" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




sexta-feira, 10 de junho de 2011

A Europa sem protagonistas brasileiros




Em dias de jogos da Seleção, sejam eles no Brasil ou no exterior, em 9 de cada 10 sites esportivos pelo mundo, Neymar é destacado como chamada para o duelo. A Joia da Vila Belmiro é, de fato, o brilho de uma seleção carente de grandes talentos. Lucas e Paulo Henrique Ganso são os que chegam mais perto do garoto-craque do Santos. Os três jogam no Brasil. E ditam o ritmo da equipe comandada por Mano Menezes.

Para quem se acostumou, nos últimos anos, a ver jogadores brasileiros comandando o Velho Continente, o atual panorama é desolador. Na última temporada, nos grandes centros europeus, nenhum brasileiro foi protagonista sequer de seu próprio clube. Traduzo grandes centros europeus: Alemanha, Espanha, Inglaterra e Itália. Não, França e Portugal não. Estão num patamar muito abaixo, assim como Escócia e Holanda. Portanto, nem adianta vir falar de Hulk, e sua temporada memorável num dos times mais brilhantes da história do imenso Porto, multicampeão português.

Quem mais esteve perto de quebrar essa corrente desagradável aos olhos canarinhos foi Robinho, essencial na conquista do scudetto italiano pelo Milan, mas longe de ser aquele atacante cerebral que fez o Real Madrid gastar uma fortuna em 2005, tirando-o do Santos. Robinho foi bem, como há muito tempo não ia. Se firmou num grande clube. Fez a diferença em alguns jogos. E só. Ser protagonista é ir muito além disso.

Ser protagonista é fazer uma temporada brilhante, ser eleito o melhor jogador do mundo e, depois de destruir o rival em sua casa, ser aplaudido de pé pela torcida que queria odiá-lo, mas não consegue. Ser protagonista é isso. É ser Ronaldinho em 2005, no Barcelona. É levar um time essencialmente defensivo, duro, ao ataque praticamente sozinho, com arrancadas inesquecíveis e gols sensacionais. É ser campeão da Europa e do Mundo. É ser Kaká em 2007, no Milan.

Você não precisa de dribles geniais, jogadas mágicas e gols incríveis para ser protagonista na Europa. Júlio César provou o contrário, junto com Lúcio, na campanha brilhante da Internazionale de Mourinho, em 2010. Juntos, fecharam a zaga e o gol contra o Barcelona de Messi. E foram campeões não só do continente, mas também de todo o planeta. Totais protagonistas. Atores principais desse filme que é o futebol, rodado ano a ano no continente mais velho do planeta Terra.

Há, também, aqueles que nem geniais são, mas com muito esforço e dedicação, conseguem um lugar especial no coração dos torcedores. Falo de Aílton e o Werder Bremen de 2004, campeão alemão contra tudo e todos. Um atacante simples, de bom porte, ótima finalização e fase esplendorosa. Artilheiro de tudo que disputou. Campeão alemão. Protagonista num grande centro europeu. 2004. Ronaldinho já ganhava os holofotes na Espanha.

O passado apresenta outras provas, algumas até mais convincentes, do tamanho do potencial brasileiro em produzir craques que tomam conta da Europa com a bola nos pés. Mas é melhor não se alongar. A mensagem já foi passada. As causas? São muitas. A concorrência, por exemplo, é muito forte. A Argentina tem o melhor jogador do planeta. A Espanha tem os dois melhores volantes que o mundo já viu com a bola nos pés. A infinita fábrica de craques portuguesa produziu Cristiano Ronaldo, um eterno ator principal.

O Brasil não parou. A verdade é ainda mais animadora. O Brasil ganhou força no mercado internacional. Ou melhor, os clubes brasileiros ganharam força e poder. Quem diria que, em 2005, o Santos conseguiria segurar um Neymar da vida que acabara de surgir. Jamais. Como não segurou Robinho. O Flamengo trouxe Ronaldinho. O Botafogo repatriou Renato. O São Paulo, Luís Fabiano. E não para por aí. O Vasco promoveu a volta de Juninho, e o Fluminense tem Fred há dois anos. Fato é que grande parte dos craques brasileiros se encontram aqui. Isso tira a força do brasileiro na Europa.

Além de Robinho, David Luiz, Ramires, Anderson, Hernanes e Alexandre Pato são outros poucos grandes nomes nos grandes centros europeus. Repito, nenhum deles protagonista nem mesmo no país. Sequer nos clubes. Hernanes até chegou a ser o dono da Lazio nos primeiros jogos após sua chegada, contudo caiu muito de produção no final, e perdeu o posto.

Pode ser que, no próximo ano, Ganso e Neymar passem a viver em novos ares. Ou Lucas. Aí, sim, é bem provável que os grandes clubes europeus voltem a depender de um brasileiro para conqusitar títulos. No entanto, o atual momento prova o contrário. Um panorama distinto, muito bem ilustrado pela capa da Four Four Two do último mês, que foi para as bancas decretando a morte do futebol brasileiro na sua capa. O que poderia ser péssimo para nós, pode ser visto por um outro lado, extremamete animador. Podemos estar ganhando força. Muita força. Em todos os aspectos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Giro pelo mundo

Contato

lucas.imbroinise@terra.com.br

Twitter: @limbroinise

Co-blog: http://boleiragemtatica.wordpress.com