" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




domingo, 13 de junho de 2010

A renovada e ofensiva Alemanha


Não foi na base da garra, nem da retranca, muito menos da força. Bolas aéreas não foram abusivas. Sobrou técnica e ofensividade. Na estreia de uma renovada seleção alemã, sem Ballack e com um meio-campo repleto de jovens promessas, a vítima foi a Austrália, na partida que marcou a melhor atuação de um país no Mundial deste ano. Os quatro gols marcados - e nenhum levado -foram o puro resumo do que foi o jogo, de total domínio alemão. Muito se fala da Espanha, Brasil, Inglaterra e Argentina, mas fato é que a Alemanha pode ganhar força durante o Mundial e, por que não, ser campeã do mundo novamente, como em 1990, 74 e 54.


Uma das grandes virtudes do atual grupo de jogadores alemães é a união. Todos os 23 convocados jogam na Alemanha, e tem grande identificação com os torcedores alemães, o que não acontece com nenhuma outra seleção na Copa da África. Restaurada e jovem, a atual seleção alemã é exemplo para o Mundo.
Esquema da moda no futebol mundial, o 4-2-3-1 se adaptou perfeitamente ao time alemão. Com dois volantes moderníssimos, três meias-atacantes rápidos e ágeis, e um centroavante matador, a Alemanha é muito forte. Muito mesmo. Só falta, na realidade, provar isso contra grandes equipes. A Copa do Mundo é um perfeito campo para tais incertezas tornarem-se verdades absolutas. Resta esperar para ver. Os alemães anseiam esperançosos.


Com uma zaga consistente, o sistema defensivo do técnico Joaquim Low depende muito dos laterais. Se Lahm, o esquerdo, sobe muito ao ataque, com extrema facilidade e eficácia, Badstubber, o direito, é mais cauteloso, retendo-se mais à defesa, ajudando na marcação. Os dois volantes, Schweinzisteiger e Khedira, jovens como a maioria da seleção, pouco se preocupam com a marcação, fazendo o jogo fluir muito bem no meio-campo, com rapidez e extrema dinâmica. Nos passes, são impecáveis. Volta e meia surgem como elementos surpresas no ataque, marcando, inclusive, gols. É uma dupla e tanto.


O talento, a dinâmica e a juventude não ficam restritos aos dois volantes. No meio, os três criadores do time, juntos, não somam 70 anos. E jogam como gente grande. Como craques. Ozil, Müller e Podolski são os grande responsáveis pelas jogadas da equipe. Rápidos e criativos, servem muito bem ao experiente artilheiro Miroslav Klose. No jogo contra a Austrália, Ozil foi o grande destaque,mas isto pode mudar com outros jogos. Ora Muller decide, ora Podolski, ora Klose...Até o banco pode decidir. Afinal, quem tem nomes do calibre de Cacau, Mario Gomez e cia pode se gabar também de ter tal poder de decisão nos suplentes.


Independente do adversário e das condições, Löw joga seu time para frente. Ele tem as peças necessárias para isso dar certo. E dá. Como contra a Austrália. Não que a defesa não seja eficiente, pelo contrário. Porém a grande virtude da Alemanha desta Copa é a busca incessante pelo ataque. Talvez pela alma renovada e jovem da equipe. Talvez pelo talento dos meias. Talvez...Em Copas do Mundo, as dúvidas são mais frequentes que as certezas. Mas que a Alemanha é uma das grandes seleções candidatas ao título, disto não dá para duvidar.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Empate na estreia


O equilíbrio marcou o primeiro jogo da Copa do Mundo 2010. Na partida que entrou para a história da África do Sul e dos Mundiais, os donos da casa empataram com o México por 1 a 1. Dominando a maior parte do primeiro tempo, o time mexicano acabou voltando muito mal para o segundo tempo. Organizada na segunda etapa, a equipe africana abriu o placar com um golaço de Tshabalala. Numa falha da zaga, Rafa Marquez, jogando no sacrifício, empatou.


Para uma abertura de Copa do Mundo, esperava-se uma grande apresentação. A partida, apesar de bastante movimentada na segunda etapa, não foi brilhante, sobretudo na primeira etapa, quando, nervosos, os sul-africanos mal conseguiam passar do meio-de-campo tocando a bola, apelando aos chutões e lançamentos longos. Ofensivo, mas lento na transição zaga-ataque, o México era quem assustava. Explorando muito a velocidade e agilidade dos seus dois garotos nas pontas(Giovanni dos Santos e Carlos Vela), a equipe de Aguirre chegou a balançar as redes, mas, impedido, Vela acabou tendo seus sonho de marcar o primeiro gol de um Mundial anulado.


