" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




terça-feira, 29 de junho de 2010

O Brasil ideal contra a pragmática Holanda


De novo a Holanda. Assim como em 1994 e 1998, quando o Brasil enfrentou a Laranja antes de chegar à grande final da Copa, o time de Dunga tem pela frente nas quartas de final do Mundial a tradicional seleção europeia, desta vez comandada pelo contestado Van Marjwiik. A Holanda versão 2010 não tem a força de um meio-campo extremamente criativo como nas Copas anteriores citadas, nem mesmo o futebol envolvente que caracteriza sua história no futebol. Pelo menos até agora. Porém, a atual geração de jogadores holandeses pode se gabar de ter uma virtude que nenhuma outra teve, ou pelo menos conseguiu demonstrar: competitividade. Que rima, no contexto futebolístico, com pragmatismo, resultando em vitórias.


Virtude essa que Dunga também possui. Desde a vitória na Copa Améria de 2007, nunca houve na história recente(leia-se desde o início do século XXI) da seleção canarinha um time tão pragmático como o atual, que começa, inclusive, a aliar a eficiência ao jogo vistoso, bem jogado, exatamente como foi na goleada sobre o Chile, pelas oitavas. E qual o segredo para ganhar da Holanda, que reúne praticamente as mesmas características da nossa Seleção?


A resposta para a pergunta acima varia muito. Cada um tem sua opinião, apesar das poucas opções de escalação, já que Elano, Felipe Melo e Júlio Baptista estão praticamente vetados. Ademais, Ramires ainda está suspenso. A do blogueiro que lhes escreve passa pelo jogo ofensivo, e, principalmente, por uma melhoria na saída de bola, justamente o que Ramires, com extrema eficácia, conseguiu conferir à equipe com a sua entrada.


Mas como o versátil volante do Benfica está fora, por que não testar Kleberson? O meia do Flamengo costuma jogar pela esquerda pelos clubes por onde passa e daria muita dinâmica ao meio campo brasileiro. Cadenciador, versátil e com ótimo toque de bola, ele pode dar um novo ritmo ao lado esquerdo brasileiro, assim como fez Ramires. Além disso, ainda poderia fazer uso de seu poderio na marcação para ajudar Michel Bastos no combate ao imenso ponta holandês Arjen Robben. Não que seja a solução para o problema brasileiro no meio de campo, mas que se trata de uma opção ideal, sim. Afinal, antes Kleberson do que Josué.


Apesar de ter feito excelente temporada no Wolfsburg, da Alemanha(antes de se machucar), Josué não tem uma boa saída de bola e erra muitos passes, além de fazer muitas faltas e ser bastante lento na marcação. Por isso é contestado em todo o Brasil. Não que Kleberson seja veloz, pelo contrário, mas o pentacampeão mundial em 2002 melhora muito a saída de bola, além de reter mais a bola no meio de campo, fundamental para o domínio brasileiro no jogo, que precisa ser efetivado pela posse de bola. E com Kleberson isso é bastante possível.


No lado direito do meio, Daniel Alves deve prosseguir, mas com uma nova orientação, já passada por Dunga antes, mas ignorada pelo lateral do Barcelona: a de atuar mais aberto pela direita quando o time estiver com a posse de bola. Isto seria fundamental para dar mais uma opção de ataque à seleção, já que Maicon deverá ficar mais preso à defesa, na marcação do incansável Dirk Kuyt.


Centralizado na cabeça de área, Gilberto Silva cresceu. E muito. Gigante na marcação, chegou até o ataque para arriscar um perigoso chute defendido por Bravo. A tendência é que seu posicionamento não seja alterado e que o mineiro de Lagoa da Prata faça marcação especial e individual no técnico, mas não tão ágil, Sneijder. O segredo será Gilberto não deixar o meia da Internazionale fazer seus tradicionais lançamentos de perna direita, marcando-o em cima. Os cartões, no entanto, precisam ser evitados pelo camisa 8 brasileiro. Um perigo. Mas que pode ser superado pelo experiente volante, que tem tudo para brilhar intensamente com a amarelinha. E calar a boca de muita gente que o critica injustamente.
Ofensivamente, um ponto não pode ser ignorado. A defesa holandesa é muito fraca. Está, sem sombra de dúvidas, a anos luzes da defesa brasileira. Lenta e insegura, pode ser a chave para a vitória canarinha. Que o trio de ouro saiba aproveitar isso.

No resto do time não há alterações. A expectatica é que todos repitam a ótima exibição contra o Chile, sobretudo o sistema defensivo. O grande problema da seleção, sobretudo pelos desfalques no meio campo será o banco de reservas, em caso de alguma contusão ou de uma postura desagradável da equipe. Vazio e sem opções decisivas, a área destinada aos suplentes dificilmente poderá ser fruto de uma carta na manga do técnico Dunga. Mais um problema. Acidental, sim, mas um grande problema. Ainda mais se o time não estiver bem no jogo.


O Brasil ideal para encarar a eficientíssima Holanda nesta sexta-feira pode não atuar da maneira ideal. Pode jogar mal, amarrando o jogo desde o início. E resolvê-lo com um pingo de talento à lá brasileira. No futebol, tudo pode acontecer. Tanto uma surpresa quanto uma normalidade. Contudo, para não trabalharmos com hipóteses- o que pode, até mesmo, ser considerado uma utopia por minha parte -, é bom que Dunga opte pela escalação ideal. Nem que seja sob o seu próprio.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Não há louco que resista


Esperava-se um Chile ofensivo, quase 'suicida', sufocando o Brasil, que teria nos contra-ataques sua grande chance de vencer e fazer jus ao favoritismo. Porém, com uma postura surpreendente, a equipe comandada por Dunga se lançou à frente, honrando as tradições da melhor seleção do mundo. Sufocou o time de Marcelo Bielsa. Dominou o jogo. Jogou quase como uma seleção campeã mundial. Quase. Afinal, faltou o brilho de um craque. Uma jogada especial, um golaço, alguém que decidisse, individualmente, a partida de forma diferenciada.


Eis, contudo, que brilhou o jogo coletivo, que caracteriza e enaltece a seleção brasileira de Dunga. Pode-se dizer, inclusive, que o craque do time é o time, em conjunto. A goleada de 3 a 0 sobre o Chile, nesta segunda, que pôs o Brasil nas quartas de final, contra a Holanda, na próxima sexta, provou isso. Perfeito na defesa e extremamente eficaz na frente, a seleção de Dunga começa a convencer a todos. Com justiça.


Apesar do domínio absoluto do jogo no primeiro tempo, a forte marcação chilena impedia a tradicional jogada brasileira pelo lado direito. E o Brasil não conseguia criar boas chances de gol. Pelo menos também não dava espaços. Graças à perfeita performance do sistema defensivo. Além da dupla de zaga, infalível, os três meias do losango montado por Dunga que jogaram mais atrás(Gilberto Silva, mais centralizado, Ramires, pela esquerda, e Daniel Alves, pela direita) tiveram excelente atuação, principalmente o camisa 8, que não errou passes e ainda foi um leão na marcação, se desdobrando para cobrir os espaços deixados pelos avanços do versátil volante do Benfica, outro achado de Dunga, que fez uma partidassa.


Faltava, no entanto, criatividade. Kaká e Robinho, os dois grandes responsáveis por tal, estavam sumidos da partida. Bem marcados, mal tocavam na bola com liberdade. O jeito era arriscar. Em chutes de longa distância, em cruzamentos longos. Ou aproveitar uma falha rival. Mas ela não vinha. Por sorte o Brasil achou um gol. Em escanteio cobrado por Maicon, o imenso Juan subiu mais que toda a zaga do Chile para abrir o placar.


Agora, sim. O panorama estava como Dunga sonhava: seleção ganhando, Chile precisando se arriscar na frente, abrindo espaços atrás para os temíveis contra-golpes brasileiros. Ficou fácil para a melhor seleção do planeta. E não demorou muito para o primeiro da série de contra-ataques sair. O trio de ataque brasileiro, enfim, apareceu. Robinho puxou contra-golpe, achou Kaká na entrada da área, que, com um toque digno do número de sua camisa, deixou Luís Fabiano em posição legal, cara-a-cara com o goleiro. O Fabuloso não perdoou: 2 a 0. O contra-ataque mais mortal do mundo voltou a aparecer em um jogo decisivo.


