" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Parabéns, Flamengo - 115 anos de protagonismo

É difícil numa cultura tão miscigenada e num país tão diversificado em todas as vertentes, aproximar duas pessoas de localidades distantes em prol de um mesmo objetivo. O Flamengo consegue isso todas as vezes que entra em campo, ou em quadra, ou em qualquer outro evento. Parece simples ver um acreano na fronteira com a Bolívia sorrindo pelo mesmo motivo de um carioca na Vieira Souto. E, para os rubro-negros, de fato, é. Há 115 anos.

Talvez por serem numerosos - não há torcida maior que a rubro-negra. Talvez por serem otimistas - não há torcedor mais otimista que o flamenguista. Talvez por serem, simplismente, Flamengo. E nada mais. Não importa se perderão o emprego, se viverão na miséria, se seguirão a via menos recomendada ou se burlarão regras. Vale tudo para sentir, ver e amar o Flamengo. É esse sentimento que une rubro-negros de norte a sul, do Atlântico ao Pacífico, da Terra a Marte. Sim, não duvide, nunca, da existência de um flamenguista. Ele existe. "Todos nascem Flamengo", esta máxima precisa ser levada a sério.

Mas por que continuar sendo Flamengo? Pelos ídolos do passado? Pela influência dos familiares? Só quem é sabe dizer por que. Fato é que essa tendência cresceu em progressão geométrica após a Era Zico e os Anos Dourados da década de 80. Ali, a torcida que já era gigante, ficou extracomunal. Extraordinária. Fantástica. Não só no número, mas no grau. Ela, sim, ganha jogo. Não é à toa que é chamada de "nação". "Eles jogam com 12 jogadores, deveria ser proibido jogar com 12", já dizia o tricolor e fascinante cronista Nelson Rodrigues.

No aninversário de 115 anos, nesta segunda-feira, o bolo deveria ser dividido em 34 milhões de parte. Maior patrimônio do clube, a torcida é um bem insubstituível no Flamengo. Procure em todo o dicionário, não há palavra que a defina. No máximo, uma combinação de adjetivos. O Flamengo colhe os frutos dessa magia que é sua torcida. Não é à toa que é, sem sombra de dúvidas, o maior clube do país na grande parte dos aspectos, senão em todos. Por isso que é protagonista no cenário nacional há 115 anos, no continental há 31 e no mundial há 30.

Mais do que as conquistas históricas, as vitórias épicas e as derrotas sofridas, as lágrimas e a camisa são comuns ao mendingo que mora embaixo da ponte e ao empresário que ostenta um luxuoso apartamento de frente para praia. São iguais para esses dois exemplos de cidadãos monoteístas que acreditam numa religião na qual a fé é essencial, e cujo deus atende por um simples apelido de quatro letras. E cujo gigantismo não pode ser medido em números.

Se a torcida do Corinthians é fiel, a do Boca é fanática, a do Flamengo é Flamengo. Simples assim. É a pura interação amor-amado. É Flamengo. Em todos os contextos, em todas as adversidades, em todos os cantos. Nos Andes, nos Alpes ou na Muralha da China, sempre vai haver um. É como praga, pega. Por isso é tão odiada a maior torcida do mundo. Com razão. É muito difícil ficar do outro lado das arquibancadas. Mais difícil ainda é abrir o jornal do dia seguinte e ver a mesma coisa na capa todos os dias.

Há 115 anos atrás nascia o clube que faria história como nenhum outro no Brasil. Não só pelas glórias e grandeza, mas pelo décimo segundo jogador, que tem lugar cativo no plantel rubro-negro independente da diretoria e do técnico. Até porque é maior que ambos. É maior que tudo. Só não é maior do que seu amor. A situação pode estar caótica, que eles vão estar lá. Pode ser no Maracanã, no Engenhão, em Juiz de Fora, no Ceará, ou em Tóquio. Sempre vai ter alguém segurando aquela faixa, tremulando aquela bandeira, vestindo aquele manto sagrado. As cores todos já sabem de cór.

Parabéns Flamengo, por 115 anos de vitórias, conquistas e muito protagonismo. O bolo e a festa são da torcida, a causa disso tudo. Parabéns Flamengo, por enriquecer o futebol e a cultura nacional. Parabéns e obrigado por existir, Flamengo!


PS: Hoje também é aninversário da República Federativa do Brasil.

2 comentários:

  1. muito bom muito bom... cada vez melhor hein paiva
    vo começar a espalhar uns panfletos do teu blog por ai pra aumentar a divulgação!!
    vlw!!

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  2. Você vai longe Lucas! Amei o texto, muito bom. Continue assim :)

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