Nos anos anteriores, até havia uma explicação minimamente convincente. Afinal, além de acontecer em meio à reta final do Brasileirão, a Sul-Americana não valia nada a não ser um prêmio em dinheiro. No entanto, desde 2010, a competição passou a adquirir mais prestígio no continente, conferindo ao campeão uma vaga na Libertadores do ano seguinte. E as desculpas deveriam parar. Não há mais por que escalar time misto ou reserva na Sul-Americana. Pois ela vale um prêmio tão importante quanto os oferecidos no Brasileiro, com exceção do título nacional.
O Botafogo, por exemplo, abdicou da Sul-Americana para concentrar suas forças no Brasileiro. Teria dois jogos fundamentais fora de casa, contra o Santos e o Avaí. E, pela competição continental, enfrentaria o Santa Fé, da Colômbia, pelas oitavas de finais. Ao poupar os titulares nos dois jogos do torneio sul-americano, o time de Caio Júnior foi eliminado com uma goleada humilhante em Bogotá: 4 a 1, com direito a olé dos colombianos. No Brasileiro, outras duas derrotas fora de casa. No fim, de nada adiantou concentrar a força maior na competição nacional, muito mais difícil que a Sul-Americana. Talvez, se tivesse posto os titulares em campo nas duas competições, Caio obteria resultados melhores, e, até mesmo, se classificado para as quartas de finais.
Em outro jogo de time brasileiro, o Vasco de Cristóvão Borges tinha mais motivos para escalar um time recheado de reservas. Primeiro, por poder contar com um dos melhores elencos do país. Segundo, por ter dado a sorte de enfrentar um time muito mais limitado do que outros da competição. De fato, o Aurora, da Bolívia, não tinha muito a assustar o Gigante da Colina, que passou sem maiores dificuldades, principalmente no jogo de volta, em São Januário.
O caso mais emblemático é o do Flamengo. Vanderlei Luxemburgo escalou um time praticamente reserva na última quarta-feira, para encarar o forte e organizado time da Universidad de Chile. Sem a mínima motivação e entregues ao marasmo, os jogadores rubro-negros não jogaram sequer para empatar. E tomaram uma goleada daquelas: 4 a 0 em casa. Além de praticamente acabar com as chances do time em se classificar para a Libertadores 2012 pelo torneio sul-americano, a goleada serviu para desmotivar o time no Brasileiro. O que poderia servir como um estímulo a mais para o time na briga pelo hepta, teve impacto extremamente negativo para o elenco.
A exceção é o São Paulo, que jogou com todos os titulares nos dois jogos e, mesmo assim, acabou eliminado por uma derrota de 2 a 0 em Assunção, Libertad. Talvez até pelo fato de a partida marcar a estreia do técnico Leão. Mas, enfim, vale a inciativa. Se faltou vontade por parte dos jogadores, é outro caso. O importante, aqui, é focar as atenções na opção da comissão técnica em não poupar ninguém. A posição do time no Brasileiro - 7 º lugar - é outro fator determinante. Talvez fosse mais fácil apostar todas as fichas na Sul-Americana desde o início. Agora, o jeito é jogar e rezar por um milagre no campeonato mais disputado do planeta.
E que valha de ensinamento a postura dos times do restante do continente na Copa Sul-Americana. No Paraguai, a torcida do Libertad lotou o caldeirão Nicolás Leoz para empurrar o time rumo às quartas. Em Santiago, mesmo já praticamente dentro da próxima fase, os hinchas da La U também lotaram o Estádio Nacional de Santiago. Idem para os torcedores colombianos contra o Botafogo. No Brasil, como de costume tradicionalmente nessa competição, públicos pífios. Os colombianos, os argetinos, os paraguaios, eles, sim, estão certos. A Sul-Americana vale título. A Sul-Americana vale vaga na Libertadores. A Sul-Americana vale muito.
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