O que já estava fácil para o Brasil, tornou-se ainda mais complicado para o Chile quando Ramires, um dos melhores em campo, arrancou à la Kaká, driblou três, e deixou Robinho em ótimas condições de marcar. O carrasco chileno é muito carrasco, mesmo. Muito. É claro que fez o sexto gol dele sobre la Roja, em apenas cinco jogos.


A partir daí, o jogo acabou. Enquanto Bielsa, com sua loucura total, ainda acreditava numa virada histórica, Dunga fazia testes. E via Ramires tomar seu segunda amarelo e ficar fora das quartas. Até Kleberson entrou. E ele pode, inclusive, ser solução para o próximo jogo, já que dificilmente Elano e Felipe Melo se recuperarão a tempo.


Indepenten de quem jogue ou quem entre, o Brasil começa a virar Brasil. Começa a jogar como um capeão joga. E começa a ouvir da sua torcida "O campeão voltou". Isto é bom. Muito bom para Dunga e seus comandados. O time ganha confiança. E começa a acertar tudo. Bolas aéreas, jogadas individuais, passes, tabelas, bolas paradas e contra-ataques. Assim, fica difícil. E não há maluco que resista a tanto futebol.


sábado, 26 de junho de 2010

A Celeste está de volta


Depois de 40 anos, o Uruguai volta a ter um time competitivo. Desde 1970 a Celeste, que já foi Olímpica, não conseguia fazer jus à sua História de títulos e participar de forma competitiva numa Copa do Mundo. Mas este passado recente acabou. Jogando a maior parte na defesa, com extrema eficiência e com um ataque de respeito, o Uruguai venceu a Coreia do Sul por 2 a 1 e se classificou para as quartas de finais da Copa da África.


Agora, entre as oito melhores seleções, os uruguaios esperam o vencedor do confronto entre Estados Unidos e Gana, ainda nesta sábado. Quem vencer, irá encarar a Celeste nas quartas.


Para voltar às origens campeãs, o Uruguai entrou em campo disposto a sair na frente do placar. E conseguiu. Mesmo que tenha levado alguns sustos, como a falta na trave do destaque da Coreia do Sul, o camisa 10 Park Chuyoung, atacante do Mônaco. Depois de marcar com o oportunista e técnico Luis Suárez, Tabárez fechou sua equipe na defesa.


A ideia era conseguir um contra-ataque mortal e matar, de vez, o jogo. Forlán pelo meio, Cavani pela direita e Suárez na frente eram a arma letal para tal. Mas ele não veio. E a Coreia melhorava no jogo, pressionando.


Veio o segundo tempo e a postura uruguaia continuou a mesma. Totalmente retrancado, apostava na solidez da defesa e nas belas atuações de Lugano, Victorino e do leão Peréz, um verdadeiro guerreiro na cabeça de área. Arévalo era o responsável por puxar os contra-ataques, levando a bola da zaga ao meio. Mas não conseguia.


Park Ji Sung crescia no jogo. Junto com as pretensões coreanas. Até que o empate veio, em falha do goleiro coreano. O camisa 17, Lee, qu havia entrado no segundo tempo, empatou tudo. Agora, sim. Era hora do Uruguai partir para cima e explorar a técnica de seu ataque, um dos melhores da História da Celeste.


E o fez. Atacando em bloco, sobretudo pelos lados, o Uruguai voltou a jogar buscando o gol, a vitória. Mas a Coreia havia crescido na partida e também assustava. A chuva voltara. Cenário perfeito para um heroi brilhar. Ele, enfim, apareceu, vestindo a camisa 9 do Uruguai. Num belo chute colocado, a bola ainda bateu levemente na trave antes de morrer no fundo das redes.


Na comemoração, Suárez pulou a placa de publicidade e os fotógrafos que ali estavam. Num salto épico, que representa a volta de uma das mais importantes e tradicionais seleções da história do futebol mundial. Sim, a Celeste voltou. E tem tudo para brilhar novamete, como em 70. Como em 50. Com0 em 30.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O imenso vacilo chileno

Iniesta comemora seu gol: o camisa 6 deu mais qualidade ao meio-campo espanhol


O Chile tinha o jogo sob controle. A equipe de Marcelo Bielsa, mesmo num esquema de jogo "suicida", tinha a maior posse de bola, criava jogadas mais objetivas e não deixava a Espanha impôr seu ritmo. Até que o goleiro Bravo resolveu sair de forma irresponsável e totalmente estranha do gol para cortar um lançamento de Xabi Alonso. No rebote, do meio de campo, e com o gol vazio, o matador Villa não pensou duas vezes e marcou um golaço. Depois de abrir o placar após falha bisonha do camisa 1 sul-americano, o jogo ficou bem mais fácil para os espanhóis, que passaram a imprimir o seu estilo de jogo. Não demorou para sair o segundo. Iniesta o fez, após nova falha da zaga.


O mole que deu o Chile é imensurável. Agora, ao invés de pegar a conturbada e não tão tradicional seleção portuguesa, a equipe de Bielsa se deparará, nas oitavas, com ninguém menos que a seleção brasileira. O vacilo de Bravo pode custar caro para as pretensões de um país inteiro. Já a Espanha, esta, sim, se deu bem. Pega Portugal nas oitavas. Bem melhor que enfrentar o Brasil, não?


Variando do 3-3-1-3 para o 4-3-3, a equipe de Bielsa começou melhor o jogo apesar da pressão inicial espanhola. Após o "abafa" de Del Bosque, o jogo fluiu bem mais sob a camisa vermelha sul-americana. Com Sanchez e Isla trocando invariavelmente de posição no lado direito e Beausejour e Vidal inspirados na esquerda, os ataques pelos flancos da defesa espanhola davam calafrios na torcida europeia.A movimentação do ataque chileno e a troca de passes rápida entre o setor ofensivo assustavam a Fúria.


Além do mais, Marcelo Bielsa ainda tinha sua arma secreta. E ela apareceu, quase transformando-se em gol. Trata-se das subidas dos zagueiros que jogam pelos lados(Medel e Jara), sobretudo o da direita(Medel), como elementos surpresas, confundindo a zaga espanhola. E quase deu certo. Quase deu em gol.


O ponto negativo da equipe chilena era o excesso de vontade, confundido com violência. Em menos de 20 minutos, três amarelos. O risco de sair com menos de 11 homens em campo era grande. Foi aí que o panorama do jogo começou a se inverter. Valdívia, que estava bem na partida até então, perdeu bola no campo de ataque para Xabi Alonso, que lançou Torres em profundidade. O goleirão Bravo saiu de forma lamentável do gol com um carrinho. A bola sobrou no círculo central para Villa, que não perdoou.


Agora, o Chile precisava partir para cima. Sem problemas. Pra um time que joga de forma ofensiva, suicida para alguns, não há o menor problema em atacar.O problema são as consequências desse ataque suicida. Elas se chamam contra-ataques. E os espanhóis sabem como pouco fazer isso. A coisa, portanto, só não piorou pois eles não os encaixaram. E também porque o árbitro mexicano ignorou pênalti claro em Fernando Torres. Sorte do Chile, que respirou aliviado.


Porém o alívio não durou muito. Isto porque Medel fez questão de encerrá-lo com um passe aéreo de um lado do campo para o outro, no meio da zaga, coisa que qualquer professor de futebol ensina para os jovens atletas. Desde criança todos têm de saber que isso jamais se faz no futebol. Medel não sabe. Nunca aprendeu. Resultado: roubada de bola, jogada trabalhada e gol de Iniesta, o segundo da Fúria.


O pior, no entanto, só veio depois do gol, ainda na comemoração dos espanhois, quando o árbitro expulsou Estrada, que, no lance do gol, teria tocado voluntariamente na perna de Torres, derrubando-o em lance isolado. A verdade, contudo, foi que Torres tropeçou no camisa 13 chileno, expulso injustamente. Se no onze contra onze já estava complicado, com um a menos então...


Eis que o Chile, porém, superou todas as adversidades e conseguiu um gol, logo no início do segundo tempo, com Millar, que acabara de entrar. Mas de nada adiantou. Afinal, eles ainda pegarão o Brasil nas oitavas. Azar? Não para quem tinha um jogo nas mãos. Faltou calma ao Chile. Tranquilidade para manter o padrão de jogo e fazer um bom resultado contra a Espanha. Mas agora já era. Resta trabalhar pensando no Brasil. Quem sabe Bielsa não apronta pra cima de Dunga. É melhor o técnico da seleção brasileira abrir os olhos, pois este time do Chile não é bobo, não.


Em tempo: além de Estrada, expulso, o Chile não poderá contar com Ponce e Valdívida, suspensos pelo segundo amarelo.






