" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




quarta-feira, 2 de junho de 2010

Taticamente impecável, emocionalmente perfeita


O esquema da moda, implantado por Dunga já há mais de um ano, só retém conquistas para o futebol brasileiro. Organizado e equilibrado, a Seleção Brasileiro dificilmente é batida, que dirá então goleada. Empates, tudo bem, eles acontecem. Mas desde que o gaúcho de Ijuí, com seu jeito arrogante e teimoso de ser, achou no pragmatismo a perfeição do futebol bem jogado, com um time taticamente impecável conquistou a Copa das Confederações e se classificou à Copa sem riscos. E com sobras. Sobras de um time eficientíssimo, um pouco sem brilho, mas antes de mais nada vencedor. Muito vencedor. Os números comprovam isso.


Se tecnicamente alguns jogadores e o próprio conjunto brasileiro são muito criticados pela imprensa nacional e pelos torcedores, que muitas vezes se esquecem de um trabalho coerente que já dura quatro anos, e não meses como muitos pensam - ou queriam que fosse -, taticamente tudo é perfeito na seleção de Dunga e Jorginho ( como o próprio comandante gosta de caracterizá-la). Apesar da falta de talento e de ofensividade de algumas peças e do conjunto em geral em determinados momentos do jogo, a eficiêncie da seleção não pode ser deixada de lado. Muito menos a vontade de vencer.


O 4-2-3-1 que Dunga montou é quase perfeito. Com dois pontas (Robinho e Elano) que voltam para fechar o meio e armar jogadas, tanto pelos lados como pelas diagonais, e um meia do nível de ninguém menos que Kaká, tudo ficou mais fácil para as fabulosas conclusões de Luís Fabiano. Em Felipe Melo, achou-se um volante valente, que combate no meio-campo e ainda sai pro jogo. Quando um dos dois monstros nas laterais resolvem avançar, lá vem Gilberto Silva cobrir. Não há erros de posicionamento. Com bola, sem bola, perdendo, vencendo...O Brasil, taticamente, é quase invencível. Mágicas de Dunga.


Fora de campo, Dunga, sem dúvidas, é seguidor de Rousseau. Comprovador da tese do francês histórico, de que os fins não justificam os meios, o técnic0 brasileiro não sabe como irá chegar lá, contudo tem uma certeza: chegará lá. Este 'chegará lá' pode parecer meio vazio, porém todos sabem que trata-se do dia 11 de junho, dia da final da Copa do Mundo, quando ele tem a certeza de onde estará. Ele. Poucos creem como ele. Infelizmente, num país de quase 200 milhões de pessoas, no qual a maioria é louca por futebol, apenas alguns "bastardos" creem no trabalho desse gaúcho batalhador e vencedor. Infelizmente porque isso conspira contra o Brasil na Copa. Mas e daí? Dunga está se lixando para isso. Como fez em todo o seu trabalho, até nos momentos mais críticos. Ele sempre foi assim. Se tiver que seguir sozinho com Jorginho e seus comandados, o fará sem o menor problema. Ele é assim.


E é com esse espírito que os jogadores brasileiros entrarão em campo. Com o coração na ponta da chuteira, a pátria no lado esquerdo do peito e uma sede de vitória absurda. Seremos imbatíveis. Na base do coração, nenhum país ganhará de nós. Nem mesmo a frieza dos alemães e ingleses, o autoritarismo dos italianos. Pobres franceses, não ganharam uma disputa de bola. E quando só sobrarem as forças físicas dos africanos, Dunga contra-ataca com sua segunda força, ou melhor uma variante da primeira, que é o emocional, o pragmatismo. Através do esquema perfeito que achou para o time. Através da união do grupo que ele, sem a interferência de qualquer outro, formou. Através da força de um trabalho, até então, impecável, e injustiçado pela maioria dos críticos. Através do coração.

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