Trocando bastante de posições, o trio ofensivo mexicano formado por Giovanni dos Santos, Vela e Guilhermo Franco ofuscava a festa africana nos primeiros minutos. Ora pela esquerda, ora pela direita, as jogadas pelos lados levavam um frio terrível à espinha de Parreira. A sorte era que o ótimo goleiro Khune estava em grande dia, pegando tudo. Preocupado em marcar Rafa Marques, uma espécie de líbero na zaga mexicana, Parreira pôs Pienaar colado no 4 adversário. Mas quem estava tomando conta do jogo era Giovanni. Lembrando muito Ronaldinho Gaúcho na sua fase de garoto, o jovem jogador do Galatasaray foi o grande nome da primeira etapa.


Aos poucos, o nervosismo foi passando e a África de Parreira se soltando. Com Tshabalala(pela esquerda) e Modise(pela direita) abertos, e Pienaar centralizado, quase como um segundo atacante, faltava o apoio dos laterais e de, pelo menos, um volante, que seria Dikgacoi. No entanto, isto só foi acontecer no fim da primeira etapa, quando, inclusive, o time se soltou mais, ensaiando belas tabelas e jogadas pelo meio e pela ponta direita, com as subidas de Gaxa ao ataque. O gol quase saiu. Ali, ficou claro que, com a força da torcida, e na base da raça e superação, a classificação é possível.


O segundo tempo foi completamente diferente do primeiro. Isto porque os Bafana-Bafana mudaram completamente de postura. Passando a adiantar mais a marcação no meio e saindo muito rápido em contra-ataques. A queda de produção da equipe mexicana contribui muito para isso. Lenta, nem de longe parecia o envolvente time da primeira metade de jogo. Com o eficientíssimo Mphela na frente, isolado, o México se lançou ao ataque, mas sem objetividade alguma. Bom para os donos da casa, que passaram a abusar dos contra-ataques. Num deles, Dikgacoi deu passe perfeito para Tshabalala que fuzilouo fraco goleiro Pérez: 1 a 0 e alucinação total dos africanos no Soccer City.


Estava tudo perfeito para Parreira. O jogo estava do jeito que ele mais sonhava. Com vantagem no placar, marcando muito bem atrás, a equipe estava toda fechada na defesa, ainda saindo com perigo em contra-ataques. Em outro contra-golpe, o gol que serviria para matar de vez o jogo só não saiu porque Modise acabou claramente desequilibrado por Rodriguez. O árbitro ignorou o pênalti. Minutos depois, Guardado, que havia entrado na segunda etapa, cruzou bola na área, a zaga africana saiu fazendo a famosa linha de impedimento, mas o capitão Mokoena não entendeu e acabou dando totais condições para o zagueiro-volante Rafael Marquez empatar a partida. Um balde de água fria nos africanos.


No fim, a disposição e a velocidade nos contra-ataques dos africanos deram lugar ao desespero de quem queria como ninguém vencer e dar de presente a mais de 84 mil torcedores uma vitória. Mas não deu. Aos 42 da segunda etapa, Mphela ainda chutou, de perna esquerda, meio desequilibrado e sem ângulo, uma bola na trave. Era o último suspiro dos Bafana. O México, já sem alguma organização, só assistia. A garra e a vontade de vencer dos africanos acabou esbarrando numa falha da zaga. Agora isso é passado, só uma coisa importa para os sul-africanos: a classificação. E ela é possível. Basta o time de Parreira jogar como jogou no segundo tempo contra o México.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Favorita acima de tudo


Na Copa América, há três anos atrás, perdeu para o maior rival, o Brasil, por 3 a 0. Nas Eliminatórias, foi um fiasco. Chegou a ser goleada até mesmo pela fraca Bolívia por 6 a 1, em 2009. Mas é favorita ao título mundial. Trata-se da Argentina, dos argentinos, da garra, da tradição, da história de uma das maiores e eternas equipes de futebol de todos os tempos. Basta ser argentino para dar medo no futebol. E os 23 convocados do contestado e audaz Maradona sabem muito bem como fazê-lo. Criticado pela imprensa pelo jeito como montou a equipe - se é que a montou -, convocando mais de 80 jogadores em menos de 2 anos, Maradona anseia por uma resposta à altura. Ou a mais. Um título mundial, depois de 24 anos, seria algo épico.