Defeitos nítidos num jogo ruim

Tudo bem que Dunga não podia contar com Kaká, nem Elano, e poupou(de forma correta e cautelosa) Robinho. Mas nada justifica os defeitos crônicos que a seleção apresentou contra um recuado e covarde Portugal. Concentrando ataques pelo lado direito e com um meio-campo bastante apagado, o Brasil sequer assustou Portugal, que preferiu segurar o zero a zero para não correr riscos. Acabou num jogo de irmãos. Resultado: um empate sem gols irritante, mas benéfico para ambos.



As mudanças que Dunga fez na equipe para esta partida foram todas em vão. Não deram resultado. Júlio Baptista esboçou um bom início de jogo, voltando para organizar o meio-de-campo e tocando bem a bola. Pena que isto só durou cerca de vinte minutos. Depois, se escondeu. E nada fez. Daniel Alves entrou na meia-direita e não teve a dinâmica e a importância tática de Elano. Além do mais, errou muito, quase tudo que tentou, fora alguns cruzamentos.



A sorte do Brasil era que Portugal não ameaçava, ficava todo atrás, esperando alguma magia do seu astro Cristiano Ronaldo. Mesmo assim chegou a levar um frio na espinha de Dunga. Graças à zaga lenta da seleção. Juan, muito mal no jogo, abusava dos erros, chegando, inclusive, a botar a mão e levar um amarelo completamente desnecessário. Só não foi pior que Felipe Melo. O camisa 5, ao invés de responder às críticas que recebe de todos os lados, fez questão de torná-las ainda maiores com uma atuação ridícula e totalmente irresponsável. Entre chutões e entradas forte, se estranhou com Pepe, acabando substituído ainda na primeira etapa, por Josué, que nada fez, além de fechar o meio.



Se Portugal só tinha Cristiano Ronaldo no campo de ataque, o Brasil possuía Nilmar e Luis Fabiano. O ex-atacante do Internacional até começou bem o jogo, buscando o jogo e se movimentando bem. Já o Fabuloso, nada fazia. Sem se movimentar, se escondia do jogo e mal recebia a bola. Nme brigava por ela. Relaxado e satisfeito com o resultado, apesar da má atuação, era a tônica de um time conivente com um empate sem gols. Pragmatismo total.



No segundo tempo, pouca coisa mudou. Portugal cresceu no jogo. E o Brasil continuou na mesma. Os ataques eram todos pela direita. Michel Bastos, ao receber a bola, é o jogador mais burocrático da Copa. Não arrisca. Não tenta. Nem parece brasileiro. Medroso, mal passa do meio-campo, e, mesmo assim, ainda toma alguns 'sufocos' na marcação.



A partida não mudou. Nem melhorou. Ficou horrorosa tecnicamente. Burocráticos, ambos os times mostraram-se extremamente conformados com o resultado. Fora alguns lampejos do camisa 7 portugûes, não houve melhores momentos na segunda etapa. Dunga até tentou mudar isso, tirando o apagado Júlio Baptista para pôr Ramires. De nada adiantou.



Depois, ainda colocou Grafite no lugar do camisa 9 brasileiro. O atacante do Wolfsburg mal tocou na bola e o juiz apitou o fim de uma partida em que os defeitos da seleção brasileira ficaram cada vez mais nítidos. Independente dos desfalques e do contexto que antecedeu a partida. Faltam opções. Faltam soluções.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Quando o técnico perde o jogo

Quarenta e seis minutos do segundo tempo. A Itália precisava de dois gols para se classificar. Eis que Quagliarella marca o segundo italiano. Faltava apenas um, agora. Era a hora do técnico Marcelo Lippi deixar a cara feia que o caracteriza de lado, incentivando os seus jogadores a buscarem o gol, apoiando-os. Levantando seus morais. Era a hora. Mas não foi. Apático na fisionomia e na escalação da equipe durante toda a Copa, o comandante italiano preferiu se calar. E fechar a cara. Sem sequer um grito de ajuda, orientação ou incentivo, viu seu time ser eliminado precocemente de um Copa. Quatro anos depois de se sagrar campeão do mundo. Decepção total.

Lippi, na verdade, não errou somente no final do jogo vencido pela interessante Eslováquia, por 3 a 2. Errou desde a convocação. Quando não levou nenhum organizador, nenhum camisa 10. Do tipo que pega a bola e organiza o jogo. Do tipo de Totti. Quando também deixou de fora atacantes em grandes fases, como Cassano e Mioccoli, levando outros que precisavam antes serem apresentados à uma b0la.

Sem um esquema determinado, o técnico italiano variou bastante entre o 4-3-3 e o 4-4-2 durante este Mundial. Tentativas e invenções não faltaram. Iaquinta de ponta-direita, Pepe de articulador, Montolivo de volante. Deu tudo errado. Totalmente sem padrão de jogo, a Azzurra penou pelas limitações de seu técnico. Conservador e teimoso, resolveu abrir mão de um meia que organiza o jogo. Argumentou ter Pirlo. E desde quando Pirlo é um articulador ao estilo Totti? Sem falar que Pirlo estava machucado e só estreou no Mundial no segundo tempo do terceiro jogo.

O jeito, portanto, era apelar para as raízes do futebol italiano. Ou seja, apostar numa defesa forte. Nem assim funcionou. Pois, afinal, uma defesa sólida e consistente não toma, de jeito algum, um gol da fragilíssima Nova Zelândia. Nem três da Eslováquia, que tem um time muito melhor tecnicamente. Lippi nem isso conseguiu fazer. Ou melhor, enxergar. Para ele, até o apito final da partida derradeira, estava tudo certo e a Azzurra acharia um gol a qualquer momento. Fosse sofrido ou não. Pois é. O pior cego é aquele que não quer ver.

Elenco, Lippi sempre teve. Faltou organizá-lo a modo de formar uma grande 'squadra'. Ele não consegiu fazê-lo nem por um tempo nesta Copa. Entre falhas individuais e coletivas, a Itália se mostrou um time completamente desmotivado e sem objetivos. Como se tudo se resolvesse na base da tradição. Apática. Esta é a melhor definição para a Azzurra-2010. A causa disse, no entanto, tem nome e sobrenome: Marcelo Lippi. Justamente por ser portador da mesma característica.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Sob a batuta de Tabarez, Uruguai brilha

'El mestre' Tabárez: organização e 'achados' num time que se supera a cada jogo



Contra a França, uma inteligente marcação no meio-campo deixou Raymond Domenech perdido. Mas de nada adiantou se fechar muito bem na defesa se o ataque ia mal. Então, foi a vez de mexer no sistema ofensivo. De novo, Oscar Tabarez se mostrou extremamente competente e com ótima leitura de jogo. Tudo que um técnico precisa ter. Foi quando teve a sacada de pôr Forlán de meia-ofensivo, atrás dos atacantes Suárez e Cavani, que passaram a jogar pelos lados. Deu muito certo. Claro que a defesa também colaborou. Resultado: goleada por 3 a 0 diante da anfitriã África do Sul.

Tudo que bem que o time de Parreira foi extremamente desorganizado e irresponsável, lançando-se ao ataque como um bando. E não como uma equipe. Definição que cabe perfeitamente no protótipo do time comandado por Oscar Tabarez. Organização é a palavra que os guia. E coragem. Isto, na verdade, nunca faltou. Mas quando está aliada à técnicoa, nãp sobra pra quase ninguém. E não sobrou para Parreira, nem para seus disciplinados volantes, perdidos na marcação do trio uruguaio. Quando, num lance de pura raridade e sorte, a marcação sul-africana encaixava no trio, eis que surgia Álvaro Pereira pela esquerda e Fernandez pela direita para armarem novas jogadas. E decidirem o jogo. Bela vitória, sob o olhar do comandante.


Ali Tabarez percebeu que o Uruguai tinha reais chances de se classificar. Bastava empatar com o audacioso time mexicano. Rápido e ofensivo, os mexicanos causaram extrema preocupação nas últimas noites de pouco sono do técnico sul-americano. Mas com extrema maestria e um olho tático impressionante, Oscar teve mais uma daquelas suas sacadas geniais: puxou Cavani para a ponta direita, deixando Forlán na armação das jogadas pelo meio, e conferindo espaço para Pereira surgir pela esquerda como um elemento surpresa. Novamente deu certo: 1 a 0 Uruguai e classificação garantida. Com estilo. Na liderança, o que não acontecia desde 1954, na Copa da Suíça.

