A Copa do Mundo é o momento perfeito para despertar a tradição de gigantes adormecidos do futebol mundial. Com o Uruguai foi assim. Depois de anos sem passar da primeira fase do torneio, em 2010, enfim, a seleção de Forlán, Suárez e Loco Abreu conseguiu a vaga nas oitavas. E foi além. Chegou nas quartas, passou para as semis e, por pouco, não fez história ao chegar numa final quase inédita. Mais do que marcar seus nomes na história do país, os jogadores comandados por Óscar Tabárez resgataram a paixão do povo uruguaio pelo futebol. Resgataram o prazer de ver a Celeste Olímpica jogar e vencer.
A ótima e surpreendente campanha uruguaia na Copa da África faz parte de uma série de acontecimentos que provam o renascer do futebol uruguaio, num processo longo de reestruturação, que, infelizmente, ainda não alcançou a maioria dos clubes nacionais, mas já deu as caras na seleção nacional, e nas categorias de base da mesma.
Não havia momento mais adequado para a equipe de Tabárez crescer, evoluir. Depois de uma Eliminatória bastante regular, acabou na repescagem após perder em casa para a Argentina de Maradona. Enfrentou a Costa Rica num complicado campo de grama sintética. E, na base da garra, virtude principal do povo uruguaio, passou por cima de tudo e todos. Depois de 8 anos, o Uruguai estava de volta a uma Copa do Mundo.
O time, sem dúvida, não é o melhor da história do país, mas se encontra entre, pelo menos, os 5 melhores. Com zagueiros experientes, laterais que apoiam bem, um atacante versátil talentosíssimo(Forlán), que na Copa acabou atuando como articulador, um matador nato(Suárez) e um reserva de muito luxo, que abusa das cavadinhas nas cobranças de pênaltis, a seleção uruguaia podia ir longe na Copa. Mas poucos acreditavam nisso. Tabárez era um deles.
Aos poucos, jogo por jogo, o treinador foi fazendo leves e precisas mudanças na equipe, buscando o time ideal, que surgiu nas quartas de finais, aliando técnica, tática e muita, mas muita garra. Bem típico do Uruguai. Na semifinal, por pouco não passou da favorita Holanda. Tristeza? Tabárez prefere o orgulho, com razão. Depois de muitos anos, a Celeste Olímpica estava de volta, para pôr o país de vez entre as potências futebolísticas.
Mas a reestruturação da Celeste não poderia acabar na seleção principal. Revelando bons jovens todo ano, os principais times uruguaios têm perdido muitos talentos para o futebol europeu, sobretudo para o italiano e o espanhol. O celeiro de craques parece não ter, felizmente, secado. A seleção sub-20 é uma prova disso. Espelhando-se na principal, a garotada que lidera o Sul-Americano sub-20 venceu a Argentina por 1 a 0 na última quarta e garantiu vaga nas Olimpíadas de Londres, em 2012. De fato, a Celeste Olímpica está de volta. E, esperamos, para ficar.
A Copa América deste ano pode ser mais um teste, e precisa ser levada a sério pelos uruguaios. Chegar bem no Mundial do Brasil, e fazer uma Copa do Mundo brilhante no país onde o futebol uruguaio jamais será esquecido, seria fantástico para o retorno do Uruguai. Falta bem pouco para os grandes voltarem a temer os jogadores que vestem a camisa celeste. Aos poucos, o respeito volta a ser de time grande para time grande.
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