Desde 1990 a Argentina não chega a uma final de Copa do Mundo. Em 1994 e 1998 ainda foi bem, chegou às quartas. Em 2002 acabou, de forma vexatória, humilhantemente eliminada na primeira fase, pela Suécia e Inglaterra. Em 2006, na Copa da Alemanha, acabou dando adeus nos pênaltis, justamente contra os donos da casa. Dois mil e dez é o ano da virada, do retorno às origens. Justamente com Maradona no comando. Não que seja o mesmo homem, magro, rápido, humilde mas polêmico. Mais gordo e estranho aos olhos de qualquer brasileiro. Mas é ele, El Dios de uma Nação. O homem mais importante para os argentinos, independente do que se trata.


Diego Armando Maradona ganhou a Copa de 1986 praticamente só, levando a equipe nas costas. Sem cometer injustiças com Burruchaga, José A. Brown e etc, o que ' Dieguito ' fez na segunda Copa do México foi algo impressionante. Os gols históricos contra a Inglaterra, nas quartas, são a prova disso. Nesta Copa, Maradona sabe que isso não se repitirá, dada a evolução, sobretudo nas questões físicas, do futebol mundial. Apesar dele ter Messi no seu time, o maior jogador do planeta, que assim como ele era, nos tempos de jogador, também é "de outro planeta". Literalmente só, no entanto, Messi não conseguirá passar pela fúria espanhola, pelo pragmatismo técnico brasileiro, pela força física dos africanos...Serão necessários alguns auxiliares. Eles respondem por diferentes nomes: Verón, Tevez, Higuaín, Milito, Di Maria, Rodriguez...


No ataque, Messi pode até resolver, mas auxiliares não faltarão. Maradona convocou nada mais nada menos que sete, isto mesmo, sete atacantes para a disputa do Mundial. Entre o talento de Tevez e Messi, encontra-se a capacidade de fazer gols de Higuaín e Milito, a experiência de Martín Palermo, a velocidade e juventude de Angel di María e o poder de fogo do 'genro de ouro', Sergio Aguero, casado com uma filha de Dios. No pouco que se pode ver durante os treinamentos e menos ainda nas Eliminatórias, período em que o técnico argentino usou para fazer diversos testes, o ataque titular, com quatro jogadores deverá ser formado por Messi, Di Maria, Tevez e Higuaín. No meio, Verón e Mascherano são os responsáveis pela saída de bola. No lado esquerdo, Di Maria, na direita, Tevez, no meio, exatamente da mesma forma como dá show no Barça, Messi, e na frente, como o faz no Real Madrid, Gonzalo Higuaín é o responsável pelos gols.


Verón e Mascherano serão os carregadores de piano, já que os quatro da frente muito dificilmente voltarão para marcar. Apesar disso, o meia do Estudiantes deve ter bem mais liberade para sair para armar o jogo do que o volante do Liverpool. Os laterais, que jogam no padrão europeu, alinhados com a defesa, ajudarão muito os dois no sistema defensivo, a grande preocupação dos argentinos, que vêem a zaga nacional como insegura e lenta. Terror de alguns países, o jogo aéreo, no entanto, não é problema para os hermanos, que costumam se sair bem neste tipo de jogada, principalmente na defesa.


Com toque de bola rápido e muita velocidade no ataque, os argentino não perdoaram defesas lentas e pesadas. Jogando, na maioria do tempo, com a bola no chão e com muita técnica, Messi e cia serão um grande problema para o mundo da Copa. Além disso, o emocional deles fora do campo está intocável e praticamente perfeito. Maradona disse que ficaria nu no Obelisco pelo tri mundial. Carlos Billardo, assistente técnico, chegou a declarar que daria 'la colita'( isso mesmo que você entendeu...) ao "felizardo" que fizesse o gol do título mundial. Independentemente de como estará Messi no Mundial, chegar até à final com garrra, na base da superação e da técnica que qualquer jogador argentino já adapta ao estilo de vida no nascimento, será algo simples. E fácil para eles. Difícil, mesmo, será segurá-los caso a hipótese acima se confirme...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Novas alternativas para Dunga