De sacadas e observações à beira-campo, Oscar Tabarez vai se aproveitando da técnico de seus atacantes e da organização de seu meio-campo. A segurança que vem dando seus zagueiros também é fundamental para o sucesso da equipe. Sim, o Uruguai é um dos poucos times nesta Copa que podem ser chamados, justamente, de equipe. Com todas as letras. Pois, como quase nenhum outro, funciona como tal, com uma peça dependendo da outra, e assim por diante. Até pegar uma seleção diferenciada. Aí...o jeito é torcer. E rezar. Acima, o 4-2-3-1 usado contra o México

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Profissionalmente vencedor, pessoalmente perdedor

Depois de suar a camisa para bater a fraca Coreia do Norte na estreia, numa atuação apagada da Seleção, o Brasil, enfim, começou a dar o ar de sua graça. Tocando muito bem a bola e envolvendo completamente a Costa do Marfim, não teve dificuldades para fazer 3 a 1 naquela que era considerada a melhor seleção africana desta Copa. Mais do que se classificar antecipadamente, nosso técnico deveria ter motivos de sobra para sorrir apesar da expulsão de Kaká. Afinal, diferentemente do que vinha acontecendo e do que vinham reclamando os torcedores, o time se mostrou capaz de ganhar um jogo com autoridade sem apelar para os contra-ataques. Jogou como Brasil. Mas, nem assim, Dunga conseguiu sorrir. Nervoso e irritado, xingou copiosamente Drogba, após a partida, o juiz, e, na coletiva de imprensa, o sempre bem-humorado e coerente Alex Escobar, para o mundo todo ver e ouvir. Uma vergonha.

Isso tudo porque o jornalista da Rede Globo estava no telefone celular e teria balançado negativamente a cabeça, ao ser indagado sobre algo por quem estava do outro lado da linha - supostamente o seu companheiro de Televisão Tadeu Schmidt. O gesto não era para Dunga, que parou a coletiva para ironizar o jornalista. Se não bastasse, ainda continuou a proferir palvrões, captados pelo sistema de som e ouvido por todos que estavam na sala. Com rancor, o técnico brasileiro mostrou mais uma vez ao mundo que não sabe ganhar, assim como o fez em 1994, ao levantar a taça, xingando, novamente, os jornalistas brasileiros presentes. Dunga é assim, sempre foi. E nunca vai mudar. Por mais que vença no campo, sempre perde fora dele, na vida pessoal. É por isso que não mantém, com quase nenhum profissional da imprensa brasileira, uma boa relação. Poucos são as exceções. Raridades, que se sujeitam a uma pessoa rancorosa, nervosa, descontrolada, que não aceita críticas.

São incompreensíveis atitudes como essa, tomada pelo técnico da seleção brasileira de futebol, uma das entidades esportivas mais importante do planeta, e mais influenciadas também pelo povo. Dunga têm de entender, de uma vez por todas, que ninguém torce contra ele. Somente o criticam, como faziam com Parreira, Felipão, Falcão, Telê Santana, Zagallo, e assim por diante. Por que somente ele não as aceitam? Talvez pela teimosia ou pelo rancor de uma geração de jogadores que teve de conviver com críticas e desconfiança. Rancor, no entanto, que só ele possui.

Verdade é que até sua própria mãe deve estar com vergonha. Vergonha por ter criado um filho mal-educado, rancoroso e que não sabe perder. Nem ganhar. Só sabe odiar. Com Dunga é assim. Ele consegue a "proeza" de precisar, para evoluir, de inimigos. Sem eles, Dunga não consegue vencer, nem sobreviver. E por incrível que pareça, a figura de herói não lhe cai bem. Dunga gosta de ser vilão. Um vilão diferente, que vence à sua maneira. Dunga consegue fazer, de uma forma inacreditável, que a excelente vitória sobre a Costa do Marfim e a nítida evolução do futebol de sua seleção sejam ofuscados por suas atitudes extra-campo. Ridículo. Nós, brasileiros, só esperamos que nossa atual seleção não fique marcada na História por ser comandada por um profissional extremamente competente(e vencedor), mas pessoalmente derrotado. Se for assim, por mais difícil que seja adimitir, é melhor perder.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Limitações inglesas


Jogando um futebol ridículo para suas pretensões na Copa do Mundo, a Inglaterra esbarrou nas suas próprias limitações e não saiu do zero a zero com a modestíssima Argélia, pela segunda rodada do Grupo B, no qual possui 2 pontos, igualmente aos Estados Unidos, e um ponto a mais que os africanos. A Eslovênia, adversária decisiva do tieme inglês pela última rodada da fase de grupos, lidera com 4 pontos. Para se classificar, não resta outra alternativa à equipe comandada por Fabio Capello senão a vitória e, para tal, o English Team terá que se superar para vencer a também limitada Eslovêniva.


Apontada por nove em cada dez especialistas de futebol como favorita, pelo menos a terminar entre as quatro primeiras, a Inglaterra decepcionou a todos até o momento. Lenta, sem criatividade e muito exposta e insegura atrás, se mostra cada vez mais um time indeciso, sem pretensões formadas, e com diversos problemas. No empate desta sexta tudo isso ficou nítido aos olhos do Planeta e a preocupação dos ingleses, que lotaram o Green Point sob gritos de " England, England", foi traduzida nas vaias ao fim do jogo.


A fragilidade defensiva inglesa começa pelo seu goleiro. Se é que ele existe. Desde de David Seaman, que se aposentou após o Mundial da Coréia e do Japão, em 2002, nenhum arqueiro inglês conseguiu levar segurança a um gol que, tradicionalmente, sempre havia pertencido a bons goleiros, como o próprio Seaman, e nomes como o de Gordon Banks, por exemplo. Na Copa de 2010, dois já tentaram. Tentativas frustadas. Enquanto Green falhou feio contra os americanos, logo na primeira rodada, cedendo o empate, James se mostrou muito inseguro, e, aos 39 anos, não conseguiu, por incrível que pareça, fazer a sua experiência transcender, provando a Capello que não tem recursos para ser o homem de confiança atrás.


No miolo de zaga, quem deveria dar o exemplo não o faz. Apesar de ídolo e referência nacional, desde que se envolveu no escândulo sexual com a ex-namorada do lateral-esquerdo Wayne Bridge, John Terry vem acumulando más atuações. Contra a Argélia, por pouco não falhou feio ao dar um passe 'na fogueira' para James tirar o perigo iminente. Do seu lado, para piorar ainda mais a situação, Carragher sequer consegue entrar no jogo. Lento e sem recursos técnicos, o zagueiro histórico do Liverpool joga na base do coração. E da sorte, que um dia, para desespero dos ingleses, pode acabar. Fraco, faz a população da Inglaterra lamentar muito a ausência de Rio Ferdinand, ex-capitão, contundido.


E quando se espera que os laterais possam mudar o jogo, o da direita não o permite. Errando tudo contra oa africanos do Norte, Glenh Johnson vive num paradoxo com Ashley Cole, um dos poucos a se salvar no English Team neste Mundial. Rápido e leve, o camisa 3 se solta com facilidade nas partidas, sendo boa opção de jogo. Pena que o meio-campo, completamente desligado da partida, errando inúmeros passes, não conseguiu sequer fazer a bola chegar a seu pé contra o argelinos. Barry, Lampard e Gerrard, sobretudo o capitão, fizeram uma partida para ser esquecida em suas respectivas carreiras.


Na frente, o pesado Heskey e a estrela Rooney, completamente fora de forma física e técnica, formaram uma dupla da ataque extremamente inoperante, lenta, sem perigo algum à fraca zaga africana. Capello ainda tentou modificar isso, colocando Defoe, que insistiu em sair muito da área para buscar jogo, deixando a seleção sem referência dentro dela. Falta a Capello um centroavante. Falta a Capello um time organizado. Falta a Capello uma seleção digna da Inglaterra. Os ingleses rezam. É a única coisa que podem fazer neste momento, diate de um time lento, sem criatividade e cômodo, no qual nem as famosas jogadas aéreas do futebol inglês são armas decisivas.

terça-feira, 15 de junho de 2010

A vitória de Elano, Maicon e Robinho

Foto: Elano comemora o seu gol, após passe milimétrico de Robinho



O que era esperado aconteceu. A Coréia do Norte se fechou covardemente na defesa, deixando na frente, tentando fazer algumas jogadas sozinho, sem auxílio de sequer um companheiro, o muito bom atacante Jong Tae-Se. Todos sabiam. Incluindo Dunga. Restava ao Brasil criar alternativas para furar a imponente retranca asiática. Enganou-se feio quem pensou que tais poderiam sair dos pés de Kaká. Apagado e inoperante, o camisa 10 brasileiro limitou-se a dar passes para o lado, numa das atuações mais burocráticas de sua carreira. Sobrou então Robinho, que assumiu com maestria o lugar de destaque do time, auxiliado pelos criativos e inteligentes Maicon e Elano, quase sempre pelo lado direito.E foi exatamente com dos destes dois últimos que a Seleção venceu a misteriosa Coréia do Norte por 2 a 1, na estreia canarinha no Mundial da África.



