Não havia momento mais inadequado para Roberto Dinamite assumir a presidência do Vasco do que a metade do ano de 2008. Recém terminada aquela que parecia a era interminável à frente da presidência do clube, o maior ídolo da história resolveu pôr a cara a tapa e resolver os problemas com credibilidade e justiça, ideais totalmente contrários aos da gestão Eurico Miranda, que apesar de todas as críticas, conquistou títulos como nunca na história do Vasco. Vide os Brasileiros, a Taça Libertadores, a Mercosul.
Mas Roberto resolveu agir. Montou a chapa de oposição, fez propaganda política, comoveu sócios e torcida. E foi eleito. Com justiça. Mudou boa parte da diretoria, agilizou projetos, concebeu verbas, conseguiu patrocínios, criou programas voltados ao torcedor, ao sócio-torcedor. Modernizou o clube fora das quatro linhas. O que Roberto fez no primeiro ano foi digno de elogios fora dos campos.
Roberto e sua diretoria só não esperavam que o time fosse responder tão mal dentro das quatro linhas, e acabar rebaixado, justamente no ano que ele assumiu. Justamente no ano em que Eurico Miranda saiu, dizendo "com Eurico, o Vasco é incaível". Justamente no ano em que um dos maiores ídolos recentes do clube, Edmundo, aposentou-se.
O Vasco caiu. E com a queda veio a redenção, com um show da torcida, rejuvenescida com cânticos novos, e projetos ambiciosos. Em 2009, Roberto Dinamite agiu novamente com competência. Soube manter a base, promoveu talvez a maior revelação da história do clube aos profissionais. Philippe Coutinho provavelmente ainda não estaria vendido se Roberto estivess eno clube desde 2007. Nos bastidores, proclama-se que Eurico Miranda quis desfazer-se do garoto para arranjar fundos.
O retorno do Cruzmaltino à elite enalteceu o trabalho de Dinamite à frente do clube, ainda que alguns problemas financeiros continuassem a atrapalhá-lo. Mais do que Dinamite, quem teve papel fundamental na volta do Vasco à série A foi sua torcida, que não abandonou o time, e reiventou-se, apoiada na música "O sentimento não pára", com slogans do tipo:"nunca vou te abandonar", "Meu amor por você não tem divisão". O Vasco cresceu, deu um passo à frente, e voltou de onde jamais deveria ter saído. 2009 foi vitorioso para Dinamite, principalmente após fechar um patrocínio muito bom com a Eletrobrás.
O ano seguinte já estava batendo à porta do presidente quando este lutou e bateu o pé para manter a base da conquista da Série B. Além dos herois coadjuvantes, Dinamite segurou Carlos Alberto, um investimento e tanto para um clube carioca do poderio econômico do Vasco. No meio do ano, contratações de peso, como Éder Luís, Zé Roberto, Felipe. Com PC Gusmão, o time subiu de produção. E voltou a cair quando os salários voltavam a atrasar, problema crônico da equipe de São Januário, desde os tempos de Eurico, por sinal.
Sem um futebol vistoso, 2010 não deixou saudades para o Vasco. Nem para Dinamite, que viu seu principal investimento(Carlos Alberto) passar boa parte do ano machucado. Sem contratações milhonárias, o Vasco começou 2011 pensando grande. E foi tropeçar logo de cara nos pequenos. Dois jogos, duas derrotas, para Resende( 1 a 0) e Nova Iguaçu(3 a 2). Os salários estão atrasados, e o time jogando mal.
Não há uma explicação condizente para os salários, muito menos para o péssimo estado econômico do clube. Roberto Dinamite nunca esteve tão exposto. "Ele tenta, mas resolve pouco", diz uma pessoa próxima à diretoria. Já há quem defenda a hipótese de retorno de Eurico. A idolatria abalou. O ídolo está, cada vez mais, deixando de ser ídolo. Logo ele, que sempre amou, respeitou e lutou pelo Vasco. Pois é, o futebol é cruel. Ainda mais quando o maio jogador da história de um clube resolve ser presidente do mesmo. A chance de dar certo é pequena. Fora dos campos, o jogo é outro. E nem sempre o craque pode resolver sozinho e do seu jeito.