" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




sexta-feira, 15 de março de 2013

Ney Franco e os 3 zagueiros...



Quando era coordenador de base da CBF, Ney Franco se preocupava muito com a formação dos jogadores dos grandes clubes brasileiros. Antenado nas inovações dos europeus, elaborava relatórios, marcava reuniões e fazia de tudo para orientar os responsáveis pelas divisões de base brasileiras. Acima de tudo, Ney sabia - e sabe até hoje - da importância que é ter uma base com filosofia de jogo, bem estruturada, com um planejamento forte. É o que fez e faz a Espanha, o Barcelona...
Entre as recomendações, um olhar mais profundo para os aspectos táticos era quase uma ordem do então coordenador. No livro de objetivos, o primeiro a ser riscado era o retrógrado esquema com três zagueiros. "Temos que acabar com isso no Brasil", dizia Ney Franco. Com razão. Não que o sistema com um trio de zaga seja ruim. Pode dar certo. Mas hoje, em um futebol cada vez mais dinâmico, de volantes modernos, laterais com consciência tática, meias com funções defensivas e times que jogam até sem a bola, apelar para um 3-5-2 da vida é regredir.
Ney Franco sabe disso. E naturalmente sabia o quanto seria criticado quando mandou a campo ontem, pela Libertadores, o São Paulo escalado no 3-5-2. Logo ele, que tanto defendeu a abolição dos três zagueiros na base, acabou servindo como um péssimo exemplo para os garotos que estão começando.
Se não bastasse a mudança impactante do sistema de jogo, Ney escalou um trio que só havia treinado junto uma vez. E mesmo que Rafael Tolói já tivesse jogado assim no Goiás, que Lúcio já tivesse sido campeão do mundo nesse esquema e que Edson Silva tenha aparecido para o futebol como terceiro-zagueiro, era muito arriscado. O preço acabou sendo caro. Sem se entender, a zaga ficou perdida o jogo inteiro e falhou nos dois gols do Arsenal de Sarandí, ambos após rebatidas mal feitas.
Já no fim do jogo, o São Paulo teve uma, duas, três, quatro boas chances para virar a partida. A trave, o azar e a feliz noite do goleiro Campestrini não deixaram o placar sair do 1 a 1. Diga-se de passagem que faltou, também, competência ao time tricolor. Ou melhor, ao ataque tricolor. Porque à defesa, faltou tudo.
É impossível dizer que, no 4-2-3-1 o time teria jogado melhor, a zaga teria rendido mais e o resultado teria sido outro. Mas, sem sombras de dúvidas, seria a escalação mais segura para um jogo importante fora de casa. Talvez, a dupla de zaga não ficasse tão perdida e os laterais saberiam como se posicionar e o que fazer em campo. Seria, no mínimo, mais fácil.
É bom deixar claro que, apesar de considerar o esquema com três zagueiros um retrocesso para clubes brasileiros, eu consigo ver times rendendo bem como tal. Basta aderir ao contexto do futebol moderno e preparar o time para jogar de tal forma. O Atlético Mineiro do Cuca é o grande exemplo disso. Cansou de jogar com três zagueiros de forma dinâmica, envolvente, vitoriosa. Para isso, preparou os jogadores, programou treinos, montou uma estrutura tática. Tudo que o São Paulo não fez nem teve ontem.


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