Nervoso no início, o Brasil apelava para a individualidade de Robinho, que, de cara, já mostrava estar bastante a fim de jogo. Felipe Melo, muito mal no início, era um desastre na cabeça-de-área, errando passes e pecando muito na saída para o ataque e no posicionamento. Com o passar do tempo melhorou, assim como Gilberto Silva e a zaga, que mesmo segura em boa parte do jogo, não teve grande atuação, falhando no gol coreano. Nulo na marcação pelo lado direito do ataque adversário, a avenida deixada por Michel Bastos quase resultou num gol de Jong Tae-se, salvo por Júlio César, que teve pouquíssimo trabalho,. Na frente, Luís Fabiano, sumido, nem de longe merecia um apelido perto de "Fabuloso".


O panorama era ruim para o Brasil nos primeiros minutos. Com o passar do tempo, o time foi se soltando, mas Kaká continuava apagado, mal, errando passes bobos. Estranho. Robinho percebeu, e chamou a responsabilidade para si, criando ótimas oportunidades. Elano e Maicon, pela direita, eram a grande arma ofensiva da seleção, sobretudo nas tabelas com o camisa 11, que, de ora em ora, invertia de posição com Kaká. Luís Fabiano só assistia, correndo de um lado pro outro, sem conseguir abrir espaços para lançamentos. Dominando as ações da partida, com total posse de bola, o Brasil não conseguia furar a retranca. Nem pelo meio, nem pelas laterais. Ora faltava um criador. Ora um atacante. Ora os dois. Os únicos que esboçavam alguma tentativa eram Robinho, Maicon e Elano, os três nomes do jogo.


Logo na volta para a segunda metade da partida, Dunga mandou para o aquecimento muitos reservas. A mudança parecia ser questão de tempo, e assustou os titulares, que passaram a se esforçar mais. E jogar melhor. Como Brasil. Pelos lados, sobretudo o direito, a Seleção criava boas chances. O gol de Maicon, logo no início do segundo tempo, foi o grande exemplo disso, após belo passe de Elano. O gol tranquilizou bastante o time. A Coréia, assustada, não sabia o que fazer, e olhava o Brasil tocar bola.


Até que bateu aquela vontade nos brasileiros de fazer o segundo gol e partir para cima, tentando construir uma goleada. Robinho tomou as rédeas, dando passe fenomenal para Elano, de primeira, chutar colocado no canto direito do goleiro norte-coreano, fazendo o segundo gol brasileiro. O jogo, agora, parecia resolvido, e Dunga aproveitou para fazer algumas alterações: Daniel Alves no lugar de Elano e Nilmar no de Kaká. Puro engano. A sorte brasileira foi que o gol norte-coreano saiu somente no fim da partida. No fim, vitória magra, de três heróis: Maicon, Elano e Robinho.


Aqueles que se preocupavam com as condições físicas e técnicas de Kaká, após a partida desta terça, devem estar um tanto quão desesperados. Já se fala, até mesmo, que o atual camisa 10 brasileiro seria uma nova espécie de fracasso, assim como foi Raí na Copa de 1994. Esperemos e torçamos que não. Mas se for, também, não é o fim do mundo. Robinho, Elano e Maicon provaram, na estreia, que, mesmo sem Kaká, o Brasil pode ser o melhor do mundo. Basta acreditar nas suas peças, e nos coadjuvantes.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Pragmáticos e sem criatividade


Sob chuva no Green Point, na Cidade do Cabo, Itália e Paraguai abusaram das bolas aéreas e do pragmatismo, deixando de lado qualquer resquício de criatividade, empatando na estreia de ambos na Copa. O Paraguai, com Alcaraz, abriu o placar, ainda na primeira etapa. De Rossi, aproveitando falha do goleiro guarani Villar, empatou tudo na segunda etapa. Apesar de melhor no jogo, os italianos tiveram muitas dificuldades para furar o forte esquema de marcação sul-americano. Sem Pirlo, contundido, faltou ao time de Marcelo Lippi um exímio criador de jogadas, que pudesse fazer a diferença.


Num 4-3-3 surpreendente, Lippi mostrou que a Itália também pode - e sabe - jogar de forma ofensiva. Deixando o futebol defensivo do passado de lado, a marcação ofensiva, no campo de defesa paraguaio, aliada às jogadas pelas pontas faziam com que os europeus dominassem a partida. O meio-de-campo era todo azul. Os paraguaios mal conseguiam sair pro jogo, passar da linha central. Mas faltava movimentação. Simone Pepe, Vicenzo Iaquinta e Gilardino mal conseguiam se mexer em campo, parecendo três cones. Único a esboçar uma movimentação maior, Pepe esbarrava no seu nervosismo. Estreante em Copas, não parecia nem de longe o driblador exclente que é. Errava quase tudo.


Enquanto isso, o Paraguai começava a gostar do jogo. Ainda com dificuldades para jogar, devido a fortíssima marcação italiana, a equipe comandada por Gerardo Martinez também penava por não ter um camisa 10, do tipo que chama a responsabilidade e arma o jogo. O jeito era apelar para a força. Para as bolas aéreas. Para o pragmatismo. Assim como fazia a Itália, nas raras chances de gol criadas na primeira metade de jogo. E deu certo. Cáceres cobrou falta venenosa da direita, de pé esquerdo. O zagueirão Alcaraz subiu antes de Canavaro e cabeceou sozinho, no canto do goleiro Buffon, abrindo o placar para o desacreditado Paraguai.


A partir daí, o panorama inverteu-se. Se antes do gol paraguaio, era a Itália quem dominava o jogo, ganhando o meio-de-campo e marcando forte no campo adversário, quem passou a fazer isto depois do gol foram os paraguaios. Os italianos tinham muitas dificuldades para chegar ao ataque. Nem nas bolas aéreas conseguiam. De Rossi, escondido, limitava-se a marcar na cabeça de área, enquanto Montolivo, inoperante na criação, nem marcar, marcava. Os três atacantes, ainda estagnados na frente, reforçavam a inoperância da equipe.


O segundo tempo serviu para alterar novamente a tônica do jogo. Com a entrada de Camoranesi no meio-de-campo italiano, o time de Lippi ganhou mais dinâmica no meio, passando a dominar as ações da partida. Mais rápida na ligação defesa-ataque, a Itália chegou ao gol de empate aos 17 da segunda etapa, após escanteio cobrado por Pepe, falha de Villar, e complemento de De Rossi. E por pouco não virou a partida. Totalmente diferente do primeiro tempo, a Itália do segundo era ofensiva, pressionava e merecia a vitória. O Paraguai se recolhia na defesa, saindo em contra-ataques pouco perigosos.


No individual também foi nítida a mudança de postura italiana. De Rossi passou a sair mais pro jogo, sem deixar de lado a eficácia da marcação. Montolivo passou a participar da criação das jogadas, arriscando mais. Pepe deixou, enfim, a ansiedade e o nervosismo de lado, passando a chamar mais a responsabiliade, criando ótimas oportunidades para Iaquinta. Com a entrada de Di Natale, o gol parecia cada vez mais maduro. Rápida e dinâmica, a Itália estava a um passo do gol. E o Paraguai a alguns mais.


