Mais do que a plasticidade do lance e o talento do brasileiro, nítidos na jogada, ainda que realizada com a canhota, o que mais chama a atenção na jogada é a utilidade de Kaká. Questionado por muitos na Europa, o camisa 8 do Real começa a provar que pode, sim, ter sua importância no time de José Mourinho, nem que seja no banco de reservas.
E quem não quer ter Kaká no time, ainda que como suplente? Que treinador não gostaria de poder pôr Kaká num jogo difícil na tentativa de resolvê-lo? Como todo e qualquer craque, Kaká é capaz de decidir um campeonato em segundos. Seu talento permite.
A questão, no entanto, é bem mais complexa: como ter Kaká? Talvez não valha a pena gastar rios de dinheiro para se ter um dos jogadores mais caros da história do futebol mundial sentado na poltrona do banco de reservas. Frio, desligado, desatento. Sem dúvidas alguma, Kaká pode render muito mais como titular. Mas em que posição? No Real Madrid de Mourinho, a base é mantida e o entrosamento é virtude básica e essencial da equipe, do grupo, do elenco.
Resumindo: teoricamente, não há lugar para Kaká jogar. Porém, na prática, o pensamento ultrapassa os limites do óbvio. O futebol é dinâmico, e exige variações para se obter sucesso. Uma das tentativas seria adaptar Cristiano Ronaldo à função de centroavante, escalando Kaká na meia-esquerda. O português já jogou assim tanto no Real como na seleção portuguesa. É verdade, não foi bem. Vale lembrar, todavia, que não teve continuidade, sequência de jogos, o que é fundamental para a adaptação em uma nova função.
No 4-2-3-1 de Mou, a referência anda escassa e ausente. Benzema andou fazendo gols e boas partidas. Ficou fora dos últimos dois jogos, por lesão. Higuaín o substituiu pelo campeonato espanhol e não foi bem. Contra o Tottenham, Adebayor ganhou a posição. O togolês marcou dois gols, foi decisivo, mas, no geral, esteve longe de encantar. É tido como verdade entre os merengues que falta um centroavante no Real Madrid. Alguém que decida. Neste quesito, ninguém melhor que Cristiano Ronaldo para solucionar o problema. O português é o artilheiro da equipe no geral, e duela com Messi na Espanha pelos gols.
Quem sabe Mourinho não pense nisso, e o mais importante: resolva testar. Testar de verdade. Uma, duas, três, quatro...Algumas vezes. Dar sequência. É provável que dê certo. É provável que Cristiano Ronaldo desande a marcar gols. E que Kaká volte a ser o jogador brilhante que por muito tempo foi. Com os dois juntos, um time que já era muito bom, se tornaria, praticamente, invencível.
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