" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




quinta-feira, 24 de junho de 2010

Quando o técnico perde o jogo

Quarenta e seis minutos do segundo tempo. A Itália precisava de dois gols para se classificar. Eis que Quagliarella marca o segundo italiano. Faltava apenas um, agora. Era a hora do técnico Marcelo Lippi deixar a cara feia que o caracteriza de lado, incentivando os seus jogadores a buscarem o gol, apoiando-os. Levantando seus morais. Era a hora. Mas não foi. Apático na fisionomia e na escalação da equipe durante toda a Copa, o comandante italiano preferiu se calar. E fechar a cara. Sem sequer um grito de ajuda, orientação ou incentivo, viu seu time ser eliminado precocemente de um Copa. Quatro anos depois de se sagrar campeão do mundo. Decepção total.

Lippi, na verdade, não errou somente no final do jogo vencido pela interessante Eslováquia, por 3 a 2. Errou desde a convocação. Quando não levou nenhum organizador, nenhum camisa 10. Do tipo que pega a bola e organiza o jogo. Do tipo de Totti. Quando também deixou de fora atacantes em grandes fases, como Cassano e Mioccoli, levando outros que precisavam antes serem apresentados à uma b0la.

Sem um esquema determinado, o técnico italiano variou bastante entre o 4-3-3 e o 4-4-2 durante este Mundial. Tentativas e invenções não faltaram. Iaquinta de ponta-direita, Pepe de articulador, Montolivo de volante. Deu tudo errado. Totalmente sem padrão de jogo, a Azzurra penou pelas limitações de seu técnico. Conservador e teimoso, resolveu abrir mão de um meia que organiza o jogo. Argumentou ter Pirlo. E desde quando Pirlo é um articulador ao estilo Totti? Sem falar que Pirlo estava machucado e só estreou no Mundial no segundo tempo do terceiro jogo.

O jeito, portanto, era apelar para as raízes do futebol italiano. Ou seja, apostar numa defesa forte. Nem assim funcionou. Pois, afinal, uma defesa sólida e consistente não toma, de jeito algum, um gol da fragilíssima Nova Zelândia. Nem três da Eslováquia, que tem um time muito melhor tecnicamente. Lippi nem isso conseguiu fazer. Ou melhor, enxergar. Para ele, até o apito final da partida derradeira, estava tudo certo e a Azzurra acharia um gol a qualquer momento. Fosse sofrido ou não. Pois é. O pior cego é aquele que não quer ver.

Elenco, Lippi sempre teve. Faltou organizá-lo a modo de formar uma grande 'squadra'. Ele não consegiu fazê-lo nem por um tempo nesta Copa. Entre falhas individuais e coletivas, a Itália se mostrou um time completamente desmotivado e sem objetivos. Como se tudo se resolvesse na base da tradição. Apática. Esta é a melhor definição para a Azzurra-2010. A causa disse, no entanto, tem nome e sobrenome: Marcelo Lippi. Justamente por ser portador da mesma característica.

Um comentário:

  1. Vale ressaltar também a bela atuação do meia eslovaco Marek Hamsik, que atua, inclusive, no futebol italiano, no Napoli, ao lado de Quagliarella. O camisa 17 da Eslováquia ainda estava devendo. E pagou tudo contra a Itália. É o craque do time

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