Sem poder contar com opções diferenciadas em seu banco de reservas, Gerardo Martinez acabou apostando todas as suas fichas no gigantismo de seus suplentes. Ao colocar Roque Santa Cruz e Cardozo, ambos com mais de 1,90m de altura, ordenou que os laterais Vera e Morel Rodríguez passassem a abusar das bolas alçadas à área. Inútil. Nem mesmo o camisa 3, que tem como especialidade as bolas aéreas, foi capaz de tal. Punidos pela falta de criatividade, os dois países acabaram amargando um desagradável empate na estreia. Melhor, porém, que uma derrota.

domingo, 13 de junho de 2010

A renovada e ofensiva Alemanha


Não foi na base da garra, nem da retranca, muito menos da força. Bolas aéreas não foram abusivas. Sobrou técnica e ofensividade. Na estreia de uma renovada seleção alemã, sem Ballack e com um meio-campo repleto de jovens promessas, a vítima foi a Austrália, na partida que marcou a melhor atuação de um país no Mundial deste ano. Os quatro gols marcados - e nenhum levado -foram o puro resumo do que foi o jogo, de total domínio alemão. Muito se fala da Espanha, Brasil, Inglaterra e Argentina, mas fato é que a Alemanha pode ganhar força durante o Mundial e, por que não, ser campeã do mundo novamente, como em 1990, 74 e 54.


Uma das grandes virtudes do atual grupo de jogadores alemães é a união. Todos os 23 convocados jogam na Alemanha, e tem grande identificação com os torcedores alemães, o que não acontece com nenhuma outra seleção na Copa da África. Restaurada e jovem, a atual seleção alemã é exemplo para o Mundo.
Esquema da moda no futebol mundial, o 4-2-3-1 se adaptou perfeitamente ao time alemão. Com dois volantes moderníssimos, três meias-atacantes rápidos e ágeis, e um centroavante matador, a Alemanha é muito forte. Muito mesmo. Só falta, na realidade, provar isso contra grandes equipes. A Copa do Mundo é um perfeito campo para tais incertezas tornarem-se verdades absolutas. Resta esperar para ver. Os alemães anseiam esperançosos.


Com uma zaga consistente, o sistema defensivo do técnico Joaquim Low depende muito dos laterais. Se Lahm, o esquerdo, sobe muito ao ataque, com extrema facilidade e eficácia, Badstubber, o direito, é mais cauteloso, retendo-se mais à defesa, ajudando na marcação. Os dois volantes, Schweinzisteiger e Khedira, jovens como a maioria da seleção, pouco se preocupam com a marcação, fazendo o jogo fluir muito bem no meio-campo, com rapidez e extrema dinâmica. Nos passes, são impecáveis. Volta e meia surgem como elementos surpresas no ataque, marcando, inclusive, gols. É uma dupla e tanto.


O talento, a dinâmica e a juventude não ficam restritos aos dois volantes. No meio, os três criadores do time, juntos, não somam 70 anos. E jogam como gente grande. Como craques. Ozil, Müller e Podolski são os grande responsáveis pelas jogadas da equipe. Rápidos e criativos, servem muito bem ao experiente artilheiro Miroslav Klose. No jogo contra a Austrália, Ozil foi o grande destaque,mas isto pode mudar com outros jogos. Ora Muller decide, ora Podolski, ora Klose...Até o banco pode decidir. Afinal, quem tem nomes do calibre de Cacau, Mario Gomez e cia pode se gabar também de ter tal poder de decisão nos suplentes.


Independente do adversário e das condições, Löw joga seu time para frente. Ele tem as peças necessárias para isso dar certo. E dá. Como contra a Austrália. Não que a defesa não seja eficiente, pelo contrário. Porém a grande virtude da Alemanha desta Copa é a busca incessante pelo ataque. Talvez pela alma renovada e jovem da equipe. Talvez pelo talento dos meias. Talvez...Em Copas do Mundo, as dúvidas são mais frequentes que as certezas. Mas que a Alemanha é uma das grandes seleções candidatas ao título, disto não dá para duvidar.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Empate na estreia


O equilíbrio marcou o primeiro jogo da Copa do Mundo 2010. Na partida que entrou para a história da África do Sul e dos Mundiais, os donos da casa empataram com o México por 1 a 1. Dominando a maior parte do primeiro tempo, o time mexicano acabou voltando muito mal para o segundo tempo. Organizada na segunda etapa, a equipe africana abriu o placar com um golaço de Tshabalala. Numa falha da zaga, Rafa Marquez, jogando no sacrifício, empatou.


Para uma abertura de Copa do Mundo, esperava-se uma grande apresentação. A partida, apesar de bastante movimentada na segunda etapa, não foi brilhante, sobretudo na primeira etapa, quando, nervosos, os sul-africanos mal conseguiam passar do meio-de-campo tocando a bola, apelando aos chutões e lançamentos longos. Ofensivo, mas lento na transição zaga-ataque, o México era quem assustava. Explorando muito a velocidade e agilidade dos seus dois garotos nas pontas(Giovanni dos Santos e Carlos Vela), a equipe de Aguirre chegou a balançar as redes, mas, impedido, Vela acabou tendo seus sonho de marcar o primeiro gol de um Mundial anulado.


Trocando bastante de posições, o trio ofensivo mexicano formado por Giovanni dos Santos, Vela e Guilhermo Franco ofuscava a festa africana nos primeiros minutos. Ora pela esquerda, ora pela direita, as jogadas pelos lados levavam um frio terrível à espinha de Parreira. A sorte era que o ótimo goleiro Khune estava em grande dia, pegando tudo. Preocupado em marcar Rafa Marques, uma espécie de líbero na zaga mexicana, Parreira pôs Pienaar colado no 4 adversário. Mas quem estava tomando conta do jogo era Giovanni. Lembrando muito Ronaldinho Gaúcho na sua fase de garoto, o jovem jogador do Galatasaray foi o grande nome da primeira etapa.


Aos poucos, o nervosismo foi passando e a África de Parreira se soltando. Com Tshabalala(pela esquerda) e Modise(pela direita) abertos, e Pienaar centralizado, quase como um segundo atacante, faltava o apoio dos laterais e de, pelo menos, um volante, que seria Dikgacoi. No entanto, isto só foi acontecer no fim da primeira etapa, quando, inclusive, o time se soltou mais, ensaiando belas tabelas e jogadas pelo meio e pela ponta direita, com as subidas de Gaxa ao ataque. O gol quase saiu. Ali, ficou claro que, com a força da torcida, e na base da raça e superação, a classificação é possível.


O segundo tempo foi completamente diferente do primeiro. Isto porque os Bafana-Bafana mudaram completamente de postura. Passando a adiantar mais a marcação no meio e saindo muito rápido em contra-ataques. A queda de produção da equipe mexicana contribui muito para isso. Lenta, nem de longe parecia o envolvente time da primeira metade de jogo. Com o eficientíssimo Mphela na frente, isolado, o México se lançou ao ataque, mas sem objetividade alguma. Bom para os donos da casa, que passaram a abusar dos contra-ataques. Num deles, Dikgacoi deu passe perfeito para Tshabalala que fuzilouo fraco goleiro Pérez: 1 a 0 e alucinação total dos africanos no Soccer City.


Estava tudo perfeito para Parreira. O jogo estava do jeito que ele mais sonhava. Com vantagem no placar, marcando muito bem atrás, a equipe estava toda fechada na defesa, ainda saindo com perigo em contra-ataques. Em outro contra-golpe, o gol que serviria para matar de vez o jogo só não saiu porque Modise acabou claramente desequilibrado por Rodriguez. O árbitro ignorou o pênalti. Minutos depois, Guardado, que havia entrado na segunda etapa, cruzou bola na área, a zaga africana saiu fazendo a famosa linha de impedimento, mas o capitão Mokoena não entendeu e acabou dando totais condições para o zagueiro-volante Rafael Marquez empatar a partida. Um balde de água fria nos africanos.


No fim, a disposição e a velocidade nos contra-ataques dos africanos deram lugar ao desespero de quem queria como ninguém vencer e dar de presente a mais de 84 mil torcedores uma vitória. Mas não deu. Aos 42 da segunda etapa, Mphela ainda chutou, de perna esquerda, meio desequilibrado e sem ângulo, uma bola na trave. Era o último suspiro dos Bafana. O México, já sem alguma organização, só assistia. A garra e a vontade de vencer dos africanos acabou esbarrando numa falha da zaga. Agora isso é passado, só uma coisa importa para os sul-africanos: a classificação. E ela é possível. Basta o time de Parreira jogar como jogou no segundo tempo contra o México.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Favorita acima de tudo


Na Copa América, há três anos atrás, perdeu para o maior rival, o Brasil, por 3 a 0. Nas Eliminatórias, foi um fiasco. Chegou a ser goleada até mesmo pela fraca Bolívia por 6 a 1, em 2009. Mas é favorita ao título mundial. Trata-se da Argentina, dos argentinos, da garra, da tradição, da história de uma das maiores e eternas equipes de futebol de todos os tempos. Basta ser argentino para dar medo no futebol. E os 23 convocados do contestado e audaz Maradona sabem muito bem como fazê-lo. Criticado pela imprensa pelo jeito como montou a equipe - se é que a montou -, convocando mais de 80 jogadores em menos de 2 anos, Maradona anseia por uma resposta à altura. Ou a mais. Um título mundial, depois de 24 anos, seria algo épico.