No último amistoso disputado pela Seleção antes da Copa, o que menos importou foi o placar. Além da fragilidade do adversário(Tanzânia), Dunga esperava observar alguns jogadores reservas e arranjar novas alternativas para algumas situações durante o torneio mais importante do futebol mundial. E conseguiu. Além de ganhar duas novas opções para a criação de jogadas no meio, com as boas atuações de Ramires e Daniel Alves, que entraram na segunda etapa, o treinador brasileiro viu em Nilmar uma outra alternativa para o lugar de Luis Fabiano. Rápido e se movimentando constantemente, o atacante do Villareal formou uma dupla interessante com Robinho na seguda etapa.



Perfeito taticamente, o Brasil marcou o primeiro gol logo aos 9, com Robinho, que além de jogar bem durante os noventa minutos, correu por todo o time. Com um toque de bola envolvente, não tinha o menor medo do time africano, que chegou, inclusive, a assustar Gomes, em alguns chutes. O segundo gol não demorou a sair, novamente com Robinho inspirado e confiante. Na volta do intervalo, Dunga fez algumas alterações, como as entradas de Ramires, em grande dia, e Daniel Alves, ambos no meio-campo, além das comuns revezações entre jogadores de mesma posição.


Se Maicon não apoiou tanto na primeira etapa, Michel Bastos o fez em dobro. O camisa 6 se mostrou completamente recuperado da lesão no tornozelo, apoiando muito bem, dando, até mesmo, uma assistência para Robinho, culminando no segundo gol brasileiro. O problema dele é realmente na marcação. Muito tímido, apesar de rápido, Michel não é perfeito na defesa, tem algumas falhas de posicionamento, até pelo fato de jogar muito pelo meio no seu clube, o Lyon, da França, mas nada que não possa ser corrigido para a estreia, no dia 15 de junho, contra a misteriosa e frágil Coreia do Norte.



Ramires deu a dinâmica que faltava ao meio-campo brasileiro. No lugar de Gilberto Silva, Josué foi simples, mas eficaz. Após dar belo passe para o terceiro gol, de Ramires, Elano, que jogou muito bem, com boas ultrapassadas pelo lado direito, deu lugar a Daniel Alves, o décimo segundo jogador de Dunga. O camisa 13 não entrou tão bem, mas compôs bem o setor direito do meio, enquanto o volante Ramires dominava o lado esquerdo, correndo com bola e chegando até a área, exatamente como fazia na sua melhor fase pelo Cruzeiro, há exatamente um ano atrás. Dunga achou no meio-campo alternativas que há pouco tempo não tinha. E ainda tem Júlio Baptista e Gilberto no banco, que podem atuar na criação das jogadas.


Temida por muitos, a lesão crônica de Kaká ainda não se manifestou. Sem se movimentar muito durante os noventa minutos, mas mostrando bom preparo físico, o camisa 10 chegou a marcar o quarto gol, com um belo toque de peito. Diferentemente de outros jogos com a amarelinha de Dunga, o craque da Seleção não ficou caindo muito pela esquerda, centralizando mais seu posicionamento e criando boas jogadas em tabelas com os meias e com os atacantes. Para quem temia que Kaká não chegasse bem fisicamente à Copa, os noventa minutos de jogo, mesmo em ritmo de treino, puderam provar que o camisa 10 está, sim, preparado para a disputa do Mundial.




Ramires ainda arranjou tempo para aproveitar belo cruzamento de Daniel Alves e marcar, de cabeça, o quinto gol brasileiro. No entanto, jogando fora a perfeição e a eficiência que Dunga tanto busca nos treinamentos e declarações, numa falha da zaga, em bola áera, a Tanzânia marcou o gol mais importante de sua história, com Assis, de cabeça. Certamente, apesar das novas descobertas táticas, a bronca no intervalo será inevitável. E importante para que o erro não se repita quando indevido for, ou seja, na Copa do Mundo.


domingo, 6 de junho de 2010

Deixa o Galo trabalhar...

