" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Entre o risco e a consagração: Vasco nas semis da Sul-Americana

Foto: Ag.Estado


Desde a metade do ano, o Vasco já tem participação garantida na Libertadores 2012, principal prêmio oferecido pela Copa Sul-Americana. No Brasileirão, torneio mais importante do país, última vez conquistado pelo clube em 2000, é segundo lugar. Mesmo assim, o Vasco quer ganhar tudo que pode. Até o final da temporada, terá, em menos de um mês, no mínimo, 7 jogos para disputar entre o torneio nacional e o continental. Riscos a serem corridos em busca da consagração em âmbito continental.

Em noite mítica de Dedé, a virada sobre o Universitario, do Peru, por 5 a 2, prova a importância em se escalar time titular nas duas competições. E, obviamente, os riscos possíveis. A bela partida que Juninho fez poderia ter acabado ainda no primeiro tempo, quando recebeu forte pancada na panturrilha esquerda, a mesma que lhe tirou de alguns jogos do time neste ano. Mas a sorte estava ao lado do time da casa, na noite desta quarta-feira. A cada lance, a cada cruzamento errado transformado em gol, a cada frango inexplicável do experiente goleiro Johnny Top.

Em uma eventual eliminação, com um hipotético vexame em casa, como fez o Flamengo, há quase um mês, poderia, inclusive, mexer com o brio e o psicológico dos jogadores, prejudicando o ambiente do time no Brasileiro. Era um risco que Cristóvão Borges resolveu correr hoje. Com a goleada e a classificação inédita para o clube às semifinais, obteve a glória. Amanhã, os jornais estamparão elogios efusivos à escola do treinador em querer ganhar tudo. Foi preciso apostar alto para gozar de um prêmio como esse.

O próximo adversário vascaíno é quem joga, hoje, o melhor futebol da competição: o Universidad do Chile, que eliminou o Flamengo, com direito a baile no Engenhão e olé em Santiago. Time organizado, rápido e que joga bem tanto dentro como fora de casa. Infinitamente superior ao Aurora e muito acima, também, do Universitario do Peru, os últimos adversários cruz-maltinos.

Para não correr riscos de se ver em desvantagem logo no primeiro confronto, visando a força da “La U”, o mais coerente seria Cristóvão Borges escalar o time titular novamente. Até porque não haveria justificativas para retornar à opção pelos reservas. Ele escolheu, hoje, correr os riscos prévios impostos pela escalação dos titulares nas duas competições. E é provável que acerte no final das contas.

O exemplo mais recente que pode ilustrar a situação é o Fluminense de Cuca, em 2009. Brigando para não cair, o técnico tricolor não se intimidou com a pressão de dirigentes e dos críticos, e escalou o time titular tanto na Sul-Americana daquele ano como no Brasileiro. O final foi quase perfeito. O Fluminense foi derrotado somente na final da competição continental e escapou do rebaixamento na nacional. Cuca correu riscos, mas, ao mesmo tempo, uniu o time, motivou os jogadores e deu ritmo a todo o elenco. Uma vitória motivava a outra, independente da competição.

No contexto incerto do futebol, é difícil prever o certo e o errado. Mas o que a história do esporte prova é que apostar e correr riscos é sempre um passo importante para fazer história. Na melhor das hipóteses, Cristóvão Borges poria para sempre o seu nome na história. Na pior delas, cairia no esquecimento da torcida, que voltará a ter Ricardo Gomes na Libertadores 2012. A coragem, nesse caso, é arriscada. E pode ser brilhante no final. O tempo dirá.

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