Desde 1990 a Argentina não chega a uma final de Copa do Mundo. Em 1994 e 1998 ainda foi bem, chegou às quartas. Em 2002 acabou, de forma vexatória, humilhantemente eliminada na primeira fase, pela Suécia e Inglaterra. Em 2006, na Copa da Alemanha, acabou dando adeus nos pênaltis, justamente contra os donos da casa. Dois mil e dez é o ano da virada, do retorno às origens. Justamente com Maradona no comando. Não que seja o mesmo homem, magro, rápido, humilde mas polêmico. Mais gordo e estranho aos olhos de qualquer brasileiro. Mas é ele, El Dios de uma Nação. O homem mais importante para os argentinos, independente do que se trata.


Diego Armando Maradona ganhou a Copa de 1986 praticamente só, levando a equipe nas costas. Sem cometer injustiças com Burruchaga, José A. Brown e etc, o que ' Dieguito ' fez na segunda Copa do México foi algo impressionante. Os gols históricos contra a Inglaterra, nas quartas, são a prova disso. Nesta Copa, Maradona sabe que isso não se repitirá, dada a evolução, sobretudo nas questões físicas, do futebol mundial. Apesar dele ter Messi no seu time, o maior jogador do planeta, que assim como ele era, nos tempos de jogador, também é "de outro planeta". Literalmente só, no entanto, Messi não conseguirá passar pela fúria espanhola, pelo pragmatismo técnico brasileiro, pela força física dos africanos...Serão necessários alguns auxiliares. Eles respondem por diferentes nomes: Verón, Tevez, Higuaín, Milito, Di Maria, Rodriguez...


No ataque, Messi pode até resolver, mas auxiliares não faltarão. Maradona convocou nada mais nada menos que sete, isto mesmo, sete atacantes para a disputa do Mundial. Entre o talento de Tevez e Messi, encontra-se a capacidade de fazer gols de Higuaín e Milito, a experiência de Martín Palermo, a velocidade e juventude de Angel di María e o poder de fogo do 'genro de ouro', Sergio Aguero, casado com uma filha de Dios. No pouco que se pode ver durante os treinamentos e menos ainda nas Eliminatórias, período em que o técnico argentino usou para fazer diversos testes, o ataque titular, com quatro jogadores deverá ser formado por Messi, Di Maria, Tevez e Higuaín. No meio, Verón e Mascherano são os responsáveis pela saída de bola. No lado esquerdo, Di Maria, na direita, Tevez, no meio, exatamente da mesma forma como dá show no Barça, Messi, e na frente, como o faz no Real Madrid, Gonzalo Higuaín é o responsável pelos gols.


Verón e Mascherano serão os carregadores de piano, já que os quatro da frente muito dificilmente voltarão para marcar. Apesar disso, o meia do Estudiantes deve ter bem mais liberade para sair para armar o jogo do que o volante do Liverpool. Os laterais, que jogam no padrão europeu, alinhados com a defesa, ajudarão muito os dois no sistema defensivo, a grande preocupação dos argentinos, que vêem a zaga nacional como insegura e lenta. Terror de alguns países, o jogo aéreo, no entanto, não é problema para os hermanos, que costumam se sair bem neste tipo de jogada, principalmente na defesa.


Com toque de bola rápido e muita velocidade no ataque, os argentino não perdoaram defesas lentas e pesadas. Jogando, na maioria do tempo, com a bola no chão e com muita técnica, Messi e cia serão um grande problema para o mundo da Copa. Além disso, o emocional deles fora do campo está intocável e praticamente perfeito. Maradona disse que ficaria nu no Obelisco pelo tri mundial. Carlos Billardo, assistente técnico, chegou a declarar que daria 'la colita'( isso mesmo que você entendeu...) ao "felizardo" que fizesse o gol do título mundial. Independentemente de como estará Messi no Mundial, chegar até à final com garrra, na base da superação e da técnica que qualquer jogador argentino já adapta ao estilo de vida no nascimento, será algo simples. E fácil para eles. Difícil, mesmo, será segurá-los caso a hipótese acima se confirme...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Novas alternativas para Dunga




No último amistoso disputado pela Seleção antes da Copa, o que menos importou foi o placar. Além da fragilidade do adversário(Tanzânia), Dunga esperava observar alguns jogadores reservas e arranjar novas alternativas para algumas situações durante o torneio mais importante do futebol mundial. E conseguiu. Além de ganhar duas novas opções para a criação de jogadas no meio, com as boas atuações de Ramires e Daniel Alves, que entraram na segunda etapa, o treinador brasileiro viu em Nilmar uma outra alternativa para o lugar de Luis Fabiano. Rápido e se movimentando constantemente, o atacante do Villareal formou uma dupla interessante com Robinho na seguda etapa.



Perfeito taticamente, o Brasil marcou o primeiro gol logo aos 9, com Robinho, que além de jogar bem durante os noventa minutos, correu por todo o time. Com um toque de bola envolvente, não tinha o menor medo do time africano, que chegou, inclusive, a assustar Gomes, em alguns chutes. O segundo gol não demorou a sair, novamente com Robinho inspirado e confiante. Na volta do intervalo, Dunga fez algumas alterações, como as entradas de Ramires, em grande dia, e Daniel Alves, ambos no meio-campo, além das comuns revezações entre jogadores de mesma posição.


Se Maicon não apoiou tanto na primeira etapa, Michel Bastos o fez em dobro. O camisa 6 se mostrou completamente recuperado da lesão no tornozelo, apoiando muito bem, dando, até mesmo, uma assistência para Robinho, culminando no segundo gol brasileiro. O problema dele é realmente na marcação. Muito tímido, apesar de rápido, Michel não é perfeito na defesa, tem algumas falhas de posicionamento, até pelo fato de jogar muito pelo meio no seu clube, o Lyon, da França, mas nada que não possa ser corrigido para a estreia, no dia 15 de junho, contra a misteriosa e frágil Coreia do Norte.



Ramires deu a dinâmica que faltava ao meio-campo brasileiro. No lugar de Gilberto Silva, Josué foi simples, mas eficaz. Após dar belo passe para o terceiro gol, de Ramires, Elano, que jogou muito bem, com boas ultrapassadas pelo lado direito, deu lugar a Daniel Alves, o décimo segundo jogador de Dunga. O camisa 13 não entrou tão bem, mas compôs bem o setor direito do meio, enquanto o volante Ramires dominava o lado esquerdo, correndo com bola e chegando até a área, exatamente como fazia na sua melhor fase pelo Cruzeiro, há exatamente um ano atrás. Dunga achou no meio-campo alternativas que há pouco tempo não tinha. E ainda tem Júlio Baptista e Gilberto no banco, que podem atuar na criação das jogadas.


Temida por muitos, a lesão crônica de Kaká ainda não se manifestou. Sem se movimentar muito durante os noventa minutos, mas mostrando bom preparo físico, o camisa 10 chegou a marcar o quarto gol, com um belo toque de peito. Diferentemente de outros jogos com a amarelinha de Dunga, o craque da Seleção não ficou caindo muito pela esquerda, centralizando mais seu posicionamento e criando boas jogadas em tabelas com os meias e com os atacantes. Para quem temia que Kaká não chegasse bem fisicamente à Copa, os noventa minutos de jogo, mesmo em ritmo de treino, puderam provar que o camisa 10 está, sim, preparado para a disputa do Mundial.




Ramires ainda arranjou tempo para aproveitar belo cruzamento de Daniel Alves e marcar, de cabeça, o quinto gol brasileiro. No entanto, jogando fora a perfeição e a eficiência que Dunga tanto busca nos treinamentos e declarações, numa falha da zaga, em bola áera, a Tanzânia marcou o gol mais importante de sua história, com Assis, de cabeça. Certamente, apesar das novas descobertas táticas, a bronca no intervalo será inevitável. E importante para que o erro não se repita quando indevido for, ou seja, na Copa do Mundo.


domingo, 6 de junho de 2010

Deixa o Galo trabalhar...

