" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




domingo, 20 de novembro de 2011

O peso do Imperador

Foto de Fábio Braga/Folhspress

Virou praxe nos últimos anos para a imprensa se preocupar com o peso de Adriano. Entre declarações de médicos e entrevistas de Tite, a certeza era de que Adriano não estava pronto, fisicamente, para estrear. Os minutos nos quais esteve em campo deixaram outra certeza: o Imperador também estava fora de forma técnica. Mesmo assim, Tite seguiu o relacionando para os jogos. Hoje, a duas rodadas do fim, ele provou ter acertado. E como pesa Adriano!

Aos 42 minutos da segunda etapa de um jogo dificílimo contra o Atlético Mineiro mais uma vez muito bem montado por Cuca, foi dele o gol da salvação. Não o da afirmação. Nem o da consagração. Ele não precisa disso agora. Adriano só precisava de um gol importante para ganhar o apoio da Fiel. Ele sabe que ainda tem muito a aprimorar física e tecnicamente para 2012, mas queria ser importante já em 2011. E foi. Com um golaço que tem tudo para ser decisivo no fim das contas.

O peso de Adriano extrapola os números marcados pela balança. A corrida com a bola nos pés, dentro da área e o chute, da sua potente perna esquerda, sem chances para o ótimo Renan Ribeiro, não são comuns a qualquer atacante. Nem Liédson, que fez boa partida e marcou o gol de empate, nem Emerson, autor da jogada do gol imperial, são capazes disso. Mas Adriano tem estrela, talento e força suficientes para marcar um gol, a dois jogos do fim do campeonato, mesmo muito acima do peso e fora das condições ideais para um jogador de futebol.

Adriano pesa tanto dentro e fora de campo, que provavelmente fará os corintianos esquecer as dificuldades da partida. Contra um Galo fechado num inteligente 4-1-4-1 montado por Cuca, no qual até André, o centroavante isolado, voltava para marcar, o time de Tite teve de buscar soluções diferentes para vencer o jogo. Soluções que saíram em boa parte das vezes de Alessandro, um dos melhores em campo. Resumindo: bolas aéreas.

Nunca o torcedor corintiano viu o time jogando tanta bola na área como hoje. Isso porque Pierre e Felippe Souto congestionaram o meio de campo, dificultando as enfiadas de bola de Alex, as tabelinhas de Paulinho com os meias e atacantes, entre outras tramas comuns ao time coritiano. Foi preciso apelar ao jogo típico inglês. Então surgiu outro problema: era preciso uma referência de área, já que Liédson e Emerson não são centroavantes típicos, cabeceadores natos...

Logo, Tite chamou Adriano. Mesmo com todos os poréns. No primeiro toque na bola, um domínio pífio. Adriano com certeza não está pronto. Passam-se alguns minutos e a sensação é outra. Adriano está com vontade de estar pronto. E se tratando de um atacante do porte do Imperador, isso basta para decidir um jogo. E não precisa ser pelo alto. Pode ser numa arrancada, em velocidade e num chute técnico cruzado. Jogada digna de quem está bem física e tecnicamente. Mas que Adriano consegue executar nas atuais condições em que se encontra. Craque é craque.

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