O dia começou triste para a torcida corintiana. Mas terminou feliz. Muito feliz. A dor pela morte do ídolo Sócrates se transformou em estímulo extra para a conquista do quinto título brasileiro do Corinthians. Um empate feio sem gols foi suficiente para converter o Pacaembu num templo eufórico. Do outro lado da ponte aérea, outro empate, mais emocionante, com gols, serviu como tranqüilizante para um bando de loucos. No final feliz, nem mesmo o descontrole do time palmeirense foi capaz de tirar o brilho da festa. Nada nem ninguém é capaz de desmerecer o campeonato que fez a equipe de Tite.
A superação vascaína, de fato, merece muitos elogios. É digna da tradição e grandeza. O reconhecimento da própria torcida veio no fim do jogo no Engenhão. Mesmo com o 1 a 1 no placar e a tristeza do vice-campeonato, os cantos não pararam com o apito de Péricles Bassols. A revolta dos jogadores, com ou sem explicação, em nada tinha a acrescentar. O empate corintiano decidia tudo.
Pode ser feio, sem graça, chato e até injusto ser campeão com um 0 a 0. Mas pelo o que o Corinthians fez em todo o Brasileirão, não há outra palavra para definir a campanha corintiana senão merecimento. A palavra que constantemente aparece nas entrevistas coletivas de Tite é fundamental para calar as críticas, as teorias absurdas e as reclamações incoerentes dos torcedores rivais. O Corinthians é um campeão justo. Dentro e fora de campo.
O futebol que encantou boa parte do país durante a maior parte do ano, pouco pôde ser visto no tenso clássico contra o Palmeiras. Com Wallace na cabeça de área e uma tensão impressionante na cabeça dos jogadores, o time não fluía. E, por vezes, chegou a ser pressionado por um Palmeiras desorganizado, mas motivado. Um Palmeiras que queria ganhar o jogo e jamais poderia aceitar ver de perto um título corintiano.
Talvez fosse mais justo ver o Corinthians ser campeão com um gol de placa de Willian, que quase saiu na primeira etapa. Ou uma cabeçada de Liédson, artilheiro da equipe. Ou até mesmo, uma cabeçada de Chicão, o capitão que aceitou o banco em prol do grupo. Mas o futebol é sensacional por isso. Por proporcionar resultados surpreendentes, por vezes sem graça, com uma constância impressionante. Se é que isso importa para uma das maiores torcidas do Brasil, que comemora o título como se nunca tivesse conquistado nada. Ela merece. Sócrates merece. O céu recebeu uma pessoa feliz.
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