" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




quinta-feira, 26 de maio de 2011

Quando a superação e a personalidade fazem a diferença




Há exatos 10 anos, o Vasco perdia, aos 43 do segundo tempo de uma final que tinha nas mãos, e pela terceira vez consecutiva, o título carioca para o arqui-rival Flamengo. No episódio que acabou conhecido como "O milagre de Petkovic", em alusão à cobrança mágica de falta do gringo, então camisa 1o do clube rubro-negro, Hélton era a vítima, o goleiro cruzmaltino. Tinha tudo para ficar eternamente marcado como "o cara que tomou aquele gol do Pet". Mas não. Hélton superou. E fez evoluir ainda mais a sua já notória carreira a partir daquele ano de 2011.

Nostalgismo à parte, as consequências daquele gol, sem dúvidas, foram muito benéficas à História do Flamengo e de Petkovic. E, de fato, foram. E maléficas, obviamente, a todo e qualquer vascaíno, seja ele torcedor, jogador ou dirigente. Hélton, porém, tinha tudo para sofrer um pouco mais. Afinal, era ele o único capaz de impedir o encontro mágico daquela bola com as redes do Maracanã naquele 27 de maio de 2001.

Hélton bem que tentou. Pulou na hora certa, se esticou como manda o figurino de um bom goleiro, mas não alcançou aquela bola. Uma das poucas infelicidades de sua brilhante carreira. Aquela bola o marcou. E Hélton prometeu a si mesmo que não se deixaria abater por aquele gol sofrido, aquele título perdido, aquela história contada nos anos que se seguiram. Esbanjando personalidade, seguiu a vida.

Hoje, uma década depois do acontecimento marcante para o Clássico dos Milhões, tem a certeza de que cumpriu o seu grande objetivo pessoal. Campeão de tudo pelo Porto, chegou à Seleção, chamou a atenção de grandes clubes e marcou seu nome na história do futebol português e europeu, como um dos melhores goleiros que o país e o continente já viram.

Mas tudo poderia ter sido diferente. Aliás, era a tendência. É a tendência, sobretudo no Brasil, um goleiro ficar marcado por um acontecimento histórico, por mais que não faça por onde. Foi assim com o ótimo Andrada, no milésimo de Pelé, e com o regular e heróico Magrão, do Sport Recife, no milésimo de Romário. Hélton não quis fazer parte dessa turma. E deu a volta por cima. Mudou a história. Hoje, relembra aquele dia sorrindo, como quem acha graça da desgraça que passou e não deixou remorsos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Giro pelo mundo

Contato

lucas.imbroinise@terra.com.br

Twitter: @limbroinise

Co-blog: http://boleiragemtatica.wordpress.com