O sonho de todo rubro-negro se realizou na semana passada: Zico voltou ao clube, com o cargo de diretor-executivo de futebol. Mas para o mesmo não virar pesadelo, a diretoria terá que agir, impondo regras, dispensando alguns jogadores e contratando outros. A ação de Patricia Amorim, Hélio Ferraz e Cia fora dos campos também será fundamental. Zico não trabalhará só. Precisará de uma base para atuar. E se a tiver, todos podem ficar tranqüilos, pois, assim como nos tempos de jogador, ele resolverá. Isto o tempo provará, com a maior calma possível. Basta a diretoria rubro-negra conceder as pré-condições necessárias para o trabalho dele.

O fato de ser profundo conhecedor do clube e das instalações é um ponto que já diverge Zico de outros candidatos ao cargo, inclusive Leonardo, ex-técnico do Milan. Além do mais, o Galo é um dos poucos ícones do clube que tem a torcida na palma de sua mão, ou melhor, o único. E isto não mudará. Zico manda na torcida, que o obedece, e vice-versa. O passado construiu isso. Só Zico é capaz de lotar um Maracanã dois dias antes do Natal, a preço de quase um jogo comum. Ter a torcida do seu lado, durante todo o tempo, é uma das virtudes que só Zico pode ter, e usufruir, em prol de um excelente trabalho a ser desenvolvido.

Isso tudo sem contar o fato de, no ponto de vista econômico e do marketing, o clube irá crescer muito com a volta de seu ‘Deus’. Se o departamento de marketing do clube, que é bastante eficaz - e já provou isso com Adriano -, souber trabalhar nessa parceria, os frutos econômicos serão incontáveis. Sem receber sequer um centavo do clube, o maior ídolo da história do Flamengo só tem benefícios a dar ao clube e à torcida que tanto ama.

Esquecer o passado e pensar no futuro, investindo no presente, esta, sim, é a melhor receita para o atual Flamengo. Resume-se na seguinte frase: deixar o Galinho trabalhar. Isto significa conceder tudo que for necessário para Zico se sentir à vontade em sua própria casa, dando todas as condições necessárias para que ele possa exercer sua função. E obedecer, no bom sentido, a tudo que Zico mandar. Afinal, sendo ele o ‘Deus’ do clube, a máxima antiga “manda quem puder, obedece quem tem juízo” se aplica perfeitamente. Deixar o Galo trabalhar valerá a pena. Sem dúvidas.

Azares pré-Copa

O futebol é regido pelo acaso. E pelo azar. Estas máximas ficaram comprovadas neste período pré-Copa, quando diversas seleções perderam jogadores importantíssimos por contusões em amistosos e treinos, dias antes da maior competição do futebol, a Copa do Mundo. Depois de quatro anos para aparecerem, as lesões sérias que afastam os atletas por mais de um mês resolveram dar as caras agora, nas vésperas do torneio mais aguardado por todos os jogadores de futebol do Planeta.

Com exceção da séria lesão sofrida pelo ganês Michael Essien, em janeiro, pela Copa Africana de Nações, David Beckham, estrela mundial, foi quem deu início à série desagradável de contusões ao se machucar em partida válida pelo Campeonato Italiano. Em seguida, outros jogadores entraram para a lista infernal. O pior, no entanto, é quando elas afetam o craque do time, a estrela máxima. É o caso da Costa do Marfim, que se vê prestes a perder Drogba, que fraturou um osso do cotovelo e dificilmente estará apto a atuar no dia 10, estreia de seu país no Mundial.

Mais prejudicada que os Elefantes somente a Alemanha, mesmo. Após ver, meses atrás, o goleiro titular da seleção, Robert Enke, se suicidar, o técnico Joaquim Low terá de se contentar com um grupo extremamente desfalcado. Isto porque, dias antes do início da Copa, cinco jogadores titulares se contundiram e foram cortados da competição. Podendo substituí-los até 24horas antes da estreia, o comandante alemão pensa de uma forma um tanto quanto otimista: 'Não tem mais como piorar a situação', disse à uma revista alemã.

Sofrendo com isso desde 1970, o Brasil levou um susto na sexta-feira, quando Michel Bastos caiu no gramado no treino depois de receber um pisão involuntário de Elano no tornozelo direito, assustando a todos no local. A lesão, contudo, não preocupa e Michel deverá, inclusive, jogar o amistoso contra a Tanzânia, na próxima segunda-feira. A chance da Seleção conseguir, depois de 40 anos, chegar à uma Copa com todos os convocados em condições de atuar é grande.

