, o empate por 2 a 2 entre Botafogo e São Paulo foi o melhor jogo da rodada. Este que vos escreve concorda. No entanto, não houve, neste domingo, um jogador mais brilhante que Diego Souza, autor dos 3 gols da vitória vascaína por 3 a 0 sobre o Cruzeiro, em Sete Lagoas. Com o talento simbolizado pela camisa que veste, o meia vascaíno é um dos grandes responsáveis pela conquista da Copa do Brasil e pela posse da liderança do Brasileiro.

Depois de um 2010 e um início de 2011 muito fracos com a camisa do Atlético Mineiro, Diego reencontrou no Vasco o seu melh0r futebol e voltou a ser protagonista no cenário nacional. Assim como nas suas melhores fases com as camisas de Grêmio e Palmeiras. Na semana passada, foi inclusive chamado pelo técnico Mano Menezes para defender a Seleção na disputa do jogo de volta da Copa Roca, na próxima quarta-feira, em Belém.

Realmente a fase de Diego Souza é esplendorosa. A maior prova disso foi sua atuação neste domingo, uma tentativa de resumir a sua importância para o time cruzmaltino atualmente. Meia-atacante, Diego honra a nomenclatura na hora de desempenhar a função que lhe era pedida por Ricardo Gomes e passou a ser por Cristóvão Borges. Tanto arma, como finaliza. Tanto dribla, como dá assistências. Diego Souza é um baita meia-atacante, completo mesmo, daqueles que resolvem um jogo e até um campeonato.

O temor que a torcida vascaína tem de ter é quanto a sua regularidade. As suas melhores fases não chegaram a durar mais do que um ano. Daí ter surgido a alcunha de "vaga-lume", extremamente rejeitada pelo craque vascaíno.

Se conseguir se manter em alto nível ao menos até o final do ano, dando assistências, fazendo golaços e sendo importante como foi neste domingo, Diego Souza é sério candidato a Craque do Brasileirão. Para isso, precisa de regularidade. Talento, ele tem de sobra.

Giro pelo mundo

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