" O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso...", Bill Shankly




quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Um ano de Luxa no Fla: estrutura, comando, título carioca e um projeto a longo prazo



Um ano se passou. E Vanderlei Luxemburgo ainda é técnico do Flamengo. Sem tanto prestígio junto aos torcedores, que já o criticam por algumas escolhas, mas com o mesmo poder para tomar decisões que transcendem a beira do campo. Com um projeto visando o futuro do clube, Luxa enfrentou crises e, mesmo quando dado como demitido por muitos, deu a volta por cima. Com um título carioca, ênfase na melhoria da estrutura física do clube e de seu centro de treinamento, o saldo desses 365 dias pode ser considerado positivo.

É fato que, se o trabalho de Vanderlei se encerrasse nesta quarta-feira, boa parte das metas traçadas por ele naquele 05 de outubro de 2010 não teriam sido cumpridas. Eliminado precocemente da Copa do Brasil e amargurando a sexta colocação no Brasileirão, falta muita coisa para quem prometeu ser campeão nacional um ano antes. Ainda há tempo para se cumprir promessas como essa.

Afinal, o momento é propício para renovação de esperanças. Após passar por uma turbulenta série de 10 jogos sem vencer e quase ser derrubado por conselheiros e torcedores influentes no clube, Luxa voltou a vencer. E seu time voltou a ser cotado como candidato ao título pela crítica nacional. Mesmo sem jogar tudo que pode. Mas vencendo. Exatamente como aconteceu em boa parte do primeiro semestre.

O dedo de Luxa nessa virada pode ser facilmente notado. O controle absoluto da situação e do grupo não permitiu chances para o pior. Mesmo com desafetos de dentro do clube tentando derrubá-lo, ele se manteve na base. As derrotas chegaram a ser demolidoras e dolorosas. Mas ele agüentou. Sem expor problemas à imprensa, sem citar nomes, teve jogo de cintura suficiente para arranjar alternativas como soluções imediatas às crises recentes, tanto esportivas como políticas.

Acima de tudo, Vanderlei Luxemburgo goza de um prestígio inabalável com a presidente Patrícia Amorim. Através de reunião, teve o apoio reforçado pela diretoria, o suficiente para conduzir os problemas com uma calma inesperada por muitos de seus opositores, incluindo jogadores. Com conversas isoladas, foi reconquistando alguns jogadores que haviam fica chateados com ele por algumas medidas disciplinares. Quando se viu, Luxa já tinha o time nas mãos de novo.

Arrogante, metido, Vanderlei Luxemburgo não é um ser humano fácil de se lidar. Mas é extremamente vencedor. E sabe o que faz. Com ou sem crises, arranja um jeito de recuperar o grupo, vencer o jogo e brigar pelo título. Ele não nasceu pra perder. E o problema é que sabe disso, o que o torna um pouco prepotente, sobretudo no trato com a imprensa. São poucos os jornalistas que têm bom relacionamento com ele. “É um cara difícil”, costumam dizer.

A diferença de Luxemburgo para outros técnicos está na solução dos dilemas. A maioria dos treinadores só são importantes dentro de campo. Vanderlei sabe agir fora dele também, nos bastidores, na imprensa, no vestiário. Por isso, tem os títulos que tem e o currículo invejável por muitos.

Certa vez, em entrevista, Luxa disse que gostaria de ser uma espécie de 'Alex Ferguson brasileiro'. A comparação com o escocês do Manchester United se dá pelo papel ocupado por ele no clube inglês: uma espécie de manager. Um técnico que age também nos bastidores, no vestiário, com a diretoria, com os patrocinadores. Um verdadeiro técnico-dirigente. E, para ele, não havia lugar melhor para tentar ser essa figura do que no seu clube de coração. Um projeto cheio de objetivos a serem alcançados.

Aos poucos, ele vai conseguindo atingi-los. Em um ano, o principal deles era se manter no clube e dar força ao projeto que sempre defendeu: um projeto consistente e de longo prazo. Ele conseguiu. Fez até mais: foi campeão carioca invicto e melhorou muito o Ninho do Urubu, que já conta com um alojamento para jogadores, com direito a refeitório inclusive. A próxima meta é ser campeão brasileiro. Se possível, ainda em 2011. Assim, o tal do projeto de Luxemburgo caminhará a passos largos para o sucesso.

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