Seja em amistosos ou em treinos, as lesões nunca pararão. O que espanta, no entanto, é como a frequencia delas aumentam conforme a estreia de uma Copa vai se aproximando. É algo incrível. No último sábado, Robben, ao tentar fazer um lance de efeito, se contundiu. É grande dúvida para a Copa. É, também, a grande estrela de sua seleção. Este exemplo ilustra bem o que são os azares pré-Mundial. Eles acontecem quando menos se espera. E as consequências não são nada agradáveis.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Taticamente impecável, emocionalmente perfeita


O esquema da moda, implantado por Dunga já há mais de um ano, só retém conquistas para o futebol brasileiro. Organizado e equilibrado, a Seleção Brasileiro dificilmente é batida, que dirá então goleada. Empates, tudo bem, eles acontecem. Mas desde que o gaúcho de Ijuí, com seu jeito arrogante e teimoso de ser, achou no pragmatismo a perfeição do futebol bem jogado, com um time taticamente impecável conquistou a Copa das Confederações e se classificou à Copa sem riscos. E com sobras. Sobras de um time eficientíssimo, um pouco sem brilho, mas antes de mais nada vencedor. Muito vencedor. Os números comprovam isso.


Se tecnicamente alguns jogadores e o próprio conjunto brasileiro são muito criticados pela imprensa nacional e pelos torcedores, que muitas vezes se esquecem de um trabalho coerente que já dura quatro anos, e não meses como muitos pensam - ou queriam que fosse -, taticamente tudo é perfeito na seleção de Dunga e Jorginho ( como o próprio comandante gosta de caracterizá-la). Apesar da falta de talento e de ofensividade de algumas peças e do conjunto em geral em determinados momentos do jogo, a eficiêncie da seleção não pode ser deixada de lado. Muito menos a vontade de vencer.


O 4-2-3-1 que Dunga montou é quase perfeito. Com dois pontas (Robinho e Elano) que voltam para fechar o meio e armar jogadas, tanto pelos lados como pelas diagonais, e um meia do nível de ninguém menos que Kaká, tudo ficou mais fácil para as fabulosas conclusões de Luís Fabiano. Em Felipe Melo, achou-se um volante valente, que combate no meio-campo e ainda sai pro jogo. Quando um dos dois monstros nas laterais resolvem avançar, lá vem Gilberto Silva cobrir. Não há erros de posicionamento. Com bola, sem bola, perdendo, vencendo...O Brasil, taticamente, é quase invencível. Mágicas de Dunga.


Fora de campo, Dunga, sem dúvidas, é seguidor de Rousseau. Comprovador da tese do francês histórico, de que os fins não justificam os meios, o técnic0 brasileiro não sabe como irá chegar lá, contudo tem uma certeza: chegará lá. Este 'chegará lá' pode parecer meio vazio, porém todos sabem que trata-se do dia 11 de junho, dia da final da Copa do Mundo, quando ele tem a certeza de onde estará. Ele. Poucos creem como ele. Infelizmente, num país de quase 200 milhões de pessoas, no qual a maioria é louca por futebol, apenas alguns "bastardos" creem no trabalho desse gaúcho batalhador e vencedor. Infelizmente porque isso conspira contra o Brasil na Copa. Mas e daí? Dunga está se lixando para isso. Como fez em todo o seu trabalho, até nos momentos mais críticos. Ele sempre foi assim. Se tiver que seguir sozinho com Jorginho e seus comandados, o fará sem o menor problema. Ele é assim.


E é com esse espírito que os jogadores brasileiros entrarão em campo. Com o coração na ponta da chuteira, a pátria no lado esquerdo do peito e uma sede de vitória absurda. Seremos imbatíveis. Na base do coração, nenhum país ganhará de nós. Nem mesmo a frieza dos alemães e ingleses, o autoritarismo dos italianos. Pobres franceses, não ganharam uma disputa de bola. E quando só sobrarem as forças físicas dos africanos, Dunga contra-ataca com sua segunda força, ou melhor uma variante da primeira, que é o emocional, o pragmatismo. Através do esquema perfeito que achou para o time. Através da união do grupo que ele, sem a interferência de qualquer outro, formou. Através da força de um trabalho, até então, impecável, e injustiçado pela maioria dos críticos. Através do coração.

Giro pelo mundo

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