O sonho de todo rubro-negro se realizou na semana passada: Zico voltou ao clube, com o cargo de diretor-executivo de futebol. Mas para o mesmo não virar pesadelo, a diretoria terá que agir, impondo regras, dispensando alguns jogadores e contratando outros. A ação de Patricia Amorim, Hélio Ferraz e Cia fora dos campos também será fundamental. Zico não trabalhará só. Precisará de uma base para atuar. E se a tiver, todos podem ficar tranqüilos, pois, assim como nos tempos de jogador, ele resolverá. Isto o tempo provará, com a maior calma possível. Basta a diretoria rubro-negra conceder as pré-condições necessárias para o trabalho dele.

O fato de ser profundo conhecedor do clube e das instalações é um ponto que já diverge Zico de outros candidatos ao cargo, inclusive Leonardo, ex-técnico do Milan. Além do mais, o Galo é um dos poucos ícones do clube que tem a torcida na palma de sua mão, ou melhor, o único. E isto não mudará. Zico manda na torcida, que o obedece, e vice-versa. O passado construiu isso. Só Zico é capaz de lotar um Maracanã dois dias antes do Natal, a preço de quase um jogo comum. Ter a torcida do seu lado, durante todo o tempo, é uma das virtudes que só Zico pode ter, e usufruir, em prol de um excelente trabalho a ser desenvolvido.

Isso tudo sem contar o fato de, no ponto de vista econômico e do marketing, o clube irá crescer muito com a volta de seu ‘Deus’. Se o departamento de marketing do clube, que é bastante eficaz - e já provou isso com Adriano -, souber trabalhar nessa parceria, os frutos econômicos serão incontáveis. Sem receber sequer um centavo do clube, o maior ídolo da história do Flamengo só tem benefícios a dar ao clube e à torcida que tanto ama.

Esquecer o passado e pensar no futuro, investindo no presente, esta, sim, é a melhor receita para o atual Flamengo. Resume-se na seguinte frase: deixar o Galinho trabalhar. Isto significa conceder tudo que for necessário para Zico se sentir à vontade em sua própria casa, dando todas as condições necessárias para que ele possa exercer sua função. E obedecer, no bom sentido, a tudo que Zico mandar. Afinal, sendo ele o ‘Deus’ do clube, a máxima antiga “manda quem puder, obedece quem tem juízo” se aplica perfeitamente. Deixar o Galo trabalhar valerá a pena. Sem dúvidas.

Azares pré-Copa

O futebol é regido pelo acaso. E pelo azar. Estas máximas ficaram comprovadas neste período pré-Copa, quando diversas seleções perderam jogadores importantíssimos por contusões em amistosos e treinos, dias antes da maior competição do futebol, a Copa do Mundo. Depois de quatro anos para aparecerem, as lesões sérias que afastam os atletas por mais de um mês resolveram dar as caras agora, nas vésperas do torneio mais aguardado por todos os jogadores de futebol do Planeta.

Com exceção da séria lesão sofrida pelo ganês Michael Essien, em janeiro, pela Copa Africana de Nações, David Beckham, estrela mundial, foi quem deu início à série desagradável de contusões ao se machucar em partida válida pelo Campeonato Italiano. Em seguida, outros jogadores entraram para a lista infernal. O pior, no entanto, é quando elas afetam o craque do time, a estrela máxima. É o caso da Costa do Marfim, que se vê prestes a perder Drogba, que fraturou um osso do cotovelo e dificilmente estará apto a atuar no dia 10, estreia de seu país no Mundial.

Mais prejudicada que os Elefantes somente a Alemanha, mesmo. Após ver, meses atrás, o goleiro titular da seleção, Robert Enke, se suicidar, o técnico Joaquim Low terá de se contentar com um grupo extremamente desfalcado. Isto porque, dias antes do início da Copa, cinco jogadores titulares se contundiram e foram cortados da competição. Podendo substituí-los até 24horas antes da estreia, o comandante alemão pensa de uma forma um tanto quanto otimista: 'Não tem mais como piorar a situação', disse à uma revista alemã.

Sofrendo com isso desde 1970, o Brasil levou um susto na sexta-feira, quando Michel Bastos caiu no gramado no treino depois de receber um pisão involuntário de Elano no tornozelo direito, assustando a todos no local. A lesão, contudo, não preocupa e Michel deverá, inclusive, jogar o amistoso contra a Tanzânia, na próxima segunda-feira. A chance da Seleção conseguir, depois de 40 anos, chegar à uma Copa com todos os convocados em condições de atuar é grande.

Seja em amistosos ou em treinos, as lesões nunca pararão. O que espanta, no entanto, é como a frequencia delas aumentam conforme a estreia de uma Copa vai se aproximando. É algo incrível. No último sábado, Robben, ao tentar fazer um lance de efeito, se contundiu. É grande dúvida para a Copa. É, também, a grande estrela de sua seleção. Este exemplo ilustra bem o que são os azares pré-Mundial. Eles acontecem quando menos se espera. E as consequências não são nada agradáveis.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Taticamente impecável, emocionalmente perfeita


O esquema da moda, implantado por Dunga já há mais de um ano, só retém conquistas para o futebol brasileiro. Organizado e equilibrado, a Seleção Brasileiro dificilmente é batida, que dirá então goleada. Empates, tudo bem, eles acontecem. Mas desde que o gaúcho de Ijuí, com seu jeito arrogante e teimoso de ser, achou no pragmatismo a perfeição do futebol bem jogado, com um time taticamente impecável conquistou a Copa das Confederações e se classificou à Copa sem riscos. E com sobras. Sobras de um time eficientíssimo, um pouco sem brilho, mas antes de mais nada vencedor. Muito vencedor. Os números comprovam isso.


Se tecnicamente alguns jogadores e o próprio conjunto brasileiro são muito criticados pela imprensa nacional e pelos torcedores, que muitas vezes se esquecem de um trabalho coerente que já dura quatro anos, e não meses como muitos pensam - ou queriam que fosse -, taticamente tudo é perfeito na seleção de Dunga e Jorginho ( como o próprio comandante gosta de caracterizá-la). Apesar da falta de talento e de ofensividade de algumas peças e do conjunto em geral em determinados momentos do jogo, a eficiêncie da seleção não pode ser deixada de lado. Muito menos a vontade de vencer.


O 4-2-3-1 que Dunga montou é quase perfeito. Com dois pontas (Robinho e Elano) que voltam para fechar o meio e armar jogadas, tanto pelos lados como pelas diagonais, e um meia do nível de ninguém menos que Kaká, tudo ficou mais fácil para as fabulosas conclusões de Luís Fabiano. Em Felipe Melo, achou-se um volante valente, que combate no meio-campo e ainda sai pro jogo. Quando um dos dois monstros nas laterais resolvem avançar, lá vem Gilberto Silva cobrir. Não há erros de posicionamento. Com bola, sem bola, perdendo, vencendo...O Brasil, taticamente, é quase invencível. Mágicas de Dunga.


Fora de campo, Dunga, sem dúvidas, é seguidor de Rousseau. Comprovador da tese do francês histórico, de que os fins não justificam os meios, o técnic0 brasileiro não sabe como irá chegar lá, contudo tem uma certeza: chegará lá. Este 'chegará lá' pode parecer meio vazio, porém todos sabem que trata-se do dia 11 de junho, dia da final da Copa do Mundo, quando ele tem a certeza de onde estará. Ele. Poucos creem como ele. Infelizmente, num país de quase 200 milhões de pessoas, no qual a maioria é louca por futebol, apenas alguns "bastardos" creem no trabalho desse gaúcho batalhador e vencedor. Infelizmente porque isso conspira contra o Brasil na Copa. Mas e daí? Dunga está se lixando para isso. Como fez em todo o seu trabalho, até nos momentos mais críticos. Ele sempre foi assim. Se tiver que seguir sozinho com Jorginho e seus comandados, o fará sem o menor problema. Ele é assim.


E é com esse espírito que os jogadores brasileiros entrarão em campo. Com o coração na ponta da chuteira, a pátria no lado esquerdo do peito e uma sede de vitória absurda. Seremos imbatíveis. Na base do coração, nenhum país ganhará de nós. Nem mesmo a frieza dos alemães e ingleses, o autoritarismo dos italianos. Pobres franceses, não ganharam uma disputa de bola. E quando só sobrarem as forças físicas dos africanos, Dunga contra-ataca com sua segunda força, ou melhor uma variante da primeira, que é o emocional, o pragmatismo. Através do esquema perfeito que achou para o time. Através da união do grupo que ele, sem a interferência de qualquer outro, formou. Através da força de um trabalho, até então, impecável, e injustiçado pela maioria dos críticos. Através do coração.

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