" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Pelé é Pelé - 69 anos de magia *

Hoje é Natal para o futebol. Afinal, há 69 anos atrás, nascia o salvador do esporte mais conhecido atualmente, mas que, naquela época, não tinha o mesmo brilho. E só foi conquistá-lo com o tempo. Bem que Puskas tentou, assim como Di Stéfano, mas quem, de fato, assegurou o brilho e encantou o mundo com a bola nos pés, sem dúvidas, foi Edison Arantes do Nascimento, o Pelé. O mineiro de família humilde, da pequena Três Corações, se indignou aos 10 anos de idade ao ver lágrimas caindo do olho de seu pai, na derrota Brasileira na final da Copa de 50, para o Uruguai, em episódio que ficou mundialmente conhecido como "Maracanasso".

Dali em diante, a vida do jovem Edison se tranformou em promessa ao pai. O garoto, que já demonstrava extremo talento nas peladas nas ruas de terra do seu bairro, prometera ao pai um título mundial para ele, e para o Brasil. Dito e feito. Bastaram oito anos para a promessa virar realidade. Em 1958, o atleta já com contrato com o Santos, com incríveis 17 anos, foi capaz de decidir a Copa da Suécia, encantando o mundo com a sua magia. Tudo se repetiu 4 anos depois, no Chile, só que, agora, com mais maturidade, mais cadência, mais maestreza. Era algo sobrenatural. A partir dali, a Vila Belmiro ficou pequena para o público brasileiro que queria ver ele, o Rei.

Os gols eram de todas as formas: de cabeça, com ambos os pés, de ombro, de bicicleta, de calcanhar, de letra. "Pelé era Pelé, fazia gol até dormindo", dizia Pepe, seu companheiro de Santos, Seleção e de quarto, referindo-se aos sonhos do artileiro santista, durante as concentrações para os jogos. No Paulistão de 1964, uma história curiosa. Pela primeira vez em muitos anos consecutivos, Pelé estava ameaçado de perder a artilharia do campeonato. Foi então que, diante do Botafogo de Ribeirão Preto, comandado por Osvaldo Brandão, Pelé marcou incríveis e surreais onze gols na goleada de onze a um santista. O suficiente para ser mais uma vez o artilheiro.

Em 1959, Pelé encantou o bairro paulista da Mooca, ao marcar o gol, segundo ele, o mais bontito de sua carreira, contra o Juventos-SP, do goleiro Mão de Onça. No lance do gol, Pelé deu "chapéus" em todos os zagueiros e no goleiro, completando para as redes com uma formidável cabeçada. Contudo, para a infelicidade dos não-presentes no local e dos não-nascidos na época, o gol mais bonito da carreira do Rei não possui filmagens, apenas uma reconstrução gráfica para o documentário "Pelé Eterno", que conta toda a carreira do jogador.

Porém, mesmo tendo obtido o seu auge muito cedo e duradouro, o ano mágico do rei, indubitavelmente, foi 1969. A começar quando, incrivelmente, Pelé parou temporariamente a guerra civil no Congo Belga em 1969, quando, durante excursão pela África, o Santos jogou duas partidas de exibição no país, então dividido pela guerra. Somente Pelé faz isso, só ele tem esse poder. E meses depois, assim como em toda sua carreira, os gols não paravam de surgir, pelo contrário, cresciam em progressão geométrica, não parando nunca. A coroa foi colocada de vez em sua cabeça no dia 19 de novembro de 1969, ao marcar no Vasco do goleiro Andrada, de pênalti, o gol mais importante de sua carreira: o milésimo.

Pelé ainda achou tempo para calar os críticos e mau-olhados, que diziam que após o milésimo, Pelé cessaria sua gana, parando de marcar gols, ficando e deixando o Brasil estéril. Mas Pelé é Pelé. Logo no ano seguinte, na Copa de 70, no México, Pelé decidiu mais uma vez para o Brasil, sagrando-se o único jogador a conquistar três títulos mundiais(até hoje), marcando, inclusive, gols na final. Entretanto, foi também na Copa do México que Pelé não fez os únicos gols possíveis - sob as condições humanas - de sua carreira: o do corta luz, deixando Mazurkiewicz(goleiro uruguaio) perdido, e o do meio-de-campo, contra o mesmo Uruguai, ambos na semifinal da Copa de 70. E ele liga para isso? Claro que não. Pele é Pelé.

Um ano depois, Pelé escreveu mais um capítulo de seus milagres, levando mais de 135 mil pessoas ao Maracanã, em um amistoso contra a Iugoslávia, terminado empatado em 2 a 2. O motivo de tanta clientela: despedida do Rei da seleção. Sob gritos de " Fica, Fica, Fica!", Pelé chorou, agradeceu, sorriu, e encerrou um ciclo de vitórias, de conquistas, encerrou um reinado mágico. O mesmo aconteceu em 74, na Vila, palco de seus gols e jogadas incríveis, quando Pelé se despediu de uma legião de santistas, de seguidores. No meio do jogo, ao receber um passe no meio-de-campo, parou, pegou a bola, ajoelou-se sobre o gramado e, com humildade, proferiu, extremamente emocionado, a frase: " Obrigado, Deus". Só faltava lhe avisar, que quem agradecia era o povo brasileiro, por tantos anos de alegria e tranformação do nosso futebol.

Deixemos de lado as frases polêmicas do rei, os seus relacionamentos diversos e incômodos ao povo, os seus esquivos - por menores que tenham sido, ele é humano(só como pessoa), e também erra. Pois, afinal, só Pelé parou uma guerra de povos extremos e odiados entre si. Só Pelé leva mais de 130 mil pessoas para seus shows particulares. Só Pelé merece todo respeito e agradecimento. Pelé revolucionou a mística da camisa 10 e, mais do que isso, o futebol e esporte mundial. Pelé é e sempre será Pelé. Hoje ou daqui a 69 outros anos, ninguém se esquecerá de Pelé. Porque Pelé é Pelé.

Parabéns Rei, por 69 anos de magia e humildade. Você merece.


*por Lucas Imbroinise, direto do Fanáticos Por Futebol

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