" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




terça-feira, 1 de março de 2011

O pacote imperial




O campeonato que Adriano fez em 2009 ficará eternamente na memória de qualquer torcedor rubro-negro. Por mais que houvesse problemas fora de campo envolvendo o Imperador - muitos até hoje ainda sem uma explicação convincente e, acima de tudo, coerente -, a presença do então camisa 10 do Flamengo dentro de campo era ameaçadora a qualquer adversário. Não havia quem não o temesse. Uns até mentiam. "Vou parar o Adriano. Não tenho medo dele", disse o tricolor Digão, antes de um Fla-Flu. A imagem inesquecível daquela partida é de Adriano jogando Digão para a linha lateral numa disputa de bola. Adriano sempre foi um monstro.


Cheio de alcunhas positivas dentro das quatro linhas, o Imperador colecionava episódios polêmicos e noitadas nas folgas e horários sem treino. Por vezes, envolvia-se em confusão até mesmo na hora do trabalho. "Perseguido" pela imprensa, não conseguia sossegar. Entre sumiços, faltas a treinos e muitas alegrias à torcida quando entrava em campo, Adriano foi responsável direto pelo hexacampeonato brasileiro. Mas o ano virou e Adriano parou. Parou de jogar bem. Parou de decidir. E voltou a arranjar confusão. Polêmica.


No Carnaval, foi visto bebendo cerveja e acompanhando até tarde os desfiles. Na Quarta-Feira de Cinzas, jogou mal contra o Botafogo, e acabou sendo um dos culpados pela eliminação precoce do Rubro-negro na Taça Guanabara. Na final do Carioca, contra o mesmo Botafogo, voltou a errar, desta vez onde não costumava falhar: perdeu um pênalti decisivo na partida. A torcida já sabia: Adriano já não era o mesmo.


Depois de não conseguir salvar o time na Libertadores, Adriano chutou o balde. Chegou a ser acusado de estar metido com o tráfico de drogas numa das favelas da Penha, Rio de Janeiro, onde nasceu e cresceu. Não demorou muito para ser negociado pelo seu empresário, Gilmar Rinaldi, à Roma, onde mal jogou nesta temporada. Cheio de lesões e mais confusões extra-campo, deu, na verdade, prejuízo ao clube da capital.


A situação atual de Adriano é um enigma total. Boa parte da imprensa italiana garante que o Imperador terá seu contrato rescindido. Tem até quem defenda uma rescisão amigável. Se, de fato, ocorrer a rescisão, as chances de Adriano voltar ao Brasil seriam, com certeza, absurdas. O Imperador está cansado da Europa, garantem fontes próximas ao atacante. E quer jogar no Flamengo.


Há quem diga que Adriano esteja implorando à Patrícia Amorim para retornar à Gávea. Uma possível parceria com Ronaldinho Gaúcho seriam um dos maiores sonhos do Imperador, ainda mais no seu clube de coração. No entanto, apesar da negociação não ser tão complicada, a conjuntura para o retorno imperial é bastante complicada por alguns motivos ainda não tão bem esclarecidos. O principal deles seria um possível veto do técnico Vanderlei Luxemburgo.


Realmente, Adriano traz consigo um pacote de virtudes e problemas. O Flamengo sabe mais do que todos disso. E precisa estudar as possibilidades. Dentro de campo, no auge da forma, Adriano é fantástico. Poderia ser, sem dúvida alguma, a referência perfeita, que o clube não encontra há tempos. Contudo, na recente passagem do atacante pela Itália, o camisa 8 da Roma se lesionou com frequência e a chance de voltar ao Brasil acima do peso e fora de forma é gigantesca. Fora de forma, Adriano dificilmente renderá bem. É praticamente impossível.


Ademais, o mundo de problemas imperiais não pode ser esquecido. Precisa ser levado em conta pelos dirigentes rubro-negros. Será que vale a pena contar com o Imperador mesmo assim? Adriano pode ajudar muito ao Flamengo. Mas atrapalhar mais ainda. Um time unido, campeão do primeiro turno do Estadual e com um Ronaldinho focado em jogar futebol somente talvez não precise dos pontos positivos e negativos de um Imperador cheio de complicações.

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