" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




domingo, 26 de junho de 2011

Um drama Monumental




O dia 26 de junho é, definitivamente, uma data histórica para o torcedor do River Plate. Duplamente inesquecível. Para o bem e para o mal. Os anos de 1996 e 2011 são os reponsáveis pela dualidade no dia especial. Neste domingo frio, um dos maiores times da Argentina viveu seu dia mais triste. Justamente na mesma data em que, há exatos 15 anos, a equipe se consagrava campeã da Libertadores, revelando jogadores incríveis para o mundo do futebol. Diferentemente daquele 26 de junho, este não foi feliz. Foi mais do que triste. Foi horrível. O pior dia da vida de todo torcedor millonário. O dia em que o River Plate conheceu a segunda divisão nacional.

O nervosismo que os jogadores levavam para dentro de campo se refletia nas arquibancadas. Sem parar de cantar durante um só segundo, a fanática torcida alvirrubra era uma mistura de apreensão , agonia e desespero. O apoio incondicional não era deixado de lado. Mas ao fim do jogo, os incentivos deram lugar às vaias, às ofensas, às agressões...O cenário era de guerra. Ruas viraram autênticos campos de batalha. Praças de guerra. Buenos Aires estava em choque.

Não há como se comparar o drama millonário, a queda do River Plate com nenhuma outra em nenhum outro lugar. Talvez a mais sofrida, talvez a mais lamentável, talvez a mais ridícula das quedas. Na Argentina, é preciso errar muito para ser rebaixado. O River conseguiu. Uma lanterna, um mísero 11º lugar e outro lamentável 9º lugar foram suficientes para desmoronar um dos maiores clubes do mundo.

Como em todo lugar, todos tentaram procurar os culpados. E tentam até o fim. Só esquecem que a culpa, em si, jamais pode ser considerada individual. Todos erraram. Uns mais, outros menos. Todos contribuíram para que o clube vivesse capítulos injustos com a sua gloriosa e gigantesca história. Desde o presidente, o ídolo Daniel Passarella, até o torcedor. Todos erraram. E rebaixaram o River.

Erraram como errou Pavone, na cobrança da penalidade máxima aos 24 da segunda etapa, logo após o gol de empate do Belgrano, resultante de falha feia da defesa millonária, que bateu cabeça e fez a bola sobrar limpa para Farré, na cara do valente Carrizo, que nada pôde fazer. Erraram como erraram os outros jogadores, que mancharam os seus e o nome da instituição da qual fazem parte para sempre.

Para ser menos doloroso, Sergio Pezzoto, que teve atuação horrível, resolveu sequer apitar pelo fim do jogo. Os insultos e os objetos atirados pelos torcedores, que tentavam, a todo custo, invadir o gramado, foram suficientes para terminar o capítulo mais triste da história do clube. O sentimento de revolta, então, tomou conta do Monumental de Nuñez. E o quebra-quebra começou nas arquibancadas.

Em campo, os jogadores choravam. A quilômetros de distância, jogadores consagrados, como Saviola, D'Alessandro e Cambiasso também choravam. O River os marcou para sempre. E incrível é a relação entre jogador e clube amado na Argentina. Puro amor. Pura fidelidade.

Hoje, os millonários não podiam ter craques desse nível. Tiveram que se contentar com promessas como o jovem Eric Lamela. E muitos jogadores fracos para o tamanho do clube. Jogadores que não mereciam, de fato, vestir uma das camisas mais pesadas do continente sul-americano. Mas, por incompetência de dirigentes e influência de empresários, o fizeram e o continuarão fazendo. Para a infelicidade do futebol.

Resta, agora, juntar os cacos e recomeçar. A Nacional B é o zero da reconstrução millonária. Cabe a Passarella ser mais ídolo do que nunca e montar e tomar a frente de um projeto de reformulação. Se, hoje, o River não pode montar esquadrões como o de 15 anos atrás, que jogue por sua fanática torcida. Jogue com o coração. Nem que seja com a garotada das canteiras. Mas que vença. Vença como o gigante que é. Vença como time de primeira. Vença como River Plate.



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