" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




segunda-feira, 28 de junho de 2010

Não há louco que resista


Esperava-se um Chile ofensivo, quase 'suicida', sufocando o Brasil, que teria nos contra-ataques sua grande chance de vencer e fazer jus ao favoritismo. Porém, com uma postura surpreendente, a equipe comandada por Dunga se lançou à frente, honrando as tradições da melhor seleção do mundo. Sufocou o time de Marcelo Bielsa. Dominou o jogo. Jogou quase como uma seleção campeã mundial. Quase. Afinal, faltou o brilho de um craque. Uma jogada especial, um golaço, alguém que decidisse, individualmente, a partida de forma diferenciada.


Eis, contudo, que brilhou o jogo coletivo, que caracteriza e enaltece a seleção brasileira de Dunga. Pode-se dizer, inclusive, que o craque do time é o time, em conjunto. A goleada de 3 a 0 sobre o Chile, nesta segunda, que pôs o Brasil nas quartas de final, contra a Holanda, na próxima sexta, provou isso. Perfeito na defesa e extremamente eficaz na frente, a seleção de Dunga começa a convencer a todos. Com justiça.


Apesar do domínio absoluto do jogo no primeiro tempo, a forte marcação chilena impedia a tradicional jogada brasileira pelo lado direito. E o Brasil não conseguia criar boas chances de gol. Pelo menos também não dava espaços. Graças à perfeita performance do sistema defensivo. Além da dupla de zaga, infalível, os três meias do losango montado por Dunga que jogaram mais atrás(Gilberto Silva, mais centralizado, Ramires, pela esquerda, e Daniel Alves, pela direita) tiveram excelente atuação, principalmente o camisa 8, que não errou passes e ainda foi um leão na marcação, se desdobrando para cobrir os espaços deixados pelos avanços do versátil volante do Benfica, outro achado de Dunga, que fez uma partidassa.


Faltava, no entanto, criatividade. Kaká e Robinho, os dois grandes responsáveis por tal, estavam sumidos da partida. Bem marcados, mal tocavam na bola com liberdade. O jeito era arriscar. Em chutes de longa distância, em cruzamentos longos. Ou aproveitar uma falha rival. Mas ela não vinha. Por sorte o Brasil achou um gol. Em escanteio cobrado por Maicon, o imenso Juan subiu mais que toda a zaga do Chile para abrir o placar.


Agora, sim. O panorama estava como Dunga sonhava: seleção ganhando, Chile precisando se arriscar na frente, abrindo espaços atrás para os temíveis contra-golpes brasileiros. Ficou fácil para a melhor seleção do planeta. E não demorou muito para o primeiro da série de contra-ataques sair. O trio de ataque brasileiro, enfim, apareceu. Robinho puxou contra-golpe, achou Kaká na entrada da área, que, com um toque digno do número de sua camisa, deixou Luís Fabiano em posição legal, cara-a-cara com o goleiro. O Fabuloso não perdoou: 2 a 0. O contra-ataque mais mortal do mundo voltou a aparecer em um jogo decisivo.


O que já estava fácil para o Brasil, tornou-se ainda mais complicado para o Chile quando Ramires, um dos melhores em campo, arrancou à la Kaká, driblou três, e deixou Robinho em ótimas condições de marcar. O carrasco chileno é muito carrasco, mesmo. Muito. É claro que fez o sexto gol dele sobre la Roja, em apenas cinco jogos.


A partir daí, o jogo acabou. Enquanto Bielsa, com sua loucura total, ainda acreditava numa virada histórica, Dunga fazia testes. E via Ramires tomar seu segunda amarelo e ficar fora das quartas. Até Kleberson entrou. E ele pode, inclusive, ser solução para o próximo jogo, já que dificilmente Elano e Felipe Melo se recuperarão a tempo.


Indepenten de quem jogue ou quem entre, o Brasil começa a virar Brasil. Começa a jogar como um capeão joga. E começa a ouvir da sua torcida "O campeão voltou". Isto é bom. Muito bom para Dunga e seus comandados. O time ganha confiança. E começa a acertar tudo. Bolas aéreas, jogadas individuais, passes, tabelas, bolas paradas e contra-ataques. Assim, fica difícil. E não há maluco que resista a tanto futebol.


Um comentário:

  1. Será que passa pela Holanda? meu filho disse que sim, que a Holanda tem uma zaga muito fraca...
    Mas ainda não me convenci desse time de Dunga, não mesmo...
    Será que Maradona vai andar nú por aí?

    Tudo pode acontecer nessa zebra de copa da África do Sul!

    bjo

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